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Direito Processual Civil I primeira prova

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[Direito Processual Civil I] Resumo até aqui para prova 1
25 de setembro de 2016 lutofoli Direito Processual Civil I - Competência, Ação, Pressupostos para o Julgamento de Mérito e Partes, SanFran, Semestre 4Direito, Direito Processual, Direito Processual Civil, Marcelo José Magalhães Bonício, Marcelo José Magalhães Bonizzi, Processo, Processo Civil,USP
DPC0214
Direito Processual Civil I – Competência, Ação, Pressupostos para o Julgamento de Mérito e Partes
Doutor Marcelo José Magalhães Bonizzi
RESUMO DE TUDO ATÉ AGORA PARA PROVA 1
1.1 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Primeiramente, a jurisdição é una e indivisível ─ e isso é um princípio constitucional. Mas é que, por motivo de direito administrativo, as coisas são separadas (trabalhista, civil, etc.);
POR QUE SE FALA EM DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO? Por causa de tradição, praticidade e porque é facilmente entendível
Quem tem poder hierárquico são os presidentes / corregedor do tribunal de justiça;
O QUE FAZ O DESEMBARGADOR? Revê as decisões proferidas pelo juiz de 1° grau. Esse poder de revisão faz com que a sua decisão substitua a decisão do 1° grau por força de lei;
Desembargador tem poder de reformar total ou parcialmente decisões tomadas em 1° grau. Esse poder não tem nada a ver com poder hierárquico;
Desembargador não é superior hierárquico de juiz;
O desembargador possui tanto poder instrutório quanto o juiz de 1° grau. Desembargador pode decidir perícia / provisão de prova. “Esse poder instrutório é inerente ao poder jurisdicional”;
EFETIVAMENTE, O QUE SIGNIFICA O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO? É uma possibilidade / oferta de dupla análise de fatos/provas e de direito. Duas chances que o sistema lhe dá de julgar fatos e julgar direito;
Sempre que num sistema houver dupla possibilidade de análise de provas e de direito, estamos num sistema com duplo grau de jurisdição;
Na medida em que essa nova análise é SÓ de direito, NÃO é duplo grau de jurisdição;
1.2 QUEM É QUEM?
Na Justiça Estadual:
1° grau: Juiz da comarca
2° grau: Tribunal de Justiça
Na Justiça Federal
1° grau: Juiz da seção federal
2° grau: Tribunal Regional Federal
[Extra] STJ e STF não constituem “3° grau” de jurisdição. Esses tribunais não analisam fatos. Só analisam matéria de direito. NÃO SÃO um “3º grau de jurisdição”
2.1 DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL
Interações entre processo e Constituição. É o ramo do DPC que vai em direção à CF, vai buscar na CF princípios e garantias que envolvem o Direito Processual. Olha o processo civil sob a ótica da constituição;
EXEMPLO: ampla defesa, contraditório, direito de ação… Tudo isso são coisas que estão na CF;
EXEMPLO: olhar para as provas e as formas de produção das provas. No caso de uma prova ilegal, por exemplo, deveríamos a invalidar;
É aqui que está o garantismo processual: visão do processo civil (ou penal) que enxerga tudo a partir da CF. [EXTRA] Essa linha levada ao extremo quase que inviabiliza o processo. É como enxergar o juiz como sempre um cara que está a favor do Estado e que quer fuder todo mundo;
Tutela Constitucional do Processo: enxergar valores constitucionais em um determinado processo;
Pactos internacionais também se inserem nessa perspectiva. Pacto está no plano Constitucional ─ e desobedecê-lo seria como desobedecer a Constituição;
3.0 CRISES JURÍDICAS E ESPÉCIES DE TUTELAS JURISDICIONAIS
Temos duas ordens jurídicas: DIREITO MATERIAL (civil, tributário, penal, etc) e DIREITO PROCESSUAL (processo civil, penal, etc.);
Duas esferas são independentes, mas se interrelacionan;
O direito processual é absolutamente neutro. Ele capta os valores que vem do direito material. A partir dessa captação de valores;
CRISE é um conceito pensado pelo prof. Dinamarco. Há uma crise, um conflito, uma anomalia no direito material. Para cada crise / problema, deve haver um determinado remédio sob a ótica processual;
Para chegar a isso, há uma visão clássica, que só enxerga 3 remédios. A visão moderna enxerga 5 remédios possíveis
3.1 AÇÃO DECLARATÓRIA / DECLARAR
Posso ter uma CRISE MERAMENTE DECLARATÓRIA / CRISE DE CERTEZA. Uma tutela meramente declaratória (AÇÃO DECLARATÓRIA) deve resolver essa crise. A tutela declaratória não cria nem modifica nada, apenas elimina uma dúvida no âmbito no direito material.
EX.: alguém diz que uma pessoa assinou um contrato e deve pagar 100 mil reais para o credor por causa desse contrato. O juiz diz se é isso ou não, se o contrato existia dessa forma determinada ou não, acabando assim com a crise de certeza
Se refere a relações ex tunc
3.2 TUTELA (DES)CONSTITUTIVA / MODIFICAR
CRISE DAS RELAÇÕES JURÍDICAS. Anomalia do direito material que o direito processual busca resolver. Essa crise demanda a necessidade de uma TUTELA CONSTITUTIVA/DESCONSTITUTIVA;
Ao contrário da declaratória, essa tutela não retroage, mas sim, joga sempre para frente;
Quando age, ela modifica, cria ou extingue direitos. Consequentemente, só vai valer dali para frente – a partir do trânsito em julgado; não retroage;
EXEMPLO: Ação de divórcio. Um pedido de divórcio julgado precedente determina a dissolução da união entre os cônjuges. As pessoas só estão divorciadas a partir do momento que não há mais recurso ─ mas não é porque houve o divórcio que significa que elas nunca foram casadas;
Sempre ex nunc: vale daqui para frente.
3.3 AÇÃO CONDENATÓRIA / CONDENAR
A mais comum de todas as ações;
Está ligada a chamada CRISE DE INADIMPLÊNCIA. Os credores vão ao fórum, vão ingressar com uma ação condenatória. Fulano contraiu um crédito, não pagou, quero que a pessoa seja condenada a pagar / condenada a cumprir / entregar / faça / não faça / etc.;
Também pode existir uma ação condenatória que não olhe só para o futuro, mas que também olhe para o passado, fazendo esse mesmo pedido numa mesma ação;
Ex.: Ação condenatória para uma coisa ex nunc, não quero mais pagar uma coisa, e ex tunc, quero a devolução de algo que já paguei. Mistura uma ação desconstitutiva (não quero pagar mais) e uma ação condenatória (devolvam o que já paguei);
3.4 AÇÃO MANDAMENTAL / TUTELA MANDAMENTAL
Nesse tipo de ação, não existe condenação a pagar, mas sim a fazer, não fazer ou entregar coisa certa. Isso nos afasta também de uma ideia exclusivamente patrimonial;
EX.: Alguém se submeteu a um contrato falando que construiria uma casa. Pessoa não construiu o raio da casa. Você vai na justiça e pede uma ação mandamental para que o réu construa a casa
Na visão clássica, isso seria uma ação condenatória;
3.5 AÇÕES EXECUTIVAS LATO SENSU
Em sentido amplo
Aquelas que possibilitam imediata obtenção de um resultado, sem a necessidade de maiores providências;
EX.: Ação possessória, reintegração de posse. Ao julgar procedente, resultado final é: saia do imóvel. Se a execução é automática, a ação traz a execução dentro de si mesma;
4.0 TIPOS DE TUTELA
4.1 TUTELA ‘NORMAL’?
É o que chamávamos de ato ordinário. É amplo, não sofre limitações procedimentais. Permitia discussão de temas complexos / qualquer tema. A partir do art. 318 CPC. É um rito de cognição plena, sem limitações. Juiz conhecerá em extensão e em profundidade tudo o que for possível conhecer.
