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Teoria Geral do Direito Privado

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01/08
Direito: fenômeno cultural, criado pelos homens para si próprios. Por ser um fato social, é uma construção dinâmica que acompanha as mudanças pelas quais a sociedade passa. Sempre deve refletir o contexto em que está inserido. Tem por objetivo disciplinar a ordem e vida em sociedade, tornando-a harmônica.
Direito Público x Direito Privado
Direito Público regulamenta os interesses da coletividade. São as relações dos cidadãos com o Estado, ou deste com outros. 
Fazem parte: Direito Constitucional, Eleitoral, Administrativo, Penal, Internacional Público. É regido por normas cogentes, pois são de interesse geral (essenciais para a ordem pública).
Direito Privado regulamenta as relações entre particulares. 
Fazem parte: Direito Empresarial, Civil, Internacional Privado. Uma das grandes características do Direito Privado é a liberdade particular, que dá muita autonomia às partes. É regido por normas supletivas, pois é uma relação entre particulares.
Na lição de Pedro Pais de Vasconcelos, ensina-se que essa divisão não deve ser tratada de forma extremamente rígida. Mas como polos que atuam prioritariamente em determinadas áreas.
Washington de Barros ensina que essa divisão dicotômica é meramente didática. Isso, pois, todo ramo que visa legislar, sendo público ou privado, deve primeiramente respeitar às diretrizes constitucionais e legais já institucionalizadas no sistema.
03/08
História do Direito Civil
Durante o período colonial, vigorou no país o Direito Civil português, por meio das ordenações editadas pelos reis – Manuelinas, Afonsinas e Filipinas. Após a independência, como forma de poupar esforços, manteve-se o mesmo código anterior. Nesse cenário pós-1800, surgiu o anseio pela criação de uma legislação alviverde própria. Embora com muitas tentativas, apenas em 1916 Clóvis Beviláqua conseguiu aprovar o primeiro código civil propriamente brasileiro. Este se manteve até 2002, quando foi substituído pelo código proposto por Miguel Reale, o qual passou por anos de tramitação no congresso.
1897 – Consolidação das leis civis – Augusto Teixeira de Freitas.
1916 – Primeiro Código Civil – Clóvis Bevilaqua.
2002 – Código Civil em vigor (publicado em 2003) – Miguel Reale.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB
Decreto-Lei 4.657/1942. É anexa ao CC, mas autônoma.
Vigência das normas: 
As leis passam por um processo de elaboração. Após ser elaborada e votada, caso tenha o quórum mínimo, a lei é promulgada (nascimento) e em seguida publicada (passa a ter vigência). Passado por todos esses trâmites legislativos, a norma se torna válida e entra em vigor. Segundo Caio Mário, vigência é a vida da lei.
Elaboração → promulgação → publicação.
Vigência → vigor → vida da lei → existência.
Vacatio Legis (art. 1º): a lei se torna válida após 45 dias de sua publicação, tempo o qual serve para a adaptação do sistema. Todavia, a lei pode fixar prazos diferentes, maiores ou menores, como o CC/2002 e o novo CPC, que estabeleceram prazos de um ano, pois são muito extensos. Caso a lei brasileira venha a ser aplicada em outro Estado, o prazo para validade da lei é de 3 meses. Na ocasião de haver modificação da lei, o prazo de obrigatoriedade passará a correr da nova publicação.
Princípio da Continuidade (art. 2º): a lei uma vez publicada vai continuar em vigor até que uma outro venha revogá-la. Assim, revogação é a perda de vigência pelo advento de uma nova lei. Isso faz com que a lei não seja revogada pelo desuso. 
Ex.: leis orçamentais (anuais).
A revogação pode se dar quanto à sua forma:
→ Revogação Expressa: (art. 2º, §1): a lei indica em seu próprio texto que revoga outras anteriores.
→ Revogação Tácita (art. 2º, §2): quando a lei não traz um artigo expresso revogando lei anterior mas é incompatível com esta ou regula inteiramente a matéria que tratava a anterior.
Quanto à sua extensão:
→ Revogação total (ab-rogação): supressão integral da norma anterior.
→ Revogação parcial (derrogação): atinge só uma parte da norma anterior, que permanece em vigor no restante.
Obrigatoriedade da Lei (art. 3º):
“Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”. Embora seja uma ficção alguém saber todas as leis, é necessário para que se tenha segurança jurídica, caso contrário poder-se-ia descumprir a lei alegando ignorância. Pode-se invocar o erro de direito apenas quando o agente não tiver o objetivo de furtar-se do cumprimento da lei, como em inadimplemento contratual.
Integração das Normas (art. 4º):
Ainda que se tenha muitas leis, não se consegue legislar tudo. Por conta disso, para muitas situações não há leis específicas. Quando a lei for omissa, o juiz não pode se eximir de julgar, devendo aplicar, em ordem:
Analogia: é o uso de comparação entre uma lei e outra (ex. extravio de bagagens disciplinado para ônibus, mas não para avião) (“quando se verifica a mesma razão da lei, deve haver a mesma solução”). Não se confunde com interpretação extensiva. Esta implica na aplicação de mesma norma a situações não expressamente previstas mas compreendidas pelo seu espírito. Aquela é o recurso a outra norma do sistema jurídico como forma de integrá-lo.
Costumes: hábitos praticados há longa data em uma determinada sociedade, que embora não estejam em lei todos seguem como se fossem obrigatórios (ex. cheque pré datado);
→ Secundum Legem (segundo a lei).
→ Praeter Legem (suprir a lei).
→ Contra Legem (contra a lei).
Princípios Gerais de Direito: princípios que orientam as relações humanas (não lesar a outrem, etc.).
Embora não estejam neste artigo, também são mecanismos para suprir as lacunas: jurisprudência, equidade (quando a lei permite e formula várias alternativas e deixa à escolha do juiz), doutrina. Os mencionados mecanismos constituem modos de integração para a plenitude do sistema jurídico.
 Interpretação das Normas (art. 5º):
Visa orientar o juiz. A lei é um comando geral e abstrato. O juiz deve adaptar a lei ao caso concreto, mas deve analisar o contexto geral, atendendo aos fins sociais que a lei se dirige e às exigências do bem comum. 
Tipos de Interpretação:
Doutrinária: aquela feita pelos jurisconsultos para dar subsídio aos operadores do Direito.
Gramatical (ou literal): exame do texto sob o ponto de vista linguístico.
Lógica (ou racional): espírito da lei, razão de ser da lei.
Sistemática: análise da lei em conjunto com o contexto em que se situa.
Histórica: investigação dos antecedentes da norma (vontade do legislador e objetivos que visava atingir).
Interpretação Sociológica: adaptar o sentido e finalidade da lei às exigências sociais.
Eficácia das Leis no tempo (art. 6º): 
A lei atinge a todos e de maneira imediata. Além disso, existe o Princípio da Irretroatividade (legalidade), o qual determina que a lei não pode ser aplicada a fato anterior à sua vigência. Todavia, pode acontecer retroatividade nos casos:
Ato Jurídico Perfeito: ato que já se concretizou não sofre interferência da lei nova.
Direito adquirido: é um benefício já incorporado, não sendo retroagido por lei nova (ex. aumento da idade para aposentar não culmina em cancelamento da aposentadoria dos já beneficiados).
Coisa julgada: matéria que já transitou em julgado não é interferida por lei nova, é imutabilidade dos efeitos da sentença.
08/08
O Direito Civil tem como bases a pessoa, os bens e as ações.
PESSOA
→ Etimologia: grego per-sonare = soar por. 
→ Grécia Antiga: persona era uma máscara que amplificava a voz de quem a usava. A pessoa, então, possui um papel de agente (desempenha papel social), o que a faz ser sempre tratada como sujeito, não objeto, meio ou instrumento.
→ Cristianismo: durante o desenvolvimento da Igreja, muitos debates foram travados. Dentre estes, a dicotomia entre Cristo (Deus) e Jesus (homem). Esse embate foi solucionado no Concílio de Nicéia, no qual foi firmado que Jesus e Deus possuem a mesma natureza, mas são pessoas diferentes. Provando que nenhuma pessoa é igual a outra.
→ Boécio,jurisconsulto e teólogo, formulou uma das primeiras definições de pessoa: “substância individual de natureza racional”. Subsiste pois existe de maneira autônoma, não subordinada a nenhuma outra; e é racional, ou seja, capaz de agir, atuar.
→ Avançando mais na história, chega-se à Tomás de Aquino, teólogo do séc. XIII. Ele dizia que a pessoa humana é análoga à pessoa divina. Segundo o teórico, a pessoa tinha 3 características: 
Imanência, autopertencimento.
Transcendência, exterioridade (interação).
Perseidade, fim em si mesma, não um meio.
→ Os iluministas radicais, contrariamente às diretrizes eclesiásticas, começaram a fazer dissecações, percebendo a similitude do corpo humano com o de animais. Cortaram raízes metafísicas, evidenciando o aspecto corpóreo ao mesmo tempo em que negaram o aspecto sagrado que acreditavam subsistir no homem.
→ Brunello Stancioli propõe um conceito Pós-Metafísico de Pessoa, pois está distanciado da Igreja e em um Estado secular. A partir desse conceito, o autor define características da Pessoa Natural:
Autonomia: auto: para mim mesmo; nomos: normas; um ser autônomo, então, é aquele que cria normas para si próprio. A pessoa humana tem a capacidade de se autodeterminar, de fazer escolhas. Todavia, essa autonomia não significa autossuficiência e nunca é plena, pois há limites nas relações sociais.
Alteridade ou interação: como o ser humano vive em sociedade e estabelece relações, surge a característica da alteridade, que é a interação e a abertura para o outro. O contexto social é essencial para a formação da pessoa, onde ocorre o exercício da autonomia ao mesmo tempo em que surge seus limites.
