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Técnicas de Investigação da Personalidade (NP1 NP2)

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EXAME TIP
MÓDULO 1
Apresentação das Pranchas do Método de Rorschach
O Método de Rorschach, elaborado por Hermann Rorschach em 1921, é composto por 10 pranchas. Cada uma delas apresenta manchas de tinta ambíguas, mas que, na realidade, reúnem os inúmeros estímulos psicofísicos que continuamente afluem ao cérebro humano, no curso das relações que o indivíduo mantém com o ambiente. Nas diferentes pranchas, esses estímulos se estruturam de modo diferente facilitando a evocação de diferentes imagens mentais.
Olhando para cada uma delas, o examinando deverá elaborar respostas a partir das imagens que lhe ocorrem, em função de suas experiências passadas e de seu modo pessoal de reagir e organizar as situações.
Estas características ambíguas facilitam a rápida associação, intencional ou involuntária, com imagens mentais que, por sua vez, fazem parte de um complexo de representações que envolvem idéias ou afetos, mobilizando a memória.
O Psicodiagnóstico de Rorschach, desse modo, permite o exame dos processos psíquicos superiores tais como memória, atenção, percepção, pensamento, emoção e comunicação. A combinação específica desses processos na prova de Rorschach fornece informações válidas sobre a dinâmica e estrutura de personalidade e os processos psicológicos por ela mobilizados.
Assim, no caso das pranchas do Rorschach, a organização de personalidade do indivíduo está intimamente associada à maneira como o indivíduo observa, elabora e comunica o que percebeu nas manchas (objetos externos).
Deve-se ressaltar, então, que quanto maior for a ambigüidade do estímulo oferecido ao indivíduo, maior a possibilidade deste projetar suas características singulares e intrínsecas de seu jeito de ser frente ao mundo.
Portanto, o indivíduo vai projetar no protocolo sua forma peculiar de organizar as imagens psíquicas. Desta maneira, projeta o modo como percebe e sente o mundo exterior, a forma como elabora suas experiências e o jeito de contatar a realidade.
Histórico e objetivo da técnica
1884 – Nasce Hermann Rorschach em Zurique
1909 – Forma-se médico psiquiatra em Zurique
1910 – Casa-se com Olga Stempelin e tem 2 filhos
1912 – Apresenta sua tese “Alucinações Reflexas e Fenômenos Associados”
1918 – Elaboração das pranchas
1921 – Publicação do livro “Psicodiagnóstico”
1922 – Morre de peritonite aguda inoperável aos 38 anos
1932 -- 1952 – Introduzido no Brasil (Hospital do Juqueri)
1952 – Criação da Sociedade Rorschach de São Paulo pelo Dr. Aníbal Silveira
O inventor e sua  invenção
Hermann Rorschach nasceu em Zurique, Suíça, em 8 de novembro de 1884. Seu pai era professor de desenho e, desde cedo Rorschach pareceu ter herdado a sensibilidade artística do pai. Já no curso secundário dedicava-se ao desenho, fazendo caricaturas e criando formas curiosas com borrões de tinta. Devido a essas brincadeiras, seus colegas o apelidaram de “Klex” (desenhista de borrões, caricaturista).
Forma-se médico em 1909 e em 1921 publica sua clássica monografia Psychodiagnóstik, cujo subtítulo, traduzido, seria: Métodos e resultados de experimentos de diagnóstico através da percepção. Através da comparação das respostas de diferentes pacientes e pessoas que conhecia, Rorschach procurou descobrir dimensões importantes da personalidade nas respostas às pranchas e encontrar padrões que poderiam ser utilizados para o diagnóstico de pacientes.
Em seu livro, reuniu o resultado de seus estudos com as manchas coloridas mostradas aos pacientes para que dissessem suas impressões. A partir dessas experiências, criou uma importante prova para análise da personalidade que foi discutida, ampliada e modificada no decorrer dos anos por inúmeros autores.
Apesar da maioria das pessoas considerá-lo uma prova imaginativa, na realidade, sua interpretação envolve um complexo processo de que participam a percepção e os dados aperceptivos e mnêmicos da personalidade, através dos quais o psicólogo poderá compreender a estrutura emocional dos indivíduos. O seu interesse, portanto, não se apoiou tanto no que o sujeito via, mas muito mais na maneira com que ele manuseava o material de estimulação.