4.2 TUTELA DIFERENCIADA?
Apenas um procedimento que não está no art. 294 CPC em diante. Pode estar no CPC ou em legislação extravagante. Estabelece alguma limitação no âmbito da cognição / ou / mesmo sem estabelecer essa limitação, dá uma forma processual diferenciada;
Ora destoa porque o procedimento é diferente, ora destoa porque a cognição é limitada;
Procedimentos especiais/diferenciados estão no CPC art. 539 e seguintes. São ritos que têm alterações, atos processuais podem ser diferentes;
EX. PRÁTICO: Ação de consignação de pagamento, ação de exigir contas, ações possessórias (reintegração de posse);
OUTRO EXEMPLO DE TUTELA DIFERENCIADA: MANDADO DE SEGURANÇA: Lei do mandado de segurança exige, para escolha dessa via, que você apresente para o juiz prova documental. Cognição do juiz no determinado processo está limitado a documentos. É proibida a apresentação deoutro tipo de prova. Na vida prática, o mandado de segurança é rápido e prático, mas tem que ter o raio da prova documental e esses documentos precisam ser o bastante.
[EXTRA] QUAL A DIFERENÇA ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO
Procedimento: forma de agir. É o lado visível;
Processo: uma relação jurídica, abstrata / imaterial
4.3. TUTELA ANTECIPADA
Forma de lidar com o tempo;
Tutela antecipada pode ser dada em qualquer processo (tutela normal ou tutela diferenciada) de conhecimento;
Se eu falo em tutela antecipada, significa que trago para o começo do processo coisas que eu só veria no final. EX.: internação em hospital é o que eu quero no final do processo. Como precisa de urgência, trago esse resultado para o começo
É veiculada através de liminares;
Liminares são decisões interlocutórias que impõem uma ordem ao réu de fazer, não fazer ou pagar ─ desde que presentes os requisitos dos arts 300 CPC e seguintes;
REQUISITOS
a. perigo da demora (periculum in mora). Se há risco de perecimento ou dano a pessoas ou coisas fora do processo. O autor não tem como lidar com o tempo que o processo leva acabar. EX.: alguém que precisa de uma internação hospitalar com urgência / precisa de um remédio e o plano de saúde se nega a fornecer o remédio;
b. fumaça do bom direito. Para pedir uma liminar, o resultado final tem que ser favorável. No pedido da liminar, você tem que mostrar que no final das contas a decisão dessa liminar será ‘certa’, vai de encontro com o bom direito;
4.4 [EXTRA] TUTELA CAUTELAR
Não antecipa nada, apenas assegura;
EX.: Uma testemunha chave para seu processo está para sair do país / ou / está para morrer. Você pede para o juiz uma tutela cautelar para ouvir logo a testemunha;
É mais um meio de aceleração de tutela jurisdicional
Toda tutela de urgência (seja cautelar, seja antecipada) é provisória. Ela não é a sentença final do processo;
Qual a diferença entre elas? O grau de cognição! Na sentença, a cognição é ampla! Ele analisa não só a ‘fumaça do bom direito’, mas se há realmente direito ali. Na sentença, analisa não só o perigo da demora, mas a própria necessidade de tutela ou não
4.5 [EXTRA] TUTELA DA EVIDÊNCIA (CPC ART. 311)
É uma hipótese de liminar desvinculada de requisito de urgência;
Seu único requisito é a aparência do bom direito;
Qual o sentido disso? Redistribuir o ônus de esperar pelo resultado final do processo. É o autor do processo que sofre por esperar o final do processo (EX.: Uma pessoa que entra numa ação na justiça contra um jornal que inventou coisas contra ela. Enquanto não há o fim do processo, é essa pessoa que vai continuar se fodendo e aguentando as consequências dessa mentira);
5.1 SOBRE AS NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL
Possuem uma configuração diferente das normas materiais porque regulam o modo de ser do processo, e não as relações entre as pessoas numa determinada sociedade. Normas de direito processual são essencialmente de Direito Público;
Vai organizar como vai acontecer a relação entre Estado e cidadão no âmbio do processo ─ já que a única intenção da sociedade é que o processo seja célere e justo;
Normas apenas estruturam um sistema processual de um determinado país. Estão pouco sujeitas a analogias, usos e costumes…
Fonte primária: a lei;
Normas de direito processual tem aplicabilidade imediata aos processos pendentes ─ ao contrário do direito material, que as normas são feitas para atingir as relações no futuro ─ preservados alguns certos direitos processuais que já haviam sido atingidos (EX.: Mudou CPC, mudou recursos e agravos com o novo Código mas, na hora da virada, a pessoa já tinha direito de fazer esse recurso, ela portanto terá ainda essa possibilidade)
6.0 ELEMENTOS IDENTIFICADORES DE UMA DEMANDA/PROCESSO
São 3: 1. PARTES; 2. CAUSA DE PEDIR; 3. PEDIDO
Resuminho objetivo dos três
1. PARTES
Autor e réu. As vezes tenho mais de um em cada um dos pólos ─ ou nos dois pólos;
2. CAUSA DE PEDIR
São os fundamentos que o autor utiliza para pedir a tutela jurisdiccional que ele pretende;
A mais simples: visar obter uma indenização (acidente de trânsito, ofensa, perda de uma chance, etc.);
Tem que mostrar FATOS/SITUAÇÃO JURÍDICA SUBSTANCIAL (Não pode haver erro! Responsabilidade do autor e de seu advogado é bem grande) e FUNDAMENTOS JURÍDICOS/CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS (menos importante, juiz pode até corrigir)
C. PEDIDO/PEDIR
Tutela jurisdicional que o autor pretende obter. EX.: querer que o réu seja condenado a pagar uma indenização de R$ X mil reais;
Pedido é sinônimo para nós de MÉRITO
[EXTRA] Por que a identificação é importante? Porque amanhã vamos conseguir diferenciar uma ação de outra. Se eu modificar um desses elementos, estarei diante de uma outra ação.