Dignidade autorrealização em sociedade: art. 1º, III da Constituição Federal. Apesar de sua banalização no âmbito jurídico atual, é de extrema importância. A dignidade da pessoa humana seria a autorrealização da pessoa em sociedade. Um dos maiores autores que tratou dessa temática foi Pico Della Mirandola – Discurso sobre a dignidade do homem – dizendo que o homem é o único ser que conduz seu processo de construção, podendo escolher o que vai ser. Assim, ser digno é a capacidade de construir a si próprio em sociedade a fim de atingir a Eudaimonia (vida boa).
Valores: são valores morais aqueles que o contexto social considera como essenciais e constituintes da personalidade. Charles Taylor conceitua como bens que constituem a pessoa. São exemplos a integridade física, a honra (reputação), a vida, privacidade, intimidade, etc. Exemplo da falta de valores na sociedade atual é o sistema carcerário.
Interpretação dos valores: cada pessoa escolhe como vai vivenciar e interpretar os valores de acordo com o seu padrão individual de vida boa. “Pessoa é um processo, um vir-a-ser e poder se tornar o que quiser”.
Corpo: sustentação biológica da pessoa e que faz a ligação entre as demais características. Leva-se em conta que o corpo é mutável, seja pelo envelhecimento ou externalidades, seja por vontade própria (plásticas, troca de sexo… potencializadas pelos avanços da medicina).
→ Não se deve portanto, instrumentalizar, objetificar a pessoa humana. Deve-se trata-la como sujeito. 
→ Para Mirandola, a pessoa humana tinha a capacidade de construir a si mesmo, tinha a dignidade de se auto determinar.
→ A pessoa humana tem um papel social de agente.
→ Os direitos e valores são relevantes para um desenvolvimento digno.
Pessoa na Dogmática Jurídica
A pessoa é o centro e o fim de todo o ordenamento jurídico.
Art. 1º, III, CF – pessoa como fundamento do Estado.
O Código Civil, instituído pela lei 10.406/2002, diz em seu art. 1º: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”
→ Este artigo traz que a qualidade de ser pessoa (personalidade) iguala-se a capacidade de direito, que é a aptidão genérica imanente para ser sujeito de direitos e deveres. Todo ser humano tem personalidade, não necessitando de preencher nenhum requisito psíquico ou físico. Todavia, ao longo da história nem sempre foi assim, como provado pelos escravos sem direito de alforria, cujo tratamento era como de instrumento, e leprosos, afastados da sociedade para evitar contaminação.
→ A personalidade é um direito extra-patrimonial.
→ O nascituro não pode ser considerado sujeito de direito. A ele é reconhecido um direito potencial-condicional, o qual passa a ser realmente reconhecido no caso de nascimento com vida (primeira troca oxicarbônica). Assim, antes do nascimento com vida não há personalidade, como conceitua Caio Mário (visão de personalidade condicionada).
→ O fim da personalidade está atrelado com a morte. No Brasil, segundo a Resolução CFM nº 1480/97, a vida termina com a morte cerebral, sendo lícita a remoção de órgãos neste caso para transplantes ou fins científicos.
→ Embora a capacidade de direito seja típica de toda pessoa humana, do nascimento com vida até a morte, a capacidade de fato não o é. Esta capacidade não é imanente como a outra, pois depende do entendimento e discernimento de cada indivíduo.
→ O ser humano é chamado de Pessoa Natural, Pessoa Física. Por outro lado, existe a Pessoa Jurídica, que embora seja um ente moral, é dotado de capacidade de direito.
→ Animais e seres inanimados não são pessoas – são objetos de proteção (art. 225, VII, CF). Ainda que considerado objeto, o maltrato é proibido.
10/08
Início da Personalidade
A pessoa humana tem personalidade, capacidade de direito e de fato.
Art. 2º, CC: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
(nascituro → o ser já concebido mas ainda não nascido)
O que seria nascer com vida?
Lei de Registro Pessoal – Lei 6.015/1973, art. 53:
§ 1º – natimorto, criança nascida morta, será feito apenas o assento de óbito.
§ 2º – no caso da criança morrer no parto, caso ela tenha respirado, serão feitos os assentos de nascimento e óbito.
Segundo este dispositivo a vida começa a partir da primeira respiração.
Essa distinção do natimorto e criança que morre no parto após respirar é bastante repercutida no direito sucessório. Isso se dá, pois, no caso de morte do homem, caso tenha gerado um natimorto, não ocorre troca sucessória, assim sua herança vai para seus progenitores. No caso da paternidade, ainda que a criança tenha ido a óbito no momento do parto mas tenha respirado, ocorre troca sucessória e a herança irá para a genitora da criança.
Não é o registro que atribui personalidade à pessoa, então uma pessoa sem registro possui seus devidos direitos.
Teorias sobre o início da personalidade
Concepcionista: os direitos de personalidade do nascituro já se apresentam desde a sua concepção.
→ Possui algumas contradições, como o aborto em caso de gravidez de risco ou estupro ser legalizado (art. 128 CP), o que vai contra esta teoria, a qual diz que o nascituro já tem personalidade, não podendo, por conta disso, ser abortado em hipótese alguma.
→ Lei 11.105/2005 – Células-tronco. Lei da Bio-segurança ADI 3510-DF. Foi conferida a constitucionalidade às pesquisas com célula tronco, pois o que é protegido não é o material humano vivo – espermatozóide, óvulo e, por fim, a fertilização in vitro – mas a pessoa.
Natalista: só é pessoa e apresenta direitos de personalidade após o nascimento. 
Personalidade Condicionada: é uma teoria que tenta conciliar os dois parágrafos do art. 53. O nascituro tem seus direitos assegurados, mas possuem uma condição para se concretizarem, que é o nascimento com vida. Não é pessoa mas tem expectativas de direitos.
Como funciona nos tribunais
→ Já está pacificado (foi julgado pelo STJ) que é possível discutir fatos enquanto se era um nascituro após o nascimento. Portanto, já está pacificado pelo STJ que cabe indenização por danos morais relativa a fatos ocorridos enquanto nascituro. 
Ex.: pai morre durante a gestação decorrente de acidente de trabalho. Após o nascimento, o filho pode ajuizar ação contra a empresa.
→ Também está pacificado que o nascituro não tem direito patrimonial. Dessaforma, não pode atuar como herdeiro. Existe a possibilidade de fazer doação para pessoa futura, mas esta só vai se concretizar a partir do nascimento com vida.
Polêmica: Nascituro tem legitimidade processual?
Para a teoria concepcionista sim, pois a personalidade tem início com a concepção. Já para a natalista, não teria, já que neste foco a personalidade só é concedida após o nascimento. Para a teoria da personalidade condicionada, por outro lado, o nascituro teria legitimidade processual caso tenha nascido com vida e, assim, concretizado seus direitos potenciais.
Segundo a prova da OAB, o nascituro não tem legitimidade processual.
Lei 11.804/08 – Lei de Alimentos Gravídicos
Disciplina que o progenitor deve custear a alimentação da genitora durante o período de gestação. A determinação de quem é o pai, neste caso, dá-se por indícios, visto que o exame de DNA antes do parto ainda é inviável.
Ressalva-se que esta lei não protege a teoria concepcionista, uma vez que dá direitos à mãe, mas não ao nascituro.
PL 478/2007 – Estatuto do nascituro. Bastante polêmico.
17/08
Fim da Pessoa Natural
O Fim da Pessoa Natural se dá com a morte, como previsto no art. 6º do CC: “A existência da pessoa natural termina com a morte”.
O que é a morte?
A morte é um processo, em que os órgãos vão parando aos poucos. Por conta disso, cada cultura vai determinar qual ponto considera morte.
O art. 6º não apresenta o que é a morte. Mas na Lei 9.434/1997, a chamada Lei de Transplantes, estabelece em seu art. 3º que a remoção de órgãos será lícita quando houver a morte encefálica (como determinado pela resolução CFM 1480/97), havendo concordância prévia do falecido ou dos familiares. Assim, o critério de morte é a parada total e irreversível das funções do cérebro. Vale dizer que esse é o mesmo adotado pelo Protocolo de Harvard, um mecanismo aceito mais mundialmente. Foi criado esse critério para que o médico não fosse preso por homicídio ao realizar transplantes.
Grande parte dos manuais de Direito Civil dizem que a morte encefálica é o critério de morte. Todavia, na prática isso não acontece. O diagnóstico de morte encefálica só é usado para o transplante de órgãos. Quando a pessoa não é doadora, seja por opção seja por doença que afeta os demais sistemas, o critério utilizado na prática é a parada dos batimentos cardíacos, por ser mais simples e rápido.
Estado vegetativo é diferente de morte encefálica. Isto, pois em estado vegetativo há a possibilidade de retornar às atividades normais e os órgãos continuam em funcionamento.
Anencefalia é a ausência de tecido encefálico mínimo para o desenvolvimento de uma vida extrauterina. Como o aborto é proibido no país, no caso de gestação de feto anencéfalo, não havia permissão para a interrupção da gravidez. No entanto, houve muita polêmica, chegando ao STF por meio da ADPF nº 54 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental). A parte a favor usou de argumentos como a morte cerebral como critério de falecimento e o fator psicológico da genitora, enquanto a parte contrária se apoiou em matéria religiosa e em teorias concepcionistas. O STF decidiu que é uma escolha da gestante continuar ou interromper a gravidez no caso de anencefalia, visto que o Estado deve tutelar a pessoa, não qualquer material humano vivo.
Morte real é quando se tem cadáver, atestado médico, certidão de óbito.
Morte presumida sem declaração de ausência (morte real sem cadáver) é quando o cadáver não é encontrado em uma situação de risco, disciplina-se no art. 7º do CC. Para que consiga se confirmar, deve-se ter um cenário em que o falecimento seja extremamente provável, como em grandes catástrofes naturais (tornados, tsunamis), acidentes de avião, 2 anos de desaparecimento após guerra. Ou seja, declara-se morte após o encerramento de uma longa busca em que a vítima não foi encontrada. Não há prazo temporal, apenas se dá pelo encerramento das buscas. Exemplos concretos: Derramamento de lama em Marinha, Eliza Samudio (decretada morta após longo tempo de desaparecimento e por testemunho do Bruno) e Ulisses Guimarães que sofreu acidente de helicóptero e nunca teve seu corpo encontrado.