Hermann Rorschach vem a falecer em 1922 de peritonite aguda inoperável. Sua morte prematura interrompeu seus estudos sobre sua técnica. Mas outros autores, seduzidos por suas idéias, deram seguimento às pesquisas na Europa, e no final da década de vinte, nos Estados Unidos. Desde então, o interesse a respeito tem se mantido contínuo e vigoroso.
No Brasil, um dos primeiros nomes ligados à prova de Rorschach é o do psiquiatra Aníbal Silveira (1902-1979). Silveira passou a utilizar e a sistematizar a prova de Rorschach desenvolvendo uma concepção própria, a qual considera a prova não só como um exame psicológico, mas como um recurso sutil para investigar as interações existentes entre as funções subjetivas e para caracterizar o processo de adaptação do indivíduo ao ambiente físico e social.
A partir de 1945, um grupo de especialistas brasileiros do Hospital do Juqueri em São Paulo, se reúne para trocar experiências e aprofundar seus conhecimentos sobre a técnica criando em 1952, a Sociedade Rorschach de São Paulo – tendo como fundador o Dr. Aníbal Silveira, que já estudava esta prova desde 1927. Seus trabalhos sobre o teste são vastos; até 1963 apresentava 112 títulos abordando o Psicodiagnóstico de Rorschach.  Em suas mãos, este instrumento de análise permitiu elucidar quadros clínicos psiquiátricos, distúrbios psicológicos e até mesmo desordens estruturais e funcionais do sistema nervoso. É sua sistematização que adotamos no curso.
MÓDULO 2
Um esboço do modelo teórico de Personalidade no método de Rorschach.
“Toda pesquisa deve fundamentar-se em uma concepção teórica precisa e ao mesmo tempo suficientemente ampla, para permitir o esclarecimento de um dado conjunto de fenômenos”. (Lucia Coelho)
Portanto, uma teoria é o resultado da reunião, do exame e da análise cuidadosa dos dados empíricos às características objetivas dos fenômenos por ela interpretados.
A teoria da personalidade que adotamos baseia-se fundamentalmente na concepção positivista iniciada por Augusto Comte. O autor toma como ponto de partida o fator social humano.
“O ser humano é um organismo biológico, incorporado a uma cultura”. (Sullivan)
O autor concorda com a acepção de Comte no que se refere à questão de que o homem é uma combinação do biológico e do cultural.
Dentro do campo da Psicologia e da Psiquiatria, temos o Prof. Aníbal Silveira que sistematizou as interpretações dos fenômenos à luz da filosofia positivista.
A fonte principal de sua teoria e de seus métodos de investigação reside na epistemologia comtiana, dando relevo ao estudo dinâmico do indivíduo, o qual é considerado do ponto de vista bio-psico-social.
Para a teoria positivista, o estudo do comportamento – seja em Biologia, seja em Psicologia – não pode omitir o fato de que se trata sempre de uma inter-relação dinâmica entre o organismo vivo e o meio ambiente que o circunda. Em decorrência, é possível afirmar que a família e o ambiente são referenciais de modelo marcante para a criança, no que se refere à formação de sua personalidade.
Dessa inter-relação dinâmica resulta, em plano intelectual, a concepção de realidade. Porém, o que caracteriza esse processo é o fato dele ser essencialmente ativo. Trata-se sempre de um indivíduo em ação no meio social. O indivíduo não se acomoda puramente às condições de sua existência, mas age também sobre o meio, modificando-o à própria realidade social.
O resultado geral da atividade psíquica e da adaptação individual à realidade, depende das condições ambientais e das disposições do indivíduo através de suas relações interpessoais.
Este modelo, aplicado e desenvolvido por Silveira, vem sendo aprimorado por Lucia Coelho desde 1980, que o correlaciona com pesquisas mais recentes em psicologia cognitivista e neuropsicologia.
O aspecto dinâmico da personalidade envolve necessariamente a participação do ambiente e, portanto,é possível de ser influenciado pela cultura, educação, condições genéticas e experiências de vida de cada indivíduo.