Agora com detalhes
6.1. PARTES
Conceito A: Parte é quem pede algo em juízo, o autor que pede; é para quem se pede, o réu. Quem formula algo é parte em processo civil ─ conceito de GUISEPPE CHIOVENDA
Conceito B: “Parte” é quem participa de um contraditório realizado perante um juiz (independente se pede ou se recebe um pedido). Conceito de ENRICO TULLIO LIEBMAN. Problema: quem participa de um contraditório realizado perante um juiz não necessariamente faz parte da relação jurídica material subjacente. Há terceiros nesse juízo. EX: Assistente/amicus curiae, pessoa que tem interesse na ‘vitória’ de uma das partes;
Conceito C: (conceito que leva em conta o direito material subjacente). Há partes em sentido puramente processual (ideia de Liebman), há partes em sentido material (pessoa que está na relação jurídica de direito material – autor e réu, ideia de Chiovenda);
[EXTRA] LITISCONSÓRCIO
Art. 113.  Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.
Possibilidade de haver mais de uma pessoa no pólo ativo (litisconsórcio ativo) ou no pólo passivo (litisconsórcio passivo) ou nos dois (litisconsórcio misto)
POR QUE ISSO ACONTECE? Afinidade de litígio. Quanto maior a afinidade, maior a possibilidade de formação de um litisconsórcio;
EX: acidente de trânsito em que um caminhão destruiu 5 carros. Há uma afinidade num ponto de fato. A instrução probatória (produção de provas) vai ser a mesma para todos. Os donos dos 5 carros podem entrar em litígio conjuntamente;
Litisconsórcio é uma coisa desejável pel justiça. Facilita e ganha tempo;
PERGUNTA Juiz pode juntar casos? Não. Até para preservar a independência das ações. Mas quando se juntam pessoas, há, pelo menos, um efeito “psicológico” de várias pessoas cobrando/achando que têm razão ao mesmo tempo;
CAUSA COLETIVA É LITISCONSÓRCIO? Não. Ação coletiva, no Brasil, quem representa a categoria não é um dos lesados (como é nos EUA), mas sim, um órgão que represente todas as pessoas (Estado, União, município, associação do bairro, sindicato); no litisconsórcio, são várias ações individuais unidas em uma ─ mas há várias partes;
LITISCONSÓRCIO MUDA PRAZOS? Sim
[EXTRA] INTERVENÇÕES DE TERCEIRO
TÍTULO III
DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
CAPÍTULO I
DA ASSISTÊNCIA
Seção I
Disposições Comuns
Art. 119.  Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único.  A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
Art.120.  Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único.  Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
Tema polêmico. Desconstrói o conceito de “parte”
Permite que gente que não tem a ver com o litígio ingresse no congresso;
Jurisprudência diz que só pode ser assistente quem tem “interesse jurídico”;
INTERESSE JURÍDICO Pessoa que tem seu patrimônio (não necessariamente econômico) atingido ou potencialmente atingido pelo resultado daquele processo;
EX.: Aluguei a casa do José ─ mas a casa é muito grande e subloquei um cômodo para João. Em certa altura, José move uma ação contra mim tentando desfazer o contrato de locação. João, o sublocatário tem interesse jurídico, pode ingressar no processo como assistente;
EX COMUM.: Acidente de trânsito e “denunciação da lide” ─ trazer a sua seguradora para o litígio. Se você perde, você pode fazer com que a seguradora já pague seu prejuízo (é um processo dentro do outro, para não ter que fazer outro processo no fim da bagaça)
AMICUS CURIAE: Entidades, com conhecimento em uma determinada área do conhecimento humano, pode ingressar em ADINs (hoje vale para todos os processos) para ajudar a solucionar problemas religiosos, técnicos, científicos em que a corte não tenha noção. Pode até ser pessoa física. Pode ser convocada pela corte ou aparecer voluntariamente.
6.2 PEDIDO (A PARTIR DO ART. 322 CPC)
CONCEITO Tutela jurisdicional pretendida pelo autor, mas, eventualmente, até o réu pode ser autor ─ através das chamadas “ações contrapostas”/reconvenção; dentro de um mesmo processo o réu ‘contra ataca’ #SeMeAtacarEuVouAtacar;
É o PEDIDO que será o objeto de julgamento da sentença;
Em direito processual, pedido = MÉRITO;
Se tiver mais de um pedido: CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ─ pode ser mais de um pedido, podem ser pedidos alternativos, podem ser subsidiários
6.3 CAUSA DE PEDIR
CAUSA DE PEDIR: é o fundamento do pedido (não está em artigo nenhum do CPC). É também um dos elementos identificadores da ação;
CAUSA DE PEDIR: REMOTA ou PRÓXIMA (falou semana passada).
7.1 DIREITO DE AÇÃO / DIREITO DE DEFESA
Início do século passado: só havia direito material. Direito processual não era visto como uma ciência a parte;
1868: conceito da dualidade da ordem jurídica (Oscar Von B.)
Ação de evocar a tutela jurisdicional é autônoma;
TEORIA IMANENTISTA / CIVILISTA. Indissociável. A todo direito, corresponde a uma ação que o assegura. Processo é o próprio direito material em movimento. Processo era um ‘apêndice’ do direito civil;
TEORIA CONCRETISTA (G. CHIOVENDA). Processo só existe para quem tem razão. Se alguém movimenta o judiciário e é derrotado, não existe direito de ação. Mas se alguém moveu uma ação e foi vitorioso, então a pessoa realmente tinha o direito. Hoje, é meio difícil considerar essa teoria ─ mas é uma doutrina muito clássica;
CORRENTE ABSTRATA. Processo era desvinculado do direito material, totalmente autônomo. Pouco importa o resultado prático, todos têm direito ao processo. Teoricamente teria poder demais. Tenho poder de ação para qualquer coisa em qualquer situação.