Ausência é quando há o desaparecimento de uma pessoa em situações normais por falta de informações ou notícias sobre a mesma – art. 22, CC. Para que seja decretada ausência é necessário: desaparecimento, falta de notícias e por fim, decisão Judicial.
Curadoria dos bens do ausente: a família ou Ministério Público ajuíza ação para declarar a ausência. Caso o juiz concorde com o exposto, ele declarará a ausência e nomeará um curador para zelar pelos bens do desaparecido. Essa primeira situação dura um ano, tempo o qual é estabelecido para um possível retorno. Caso o ausente tenha deixado um representante ou procurador, essa fase dura 3 anos.
Sucessão provisória: sucessão é a divisão de bens entre os herdeiros. Nesse momento, o juiz começa a analisar o testamento – caso haja um – e a dividir os bens entre os herdeiros. Todavia, como é provisória, o sucessor não pode se desfazer do patrimônio recebido e também deve guardar 50% dos dividendos para caso de retorno do ausente.
Sucessão Definitiva: passados dez anos da sentença da sucessão provisória transitar em julgado, podem os interessados requerer a sucessão definitiva.
Se o ausente ou algum de seus descendentes ou ascendentes, volta depois de dez anos de declarada a sucessão definitiva, aquele ou estes haverão os bens existentes no estado em que se acharem.
Se provado que o ausente possui 80 anos e há 5 não se tem notícias, pode-se requerer a sucessão definitiva.
A morte presumida com decretação de ausência se dá com a abertura da sucessão definitiva.
Comoriência ocorre em caso de acidentes quando as vítimas já são encontradas mortas e presume-se que a morte se deu simultaneamente – art 8º, CC. Este caso é considerado coo uma presunção de simultaneidade de óbitos, quando não for possível indicar com precisão, quem precedeu a morte de quando, quando há duas ou mais pessoas em questão.
Ex.: pai e filho sofrem acidente, este morre no acidente e aquele ainda vai para o hospital com vida, embora faleça no dia seguinte. Isso implica que a sucessão do patrimônio será para os ascendentes do pai. Por outro lado, caso o genitor venha a óbito no ato do acidente e o progênito não, mesmo falecendo pouco depois, a ordem sucessória do pai será descendente, ou seja, para o filho. Por outro lado, caso haja a morte de pai e filho no acidente, não ocorre troca sucessória entre os falecidos, o que determinaria uma sucessão ascendente, (não ocorre troca sucessória entre os comorientes).
22/08
Teoria das Incapacidades
O art. 1º, CC traz a capacidade de direito, aquela aptidão genérica e imanente de ser sujeito de direitos e deveres. Assim, todo ser humano é pessoa e tem personalidade e, portanto, capacidade de direito.
Por outro lado, tem-se a capacidade de fato, que é a aptidão para exercer pessoalmente – por si só – os atos da vida civil. Por conta disso, nem todos a têm e comporta gradação, visto que ela varia de acordo com a capacidade de entendimento (entender o que a cada ato leva) e discernimento (escolher as opções mais sensatas).
Incapacidade é a ausência de capacidade de fato pleno.
Capacidade de fato é a aptidão genérica para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
Diferentemente da capacidade de fato, a legitimação é a aptidão específica para a prática de certo ato, ou seja, a necessidade de determinados requisitos para a realização de um ato específico. Legitimação é um plus que se agrega à capacidade plena em certas situações.
Ex.: o procurador de uma empresa deve apresentar a procuração para poder atuar. O advogado precisa de diploma e aprovação no exame da Ordem para atuar.
Incapacidade
Art. 3º e 4º, CC.
Restrição legal ao exercício de atos da vida civil imposta aos que não possuem o pleno discernimento (manifestação de vontade plenamente livre), necessitando de proteção.
O objetivo dessa teoria é o bem estar do incapaz, sua proteção.A vontade do incapaz deve ser levada em conta sempre que for possível.
A capacidade é sempre a regra. A incapacidade é prevista em lei, devendo, portanto, ser legalmente provada.
A capacidade de fato comporta gradação, tendo como critério o discernimento. Por conta disso, há tipos de incapacidade:
Incapacidade Absoluta: abrange aqueles absolutamente incapazes, sendo os que não possuem discernimento ou este muito reduzido. 
Representação: o absolutamente incapaz não pode exercer nenhum ato da vida civil, por conta disso criou-se a representação. Esta estabelece um representante para agir em nome do incapaz e pelo interesse deste. Necessariamente deverá existir um representante em nome no incapaz.
Nulidade – art. 166, I, CC: ato praticado por incapaz sem representação torna-se nulo, é completamente desfeito.
Incapacidade Relativa: é um estado intermediário entre a capacidade plena e a incapacidade absoluta.
Assistência: enquanto o representante faz tudo em nome do absolutamente incapaz, o assistente atua em conjunto com o relativamente incapaz. 
Ex.: matrícula de menor de 18 anos em faculdades.
Anulável – art. 171, I, CC: anulável é mais brando que nulo. O anulável é quando o incapaz relativo realiza um ato sem o assistente. Diferentemente do nulo, o assistente pode confirmar o ato, concretizando-o ou o desfazendo.
Hipóteses de Incapacidade Absoluta (art. 3º, CC, I, II e III)
Critério etário – art. 3º, I, CC → menores de 16 são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente qualquer ato da vida civil.
Quem vai representá-lo nos atos da vida civil é, de acordo com art. 1634, CC, VII, ambos os pais, de modo que não necessita de juiz para determinar isso.
Na falta dos pais quem irá representar o menor será o tutor, podendo ser um familiar ou alguém nomeado pelo juiz que irá exercer a função de tutelar a criança.
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – 8069/90 → lei paradigmática que traz a infância e adolescência como pessoa em desenvolvimento com direito à liberdade, identidade e vontade. Assim, quebra a ideia de que os menores são propriedades dos pais.
24/08
Critério de enfermidade ou doença mental, art. 3º, II, CC, que reduzem o discernimento da pessoa para a prática do ato.
Surdos-mudos quando não recebem a devida educação se enquadram neste inciso. Caso recebam se tornam relativamente incapazes.
A Lei 13.146, de 6 de ulo de 2015, publicada em 2016, institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência, este considera deficiência o impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual tem sua participação plena e igualdade de condições com as demais pessoas obstruídas.
Com a entrada do EPD, os incisos II e III do art. 3º do CC são revogados. Será absolutamente incapaz, então, apenas os menores de 16 anos. Assim, nenhuma pessoa com deficiência seria considerada absolutamente incapaz, independente do grau.
Altera o art. 4º do CC, reduzindo o inciso II (“ébrios habituais e os viciados em tóxicos” – apenas) e revogando o III, para instituir que “aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”.
O EPD, além de trazer benefícios à proteção de pessoas com deficiências, trouxe também, críticas quanto a questão de incapacidade civil da pessoa humana, deixando a dúvida: nos casos de ausência de discernimento, a pessoal seria reativamente incapaz? Ex.: doença de Alzheimer. 
É uma lei que tem muitas conquistas para o deficiente. Por outro lado, fez uma série de atropelamentos legislativos, desrespeitando muitas técnicas jurídicas.
Hipóteses de Incapacidade Relativa
Critério etário – art. 4º, I, CC → maiores de 16 e menores de 18 anos são relativamente incapazes;
Os referidos menores têm capacidade jurídica, podendo ajuizar ação desde que acompanhado de assistente.
Quem vai assisti-lo nos atos da vida civil é, de acordo com art. 1634, CC, VII, ambos os pais.
Na falta dos pais quem irá assistir o menor será o tutor, podendo ser um familiar ou alguém nomeado pelo juiz que irá exercer a função de tutelar a criança.
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – 8069/90 → lei paradigmática que traz a infância e adolescência como pessoa em desenvolvimento com direito à liberdade, identidade e vontade. Assim, quebra a ideia de que os menores são propriedades dos pais.
O menor relativamente incapaz pode praticar alguns atos sem assistência. Como disposto nos artigos: (os atos permitidos são aqueles que não apresentam nenhum risco ao incapaz em vida).
Art. 228, I → o maior de 16 anos já pode depôr como testemunha, sem participação efetiva do assistente;
Art. 666 → o relativamente incapaz pode ser mandatário, que é a transferência de poder a partir de um mandante. Ex.: mandante dá direitos de acesso ao banco ao mandatário. A lei permite isso porque não vincula o mandatário, então não apresenta riscos ao menor.
Art. 1860 → o maior de 16 anos já pode fazer testamento. Já pode votar, ter carteira assinada.
O relativamente menor não se exime de uma obrigação invocando sua idade quando, inquirido pela outra parte, omitiu-a dolosamente. Ex.: relativamente incapaz não pode comprar algo, arrepender-se e depois invocar da sua idade para desfazer o negócio jurídico (art. 180);
Critério Ébrios habituais e viciados em tóxicos. Ébrios habituais são alcóolatras. 
Art. 4º, II, CC → ébrios habituais, viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.
Em casos extremos do efeito dessas substâncias, caso o usuário fique plenamente impossibilitado de exprimir sua vontade passa a se enquadrar no art. 3º, CC, III ou II, este, caso evolua para quadro patológico. Com a instituição do EPD, essa hipótese deixa de existir.
Critério pródigo, pessoa que gasta sem medidas, ameaçando também sua própria ruína. Críticas, pois a incapacidade deve ser oriunda da dificuldade, enfermidade ou doença. Gastar demais é consequência, e não causa.
Art. 4º, IV, CC → Pródigos.
Pródigo é um desvio de personalidade que leva seu portador ao aniquilamento de seu próprio patrimônio desvairadamente.