Só através dessas inter-relações poderemos compreender os processos de aprendizado que permitem a integração cada vez mais harmônica do ser humano nas condições sociais.
Em virtude destas características, Silveira através de seu modelo de análise, se mantém fiel ao fundamento básico da prova de Rorschach.
Silveira propõe uma organização sistêmica e evolutiva dos fenômenos psicológicos, expressão mais diferenciada e complexa da atividade cerebral.
Através da junção da imagem mental e das manchas da prova de Rorschach, pelo teste de realidade, podemos abstrair as características de personalidade.
O diferencial da metodologia de Silveira na elaboração da prova de Rorschach pode ser notado pelo refinamento técnico de todas as etapas do processo: aplicação, classificação das respostas, cálculo e interpretação. Todas essas etapas estão correlacionadas e ancoradas na teoria de personalidade que alinhava de modo consistente e dinâmico as funções neurais, o trabalho cognitivo e a organização emocional subjetiva e única a cada um. Deste modo, a Escola de Silveira prima pela comunhão entre a objetividade, dinâmica e respeito à experiência subjetiva.
Campos de aplicação do Psicodiagnóstico de Rorschach.
Os campos de aplicação desta prova são inúmeros, cada um deles exigindo procedimento e avaliação específica dos processos mobilizados pela prova:
ANTROPOLOGIA – estudo da visão de mundo e das mentalidades em diferentes culturas.
CLÍNICA - estudo dos distúrbios mentais e níveis de comprometimento do psiquismo.
PSICOLOGIA GENÉTICA – estudo dos processos envolvidos em diferentes fases do desenvolvimento.
LAUDOS JUDICIÁRIOS – estudo da ocorrência de distúrbios cognitivos, motores ou emocionais que afetam o julgamento de realidade e provocam desvios de comportamento.
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL – estudo dos recursos e interesses pessoais do examinando.
SELEÇÃO E INTEGRAÇÃO PROFISSIONAL – para a orientação e seleção profissional, o examinador deverá levar em conta os recursos individuais desejáveis ao exercício de cada profissão e aos diferentes cargos exercidos em cada uma delas. Considerar ainda os desvios de personalidade ou as carências cognitivas e práticas que interditam o exercício eficiente de uma tarefa.
Convém ressaltar que a Prova de Rorschach é um instrumento de personalidade que permite avaliar uma gama ampla e profunda quer das características pessoais, quer do aspecto emocional do examinando. Desta forma, uma vez que o psicólogo tenha propriedade das indicações, contra-indicações e dos processos psíquicos mobilizados durante o exame, sua aplicabilidade depende das circunstâncias externas e da criatividade e profissionalismo do especialista em Rorschach. Neste sentido, há um "sem fim" de campos dentro dos quais a Prova de Rorschach pode alcançar sua aplicabilidade.
Portanto, a utilização do Método de Rorschach por um clínico, supõe competência teórica e experiência profissional consistente para a análise e interpretação do psicograma.
MÓDULO 3
Técnica de Aplicação: Fase de Associação
A fase de Associação corresponde ao momento de construção livre de respostas frente aos estímulos da prancha.
O diferencial da metodologia de Silveira na elaboração da prova de Rorschach pode ser notado pelo refinamento técnico de todas as etapas do processo: aplicação, classificação das respostas, cálculo e interpretação. Todas essas etapas estão correlacionadas e ancoradas na teoria de personalidade que alinhava de modo consistente e dinâmico as funções neurais, o trabalho cognitivo e a organização emocional subjetiva e única a cada um. Deste modo, a Escola de Silveira prima pela comunhão entre a objetividade, dinâmica e respeito à experiência subjetiva.