TEORIA ECLÉTICA DO DIREITO DE AÇÃO Teoria de Liebman, 1948, Turim. Não precisa ser concretista nem abstrato. Direito de ação precisa ser condicionado a determinados elementos do direito material
7.2 CONDIÇÕES DA AÇÃO, SEGUNDO LIEBMAN
1. LEGITIMIDADE. Exige um elo entre o direito material discutido e a pessoa que pretende discuti-lo. Se essa pessoa terá razão ou não, pouco importa. Tem de haver um elo entre a pessoa e o que se pede. Há uma pertinência subjetiva que consubstancia a legitimidade para agir. Legitimidade é analisada In Status Assertionis ─ segundo o que foi afirmado;
E QUEM É PARTE LEGÍTIMA? Quem tomou parte na relação jurídica de direito material;
2. INTERESSE DE AGIR. Possui duas faces: adequação e necessidade. Também é analisado “segundo o que foi afirmado” na petição inicial;
EX.: Alugo minha casa para o joão, que não pagou mais o aluguel. Como despejo ele? Pela Ação de Despejo, embasado na lei do aluguel. Não vale, por exemplo, fazer uma reintegração de posse ─ essa só serve para quando alguém faz uso da força para ocupar. ADEQUAÇÃO é procurar a via adequada para se agir;
NECESSIDADE avalia se a a ação requerida é realmente necessária;
EX.: Ação de despejo, toda bonita e bem feita, mas que, na real, o réu não se nega a sair do imóvel, mas o que o autor queria mesmo era que o réu pagasse os aluguéis em atraso;
3. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
Desapareceu do novo CPC – pelo legislador acreditar que ninguém vai ao judiciário pedir algo que é impossível;
Art. 17.  Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Ideia é que seu pedido não pode ser proibido no ordenamento jurídico
EX.: um traficante entra na justiça pedindo para outro lhe entregar uma remessa de metanfetamina que lhe era devida #breakingbadfeelings
7.3 CONDIÇÕES DE AÇÃO: CONCLUSÃO
Condições da ação funcionam como filtros para impedir ações que são improcedentes;
Dou o direito de ação, mas o condiciono a existência de dois elementos: legitimidade e interesse de agir. Mantém o sistema abstrato mas não tanto ─
7.4. EXTRAS. PEQUENO DICIONÁRIO DO QUE VIMOS ATÉ AGORA
Ação: direito (constitucional) de mover o judiciário / pedir à tutela jurisdicional perante o Estado. Direito de ação é exercido durante todo o processo;
Processo: a base, a relação jurídica através da qual você veicula seu direito de ação;
(embora na prática a gente use as duas palavras de maneira indiferente)
7.5 DEFESA
Como contraposição ao direito de ação, está no mesmo nível constitucional de garantias. Ambos os direitos, de ação e de defesa, são importantes;
Ao exercer meu direito de defesa, posso fazê-lo de duas formas: diretas e indiretas de mérito
DIRETAS: vou negar a existência dos fatos narrados pelo autor;
INDIRETA DE MÉRITO: réu, sem negar a existência dos fatos narrados pelo autor, opõe outros fatos impeditivos, modificativos ou extintivos desse direito;
EX: ACIDENTE DE TRÂNSITO. Réu pode dizer: 1. não era eu que estava dirigindo aquele dia => nesse caso, ônus probatório é exclusivo do autor; autor tem que provar; 2. Réu não nega, mas apresenta outros fatos, como prescrição; fatos alegados pelo autor são incontroversos (não há controvérsia)
7.6 CLASSIFICAÇÕES DE DEFESAS
DIRETA: quando o Réu impugna todos os fatos afirmados pelo Autor, dizendo que são falsos ou que ocorreram de modo diverso.
O ônus da prova é do Autor, pois os fatos estão incontrovertidos.
INDIRETA DE MÉRITO: o Réu concorda que os fatos narrados pelo autor aconteceram, no entanto, traz outros fatos que impedem a pretensão do Autor, como, por exemplo, prescrição, ou força maior, ou caso fortuito e etc.
Nesse caso, o ônus da prova é do Réu.
CONTADITÓRIO DIFERIDO: deixado para depois, para que a situação fática não seja piorada.
A. Ocorre, por exemplo, quando da existência do contraditório podem ocorrer danos para o Autor.
B. Liminar inaudita altera parte é um dos maiores exemplos, ou seja, o juiz concede uma decisão de caráter liminar sem que a outra parte seja ouvida.
C. O Réu terá o direito de defesa, no entanto, será exercido mais pra frente no processo.
8. AÇÕES INDIVIDUAIS X AÇÕES COLETIVAS
AÇÕES INDIVIDUAIS: defendem tutelas/direitos individuais (também no campo penal, discutem uma situação que só diz direito a poucas pessoas na situação);
AÇÕES COLETIVAS: nascem no direito norte americano como class actions. Através de um representante adequado (ideológico), toda uma determinada categoria de pessoas, uma classe, poderia ser representada através de uma única ação. Para admitir uma ação de classe, juiz analisa inclusive a capacidade do autor e de seu escritório de advocacia para arcar com os custos desse processo. Se for em frente, torna-se um processo “aberto”, apto para que qualquer pessoa lesada também entre nesse processoEX.: Class action dos acionistas norte-americanos contra a Petrobras;
No Brasil, ação civil pública / ações coletivas, lei de 1985. Uma gama de pessoas representada por um representante ideológico. Isso ficou plasmado no CDC, com ações no âmbito do consumidor. Milhares de pessoas são tuteladas através de uma única ação
—
Vantagem do nosso sistema.
Inovação das Ações Civis Públicas na Lei n. 7.347/85.
Nas ações coletivas, têm-se um pedido cujos efeitos finais resolverão centenas de litígios que estão no plano do direito material.
Na ação coletiva, há um representante de toda a categoria de pessoas lesadas.
QUEM PODE REPRESENTAR? Ou seja, quem tem legitimidade para propor uma ação coletiva: MP, Estados, União, Municípios e associações civis que estejam constituídas há pelo menos 1 ano, todos definidos em lei;
O autor da ação coletiva não pleiteia nada para si, mas para outrem, ele não é um dos lesados;
NO FINAL DO PROCESSO O que há é uma sentença condenatória genérica e cada indivíduo pode entrar com uma ação de execução;
Molecularização das decisões, segundo Kazuo Watanabe: agrupamento que enfeixa várias decisões individuais.
Têm bastante efetividade prática.
CPC/2015 tenta criar precedentes que possam ser aplicados a centenas de casos. A coluna central do NCPC é a valorização do precedente, resolvendo milhares de litígios em um único processo. No entanto, é indispensável que haja identidade entre os litígios
Os indivíduos não perdem seu direito de ação se a ação coletiva for prejudicada.
A jurisprudência entende pela suspensão das ações individuais se há ação coletiva sobre o assunto, apesar de a Lei das Ações Civis Públicas não dispor nada sobre isso.
9. REVELIA (CPC ART. 344)
Ausência de defesa;
Quais são os efeitos da revelia no processo?
A. Tornar incontroverso o fatos afirmados pelo autor, ou seja, presume-se que os fatos são verdadeiros.
B. O ônus da prova torna-se do réu. Quem antes tinha a presunção de inocência agora tem a presunção de culpa.
C. Em litisconsórcio passivo, a contestação de um dos réus aproveita para todos os outros, ou seja, não se certifica a revelia se os fatos imputados forem os mesmos a todos.
D. Revela que a presunção de culpa não é absoluta, não significa que o Réu será, necessariamente, derrotado. O réu também pode passar a ter uma postura ativa no processo para desconstituir os efeitos da revelia.
E. Ônus X Dever: não há dever no processo. O processo se fundamenta num ônus, que é algo menor que dever. Nesse sentido, é válido descumprir um ônus, que é um imperativo do próprio interesse. Quem descumpre um ônus apenas se prejudica, enquanto quem descumpre um dever prejudica a sociedade.
F. No processo penal, há revelia, porém não há seus efeitos. Nomeia-se outro advogado para o réu.
G. É o fenômeno típico do processo de conhecimento. Nesse sentido, não há revelia em uma execução, por exemplo.
10. ATOS PROCESSUAIS
Atos do juiz: quais são os atos que o juiz prática no processo?
1. SENTENÇA é o ato mais importante do processo (disciplinada nos artigos 203, 485 e 487, CPC/2015), porque todos os atos anteriores são preparatórios a ela.
Além disso, é o mais importante porque resolve o litígio, é o se chama de solução adjudicada, ou seja, não é uma solução consensual, é o que o Estado acha como melhor solução.