Essa hipótese não tem tanta relevância atualmente, visto que o capital é próprio, de uma pessoa única, e não da família como antigamente;
Art. 1782, CC → a interdição do pródigo o priva de atos que não sejam a mera administração.
Critério de Portadores de Síndrome de Down e surdo-mudez desde que com o devido “estudo”. O inciso também abrange deficientes físicos e sensoriais.
O indígena de tribos remotas não é considerado relativamente incapaz como era no CC de 1916, mas tem sua capacidade regulada por legislação especial, como dispõe o art. 4º parágrafo único.
Quando cessa a incapacidade?
Quando a causa que motivou a incapacidade cessa, esta também cessa. Para comprovar isso, deve-se ajuizar ação para que o juiz decida o fim da interdição e determine a capacidade de discernimento.
A incapacidade de critério etário termina de forma automática.
Emancipação: adquirir a capacidade de fato plena antes dos 18 anos, mas 16 anos completos (art. 5º, CC). Existem várias hipóteses de emancipação:
Voluntária: por concessão dos pais quando estes entendem que o filho já tem capacidade de discernimento. Faz-se isso por meio de procedimento formal, escriturando a emancipação no cartório;
Judicial: se dá quando o tutor decide a emancipação. Para que não seja caso do tutor se “livrar” do menor, é necessária uma decisão judicial para que ocorra, não simplesmente ir ao cartório como no caso dos pais;
Legal: são as condições previstas no código para emancipação “automática”. 
Casamento (idade núbio – para casar – 16 anos, podem ter exceções). 
Colação de grau em curso de ensino superior.
Quando o incapaz tem economia própria (acima de 16 anos).
Pelo exercício de emprego público efetivo.
Uma vez que o menor se emancipa torna-se irretratável e irrevogável a incapacidade pela idade. Só volta à incapacidade nos demais casos previstos;
30/08
Direitos de Personalidade
Personalidade é a qualidadeprópria de ser pessoa. Direitos de personalidade são, então:
Essenciais a todas as pessoas.
Diretos que irradiam da personalidade.
Valores considerados importantes para uma pessoa, por uma dada sociedade, e que acabam sendo positivados (assim como os valores do conceito pós-metafísico de pessoa).
Tem origem:
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789): no contexto iluminista, começa-se a falar da liberdade, dignidade.
Declaração Universal de Direitos do Homem (1948): contexto pós-guerra, vindo para firmar ainda mais os direitos.
Constituição Federal de 1988: direitos de personalidade positivados.
Código Civil de 2002: direitos também positivados, do art. 11 ao art. 21.
Os direitos da personalidade são personalíssimos, intransmissíveis e irrenunciáveis (o uso pode ser cedido, como dar o direito de uso de imagem em uma propaganda).
 Oponíveis erga omnes: erga omnes = contra todos. Os direitos da personalidade podem ser opostos contra todos, isso gera um dever para a coletividade de não desrespeitar o individual. É um direito que ninguém pode violar (assim como ocorre no direito de propriedade).
Não são numerus clausus: numerus clausus = número fechado → quando o legislador prevê na lei o que deve ser tipificado, assim como no Direito Penal, não dando margem para a inclusão de matéria não prevista. No Direito de Personalidade é ao contrário, não sendo taxativo e, portanto, não é numerus clausus, visto que mesmo sem expressa proteção legal, muitos outros direitos podem ser resguardados.
Ex.: TJ – SP: acidente de trabalho deixou homem impotente. Sua mulher ajuizou ação em seu próprio nome acusando que seu Direito de Personalidade de vida sexual ativa havia sido violado. Mesmo sem estar expressamente previsto em lei, ela ganhou a ação, visto que o judiciário reconheceu como um direito legítimo.
Imprescritíveis: prescrição é colocar um prazo para o direito ser exercido, não funcionando fora deste prazo. Os Direitos de Personalidade, por outro lado, são imprescritíveis, então não se perdem pelo não uso.
Extrapatrimoniais: os Direitos de Personalidade não têm valor pecuniário, afinal de contas, a vida não tem preço. Muito embora seja extrapatrimonial, as indenizações são, na maior parte dos casos, pecuniárias.
(In)disponíveis e (Ir)renunciáveis: o art. 11 visa agrilhoar os direitos de personalidade à pessoa ao proibir a renúncia destes, vedando a autonomia do ser. Por isso, a I Jornada de Direito Civil enunciou que essa limitação não pode ocorrer. Todavia, deve haver um limite para essa autonomia, limite o qual é a dignidade na visão de Nelson Rosenvald.
Ex.: Arremesso de anões → mesmo com os portadores de nanismo sendo a favor e considerando que é sua atividade laboral, o Estado proibiu essa prática no argumento de que viola a dignidade da pessoa. (Discussão em sala se é certo ou errado – o limite estabelecido foi certo?) No mesmo foco dos anões, levanta-se a dúvida da legalidade dos atos ridículos praticados pela atriz Sabrina Sato no programa Pânico. Seria respeitar a autonomia para com seus direitos de personalidade ou seria uma afronta a estes?
Conclusão dos casos: 
Houve autorização (consentimento) para ser reificado. 
Autonomia não está subordinada à ordem pública → é individual e subjetiva.
Ordem pública deve ser construção ético-discursiva → o Estado não estabelece o certo ou errado independente da vontade dos cidadãos.
Impedir o uso do corpo que é reificar → ao fazer isso, retira-se a liberdade de escolha, tratando a pessoa como objeto que não escolhe por si.
Stancioli: “Direitos subjetivos que põem em vigor através de normas cogentes, valores constitutivos da pessoa natural e que permitem a vivência de escolhas pessoais (autonomia) segundo a orientação do que significa vida boa para cada pessoa, em um dado contexto histórico-cultural e geográfico”.
Dignidade da Pessoa Humana
O objetivo é o livre desenvolvimento da personalidade.
Não há direito absoluto. Assim, por mais que os Direitos de Personalidade sejam inerentes e necessários, eles não são absolutos.
Os direitos disciplinados no Código Civil são:
Integridade Física:
Direito à vida e direito ao próprio corpo.
Art. 5º, III, CF/88 → ninguém será submetido a tortura ou tratamento degradante. O Código Penal, da mesma forma, também criminaliza condutas como forma de proteger a integridade física.
Art. 13, CC → veda a pessoa de dispor do seu próprio corpo, vedando a autonomia corpórea quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Todavia, seguindo estritamente esse artigo, os atletas profissionais não poderiam exercer suas atividades por conta da debilitação física, ballet da mesma forma e até mesmo as tatuagens seriam proibidas.
Em sentido histórico, percebe-se uma obsessão no controle dos corpos. A Igreja Católica cria um paradoxo do corpo: ao mesmo tempo que é divino, é fonte de pecados. As ordenações Filipinas colocaram a homossexualidade como crime. Depois foi colocado como doença mental pela CID (Classificação Internacional de Doenças). Atualmente o homossexualismo é permitido, mas o corpo ainda é visto como algo sagrado que não pode ser modificado.
Deve haver limitações. – direito à liberdade de uso e auto manipulação do corpo.
Como todo direito, este não é absoluto. No entanto, toda limitação a esse direito precisa ser excepcional, circunstancial e justificada. Muito embora há o art. 13 no CC, este tem seu texto anterior a CF, visto que foi feito em 1970, então em muitos casos não a respeitam plenamente.
Transplantes (art. 13, parágrafo único, CC) → a disposição do corpo será permitida para fins de transplantes, o qual é disciplinado por lei especial (Lei 9434/97). Esta estabelece duas possibilidades:
Corpo vivo, art. 9º → aquele que tem plena capacidade de fato pode doar órgãos duplos, regeneráveis ou tecido de forma gratuita. Pode-se doar para parentes, caso não o seja deve haver decisão judicial, isso para evitar a comercialização. A norma visa resguardar a integridade do doador.
Doação post mortem: morte encefálica + autorização da família (art. 4º).
A constituição de 88 reafirma em seu art. 199, § 4º, as mesmas condições para o transplante: que é disciplinado por lei especial e vedado todo tipo de comercialização.
Art. 14, CC → a disposição do próprio corpo, no todo ou em parte, é válido com objetivo científico ou altruístico. 
Enunciado 277 da IV Jornada de Direito Civil → quem define se vai doar ou não os órgãos é a própria pessoa, com base no art. 14. Por outro lado, caso não emita sua decisão antes da morte, esta será proferida pela família.
Diretivas Antecipadas de Vontade: resolução 1995/2012 – CFM → documento no qual a pessoa vai escrever, expor o que ela permite que seja feito ou não durante estado de inconsciência ou incapacitado de expressar sua vontade. São chamadas de living will (testamento vital): traz a ideia de que é um testamento feito para o ente ainda vivo; durable power of attorney for health care: poder duradouro do representante para cuidados com a saúde. A ideia não é resguardar a autonomia da pessoa só durante a vida, mas também em momentos de inconsciência ou processos de morte.
Quando o paciente ia ao médico, aquele era tratado como objeto, sendo exposto apenas conceitos técnicos que ele não entendia, consentindo sem consciência. Atualmente, há a tentativa de mudar isso, tratando o paciente como sujeito, sendo dever do médico muni-lo com informações simples para que haja um consentimento informado, aquele que é feito conscientemente.
Art. 15, CC → ninguém é constrangido a submeter-se a tratamento médico ou intervenção cirúrgica que apresente risco de vida.
Posso colocar no documento para desligarem os aparelhos em caso de coma? Não, o médico não pode realizar o que estiver disposto nas Diretivas Antecipadas de Vontade mas for proibido por lei.
Eutanásia → (crime) prática ativa de se interromper a vida de um paciente com doença em estado irreversível. A eutanásia se equipara ao suicídio assistido, a diferençaé que nesta há a “ajuda” de uma pessoa para com outra que não consegue se suicidar (tetraplégicos, etc.) mas é sua vontade. Enquanto eutanásia há o deferimento médico da irreversibilidade, e o consentimento por parte da pessoa ou familiares – caso esteja em estado inconsciente – para que cesse a vida.