A aplicação da Prova de Rorschach é feita individualmente, não havendo aplicação em grupo. Na aplicação, as lâminas são apresentadas uma de cada vez, sendo solicitado ao examinando que diga com o que acredita serem parecidos os borrões de tinta. Diante deste convite à contemplação e associação aos borrões impressos nas pranchas, hipóteses de respostas são ativadas, colocando à prova as funções psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico, simbolização e linguagem. Concomitantemente à execução destas funções psíquicas na avaliação das hipóteses frente às manchas, os processos psíquicos afetivo-emocionais, motores-conativos e os cognitivos concorrem para a formulação final da resposta. As respostas ao Rorschach, portanto, revelam o status da representação da realidade em cada indivíduo, trazendo dados a respeito do desenvolvimento psíquico, das funções e sistemas cerebrais, dos recursos intelectuais envolvidos na construção das diferentes imagens, das articulações intrapsíquicas e da natureza das relações interpessoais. Como a Prova de Rorschach avalia a dinâmica e estrutura de personalidade particular a cada pessoa, não se deseja, a partir de seus dados, atribuir um diagnóstico psiquiátrico. Pretende-se, no entanto, contextualizar os distúrbios psíquicos, compreender o valor e o significado de um sintoma clínico e orientar para o tratamento mais adequado.
A Prova de Rorschach pode ser aplicada:
- em qualquer pessoa (desde que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha suficiente acuidade visual), de qualquer faixa etária e qualquer nível sócio-econômico-cultural. Como o propósito do exame é verificar a estrutura e a dinâmica da personalidade de cada examinando em particular, indicando não só as dificuldades, mas também os recursos positivos, não existem respostas certas ou erradas, pois as pessoas são diferentes e emitem respostas diferentes. Neste sentido, qualquer tentativa do examinando de conduzir suas respostas de acordo com manuais ou orientações externas está fadada ao fracasso, invalidando a aplicação da Prova. Trata-se de um instrumento muito sensível às nuances da personalidade refletindo, claramente, os esforços de manipulação, dissimulação ou controle da situação de aplicação.
O aplicador registra, o mais integralmente possível, as respostas iniciais e a elaboração posterior.  É anotado o tempo decorrido até a primeira resposta e o tempo total para cada prancha. O comportamento – evidente ou sutil – comentários casuais e sentimentos visíveis são cuidadosamente observados e anotados.
Técnica de Aplicação: Fase de Inquérito
Após a primeira apresentação (que é chamada fase de “associação livre”), há um “inquérito”, em que cada resposta é revista, a fim de se esclarecer: o que, o onde e o como foi construída.
Muitos sistemas de avaliação se desenvolveram a partir das categorias originais de Rorschach.   Ao discutir os índices mais importantes e seus significados, utilizaremos, no presente trabalho, os mais comuns aos vários sistemas, nos quais os símbolos adotados são os do Dr. Aníbal Silveira.
Seguindo a orientação de Rorschach, na fase de Inquérito, serão reapresentadas todas as pranchas ao examinando e lhe serão feitas algumas perguntas sobre as associações feitas, com o objetivo de compreender o processo de percepção desenvolvido e a elaboração de cada resposta.
Esta é a parte mais delicada e difícil do inquérito, principalmente para o iniciante em Rorschach, e é preciso muito cuidado ao fazer as perguntas para não induzir o examinando.
Basicamente o aplicador deve investigar:
1)     A localização da resposta, ou seja, onde o examinando selecionou a sua percepção (poderá ser na figura toda ou em apenas parte dela).
2)     Os determinantes utilizados para a formação da resposta, ou seja, quais características da mancha determinaram a construção da imagem para o examinando.
Portanto, as questões do Inquérito não devem ser repetitivas, mas seletivas, em função da hipótese do examinador.
MÓDULO 4
Classificação das respostas: Modalidades Principais
Uma classificação das respostas ao Rorschach baseada em uma clara compreensão da dinâmica entre as respectivas esferas: intelectual,afetiva e conativa, nos facilita o trabalho de interpretação dos dados, configurando-nos claramente o “mapa” do funcionamento psíquico.
SEGuindo a orientação de Rorschach, todos os sistemas classificam cada resposta em termos de:
1)     Sua localização (Modalidade)
2)     Os determinantes utilizados para a formação da resposta
3)     Seu conteúdo
4)     Se a resposta é vulgar.
Cada resposta é classificada em função destas dimensões, obtendo-se, a seguir, os totais para cada categoria.  Embora cada classificação corresponda a um aspecto específico do funcionamento psicológico, sua interpretação depende do modo como se relacionam e se equilibram. De uma maneira geral, as três primeiras categorias (modalidade, determinante e conteúdo) representam a estrutura formal do protocolo e descrevem  as características  estruturais mais  estáveis da personalidade do paciente.