No mais, estabelece um elo entre os dois ordenamentos jurídicos existentes, de modo a dualidade material e processual é rompida, quando se produz efeito no campo do direito material.
Produz efeitos condenatórios, declaratórios ou constitutivos.
Toda sentença é recorrível, sendo cabível recurso de Apelação. Se ninguém recorrer, a sentença transita em julgado. A Apelação adia o resultado final do litígio, fazendo com que a decisão final seja proferida pelo Tribunal, por meio de acórdão de 3 Desembargadores que compõem a Turma Julgadora (Relator, Revisor e 3º Juiz).
2. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA é aquela que resolve algo incidentalmente ao processo sem resolver o mérito. Resolve pequenas questões que surgem no decorrer de um processo, tendo carga decisória média.
Exemplo: deferir oitiva de testemunha, valor da causa, o que o Oficial de Justiça irá fazer, etc.
Traz, em alguma medida, um prejuízo para alguma das partes. Esse prejuízo é baixo e momentâneo, no entanto.
Indefere ou defere, basicamente.
Em média, um juiz profere 20 decisões interlocutórias em um processo de duração média.
Pelo NCPC, nem todas serão recorríveis. Art. 1.015 arrola as decisões interlocutórias em que caberá interposição de agravo de instrumento.
A distinção entre ela e a sentença é importante porque da identificação da decisão é que se descobre o recurso cabível. Teoricamente, existe uma sentença interlocutória (art. 356, CPC/2015).
As decisões interlocutórias estão previstas no art. 203, parágrafo 2º, CPC/2015.
Se não houver recurso cabível, abre-se a porta do mandado de segurança para impugnar as decisões judiciais.
3. DESPACHO DE MERO EXPEDIENTE não decide o mérito nem questões incidentais, ou seja, não tem carga decisória.
Exemplo: juiz designa audiência.
Não tendo carga decisória, não prejudica ninguém, de modo que não é recorrível.
11. PRECLUSÃO
Noção sagrada para o direito processual.
Enquanto sentenças transitam em julgado, decisões interlocutórias precluem, ou seja, não estão mais sujeitas a recurso.
Inerente ao processo, precisando dela para caminhar para frente, fechando portas atrás dele, não podendo voltar.
Na maior parte, são opostas às partes.
TIPOS
1. Preclusão temporal: conceito de Chiovenda, decorre do escoamento do tempo para impugnar uma decisão interlocutória proferida.
Recurso intempestivo, por exemplo, ou seja, houve decurso de prazo sem que houve a manifestação. Nesse sentido, está preclusa a faculdade da parte de recorrer.
Leva à perda de uma determinada faculdade processual após a perda de um prazo.
2. Preclusão consumativa: um ato processual não pode ser praticado por duas vezes. As partes só o praticam uma vez. Por exemplo, as partes só podem apelar uma vez, quando da publicação da sentença.
Ex.: o juiz intima para que as partes arrolem suas testemunhas. O Autor arrola duas, porém esquece de uma. Houve preclusão consumativa, haja vista que ele não pode indicar uma terceira testemunha que, porventura, ele esqueceu de arrolar.
3. Preclusão lógica: pressupõe a prática de uma ato incompatível com o ato que podia ter sido praticado.
Exemplo de ato incompatível: juiz dá uma sentença numa audiência e o réu pega a carteira na intenção de pagar o valor a que foi condenado. Ato contínuo, o advogado do réu diz que vai recorrer da sentença. No entanto, houve a preclusão lógica com a renúncia do direito de recorrer por parte do Réu.
Preclusão mista: alguma das acima elencadas, como também a fase processual adequada já acabou.
Não há repercussão doutrinária, não foi acolhida.
Trazido por Dinamarco.
Preclusão para o juiz: quase sem repercussão, também.
12. MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS
Ora por recursos, ora por ações. Revela um sistema aberto a impugnações, ou seja, é um sistema permeável às impugnações.
Acesso aos Tribunais Superiores, difícil de chegar e difícil de ganhar.
Quando tudo terminar, resta a ação rescisória. Pode ser proposta em dois anos a contar do trânsito em julgado. Visa retirar a sentença do mundo jurídico.
Grande número de impugnações decorre de possuirmos um sistema garantista. Ideia de Estado inimigo, sistema agressivo.
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FIM DA TEORIA GERAL DO PROCESSO!!!
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PROCESSO CIVIL
1.0 COMPETÊNCIA
1.1 INTRODUÇÃO
Tópico que vai nos dizer onde propor uma ação, perante qual juiz? Qual o passo inicial? De quem é competência para conhecer (cognição) e julgar aquilo?
“Qualquer conflito sobre competência atrasa o processo”;
O tema competência não está sujeito ao recurso de agravo, não está no rol do art. 1.015 CPC. Consequência: não há recurso para isso. EX.: Se um juiz civil acha que tem que remeter o processo para o TRT, não tenho como recorrer a isso. Se depois de julgado no TRT, quem perdeu disserque a competência não deveria ser do TRT, processo vai ser anulado ─ e nessa brincadeira, vão-se montes de anos
 
1.2. CHIOVENDA E COMPETÊNCIA
Segundo Giuseppe Chiovenda, há pelo menos 3 tipos de competência:
a. Em razão do local (ratione loci);
b. Em razão da matéria (ratione materiae);
c. Em razão da pessoa (ratione personae);
 
1.3. EM RAZÃO DO LOCAL (ratione loci);
Leva em consideração o local dos fatos / ou / o local onde mora o réu;
No geral, só isso resolve 70% dos problemas;
NO LOCAL DOS FATOS. Capta todas as testemunhas. Beneficia autor e réu;
NO LOCAL ONDE MORA O RÉU. Beneficia só o réu;
Essa competência também é chamada de competência relativa, pois é feita no interesse das partes ─ é pouco importante para o sistema;
Consequentemente, modificável pelas partes / eleito pelas partes. Autor e réu combinam o local onde será processada aquela ação. Isso é aceito e até estimulado pela lei;
LEMBRANDO. Foro = Comarca = Local onde o juiz exerce sua jurisdição. Fórum = prédio físico onde está o juiz
Portanto, com relação ao local, há um certo grau de disponibilidade pelas partes;
1.4 EM RAZÃO DA MATÉRIA (ratione materiae)
Não há espaço para pacto. É indisponível. Sistema não aceita nenhuma modificação a respeito dessa competência. É absoluta. EX: Competência da justiça do trabalho; competência da justiça militar;
1.5 EM RAZÃO DA PESSOA (ratione personae)
Também é absoluta. Não pode mudar em razão da pessoa;
EX.: Ato/mandado de segurança contra o Presidente da República ─ vai para o STF. Porque é a competência
EXTRA Competência é do órgão/juízo, não do juiz
1.6 COMPETÊNCIA FUNCIONAL
Doutrina moderna ;
Fala de um juiz que já trabalhou num determinado caso. Portanto, ele tem competência funcional;
Juiz que condenou também é competente (funcional) para a execução de seus mandos;
EX: Condenou réu a pagar R$ 1 milhão. Juiz que condenou tem competência funcional para executar tal medida (por exemplo, executando o patrimônio do homem);
Essa competência também é absoluta
Com esses 4 competências, resolve uns 80% dos casos
1.7. COMPETÊNCIA DE VALOR
Antes, se dizia “de alçada”. É uma questão absoluta ou relativa? A princípio, subjetiva. EXEMPLO: Casos acima de R$ 500 mil vai para o Foro central (no caso quando há foros regionais, por exemplo, em SP); se tem um caso em Santana e todos moram em Santana e é de R$ 1 milhão, tem que ir pro Foro central, o João Mendes. Mas e se for um caso que aconteceu em Santana, mas é de R$ 490 mil e foi julgado no João Mendes? Quem pode mais, pode menos ─ então, vai ser válido;
PORTANTO, a questão do valor DEPENDE. É absoluta quando do menor para o maior. Relativa quando do maior para o menor;
VAMOS LER O CÓDIGO E COMENTAR, OBA! (ART. 42 A ART. 53)
TÍTULO III
DA COMPETÊNCIA INTERNA
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 42.  As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.