Distanásia → (não é crime) adiamento da morte por meio de medicamentos e aparelhos, em muitos casos provocando sofrimento desnecessário. É o prolongamento da morte.
Ortotanásia → Resolução 1.805/2006 – CFM. Esta diz que não se deve fazer a distanásia, visando uma morte boa e digna, embora não criminalize nada. Em outras palavras, é a suspensão permitida de procedimentos e aparelhos que prologuem a vida do paciente em fase terminal.
Testemunha de Jeová → acreditam veementemente no trecho bíblico que diz que “não se pode viver com sangue de outra pessoa”. Caso isso aconteça, são excluídos de sua comunidade e perdem seu status.
Se um plenamente capaz chega ao hospital e só possui como solução a transfusão sanguínea, o médico pode forçá-lo? Há um conflito de princípios: dever do médico de salvar a vida, direito a vida x liberdade, art. 15, CC. Não está pacificado nos tribunais o que deve ser feito. Chegando inconsciente ao hospital e recebendo transfusão, não se pode alegar transfusão forçada.
Direito ao nome:
Art. 16, CC → “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.
Ponto de vista privado: toda pessoa tem direito a um nome e sua proteção. É uma representação pessoal do ser.
Art. 17 e 18, CC → tentativas de proteção da pessoa contra a usurpação do nome. O nome não pode ser exposto em situações difamatórias e nem em propaganda comercial sem autorização.
Sanções civis e criminais: usar o nome de outrem para atividade ilícita ou desconhecida do detentor do nome pode culminar em processos criminais e cíveis,
O pseudônimo possui a mesma proteção do nome.
Ponto de vista público: obrigatoriedade do assento de nascimento. A Lei 6015/73 – LRP, dispõe em seu art. 50 e seguintes a obrigatoriedade de colocar um nome no momento do assento, o Estado precisa disso para fazer a identificação de seus cidadãos.
Art. 55, LRP → oficial de registro civil não registrará nomes suscetíveis de expor a pessoa ao ridículo. Todavia, caso os pais não concordem com a decisão, podem ajuizar uma ação.
Princípio da imutabilidade relativa do nome: este princípio é relativo. Há a possibilidade de mudança nos casos:
Primeiro ano após atingir a maioridade – art. 56, LRP
Erro gráfico – art. 110, LRP
Ação de retificação de nome – art. 57, LRP (nome esdrúxulo; sobrenome do padrasto/madrasta; transexual – nome social, etc.). Via ação judicial, dá-se mediante sentença do juiz.
Apelidos notórios – art. 58, LRP → pode trocar ou acrescentar. Ex.: Lula, Xuxa
Coação ou ameaça decorrente da colaboração na apuração de crime – art. 58, § único, LRP
Adoção.
Casamento e divórcio.
Estrangeiro (quando se naturaliza, pode-se aportuguesar o nome).
Direito à imagem:
Art. 5º, V e X da CF e Art. 20 do CC.
A Imagem abrange três aspectos:
Imagem-retrato: são os atributos físicos.
Voz humana: ninguém pode usar a voz de outrem sem permissão.
Imagem atributo: conjunto de comportamentos de uma pessoa que acabam por caracterizá-la socialmente.
Ex.: início de carreira da Xuxa se deu por meios pornográficos. Isso não viola sua imagem-retrato, visto que assinou contratos. Todavia, como se construiu socialmente sendo a rainha dos baixinhos, ajuizou ação para retirada dos filmes e revistas eróticas em que participou para proteger sua imagem atributo.
Celebridades: imagem pública x direito à imagem. 
As pessoas públicas são analisadas de outra forma quando estão em ambiente público. Entende-se que há um interesse coletivo em saber o que acontece com a celebridade. Todavia, em ambiente privado o tratamento não é diferenciado.
Ponderação entre liberdade de imprensa e direito à imagem.
Utilização da imagem de uma pessoa de maneira indevida, mesmo sem afronta à honra ou para fins comerciais, já impõe o dever de reparar.
Ex.: Maitê Proença → fotos publicadas sem autorização. TJRJ determinou que, como é uma das mulheres mais belas do Brasil, não houve afronta a honra, inexistindo motivo para indenização. Todavia, o STJ entendeu que o retrato de uma pessoa não pode ser exposto ou reproduzido sem o consentimento dela, em decorrência do direito à própria imagem;
Direito à imagem pode ser cedido à titulo gratuito ou oneroso, de maneira expressa ou tácita. Ex.: não se pode reclamar de fotos postadas em sites de boate.
Consentir em ser fotografado ou filmado não abrange o direito de publicação dessa imagem. Ex.: Fran (vídeo íntimo vazado).
Direito à imagem pode ser relativizado ao interesse público. Ex.: foragido da justiça.
Direito à Vida Privada:
Art. 21, CC.
Privacidade e Intimidade: do ponto de vista técnico, são diferentes. O que é íntimo é a esfera mais interna, que diz respeito ao que É da pessoa. Já a privacidade diz respeito ao que se divide com seu ciclo social.
Direito pode ceder face ao interesse público. Ex.: quebra de sigilo bancário.
Celebridades: ponderação entre liberdade de imprensa e direito à privacidade. POLÊMICA: biografias não autorizadas.
ADI da ANEL: (Associação Nacional de Editores de Livros) pediram para o STF se posicionar se há ou não proibição das bibliografias. O STF se posicionou que não é ilegal fazer biografias sem autorização prévia.
Ex.: Roberto Carlos ajuizou ação contra biografia não-autorizada. Sentenciou-se que as biografias deveriam ser retiradas de circulação.
Honra, prestígio Social, bom nome, boa fama.
Honra objetiva (o que as pessoas acham) e subjetiva (o que eu acho).
Art 953, CC. e Art, 557, III do CC.
Indenização + compensação não pecuniária do dano à honra (pedido público de desculpas, pedido de retratação);
Ex.: Inclusão indevida no Cerasa. Ofendeu a honra ao chamar de mal pagador, já que afeta a boa fama;
Ex. Histórico: existia a legítima defesa da honra, na qual o sujeito afetado poderia recuperá-la pelas próprias mãos. Matar amante e mulher.
Violação aos Direitos de Personalidade
Art. 12 do Código Civil e Art. 5º, X da CF.
Responsabilidade Civil Extracontratual: aquela que não advém de contratos. (Exemplo disso foram as fotos nuas de Carolina Dieckmann vazadas por um hacker. Embora não houvesse contrato entre as partes, há a responsabilidade civil por conta da violação dos direitos de personalidade).
Danos Morais: é um abalo na esfera psicológica. Quando se viola o direito de personalidade, certamente terá um dano moral, o qual é cabível de indenização.
Danos Materiais: é o abalo no patrimônio da pessoa, também cabível de indenização. Divide-se em:
Danos Emergentes: o patrimônio que foi afetado.
Lucros Cessantes: o que se deixou de ganhar por conta do patrimônio afetado.
Além da indenização monetária (pecuniária) prevista para os danos morais e materiais, pode-se ter a compensação não pecuniária, aquela que não é em dinheiro, como desculpas em público.
Parágrafo Único do art. 12: violação dos direitos de personalidade do morto. Quem irá exigir que se cesse a lesão e a indenização é o cônjuge sobrevivente, parente em linha reta ou colateral até o 4º grau. (Ex.: divulgação de imagens do cadáver de Cristiano Araújo no necrotério, que afetaram sua imagem e familiares, sendo estes os responsáveis por ajuizar as ações).
14/09 
Pessoa Jurídica
Conceito: “entidades criadas para a realização de um fim e reconhecidas pela ordem jurídica como sujeito de direitos e deveres”.
Início da personalidade da PJ: Vontade + Objeto Lícito + Formalidades. Vontades convergentes de todas as pessoas naturais envolvidas. “Affectio Societatis”. Atos Constitutivos: definir o nome do empreendimento, quantia de capital integralizado, divisão da participação societária.
Separação: a personalidade jurídica do ente é destacada da personalidade da pessoa natural.
Características:
Personalidade jurídica própria e independente da personalidade dos entes naturaisque a compõe.
Patrimônio próprio.
Existência própria, podendo ser uma existência maior ou menor do que a de seus fundadores.
Pode exercer todos os atos não privativos da pessoa natural. Ou seja, PJ não pode casar, adotar criança, pois são atos privativos da pessoa natural. Por outro lado, como disciplina o art. 52, CC e súmula 227 do STJ, aplica-se às PJ no que couber os direitos da personalidade, podendo ser indenizada por danos morais em caso de violação;
Objetivos:
Agrupar interesses e esforços comuns.
Continuidade.
Representação:
Art. 47, CC.
Pessoa jurídica não tem capacidade de fato.
Atuação por meio de representantes (art. 47-49, CC).
(Art. 47, CC): No ato constitutivo que será registrado, instituir-se-á um representante para os atos da PJ e seus poderes.
(Art. 49, CC): Não pode faltar um administrador. Caso falte, o juiz nomina um provisório.
Responsabilidade: 
Limitação de responsabilidade: via de regra geral, as pessoas naturais que constituem uma pessoa jurídica, não respondem pelos compromissos assumidos por esta. Há exceções.
Pessoa natural não responde pelas obrigações da PJ.
Tudo que o representante assina, vincula a PJ, fazendo com que esta responda tanto por responsabilidade contratual quanto extra-contratual (acidente de trabalho).
PJ responde criminalmente? Antigamente entendia-se que não. Todavia, há situação em que a PJ possui responsabilidade penal expressa na própria CF: Responsabilidade penal → Art. 225, § 3º, CF. Questões ambientais. A sanção pode ser de natureza pecuniária (multa), interdição das atividades da empresa ou até mesmo prestação de serviços à comunidade. Tanto a pessoa física quanto a jurídica podem responder ao processo.