Um protocolo “saudável” deve apresentar um equilíbrio geral entre as localizações. Freqüentemente isto se faz acompanhar por uma seqüência de respostas ordenadas na maioria das pranchas, na qual o sujeito parte do global para detalhes maiores e menores. Uma modificação no enfoque habitual do sujeito pode indicar uma resposta emocional àquela prancha em particular. Do mesmo modo, evitar seletivamente determinadas porções – de caráter afetivo ou sexual, por exemplo – pode ser interpretado como áreas de conflito específicas.
A Modalidade como critério classificador de respostas, indica a localização e amplitude da região ou regiões do borrão em que o sujeito percebeu certo significado, ou seja, a maneira como cada resposta abrange a mancha – globalmente ou em parte – dependendo de como o sujeito focalizou sua atenção, influenciada pelas reações emocionais e pela capacidade de ação.
A maneira mais comum do indivíduo adulto organizar seu campo perceptual é configurada pelo grupo das Modalidades Principais codificados em nosso sistema pelos fatores G, P e p.
Portanto, as modalidades principais são as mais freqüentes na população média e são caracterizadas como:
·        Resposta Global – G (perceber a mancha de modo amplo, como um todo).
·        Resposta de Pormenor Primário – P (perceber pormenores da mancha freqüentemente selecionados pela população).
·        Resposta de Pormenor Secundário – p (perceber detalhe menos evidente, os pormenores escolhidos pelo examinando freqüentemente são pouco percebidos pela população).
Para obtermos um critério mais preciso para classificação, temos Mapas de Localização, onde, apurando-se as áreas selecionadas por uma amostra suficientemente ampla, temos as áreas das pranchas mais e menos freqüentes na população. Nestes mapas (COELHO, L.M.S. (organizadora) – Tabela de Qualidade Formal. São Paulo – Ed. Terceira Margem – 2004), os pormenores (e também os espaços em branco) são numerados em ordem decrescente, de acordo com a freqüência obtida em cada área, e são destacados em negrito em relação às demais áreas.
Classificação das respostas: Modalidades Secundárias
Modalidades Secundárias são as áreas escolhidas com menor freqüência, traduzindo modos mais subjetivos de focalização da atenção: Resposta de Espaço (E), Resposta Global com espaço (GE).
? Resposta de Espaço – E (o examinando atribui ao espaço em branco dos borrões, uma resposta. O Mapa de Localização atribui freqüência aos espaços em branco).
? Resposta Global com espaço – GE (serão classificadas como GE as respostas que abrangem toda a mancha e também incluem alguma região branca (independentemente do tamanho ou da quantidade dos espaços incluídos).
A análise dos processos mentais, associados ao modo com que o indivíduo seleciona e organiza habitualmente suas experiências, permite a distinção das modalidades em dois grupos: modalidades principais e modalidades secundárias.
MÓDULO 5
Classificação das respostas: Determinante Forma.
determinante é a característica ou características da figura que levaram o examinando a elaborar a resposta. É o que “determinou” a construção da resposta.
As classificações de determinantes indicam se a forma, cor, movimento luminosidade e perspectiva – por si ou combinados – determinam a resposta. Estes são os aspectos do estímulo geralmente apontados pelos sujeitos para justificar suas respostas.
A forma é o aspecto mais importante do mundo visível, é o princípio ordenador do universo. A percepção da forma é uma função da consciência relacionada à realidade.
Segundo Coelho e Falcão (2007), “A tendência humana em estruturar os estímulos do ambiente, atribuindo-lhes significados específicos e delineando seus limites espaciais, é representada no Rorschach pelas respostas formais (RF)”.
RESPOSTAS DE FORMA - RF
Serão classificadas como determinante Forma, as respostas em que o sujeito justifica o que viu unicamente pelo formato ou contorno da figura. Este determinante é o mais encontrado nos protocolos.
Devemos pesquisar, durante o inquérito, se a resposta foi determinada somente pela forma ou se alguma outra característica da mancha também colaborou na construção da resposta.
As respostas de Forma poderão ser assim classificadas em: F+, F-, F0 - dependendo da freqüência com que esta resposta é encontrada na população média. Para tanto, consultaremos a tabela de freqüência de F+ e F-, denominada Qualidade Formal (Coelho, 2004).