Art. 43.  Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
─> “Registro ou distribuição”. Agora com os pŕocessos digitais, de maneira aleatória, processos são distribuídos
─> Se o réu muda de cidade (mudança de fato), não muda nada no processo. Competência é fixada no momento da distribuição! Competência pelo local perpetua-se no momento da distribuição da ação;
─> Modificar o estado de direito. EX.: contrato que era discutido no processo era um contrato civil, mas, depois, contrato se tornou algo de alimentos (direito de família) ─ essa alteração posterior de estado de direito não muda nada no processo;
─> “Salvo quando suprimirem órgão judiciário”: caso em que o órgão judiciário acaba/muda;
─> “Competência absoluta”: se a competência absoluta do meu caso mudar. EX. Meu caso era civil, mas, em algum momento, virou trabalhista. Vai para o juiz trabalhista;
─> Modificações de estado de direito, na prática, são bem raras;
Art. 44.  Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados.
─> Boa parte das regras de competência estão na CF (EX.: Competência da justiça federal
Art. 45.  Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
─> Justiça Federal julga casos da União, suas autarquias, empresas públicas, conselhos de fiscalização ou de atv. profissional (como a OAB)
─> Exceções, no geral, são em casos de competência específica
§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
─> Primeiro liminares, depois sim que o processo é remetido
§ 2º Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
Art. 46.  A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
─> ATENÇÃO. Direito pessoal é grande maioria das ações que se veem na prática. Direitos subjetivos pessoais / reparação de danos. “Domicílio do réu é algo sagrado”, na maior parte dos casos, estamos no lugar certo da competência
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
─> Especificações com relação ao domicílio do réu. Também há aberturas para o caso de desconhecer o domicílio do réu;
Art. 47.  Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.
─> Direito real sobre imóveis. Competência específica e absoluta do local do imóvel. Critério de segurança, relação de proximidade com o cartório de registro de imóveis e o juiz que determinou algo sobre o imóvel
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
─> Opções, exceções e tretas. Difícil existir outros litígios de direito real que se encaixem nas exceções do p.1;
Art. 48.  O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único.Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I – o foro de situação dos bens imóveis;
II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Art. 49.  A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
─> Ausente está no CC art.22. É, por exemplo, a pessoa que está desaparecida após um acidente. É também alguém que simplesmente desaparece.
Art. 50.  A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente.
─> TRETA Mas e se tiver mais de um desses casos específicos “disputando” competência? EX. Incapaz que mora em um lugar e que tem um imóvel em outro lugar; litígio envolve o imóvel desse incapaz. E agora, competência é no local do imóvel ou no local da residência do incapaz?
Art. 51.  É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único.  Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.
Art. 52.  É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único.  Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
Art. 53.  É competente o foro:
─> TRETAS de família. Onde será proposta a ação? No Código de 73, sempre era competente o Foro do domicílio da mulher. Novo CPC sumiu com esse foro privilegiado. Agora, o importante é onde estão os filhos incapazes. Óia só:
I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
─> Alimentos: também é um tema importante do Direito Civil. É “irrepetível” ─ uma vez pago, se depois disserem que não tinha que pagar, você não vai receber de volta #LoSiento
III – do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
─> Caso de PJ, na sede da empresa OU no local da agência se, no local da obrigação, houver agência (alínea aí de baixo) ─ MAS, se tiver relação de consumo, CDC estabelece outros critérios de competência;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
─> Sociedades de fato
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
IV – do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
RESUMO ATÉ  AGORA Para resolver competência, principais casos estão nos arts. 46 + 47 + 53 (IV). Isso dá conta de boa parte das tretas
1.8 COMPETÊNCIA RELATIVA / ABSOLUTA / FUNCIONAL (QUE É O QUE JÁ VIMOS ATÉ AGORA)
COMPETÊNCIA RELATIVA Diz respeito ao lugar, de modo as partes podem escolher qual Juízo é competente. Trata-se de um caso de cláusula de eleição de foro. O sistema considera essa competência como disponível. Esse tipo de competência não é preocupante, para o sistema;
COMPETÊNCIA ABSOLUTA Se refere à matéria (direito civil, direito tributário, etc.) ou à pessoa que está no processo. Não se admite negociação a respeito delas, de modo que é muito importante ao sistema.
EXTRA A Justiça Comum Cível é de competência residual. O que não couber nas Justiças especializadas (trabalhista, penal), caberá na Justiça Comum.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL depende do juiz ter trabalhado naquele processo em algum momento (ex.: Agravo de Instrumento)
2.0 MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
VAMOS LER O CÓDIGO!
Seção II
Da Modificação da Competência
Art. 54.  A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção.
Art. 55.  Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II – às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Art. 56.  Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Art. 57.  Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
Art. 58.  A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.
Art. 59.  O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.
Art. 60.  Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
Art. 61.  A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal.
Art. 62.  A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.
Art. 63.  As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
2.1 REUNIÃO DE PROCESSOS
Art. 55: AÇÕE CONEXAS Para o nosso sistema, há conexão entre os processos se for comum o pedido ou a causa de pedir entre eles. A conexão modifica a competência relativa. O juízo competente para julgar as duas ações é o juízo prevento (Art. 58)
PREVENÇÃO é critério de fixação de competência. (Art. 59) Prevenção ocorre com o registro ou distribuição da petição inicial em algum juízo. Ou seja, o juízo prevento é aquele em que foi distribuída a primeira ação, e, portanto, competente. E se forem as ações conexas propostas no mesmo dia? O CPC/73 dizia que era prevento o juízo que determinou antes a citação do Réu.
Se um dos processos que se pretende reunir já tem sentença, os mesmos não se reúnem. Isso em consonância com o princípio da economia processual (um processo que já foi sentenciado seria sentenciado novamente. Isso não é viável em termos de sistema).
Art. 55 par. 3º: para evitar decisões conflitantes.