Em resumo, civil responde, penal não, apenas a pessoa física.
Classificação: Art. 40, CC. traz duas grandes classificações:
PJ de Direito Público: subdivide-se em:
Interno: União; Estados; Municípios; PJ criadas por lei (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista, etc.)
Externo: Estados estrangeiros (Art. 42, CC).
PJ de Direito Privado: subdivide-se de acordo com o Art. 44, CC, exigindo que PJ se enquadre a um desses tipos, o que as torna numerus clausus.
Formalidades: Registro dos atos constitutivos da pessoa jurídica (Arts . 45 e 46, CC). Neste consta a denominação, nomes dos integrantes. Existem organizações, que por conta da dificuldade de obter o registro, iniciam suas atividades de forma irregular (não é ilegal, é resguardada pelo Art. 986, CC), porque ainda não existe como pessoa jurídica. Todavia, não tendo personalidade, não há o princípio da separação, culminando na inexistência da limitação responsabilidade, então os próprios sócios (PN) respondem pelos atos da PJ.
19/09
Desconsideração da Personalidade Jurídica: Desconsidera a ideia de separação. É excepcional, só pode desconsiderar a personalidade jurídica em casos muito específicos.
Quando os sócios usam da pessoa jurídica para a prática de atos ilícitos, o princípio da separação é desconsiderado, e o sócio passa a responder com seu patrimônio dívidas que eram da PJ.
Divide-se em duas teorias:
Teoria Maior da Descontinuidade (Art. 50, CC) → em caso de abuso da personalidade jurídica, o qual se dá por desvio de finalidade (a PJ visa um fim) ou confusão patrimonial (é usar do patrimônio da PJ para arcar com as despesas dos sócios, estes mesmos desconsideram o princípio da separação). Essa desconsideração não significa o fim da PJ. É um meio, na verdade, para preservá-la. Além disso, desconsiderar não é a mesma coisa que falir, são procedimentos diferentes.
Teoria Menor da Desconsideração (Lei 8078/90, CDC, Art. 38) → amplia as hipóteses para que haja a desconsideração. Qualquer motivo que for um obstáculo para o ressarcimento do consumidor já será causa para a desconsideração.
Desconsideração Inversa: é o contrário da desconsideração da personalidade jurídica. É o uso do patrimônio da PJ para custear as despesas dos sócios. É trazer o patrimônio da pessoa jurídica para fora com bem pessoal. Exemplo claro disso é a partilha de bens no divórcio quando estão em nome da PJ.
21/09
Pessoas Jurídicas de Direito Privado
O Art. 44, CC, disciplina que essas pessoas são:
Sociedades (Art. 981, CC): têm fins lucrativos e, por conseguinte, a distribuição dos resultados entre os sócios. Pode ser uma sociedade empresária (produção de bens e serviços) ou simples (não produzem bens mas visam o lucro). Não existe sociedade unipessoal, é formada pela pluralidade de pessoas.
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI (Art. 980-A, CC): formação unipessoal que possui o benefício da responsabilidade limitada. Foi criada em 2011 a fim de reduzir a burocracia e incentivar o desenvolvimento. A EIRELE facilita a criação da pessoa jurídica.
Associações: (Art. 53, CC): não tem fins lucrativos, ou seja, o resultado obtido no exercício não é dividido entre os sócios. Pode se constituir para qualquer finalidade, desde que não seja lucrativa.
Não ter finalidade lucrativa não significa deixar de ter saldo positivo. Acontece que esse lucro não pode ser divido entre os sócios, deve ser mantido no caixa ou reinvestido na própria empresa.
Aplica-se à associação todos os dispositivos de PJ inicialmente tratados.
Art. 54, CC: disciplina as condições para formação e funcionamento da associação. Essa lei dá muita liberdade às associações, dispondo apenas sobre “o quê” deve falar, mas não “como”.
A qualidade de associado não se transmite. Como a associação não tem fins lucrativos, ela se formou por um elo comum entre os associados iniciais, o qual não se faz presente no caso dos herdeiros. Para que possa ocorrer a transferência, deve estar expresso no estatuto.
Ninguém pode ser constrangido a se associar ou permanecer associado (art. 5º, XX, CF).
Dissolução das associações (art. 61, CC) → quando atinge sua finalidade (comissão de formatura após a formatura), quando o objeto se torna ilícito, etc. Deve-se passar por um processo de liquidação, no qual as obrigações (passivos) são pagas e as cotas são divididas entre os sócios ou investidas em associação com fins semelhantes.
Fundações (art. 62, CC): a associação é uma reunião de pessoas com finalidade não lucrativa. A fundação, por outro lado, é a atribuição de personalidade jurídica a um determinado patrimônio, oriundo de pessoa jurídica ou física.
Da mesma forma que a associação, a fundação não visa lucro. Pode ter funcionários, demandando o pagamento de salário. O lucro não pode ser dividido.
Art. 62, § único, CC: determina as funções que a fundação pode ter. Foi atualizado pela lei 13.151/2015, assistência social, cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, saúde, alimentação, proteção do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, pesquisa cientifica, etc. Ela ampliou as funções para abarcar algumas que anteriormente não estavam disciplinadas como fundação.
Para criar uma instituição, deve-se:
→ Instituição: vontade do instituidor deve ser formalizada por meio de uma escritura pública (constituir pessoa jurídica ainda em vida, como o Bill Gates e sua fundação) ou testamento (pessoa jurídica será criada depois do óbito, como disposto no testamento).
→ Redação do Estatuto: “colocar no papel” como se darão as atividades da fundação. Art. 65, CC → disciplina que o instituidor deve fazer o estatuto, nomeie para alguém fazê-lo ou, caso as duas aludidas não sejam atendidas, o próprio Ministério Público irá redigi-lo, visto que a fundação deve ter uma finalidade.
→ Aprovação: o Ministério Público deve aprovar o Estatuto redigido.
→ Registro: assim como toda PJ, a personalidade jurídica da fundação só será atribuída após seu registro em cartório de PJ. Art. 63 e 69, CC → quando os bens destinados a constituição da fundação não forem suficientes para seu exercício, será incorporada a uma outra fundação de caráter semelhante.
28/09
Entes Despersonalizados ou de Personalidade Reduzida
	“Limbo Jurídico”: entes despersonalizados.
	Art. 74, CPC.Não possuem personalidade jurídica. 
	Podem ser titulares de algumas relações jurídicas.
	Condomínio edilício, espólio, massa falida.
Assemelham-se às PJ mas não o são, visto que o legislador não quis. Por não serem PJ, não possuem capacidade de direito, mas podem ser titulares de algumas relações jurídicas, desde que assegurado por lei.
Esses entes podem ter: legitimidade processual (autor ou réu); contratantes; representante; contribuintes.
Ex.: Condomínio Edilício: esse condomínio possui um representante (síndico) para assinar contratos em nome dele, pode contratar funcionários, etc. Apesar disso, não possui um afeto entre os membros.
Ex. 2: Espólio.
Ex. 3: Massa falida.
Ex. 4: Sociedade irregular.
Domicílio
Definição por Clóvis Beviláqua: “O lugar onde a pessoa, de modo definitivo, estabelece a sua residência e o centro principal de suas atividades”.
Essa mesma definição consta no Art. 70, CC.
É composto por:
Elemento material: residência.
Elemento subjetivo: ânimo definitivo. Morada, residência e domicílio são diferentes para o Direito:
Morada: também chamado de habitação. É uma situação de fato, ou seja, transitória, como aluguel de apartamento para as férias.
Residência: caráter mais constante e longo.
Ex.: Um intercambista tem uma residência, que é onde mora embora de maneira temporária. Por conta de existir essa temporalidade é residência, visto que ainda há o domicílio definitivo no país de origem.
Domicílio: além da residência, há o ânimo definitivo.
Essa distinção mostra-se importante em uma série de artigos, tais como art. 1785, CC, que determina a sucessão do falecido em seu último local de domicílio, e art. 327, CC, que diz sobre o cumprimento de obrigação, o qual será feito no local de domicílio do devedor.
Pluralidade de domicílios
→ Art. 71, CC: admite a pluralidade de domicílios. Se a pessoa natural possui mais de uma residência, todas serão domicílio.
→ Art. 72, CC: este artigo traz o domicílio profissional, que é onde as atividades são exercidas. Em caso de haver mais de um, todos serão considerados domicílio.
Ausência de domicílio
→ Art. 73, CC: no caso de não possuir um endereço fixo, o domicílio será onde a pessoa for encontrada.
Mudança de domicílio
→ Art. 74, CC: é a mudança do elemento material (residência) juntamente com o elemento subjetivo (ânimo definitivo). Logo, é a mudança de caráter definitivo.
Domicílio Necessário
→ Art. 76, CC: em regra a pessoa pode escolher livremente onde será seu domicílio, ou seja, é voluntário. Este artigo determina que algumas pessoas não possuem essa escolha:
Incapaz: será seu domicílio o mesmo de seu representante.
Servidor público: onde exerce suas atividades de maneira definitiva.
Militar: onde serve.
Marítimo: onde o navio está matriculado.
Preso: local da prisão.
Então, esses cinco grupos possuem domicílio necessário.
Domicílio Geral e Especial
O domicílio voluntário, que é aquele escolhido livremente pela pessoa, divide-se em:
Geral: onde a pessoa escolheu efetivamente para estabelecer residência com ânimo definitivo.
Especial: (Art. 78, CC) onde os contratantes escolhem livremente para cumprir determinada obrigação. Esse dispositivo encontra limitação nos contratos de adesão. 
Contrato de adesão: Art. 112, § único, CPC → o contrato, via de regra, parte da livre autonomia das partes para assinarem. No contrato de adesão, simplesmente se adere a um contrato já existente, sem possibilidade de discussão das cláusulas (ex.: assinatura de contrato com empresa de televisão). Se é um contrato de adesão, a cláusula de domicílio especial é nula.