Classificação das respostas: Conteúdo e Resposta Vulgar.
O Conteúdo na classificação das respostas, corresponde ao que foi visto pelo examinando, ou seja, o que o sujeito vê: uma figura humana, um animal, um objeto, uma figura abstrata, uma peça de vestuário, etc.
É importante ressaltar que os conteúdos: H (humano), pH (parte humana) A (animal) e pA (parte animal), devido sua importância na interpretação, tem prioridade sobre os demais conteúdos
A análise do conteúdo da resposta fornece uma quantidade considerável de informação adicional sobre a estrutura da personalidade, assim como sobre os interesses, preocupações e conflitos pessoais, refletidos sobre fatores culturais, educacionais, profissionais e outros, devendo-se levá-los em conta em sua interpretação.
Contamos com uma tabela que apresenta as diversas categorias de conteúdos esperadas e que estão listados na tabela de Qualidade Formal (Coelho 2004).
As respostas Vulgares são aquelas cujo conteúdo é muito freqüente.
A resposta Vulgar corresponde à capacidade do examinando em assimilar normas e padrões sociais, indicando o quanto reflete a lógica intelectual dos padrões comuns ao grupo social.
A freqüência estabelecida por H Rorschach para ser considerada uma resposta Vulgar foi de 1:3; atualmente, adotada por Beck e pela maioria dos autores, incluindo Silveira, é a de 1:6.
Para verificar quais são as respostas Vulgares, utilizamos a Tabela de Qualidade Formal (Coelho, 2004), que apresenta a lista destas respostas mais freqüentes.
MÓDULO 6
Classificação das respostas: Determinante COR.
Segundo Coelho e Furtado (2007), “No processo perceptual, o impacto inicial provocado pelo estímulo colorido independe do controle voluntário e da atividade do observador, isto é, da busca ativa e seletiva de dados significativos no ambiente”.
RESPOSTAS DE COR – RC
Nestas respostas, as cores, vermelha, rosa, azul, amarela, laranja, verde e marrom, cores cromáticas, são utilizadas na construção da resposta. O branco, o preto e o cinza (cores acromáticas) recaem na série Luminosidade.
Para uma resposta ser classificada com determinante cor, não basta que o examinando apenas tenha mencionando a cor para localizar o percepto, mas a cor deve estar integrada na definição da resposta.
As respostas de Cor poderão ser assim classificadas em: FC, CF ou C.
FC – consideramos uma resposta como FC sempre que a forma for definida, precisa e a cor também for levada em consideração na construção da resposta.
CF – nas respostas CF, a forma é vaga, não é definida e a cor tem papel determinante na elaboração da resposta, pois mesmo que a forma se modifique a resposta continua sendo plausível.C – são as respostas elaboradas exclusivamente pela cor. Não encontraremos formas nestas respostas.
Para estabelecermos a diferença entre FC e CF, Aníbal Silveira adota o seguinte critério:
Sempre que a forma da mancha interpretada puder ser modificada sem perder a plausibilidade da resposta, sem fazê-la nem mais e nem menos plausível, a resposta será CF; por outro lado, se as mudanças na interpretação da área, mudarem a plausibilidade da resposta, teremos uma FC.
Classificação das respostas: Determinante Movimento.
As respostas de Movimento são de particular interesse, dado que as manchas são imóveis.  Ao “ver” movimento nos estímulos estáticos, o sujeito está indo além do que lhe foi dado.
Nas respostas de movimento, além da forma, o examinando projeta cinestesia nas figuras vistas.
As respostas de Movimento (RM) são aquelas em que o examinando projeta cinestesia nas figuras vistas. O movimento deve ser “sentido” e não apenas nomeado “por dedução” pela forma da mancha.
Essa “empatia cinestésica” entre o examinando e a figura percebida, necessária para a classificação como uma resposta de Movimento, é expressa, por vezes, na própria postura corporal de examinando. Em muitos casos o examinando inicia o movimento descrito na resposta para exemplificá-lo, ou tem uma nítida tensão muscular semelhante à descrita na sua associação.