“Não é irreconciliável ora estar absolvido,ora estar condenado em um mesmo processo”;
Entretanto, não é bom para o sistema. Causa um crazyness;
Dois processos sobre o mesmo fato podem correr paralelamente em diferentes comarcas. Pode gerar decisões conflitantes, mas que não são impossíveis de serem conciliáveis;
EXEMPLO Monte de gentes processa a Tam ─ e em várias comarcas diferentes. Algumas ganham, outras perdem, outras ganham uma parte do que era pedido;
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Reunião de processos é POLÍTICA DE GERENCIAMENTO DE PROCESSO;
Os conceitos para a reunião dos processos, como “conflitante”, “contraditório”, que estão aí no par. 3°, são conceitos muito abertos. Por isso que é uma POLÍTICA. No fim das contas, acaba gerando uma certa instabilidade no sistema;
EXEMPLO: 4 fiscais da prefeitura tiveram uma redução de um dos benefícios do salário. Os 4 vão entrar com processo. Há conexão entre as causas? NÃO! Não há conexão de fato (são 4 fatos diferentes). Mas há reunião de questões de direito;
“A questão é: trabalhar com competência frente a critérios fluídos ou abstratos é um mar de possibilidades”. Pode acontecer coisa boa, pode acontecer treta. Quem quiser enrolar o processo pode alegar para unir. Um juiz pode concordar, outro não e, nessa brincadeira, vão-se anos de trabalho;
2.2 CONTINÊNCIA (ART. 56 E 57)
CONTINÊNCIA? Uma bagunça completa;
Dá-se continência quando o pedido de uma ação é abrangente o suficiente para envolver o mesmo pedido em ações menores;
Parece bom no plano acadêmico, mas, na vida real, isso não acontece;
EXEMPLO. Proprietário de um imóvel se ferra por causa de poluição feita por uma fábrica da vizinhança. Esse proprietário pede para indenização por TODOS os danos causados pela poluição ─ um pedido extremamente amplo. Em outra ação, a empresa diz que a poluição de um rio da região acontece por causa da propriedade desse mané ─ pedido menor;
O pedido menor (o da fábrica) é englobado pelo pedido maior (o do proprietário)
2.3 AÇÃO ACESSÓRIA
Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal.
Ação acessória é algo que não existe. É termo do código antigo;
EXEMPLO AÇÃO ACESSÓRIA. Um processo para discutir a validade de um contrato. Outro contrato para discutir uma indenização por causa desse mesmo contrato. O primeiro é “acessório” do segundo;
2.4 MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: ELEIÇÃO DE FORO
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.
Somente a competência em razão do lugar é que pode ser convencionado entre as partes;
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
Eleição de foro: geralmente aparece lá no final do contrato. Escolha do lugar, em qual foro
E se não tem cláusula de eleição de foro?
Art. 53, inc. III, d) ─ d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
Deu treta? Parece difícil? VAI NO DOMICÍLIO DO RÉU. É sucesso;
Art. 63 § 1° A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. TEM QUE ESTAR POR ESCRITO, SENÃO NÃO VALE
§ 2° O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3° Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
Critério vago, elástico, abusivo. Juiz não precisa julgar nada, pode jogar tudo para o foro do domicílio réu;
Essa ideia (do par. 3°) nasceu no âmbito do direito do consumidor. EXEMPLO. Consumidor do Brasil todo adere a um consórcio. Nesse consórcio, há escolha de um foro específico do interior de São Paulo. Isso praticamente blinda a empresa contra ações dos consumidores. Se há abusividade em contrato de adesão, juiz de primeiro grau pode tratar dela de ofício e remeter para o domicílio do réu. Apesar desse artigo parecer bom para esse caso específico (de contrato de adesão), é um critério aberto demais;
Par. 4°: se o réu quer falar que a cláusula de eleição de fora é abusiva, ele tem que fazer isso na contestação. Se não, vai perder a faculdade processual (preclusão);
3.0 INCOMPETÊNCIA
VAMOS LER O CÓDIGO! (ART. 64 ─ 66)
Seção III
Da Incompetência
Art. 64.  A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.
§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência.
§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente.
§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
Art. 65.  Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação.
Parágrafo único.  A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar.
Art. 66.  Há conflito de competência quando:
I – 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes;
II – 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência;
III – entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo.
3.1 INCOMPETÊNCIA. CONCEITOS GERAIS DO ART. 64
PRELIMINAR DE CONTESTAÇÃO Quando réu vai se defender, vai negar os fatos, vai discordar de tudo e afins. Antes de chegar ao mérito (o caso em si), ele tem preliminar de contestação, tem argumentos/temas processuais que o juiz precisa analisar para antes de realmente chegar aos fatos;
Competência é uma dessas preliminares de contestação;
No Código Anterior, esse tipo de preliminar não existia. Você tinha que fazer uma peça separada. Eram duas defesas ao mesmo tempo: do mérito e das questões processuais;
Art. 64 elimina formalidade que estava no código anterior de exigir peça separada para incompetência;
Lendo o art. 64, a incompetência relativa (feita no interesse das partes) tem que ser discutida como questão preliminar. Está sujeita a preclusão;
MAS, a incompetência absoluta NÃO está sujeita a preclusão. Incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer tempo. É de inteira importância do sistema, e não das partes. É uma questão de interesse público
3.2 INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA E POSSIBILIDADE DE DAR RUIM
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA De matéria pública. Pode ser declarada de ofício pelo juiz;
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. Se não for alegado na preliminar de contestação, não sofrerá preclusão. É o pár. 1° do art. 64:
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.
QUEM PODE ALEGAR INCOMP. ABSOLUTA? O Juiz, não importa de qual instância;
E também pode ser alegada a incompetência absoluta a qualquer tempo;
RESULTADO PRÁTICO: Processo pode andar por anos e, de repente, do nada, pode-se encontrar uma incompetência e cancelar tudo o que foi feito até ali;
3.3 INCOMPETÊNCIA RELATIVA. EXCEÇÃO PARA SER DECLARADA DE OFÍCIO
Art. 63 § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
Se houver uma cláusula abusiva de eleição de foro, pode-se reconhecer essa abusividade por ofício;
EXTRA “Abusivo” é um conceito abstrato. Essa determinação pode trazer alguma insegurança jurídica.