O domicílio geral continua valendo para todas as atividades, menos para aquelas específicas resguardadas por domicílio especial.
Domicílio da Pessoa Jurídica
Art. 75, CC: determina o domicílio da PJ.
A sede (administração e diretoria) que consta no ato constitutivo da empresa será considerado seu domicílio.
Tendo mais de um estabelecimento, usa-se da mesma ideia da pessoa natural, determinando que cada um deles será considerado domicílio para os atos neles praticados.
Sendo a administração e diretoria no estrangeiro, será considerado domicílio o local onde a PJ exercer suas atividades no Brasil.
03/10 
BENS
	Conceito filosófico: tudo aquilo que corresponde à solicitação de um desejo ou necessidade. 
	Ex.: casa, carro, dinheiro, vida, felicidade, amor, liberdade etc. 
	Conceito jurídico: qualquer utilidade material ou imaterial. Podem ser objetos de direitos subjetivos.
Ex.: carro (é um bem material → direito de propriedade); marido (não é um bem, é um sujeito); intimidade (é um bem imaterial)
	Nem todo bem filosófico é um bem jurídico.
	Coisa x bem: “coisa” é uma espécie dentro do gênero “bem” (sentido jurídico), são os bens de existência corpórea. 
Classificação de Bens
Bens considerados em si mesmos
Imóveis e móveis.
Imóvel (art. 79) → é aquele que não se move, como o solo e o que se incorpora a ele de maneira artificial (construção) ou natural (árvores).
Móvel (art. 92) → é aquele que pode ser transportado por força alheia ou por si próprio (chamados de semoventes pela doutrina, são os animais).
Retirar algo de uma construção temporariamente não faz com que se torne bem móvel, nem transportar edificação para outro lugar, desde que mantenha sua unidade. (Art. 81, I e II, CC)
Art. 84, CC: Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Ex.: porta é móvel (art. 84), mas pode ser imóvel quando incorporada ao solo (art. 81, I).
Transferência de propriedade: 
Móvel: tradição = entrega, art. 1267.
Carro precisa de registro. DETRAN não transfere propriedade.
Imóvel: existe formalidade, através do registo, art. 1245.
Fungíveis e infungíveis.
Fungível (art. 85) → é aquele bem móvel que pode ser substituído por outro móvel da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex.: gasolina, dinheiro.
Infungível → não é tratado pelo código porque o legislador não viu necessidade. É um bem que não pode ser trocado, como os semoventes e os bens imóveis, visto que estes são insubstituíveis. Ex.: joias de família.
Um bem que era fungível, por vontade das partes, pode se tornar infungível. Ex.: um livro incialmente é fungível, visto que pode ser substituído por outra impressão. Todavia, esse livro pode conter uma dedicatória, tornando-se infungível. Dessa forma, para se determinar se o bem é fungível ou infungível deve-se analisar o caso concreto.
Essa distinção é aplicada no Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Consumíveis e inconsumíveis. 
Consumíveis (art. 86) → os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Inconsumíveis → aqueles que se destroem no primeiro uso. Ex.: produto de limpeza, comida, etc.
Os inconsumíveis são aqueles que perduram além do primeiro uso, como roupas, adornos, etc. Não possui artigo específico pois é o oposto de consumível.
A vontade das partes novamente pode alterar a classificação do bem. Assim, pode-se transformar um bem consumível em inconsumível. Ex.: exposição de chocolate gigante em campanha publicitária.
A geladeira por exemplo, quando à venda é consumível. Assim que comprada, passa a ser inconsumíveis, visto que passa a ser usada mais de uma vez. 
Divisíveis e indivisíveis.
Divisíveis (art. 87) → são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Indivisíveis são, portanto, aqueles que não entrem nesse conceito.
Para saber se é divisível em termos jurídicos, deve-se analisar sob um foco de substância, uso e valor (utilidade). Se for divisível, o fragmento da divisão não altera sua substância, o valor proporcional ao todo e o uso a que se destina.
Ex. divisível: água, sacas de algum grão, lote, dinheiro. Pode-sedividir o pagamento de dívida em prestações, mantendo a mesma substância (dinheiro), valor proporcional ao todo e uso a que se destina (amortização de dívida).
Ex. indivisível: semoventes, carros, casa, celular, etc. Não há como dividir esses produtos sem alterar substância, valor ou uso a que se destinam.
Art. 88, CC: por vontade das partes ou lei o bem divisível pode se tornar indivisível, como o pagamento da dívida ser obrigatoriamente à vista ou uma lei impor o tamanho mínimo do loteamento para edificação, fazendo com que a divisão de um terreno forme quocientes de uso diferente.
Singulares e Coletivos.
Singulares (art. 89) → são aqueles bens reunidos, mas que são tratados independentemente.
Coletivos → são chamados de universalidades.
Art. 90 → Universalidade de fato: reunião de bens singulares pertinentes à mesma pessoa, mas que possuem uma destinação unitária. Ex.: venda de biblioteca, na qual todos os livros possuem destinação unitária;
Art. 91 → Universalidade de direito: o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Ex.: patrimônio, herança, massa falida.
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Bens reciprocamente considerados
Principal – Acessório – Pertenças.
Principal (art. 92) → aquele que existe de maneira independente, existência autônoma, ou seja, não depende de outro bem.
Acessório (art. 92) → se subordina ao principal, depende de outro bem (o bem principal) para existir. “O acessório segue a sorte do principal”. Isso significa que uma vez que o acessório está subordinado ao principal, o que vier a acontecer a este, acometerá aquele. Essa regra pode ser alterada por vontade das partes. Ex.: roda. Na venda de um carro, a roda também se compreende vendida.
Pertenças (art. 93, CC) → relaciona e facilita o uso do bem principal, mas não é dependente nem integrante deste. Exemplo disso é o trator em relação a fazenda, que apesar de melhorar o uso desta, não possui relação de dependência. Ex.: mobílias.
Quando se trata de pertenças, segundo o art. 94, a regra é o oposto: “a pertença não segue a sorte do principal”. Essa regra possui exceção no caso de vontade das partes.
Armário embutido é acessório, visto que é anexado e compõe o apartamento. Todavia, o armário da cozinha, por ser feito em módulos, pode ser considerado como pertença. Se for pertença o vendedor pode tirar, enquanto se for acessório, não.
Bem feitoria – Acessões.
Bem feitoria (art. 96) → melhoria, obras realizadas numa determinada coisa para o seu melhoramento, conservação ou embelezamento. É sempre formado por força humana, é artificial, feito em algo já existente. Subdivide-se em necessárias, úteis ou voluptuárias.
§ 3º. Necessárias → aquela que é feita para conservar o bem ou evitar que ele se deteriore. Exemplo: infiltração em uma casa deve ser consertada para conservar o bem.
§ 2º. Úteis → não é necessária, mas uma vez feita melhora ou aumenta o tempo de uso do bem. Exemplo: instalação de ar condicionado em residência. Embora não seja necessário, é útil pois aumenta o conforto dos residentes.
§ 1º. Voluptuárias → não é necessário e nem melhora o uso do bem, é feito apenas pelo deleite, embora possa aumentar o valor do bem. Exemplo: contratar paisagista famoso. Embora agregue valor, não aumenta o conforto da residência.
É em vista complementar aos conceitos de acessório e pertenças, visto que, quando há uma melhora, há acréscimo destes 
Acessões → é a construção de algo inteiramente novo. Na benfeitoria acrescenta-se algo a alguma coisa já existente. Já a acessão, além de ser algo completamente novo, pode ser tanto natural quanto artificial.
Frutos – Produtos (art. 95).
Frutos → são aquelas utilidades que a coisa periodicamente produz e que podem ser retirados sem que se altere a substância do bem. Os frutos dividem-se em:
Naturais → é o exemplo da própria natureza. Ex.: colheita de maçã em uma árvore, que apesar de retirar o fruto, não altera a substância da árvore. Retirada de leite de uma vaca. 
Industriais → bens produzidos pela indústria, que são retirados para a venda, mas não reduzem a substância da indústria. 
Civis → juros e aluguel. Não desgasta a coisa principal mas gera periodicamente um rendimento.
Produto → é aquele que ao ser retirado da coisa principal, provoca uma redução na substância desta. É aquilo que não tem renovação. Então, produto pode ser retirado tal como o fruto, mas ocasiona redução da substância do bem principal. Ex.: retirada de minério de ferro, metais, petróleo, água, etc. 
Bens quanto à pessoa do titular: públicos e particulares
Públicos são aqueles regidos pelo direito público, definidos pelo art. 99, CC correspondendo àqueles de uso comum de todos, uso especial e os dominicais. Os públicos não podem usucapir (art. 102, CC) e os de uso comum ou especial não podem ser vendidos (art. 101, CC). 
Particulares são os que não se inserem nessa divisão, definem-se por exclusão. Então, bens públicos e particulares possuem regimes muito diferentes.
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NEGÓCIO JURÍDICO
Ação: comportamento + finalidade
Fato: é um acontecimento. Existem fatos que:
O Direito não reage.
O Direito reage, formando assim, os fatos jurídicos.
Fatos Jurídicos
Fatos Jurídicos: acontecimento considerado relevante para o Direito. Fenômeno que provoca uma reação do ordenamento jurídico. O fato será jurídico quando o legislador determinar que há consequências jurídicas para o acontecimento. Esses fatos dividem-se em:
Fato jurídico stricto sensu ou fatos naturais → involuntários: não existiu vontade humana na prática do ato. É um fenômeno natural. Os fatos naturais são acontecimentos provenientes da natureza e não precisam da vontade humana para que sejam manifestados ou mesmo quando o homem colabora indiretamente para a sua ocorrência. Eles podem ser divididos em ordinários quando são esperados, como por exemplo, a morte, o nascimento, etc., ou extraordinários, que são imprevisíveis, como terremotos, enchentes, raios, etc., que serão considerados apenas se gerarem consequências jurídicas. Ex.: Avião é atingido por um raio e todos os passageiros morrem.
