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Amebíase é a segunda causa de morte por doença parasitária, sendo muito comum nos países tropicais. Amebíase ou Disenteria Amebiana A Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase, importante problema de Saúde Pública, que leva ao óbito anualmente cerca de 100 mil pessoas. Introdução Apesar da alta mortalidade por amebíase, muitos casos de infecção assintomática são registrados. Em 1977, a OMS assume a Entamoeba dispar como espécie infectando o homem. Essa nova espécie seria a responsável pela maioria dos casos de infecção assintomática atribuídas a E. histolytica. Reino: Protista Sub reino: Protozoa Filo: Sarcomastigophora Subfilo: Sarcodina Superfamília: Rhizopoda Classe: Lobozia Ordem: Aemobida Família: Entamoebida Gêneros: Entamoeba, Iodamoeba, Endolimax. Classificação Taxonômica As espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos diferentes segundo o número de núcleos do cisto maduro. Entamoeba com cistos contendo 8 núcleos, também chamado grupo coli: Entamoeba coli - Homem Sistemática Entamoeba com cistos contendo 4 núcleos, também chamado grupo histolytica: E. histolytica - homem E. dispar - homem E. moshkoviskii – vida livre Sistemática Sistemática Entamoeba de cistos com um núcleo E. polecki – porco macaco e eventualmente homens E. suis – porco Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gengivalis – homem e macaco Morfologia As amebas citadas se distinguem uma das outras pelo tamanho do trofozoíto e do cisto, pela estrutura e pelo número de núcleos. A distinção entre as espécies é difícil. Para que seja feito o diagnóstico diferencial seguro é necessário a observação das várias estruturas em mais de um exemplar. Morfologia E. histolytica Trofozoítos - medem cerca de 20 – 40 µm. Geralmente tem um só núcleo, bem nítido nas formas coradas e pouco visível nas formas vivas. Apresenta emissão contínua e rápida de pseudópodos. Cistos – São esféricos ou ovais, medem de 8 a 20 µm. Núcleos variam de 1 a 4. http://www.k-state.edu/parasitology/625tutorials/Ehistolytica.html Morfologia E. coli Trofozoítos - medem cerca de 20 – 50 µm. Geralmente tem um só núcleo, bem nítido nas formas coradas e pouco visível nas formas vivas. Cistos – São esféricos ou ovais, medem de 15 - 20 µm, contendo até 8 núcleos. http://www.k-state.edu/parasitology/625tutorials/Entamoebacoli.html Os trofozoítos de Entamoeba histolytica, normalmente vivem na luz do intestino grosso podendo ocasionalmente penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmão, rim e cérebro. Os trofozoítos são essencialmente anaeróbios tendo como ambiente normal o intestino grosso. A locomoção se dá através de pseudópodes e a ingestão de alimentos por fagocitose (partículas sólidas) e pinocitose (ingestão de partículas líquidas). A multiplicação se dá por divisão binária dos trofozoítos. Biologia Ciclo biológico CICLO BIOLÓGICO Os cistos passam pelas fezes Amebíase extraintestinal Os trofozoítos se reproduzem por ≠ simples e colonizam o IG (colites e diarréias) Os trofozoítos podem invadir os V. Sangüíneos e serem transportados para outros órgãos Ingestão de CISTOS em água ou alimento contaminado com material fecal humano. Os cistos desencistam no ID e irão colonizar o IG. Ocorre através de cistos maduros, com alimentos (sólidos ou líquidos). Uso de água sem tratamento, contaminada por dejetos humanos, é um modo freqüente de contaminação. Ingestão de alimentos contaminados (verduras cruas – alface, agrião; frutas – morango) é importante veículo de cistos. Alimentos contaminados por cistos veiculados por insetos. Falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos dentro da família. Portadores assintomáticos que manipulam alimentos são os principais disseminadores dessa protozoose. Mecanismos de transmissão a. aguda não supurativa b. abcesso hepático ou necrose coliquativa Manifestações clínicas Período de incubação: difícil de ser determinado (7 dias até 4 meses) I. Formas assintomáticas II. Formas sintomáticas 1. Amebíase intestinal: a. desinteria b. colites não disentéricas c. amebomas d. apendicite amebiana 2. Amebíase extra-intestinal: 2.1. Amebíase hepática: 2.2. Amebíase cutânea 2.3. Amebíase em outros órgãos: pulmão, cérebro, baço, rim, etc. Forma Assintomática ou Infecção Assintomática da Amebíase Enquadra-se neste caso a grande maioria das infecções humanas por E. histolytica: 80% a 90% são completamente assintomática e a infecção é detectada pelo encontro de cistos nos exames de fezes. Forma mais encontrada no centro sul do país. Muitos autores tem admitido que as formas assintomáticas são causadas por E. dispar conforme Brumpt, em 1919. PATOLOGIA E VIRULÊNCIA • Os mecanismos para