3.4 CONFLITO DE COMPETÊNCIA
CPC Art. 66
INCISO I ─ CONFL. DE COMP. POSITIVO. Quando dois juízes se declaram competentes para julgar o mesmo processo. “Nunca vi isso acontecer”.Até porque, há ausência de comunicação entre os tribunais;
INCISO II ─ CONFL. DE COMP. NEGATIVO. Dois ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência. Pode ser entre juízos diferentes (EX: Trabalhista X Civil), entre Estados diferentes, entre órgão federativo diferente. E não importa qual seja, resolve-se tudo no STJ;
EXTRA CF Art. 102 (STF) e 105 (STJ) falam das instâncias superiores e suas competências;
[EXTRA] RELEMBRANDO REUNIÃO DE AÇÃO COMPARANDO COM O QUE VIMOS DE COMPETÊNCIA
INCISO III – REUNIÃO OU SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. Acontece no caso do Art. 55, par. 3°
EXEMPLO: Caso Samarco. Tem montes de gentes prejudicadas pelo rompimento da barragem, tanto diretamente quanto indiretamente. Todas vão à justiça. Esses casos estão relacionados? Até que sim. Mas há conexão? No código velho, não! Essas ações não eram passíveis de conexão, pois as partes de cada um desses processos são diferentes. Qual a desvantagem? Haver decisões díspares/conflitantes ─ mas isso é o problema de sempre da Civil Law;
Nosso Código abre a possibilidade de REUNIÃO DE AÇÕES, que é a possibilidade do art. 55. Então, teoricamente, segundo o novo CPC, pode-se reunir as ações;
QUEM DECIDE SE REÚNE OU NÃO? Competência da instância superior (EX. Se for tudo do mesmo Estado, vai para o TJ do Estado);
QUAL O PROBLEMA DISSO? O critério é subjetivo! Pode dar merda e enrolar o processo durantes montes de anos
4.0 CONDIÇÕES DA AÇÃO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
4.1 INTRO
Direito de ação, no plano constitucional, é sempre irrestrito / aberto, como pressuposto de um Estado de Direito. Em nenhum momento a CF restringe o direito de ação
E NO QUE CONSISTE ESSE DIREITO DE AÇÃO?
CONCEITO 1. Acesso à justiça (no sentido de algo que é justo).
CONCEITO 2. Direito de ação é o direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado para resolver um conflito ─ já que é proibida a justiça de mão própria e a autotutela;
Art. 5°, inc. 35 da CF
E NO PLANO INFRACONSTITUCIONAL? Direito de ação sofre condicionamentos / filtros ─ pois o sistema não pode ficar vulnerável à pretensões/pedidos ilegais, injustos e sem fundamento. Direito de ação tem que ser concedido quando isso for realmente necessário / útil para as partes. Pressuposto de economia e racionalização do sistema
4.2 FILTROS AO DIREITO DE AÇÃO. 1º FILTRO: PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Pressupostos processuais
DUAS TEORIAS sobre os pressupostos processuais;
1. OSKAR VON BÜLLOW (1868) E A TEORIA RESTRITIVA DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. Queria provar a dualidade do ordenamento jurídico (questões de direito material X questões de direito processual). Büllow dizia que há pressupostos processuais sem os quais não se pode aceitar a existência de um processo. São 3:
1.1 Partes. Alguém que vai a justiça;
1.2 Pedido. Formulado pelas partes;
1.3 Órgão investido de jurisdição. Que pode julgar o pedido;
Essa é a teoria mais lógica, mais fácil de ser entendida ─ mas também é a menos utilizada;
2. TEORIA AMPLIATIVA. É moderna. Cria 3 modalidades de pressupostos processuais;
2.1 Existência;
2.2 Validade;
2.3 Negativos (se existirem, processo não pode existir);
 
4.3 DETALHANDO A TEORIA AMPLIATIVA DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
EXTRA Por que essas merdas são importantes? Porque aparece muito na doutrina e cai em #concurso #prova ─ mas não na prova do Marcelinho
1. Existência. Para um processo existir, precisa de jurisdição, de uma citação de um réu, de uma petição inicial e da capacidade postulatória do autor;
EXTRA Atenção à capacidade postulatória das partes. Segundo o CC, essa capacidade se divide em 3. a. Capacidade para os atos gerais da vida civil (basta ser maior); b. Capacidade de estar em juízo (algumas só podem estar em juízo quando há autorização [EX: de um cônjuge para o outro no caso de um litígio relacionado ao imóvel]); c. Capacidade de postular em juízo (jus postulandi), que só vem se há um advogado no processo;
2. Validade. a. citação válida; b. capacidade de se estar em juízo; c. competência e imparcialidade do juiz;
3. Pressupostos processuais negativos. Se existir, processo não será válido. São 3: a. litispendência: partes não podem repropor ação que já está em curso; b. coisa julgada: judiciário não pode julgar de novo uma coisa já julgada, imutabilidade de uma decisão: quando não cabe mais recurso; c. perempção (NCPC art. 485, pár. 3°): alguém entra com uma ação e em certa altura abandona a os atos da ação, e faz isso 3 vezes; na quarta, ocorreu perempção
NA PRÁTICA Pressuposto processual da teoria ampliativa é uma groselhada ─ mas é interessante / pode-se usar às vezes no curso do processo
RESUMO ATÉ AGORA Ausência de pressuposto processual fará com que o caso se encerre sem o julgamento do mérito (CPC art. 485, IV)
4.4 2° FILTRO AO DIREITO DE AÇÃO: CONDIÇÕES DE AÇÃO
Já vimos, lá na teoria eclética (naquela questão de abstracionistas X concretistas);
Condições de ação devem estar presentes, caso contrário juiz está autorizado a negar a ação;
1. LEGITIMIDADE. Autorização que o sistema dá a alguém para tutelar os seus direitos. É verificável a partir do plano do direito material. Quem titulariza direitos e deveres no plano do direito material também os pode titularizar no plano do direito processual. EX: Quem está envolvido num acidente de trânsito é quem pode estar em juízo discutindo esse acidente. Há uma correlação entre planos dos direitos material ─ processual (CPC art. 18)
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
E se não houver legitimidade? Cai no art. 485, VI:
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
2. INTERESSE DE AGIR. Tem duas faces:
2.1. Adequação. Tutela jurisdicional pretendida é adequada para solucionar esse conflito?
2.2 Necessidade. Tutela jurisdicional é necessária para a solução do conflito?
3. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. Segundo Liebmann. Tem que ser possível. Esse filtro caiu em desuso pois, na prática, não aparece. Ninguém vai à justiça para pedir coisa impossível (EX: Ir à justiça pedir aquela entrega de cocaína que Tício havia me prometido);
 
4.5 TEORIA DA ASSERÇÃO
O QUE É ASSERÇÃO? In Status Assertionis ─ segundo o que foi afirmado. Juiz diz que “segundo o que foi afirmado na inicial, processo carece de condições de ação/pressupostos”
FILTROS. Serve para afastar demandas infundadas. Ideia dos filtros é conhecida como teoria da asserção;
Condições da ação e pressupostos processuais são filtros que devem atuar no começo do processo;
Se o processo já caminhou bastante, lá na frente não vale mais.
BRASIL ADOTA A TEORIA DA ASSERÇÃO? NÃO!
Art. 485 § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
CONSEQUÊNCIAS
1. Noção de FILTRO não faz sentido. Esses filtros, que deveriam impedir o ingresso de uma ação ilegítima, acabam podendo funcionar a qualquer momento;
2. Todo e qualquer processo está sempre INSTABILIZADO, porque, a qualquer momento, um juiz ou tribunal pode, de ofício (!), sem provocação das partes, decidir que pedido vai contra condições de ação e pressupostos processuais;
O QUE NCPC MELHOROU? Juiz tem que pelo menos ouvir as partes (art. 10);
3. Isso aumenta, de maneira demasiada, os poderes do juiz a qualquer momento do processo.
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