Nesta série, temos três tipos de classificações diferentes com relação às respostas de movimento:
Movimento Humano — M: A classificação de M é atribuída para as respostas de forma humana, real ou fictícia, em movimento tipicamente de um ser humano, que tenha controle sobre esse movimento, ou de postura que envolva uma nítida tensão muscular.
Movimento Animal — m: São respostas que envolvem figuras de animais em movimentos característicos do animal, ou que possa ter sido treinado para realizá-lo, desde que o animal tenha controle sobre o movimento ou em postura que envolva nítida tensão muscular.
Movimento Subjetivo — m’: O que caracteriza este tipo de movimento é que ele independe da figura vista. O movimento se dá pela ação de forças externas ao percepto, sendo este incapaz de modificar esta ação.
Encontramos respostas de m` em objetos, figuras humanas ou figuras animais, elementos da natureza, quando houver:
- fenômenos da natureza ou objetos em movimento
- homens, animais ou objetos caindo.
- homens ou animais em contenção ou bloqueio de movimento.
MÓDULO 7
Classificação das respostas: Determinante Luminosidade.
O determinante Luminosidade refere-se à vertente emotiva da personalidade, cujos processos envolvem a integração das noções e concepções cognitivas e a repercussão afetiva que produzem.
Segundo Costa (2007), o determinante Luminosidade se refere aos diferentes empregos da tonalidade das manchas ou ao emprego das cores branca, preta e cinza. Estas respostas que se utilizam das gradações dos tons podem se dar em graus diversos de objetividade.
C`-  são as respostas onde, além da forma, também as cores branca, preta ou cinza entram na formulação da resposta.
L - nestas respostas, o examinando, através das nuances (mais clara ou mais escura), constrói uma forma definida dentro da mancha.
As respostas L poderão ser construídas em qualquer uma das manchas, tanto
as pranchas monocromáticas como nas pranchas coloridas.
l - nestas respostas, o examinando, através do claro-escuro, tem a percepção de relevo e textura.
l`- o principal aspecto deste determinante é que ele não contém forma; apenas as nuances de tons, as cores acromáticas, ou o claro-escuro é que caracterizam a resposta. Também serão classificados como l´, as respostas que envolvam sensações como: brilho, transparência, leve, pesado, sujo, gosmento, claridade, sentimentos.
A percepção das nuances de luminosidade e sua integração no processo de elaboração da imagem, exigem maior esforço da atenção de modo que apenas os examinandos emocionalmente mais sensíveis às variações do ambiente utilizam tal determinante.
Classificação das respostas: Determinante Perspectiva.
Silveira destaca nas respostas de Perspectiva a expressão da noção do mundo exterior sob a forma de espaço tridimensional: processo cognitivo mobilizado pelo indivíduo no curso de sua integração à realidade social.
Nas respostas de Perspectiva, o examinando projeta tridimensionalidade, profundidade ou distância nas figuras. Nesta série de determinantes, o que permitirá distinguir sua classificação será a participação da forma na resposta dada.
Ps - o examinando utiliza tridimensão, profundidade ou distância em figuras de forma definida, precisa, bem elaborada.
ps – neste determinante, a forma é vaga, imprecisa, de maneira que a perspectiva tem papel mais acentuado.
ps`- neste determinante, apenas os elementos da perspectiva se encontram presentes, sem qualquer participação da forma.
Segundo o autor, nas respostas de Perspectiva o que prevalece é a capacidade construtiva e indutiva que intervém no processamento da noção de si próprio em relação ao ambiente.
MODULO 8
Critérios para a interpretação do Tipo de Trabalho Mental.
TIPO DE TRABALHO MENTAL:  analisa a maneira  típica do individuo captar o ambiente, elaborar os seus dados e se adaptar à realidade percebida, ou seja, como o indivíduo observa, elabora e comunica o resultado de seu trabalho intelectual (funções intelectuais e seu modo de expressão).
1) Capacidade Associativa e Tempo de Produção de Respostas
- Capacidade associativa:
É analisada a partir do numero total de respostas (R), numero totais de respostas das pranchas monocromáticas  (Rm) e das coloridas (Rc).
Indica a produtividade intelectual; a quantidade de processos mentais mobilizados durante a prova para a elaboração de cada resposta.