distinguir cepas de E. histolytica PATOGÊNICAS ou invasivas de NÃO PATOGÊNICAS ou comensais têm sido estudado intensamente nos últimos anos. • As espécies PATOGÊNICAS são denominadas de E. histolytica e, apesar disso, não produzem sintomas clínicos (Infecção subclínica) em 10-40% dos indivíduos infectados. • Apesar de ASSINTOMÁTICOS indivíduos infectados com cepas PATOGÊNCAS da E. histolytica desenvolvem anticorpos antiaméba no soro, além da presença de antígenos no soro e sinais invasivos no tecido. • Acredita-se que apenas 10% dos indivíduos apresenta a síndrome da Amebíase Invasiva. • As espécies NÃO PATOGÊNICAS são denominadas de E. dispar e apesar de se alojarem no Intestino Grosso dos indivíduos infectados, NÃO desenvolvem amebíase invasiva, e consequentemente NÃO apresentam antígenos amébicos detectáveis no soro e NÃO produzem reação anticórpica. As infecções são assintomáticas e autoresolutivas. Entamoeba histolytica & Entamoeba dispar FATORES DO HOSPEDEIRO •Idade (amebíase extra-intestinal mais presente em adultos) •Bactérias na luz intestinal •Lesões prévias na luz intestinal (química, traumática); •Imunossupressão (drogas, doenças imunossupressoras, gravidez) •Hormônios (esteróides e progesterona) •Infecções concomitantes (disenteria bacilar) •Desnutrição (favorece) •Deficiência Vitamina C (favorece) •Dieta: colesterol (favorece) vegetariana (favorece) láctea (desfavorece) protéica (desfavorece) Lesões decorrentes do parasitismo Amebíase é a infecção do homem causada pela E. histolytica com ou sem manifestação clínica. Na mucosa os trofozoítos se multiplicam e podem penetrar nos tecidos sob a forma de micro ulcerações. As lesões amebianas são mais freqüentes no ceco e na região reto sigmóide. As ulceras variam muito de tamanho e forma e podem estender-se a grandes proporções do intestino grosso. Ocasionalmente, os trofozoítos podem induzir uma resposta inflamatória com formação de uma massa granulomatosa, chamada “ameboma”. Essa formação não é comum na amebíase. Colites não ulcerativas É uma das formas clínicas mais freqüentes em nosso meio. Se manifesta por duas a quatro evacuações, diarréicas ou não, por dia, com fezes moles ou pastosas, às vezes contendo muco ou sangue. Pode apresentar desconforto abdominal ou cólicas, em geral localizadas na porção superior. Raramente há manifestação febril – E. dispar. Mecanismos patogenéticos das lesões produzidas Mecanismos patogenéticos das lesões produzidas Forma Disentérica – Colites Amebianas Aparece mais freqüentemente de modo agudo, acompanhada de cólicas intestinais e diarréia, com evacuações mucossanguinolentas ou predominância de muco ou de sangue,acompanhadas de cólicas intensas, de tenesmo ou tremores de frio. Pode haver oito, dez ou mais evacuações por dia. Pode ocorrer disenteria amebiana aguda – inúmeras evacuações mucosanguinolentas, prostações e grave desidratação. Freqüentemente ocorre perfurações do intestino. Amebíase Extra-Intestinal – É raro em nosso meio, mas já tem sido relatados vários casos de abscessos hepáticos amebianos. As principais manifestações clínicas do abscesso hepático amebiano são representados pela tríade: dor, febre e hepatomegalia. Abscessos pulmonares e cerebrais são raros, principalmente quando ocorre ruptura do abscesso hepático. Mecanismos patogenéticos das lesões produzidas AMEBÍASE HEPÁTICA ABSCESSO AMEBIANO AMEBÍASE HEPÁTICA ABSCESSO AMEBIANO A – Abscesso amebiano hepático (material necrosado e tecido fibrinoso nas bordas da lesão e parênquima adjacente normal) B – RX de paciente com abscesso hepático. Abcesso hepático: Trofozoitos podem chegar ao fígado via veia porta. PATOLOGIA DA AMEBÍASE Outras Manifestações – Abscesso Cerebral Diagnóstico laboratorial Diagnóstico imunológico Os métodos sorológicos estão sendo cada vez mais empregados, principalmente na amebíase extra- intestinal. Os métodos mais utilizados são: ELISA e Imunofluorescência Indireta. Outros exames: Retossigmoidoscopia – visualização das ulcerações, possibilitando a identificação do agente etiológico, obtido do material da lesão. Radiografias, tomografias, ultra-sonografia e ressonância magnética. Punção do abcesso hepático – procedimento de alto risco. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL - PARASITOLÓGICO • Usualmente é feito em FEZES, e punção de abscesso; • Tem como objetivo identificar CISTOS e TROFOZOÍTOS; COLETA DO MATERIAL: A coleta e o armazenamento da fezes são muito importantes no diagnóstico laboratorial. Deve ser coletada sem urina, sem contaminações com outros materiais e nunca do solo. As fezes podem ser coletadas em conservantes como MIF, SAF, Formol. O exame a fresco das fezes deve ser feito tão logo seja emitida ao laboratório (20 a 30 minutos). Quando o exame direto não puder ser feito rapidamente – geladeira. HPJ ou Método de Lutz • ELISA • RIFI • HAI • ELISA-captura • ELISA Anti-GIAP Estão sendo empregados na amebíase extra-intestinal, São considerados métodos de escolha na amebíase com abcesso hepático, LIMITAÇÕES: dificuldade no preparo de antígenos, persistências de títulos durante meses ou anos após o tratamento e geralmente dão resultados negativos nos assintomáticos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL - IMUNOLÓGICO DIAGNÓSTICO EXAMES SOROLÓGICOS PARA E. histolytica •Baseiam-se na detecção de anticorpos circulantes contra antígenos específicos de E. histolytica: após 7 dias com sintomas, a positividade do teste é superior que 95% em pacientes com colite amebiana e abscesso hepático. •Em áreas Não-endêmicas, um teste sorológico positivo é preditivo de doença; em área endêmica por outro lado, a sorologia negativa é útil para afastar a amebíase invasiva. •Em indivíduos assintomáticos com exame positivo para E. histolytica à microscopia de fezes, a sorologia negativa confirma a infecção por por zimodemo não-patogênico. 1) Deve ser de rápida realização e distinguir cepa PATOGÊNICA de NÃO PATOGÊNICA; 2) Deve distinguir Infecção atual de Remota e ser altamente reprodutível; QUAL O TESTE DE SOLÓGICO IDEAL PARA O DIAGNÓSTICO DE E. histolytica? DIAGNÓSTICO LABORATORIAL - SOROLÓGICO Novas Perspectivas no Teste de ELISA anti GIAP • Tornou-se possível através da Purificação da proteína de aderência inibida pela galactose na superfície de E. histolytica (GIAP) com papel central na patogenia da doença. • Apresenta-se como um potencial diagnóstico na amebíase invasiva, com mais de 95% de sensibilidade, na detecção de anticorpos (IgG e/ou IgM), frente a sub-unidade de 170 kDA. • Posteriormente foram testados Anticorpos monoclonais para antígeno GIAP (anti-GIAP) no soro e nas fezes por ELISA detectaram cepas PATOGÊNICAS de NÃO PATOGÊNICAS. • Correlacionando resultados do soro e fezes confirmou-se que a antigenemia GIAP no soro ocorre durante a infecção por E. histolytica PATOGÊNICA. TRATAMENTO No tratamento da Amebíase podemos classificar os medicamentos em 3 grupos: 2) Amebicidas que atuam nos tecidos: 1) Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal: • Ação direta e por contato com a E. histolytica aderida à parede do intestino. • (Derivados da Quinoleína, Antibióticos e outros derivados). • Atuam na parede do intestino e do fígado. • (Compostos de cloridrato de emetina, diihidroemetina e cloroquina). •São tóxicos e devem ser usados quando outros medicamentos fracassaram. 3) Amebicidas que atuam na luz intestinal e nos tecidos: • Antibióticos (Tetraciclinas e derivados) são utilizados isolados e/ou em combinações com outros amebicidas. (Derivados IMIDAZÓLICOS, são os mais efetivos e mais usados. (Metronidazol, Tinidazol, Ornidazol, Nimorazol). Epidemiologia - 480 milhões de infectados em todo o mundo. - Incidência variável de país para país; maior em regiões tropicais e subtropicais. - Patogenicidade variável de acordo com as regiões. - Brasil: predomínio de formas de colite não disentéricas e casos assintomáticos. - Região amazônica: mais prevalente e com maior gravidade. -Transmissão oral. - Endêmica em todas as áreas de sua distribuição, não causando epidemias. - Mais freqüente em adultos. - Algumas profissões são mais acometidas. - Diferentes animais sensíveis, alguns podendo funcionar como fonte de infecção para amebíase humana. - “Portadores assintomáticos”: principais responsáveis pela contaminação de alimentos e disseminação de cistos. - Cistos viáveis (abrigo da luz e umidade): cerca de 20 dias. Epidemiologia Aspectos comuns da Epidemiologia da Amebíase no Mundo • Transmissão oral através da ingestão de cistos nos alimentos; • A E. histolytica é endêmica em todas as áreas não causando epidemias; • É mais freqüente nos adultos; • Algumas profissões são mais susceptíveis (trabalhadores de esgoto etc.); • Animais domésticos podem ser importantes na epidemiologia; • Os assintomáticos podem ser os maiores disseminadores de CISTOS; • Os CISTOS, permanecem viáveis durante 20 dias (ao abrigo da luz solar em condições de umidade). Melhoria de condições sanitárias, Destino adequado das fezes, saneamento, Tratamento dos doentes; Fervura da água inviabiliza os cistos. A amebíase pode ser também transmitida sexualmente (por sexo oral). A prevenção da amebíase Introdução Classificação Taxonômica Sistemática Sistemática Sistemática Morfologia Biologia FATORES DO HOSPEDEIRO Lesões decorrentes do parasitismo Mecanismos patogenéticos das lesões produzidas Mecanismos patogenéticos das lesões produzidas
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