Fato jurídico latu sensu ou fatos humanos → voluntários: são acontecimentos provenientes das atividades humanas. Estas ações são dependentes ou independentes da vontade humana e podem criar, modificar ou retirar direitos humanos e afetar a esfera jurídica. Elas são classificadas em atos lícitos e atos ilícitos.
Atos Lícitos
São ações realizadas pelo homem que estão em conformidade com as normas jurídicas, produzindo os efeitos desejados pelo agente. Eles podem ser classificados em:
Ato jurídico em sentido estrito → podem ser chamados de atos meramente lícitos e são cometidos pelo homem sem o interesse de influenciar na esfera jurídica, pois estão em conformidade com a lei. Ex.: teste de DNA para reconhecer a paternidade.
Negócio Jurídico → proveniente da relação entre duas ou mais pessoas que ao se reunirem podem ocasionar em efeitos jurídicos. Ex.: um contrato de aluguel.
Ato-fato jurídico → é todo aquele que considera o ato produzido em si e não pela vontade humana, ou seja, o ato terá maior relevância para a área jurídica do que o agente que pode ser um incapaz. Ex.: um menor de idade achar um tesouro. O agente não é importante no primeiro momento, mas sim o ato, apesar de ser menor, este terá uma parte daquilo que foi achado.
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Negócio Jurídico
Conceito.
Negócio jurídico: “atos de autonomia privada, que põem em vigor uma regulamentação jurídica para seus autores, com o conteúdo que eles quiserem, nos limites da autonomia privada” – Pedro Pais de Vasconcelos.
O negócio jurídico é assumido pela livre vontade das partes, colocando-as em uma regulamentação jurídica a respeito do assunto que decidiram e que possui o princípio da obrigatoriedade (“pacta sunt servanda”), ou seja, deve ser cumprido. Essa autonomia contida para a realização dos negócios jurídicos deve respeitar as limitações da lei.
Planos do fenômeno jurídico → teoria criada por Pontes de Miranda; é a chamada escada “pontiana”, em homenagemao autor, que divide o fenômeno jurídico em:
Existência: é necessário que haja um ou mais agentes e que estes exteriorizem a vontade. 
Validade: conformidade com o direito.
Eficácia: produção de efeitos (cumprir o que foi combinado, ex.: pagamento de passagem para companhia e esta, entregar o serviço).
Assim, para que exista o negócio jurídico, deve atender a esses 3 degraus da escada pontiana.
Requisitos da validade do negócio jurídico – Art. 104, CC
Agente capaz:
Autor → pessoa que sofre as consequências do negócio jurídico (tanto o que vende quanto o que recebe é autor). Para ser autor, basta que se tenha capacidade de direito;
Agente → é quem atua diretamente no negócio jurídico. Para ser agente, além da capacidade de direito, deve-se ter capacidade de fato. Dessa forma, criança e qualquer incapaz pode ser autor de um negócio jurídico, mas deve-se ter um representante para ser seu agente.
Sempre que há uma pessoa maior e plenamente capaz, ela será tanto o agente quanto o autor do negócio jurídico. Quando o filho é representado, este representante é o agente enquanto aquele é o autor. Uma pessoa jurídica é autora de negócio jurídico, mas é seu representante o agente do negócio jurídico.
O fato de dar procuração a uma pessoa para realização de negócio jurídico atribui a ele a função de agente, enquanto o mandante se mantém como autor. Esse fato de atribuir legitimidade a alguém pode, então, alterar quem é o agente do negócio jurídico.
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
Imediato → ação (ex.: compra de casa. Espera-se duas ações imediatas: entrega da casa e recebimento do dinheiro).
Mediato → bem.
Quanto ao seu conceito, lícito é ser permitido pelo direito, possibilidade diz respeito as condições de realização do negócio, tanto físicas quanto jurídicas. Dessa forma, não se pode doar o brilho das estrelas para alguém e nem fazer herança enquanto vivo; e, determinado é estabelecer negócio jurídico com objetos que se sabe exatamente o que é. Determinável é o objeto que se reconhece pelo seu gênero e quantidade (art. 243, CC).
Formas.
Art. 104, III. A palavra “forma” possui algumas acepções:
Maneira de exteriorização da vontade, seja verbal, seja formal.
Forma imposta pela lei. O legislador impõe uma forma específica para a realização do negócio jurídico. 
O art. 107, CC, fundamenta essa 2a acepção, disciplinando que a regra geral é que o negócio jurídico é informal, salvo disposição de lei em contrário.
Exemplo dessa exceção é o art. 108, CC, o qual determina que as movimentações de imóveis (transferência, renúncia, constituição ou modificação) devem ser feitas por escritura pública.
Outro exemplo são os arts. 818 e 819, CC, os quais dispõe sobre fiança. A lei exige a forma escrita para a fiança.
Mais um exemplo é sobre a celebração do casamento, disciplinado no art. 1533, CC.
Art. 166: determina quando o negócio jurídico é inválido, sendo uma das condições, em seu inciso IV, quando não revestir a forma prescrita em lei.
Forma ad probationem: quando a forma não é da substância do ato, mas serve para fins probatórios, isso, pois, gera segurança jurídica, publicidade e meios de prova. Assim, mesmo que o ato de locação seja um direito obrigacional (não é real, não exige escritura pública), é útil de se fazer contrato para que se tenha meios de prova, ou seja, o uso de uma forma que não é necessária para a validade, mas que é útil para fins de segurança jurídica.
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Classificação dos Negócios Jurídicos. 
Quanto a declaração de vontade: unilateral ou bilateral.
Unilateral é aquele que possui apenas uma parte, enquanto o bilateral possui duas partes (parte: polos da relação jurídica; núcleo de interesse da declaração de vontade. Não se confunde com agente ou autor da ação). Essa divisão, então, concentra-se nas partes envolvidas. É unilateral quando se aperfeiçoar apenas com uma única manifestação de vontade.
Ex.: art. 1857, CC → testamento. Só depende da declaração de vontade de um núcleo de interesse, que é o testador.
Ex.: art. 854, CC → promessa de recompensa. A pessoa se obriga a pagar, havendo, portanto, apenas um núcleo de interesse.
Bilateral é aquele que se completa com duas manifestações de vontade, coincidentes com o mesmo objeto, através do consentimento mútuo, ainda que com interesses antagônicos.
Ex.: contrato de compra e venda. Há duas partes que são núcleo de interesse da declaração de vontade, o comprador e o vendedor. 
Quanto à classificação plurilateral, a doutrina coloca também utiliza essa classificação, encontrando-a principalmente no contrato social de sociedade, estatuto de associação, etc., nos quais há várias partes, mas uma vontade convergente para a realização do negócio.
Quanto à forma: formais ou informais.
A regra geral é que os informais possuem forma livre (art. 107, CC), como por exemplo do empréstimo, e por exceção, os formais têm forma prevista por lei, também dita como solene, como o casamento ou a compra e venda de um imóvel.
Quanto aos titulares: inter vivos ou causa mortis:
O negócio é inter vivo quando é celebrado para produzir efeitos a longo prazo, quando ainda vivos os contratantes, ainda que, eventualmente, um deles venha a falecer. É o caso do contrato de compras e vendas.
Causa mortis, quando os efeitos serão somente produzidos após a morte ou devido a ela. Um exemplo é o testamento ou a doação de órgãos. 
Quanto aos benefícios patrimoniais: gratuitos ou onerosos.
No oneroso haverá uma prestação e uma contraprestação, ou seja, vantagem patrimonial para ambas as partes. Exemplo é a venda de um apartamento, no qual há a entrega deste por parte do vendedor, e a entrega da quantia referente pelo comprador. Subdivide-se em:
Comutativo: prévio conhecimento das vantagens econômicas auferidas pelas partes, como na aquisição de um bem móvel.
Aleatório: as vantagens são incertas ou não conhecidas, como no contrato de seguro ou na cessão de direitos hereditários.
Já no gratuito, apenas uma das partes é beneficiada. Grande exemplo desse tipo de negócio jurídico é a doação, na qual o doador empobrece enquanto o donatário enriquece.
Pode ser também neutro, constituindo uma espécie desprovida de expressão econômica, como na gestação em útero alheio, por exemplo, ou bifronte, quando o negócio puder ser gratuito ou oneroso, a depender da vontade almejada pelas partes, como se nota em contrato de depósito.
Quanto à importância: principal ou acessório.
Principal é aquele que independe de outro, existe por si só. Já o acessório depende do negócio jurídico principal.
Da mesma maneira que aos bens, aplica-se a regra “o acessório segue a sorte do principal”.
Ex.: locação e fiança. O negócio jurídico principal é a locação, enquanto o acessório é a fiança. Assim, se o principal deixa de ter validade, o acessório automaticamente também deixa de ter validade.
Quanto à duração: instantâneo ou de trato sucessivo.
O instantâneo acontece inteiramente de uma única vez, como exemplo da compra e venda à vista. O de trato sucessivo possui efeitos que se prolongam no tempo, como na compra e venda às prestações.
Quanto ao tipo de negócio entre as partes: impessoais ou personalíssimos (ou Intuitu Personae).
O personalíssimo é celebrado tendo em vista características pessoais essenciais da parte. Enquanto o impessoal não vê relevância nas características pessoais, espera-se apenas o resultado do contrato com as partes.
Na venda de um vestido não se pensa nas características específicas do comprador, quer-se apenas o resultado da venda. Por outro lado, caso se contrate Chico Buarque para tocar e Michel Teló é enviado, importa sim para o negócio jurídico, tendo em vista que as características pessoais são essenciais ao caso.
Interpretação dos negócios jurídicos.
Existem normas de interpretação do negócio jurídico que são extremamente importantes para a parte de contratos.
Art. 112: intenção > sentido literal do texto. O legislador deu mais importância à intenção das partes do que ao texto

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