- Velocidade do Processo Mental – T/R:
Avalia o ritmo associativo espontâneo do examinando ao efetuar um trabalho mental, através da análise da expressão da primeira associação (TRI) e do tempo total de produção das respostas (TT).
Analisa a estabilidade no ritmo temporal do trabalho mental e o tempo médio transcorrido para a elaboração do protocolo (T/R).
2) Observação da Realidade – Tipo de Percepção (PERC)
Por meio do Tipo de Percepção, podemos verificar como o examinando distribui sua atenção pelo ambiente, o que ele capta dos fatos e das situações. Qual o estilo perceptual do sujeito.
MODALIDADES PRINCIPAIS
G. resposta global
Indica capacidade em compreender as situações como um todo, em apreciar as situações de modo amplo, em examinar o ambiente em sua totalidade, o que implica em capacidade de planejar a partir da observação mais ampla das experiências e da associação dos fatos em um contexto mais geral.
P. pormenor primário
Desde que são áreas freqüentemente percebidas pelas pessoas, revela capacidade em captar os elementos óbvios, evidentes, essenciais das situações, implicando em inteligência prática e concreta.
p.  pormenor secundário
Na medida em que são áreas da prancha que são percebidas com pouca freqüência pelas pessoas, denota capacidade em captar as minúcias, detalhes, os aspectos menos evidentes das situações, implicando em atitude de análise e pesquisa.
MODALIDADES SECUNDÁRIAS
E - resposta de espaço
De modo geral indica tendência à oposição, necessidade de defesa de autonomia, preocupação com os obstáculos do ambiente e com os aspectos negativos das situações.
GE global com espaço
Na medida em que o probando é capaz de elaborar uma resposta em toda a prancha, incluindo os espaços contidos nela, implica em elevada capacidade de planejamento e abstração, capacidade em integrar os aspectos positivos e negativos das situações o que, entretanto, provoca desgaste de energia.
3) Processo de Adaptação à Realidade: índice RMI
Segundo Silveira visa avaliar a maneira pela qual o indivíduo adapta-se, ou integra-se intelectualmente à realidade externa. Este índice está relacionado à capacidade do indivíduo em aceitar os limites, as exigências e solicitações domeio de modo satisfatório e adequado.
%F: grau de contato com a realidade, indicando que o examinando volta-se para o meio satisfatoriamente para percebê-lo.
% F+: capacidade de atenção e concentração satisfatória que possibilitam a percepção objetiva da realidade externa e a capacidade e controle e retardamento dos processos impulsivos e afetivos.
% A: revela o quanto o indivíduo se envolve emocionalmente com as situações.
% V: reflete a capacidade de assimilação das normas e padrões sociais, indicando o quanto aceita os padrões da coletividade.
O interesse de Hermann Rorschach, portanto, não se apoiou tanto no que o sujeito via, mas muito mais na maneira com que ele manuseava o material de estimulação. O jogo recíproco entre as características estruturais do material estimulante e a estrutura de personalidade do sujeito reflete-se em certas categorias formais, que descrevem as características das formações conceituais e que são estabelecidas pelo Psychodiagnostik como fundamento de um método para o diagnóstico da personalidade (Klopfer & Kelly, 1942/1974).
Neste sentido, o Rorschach pode ser considerado como um instrumento particularmente sensível para o estudo psicológico do comportamento humano.
Diante das manchas do Rorschach, o indivíduo busca um significado, não unicamente devido às instruções da prova, se não também em função de uma tendência comum a todos os seres humanos, que se revela sempre que se confrontam com situações desconhecidas. A necessidade de atribuir significado às experiências. (Lúcia Coelho. “Revista da ALAR - Associação Latino americana de Rorschach”, n. 6, Maio 2001)
Concluindo, no Psicodiagnóstico de Rorschach, seja pelo caminho da percepção, seja pelo caminho da expressão pela linguagem, o objetivo é apreender o universo mental do indivíduo e sua estrutura, organizações mais ou menos patológicas, de modo a orientar condutas terapêuticas que levem em conta as capacidades e limitações de cada um. Poder integrar as diversas contribuições originadas dos vários enfoques representa uma possibilidade de ampliar o conhecimento sobre o indivíduo, otimizando as perspectivas de ajuda.

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