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Acadêmica do Segundo Semestre do Curso de Direito do ICEC – Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura NULIDADE ABSOLUTA Jânia Gomes da Silva (gomes.jania@gmail.com) Resumo A nulidade de um ato jurídico pode ser absoluta, ato nulo, ou relativa, ato anulável; os atos são nulos quando relacionados com a natureza pública do negócio, já os relativamente são de natureza particular. Nulidade Absoluta em sentido amplo conceituada pela doutrina é a sanção, imposta pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em desobediência ao que prescreve. O negócio jurídico não produz efeitos pela ausência dos requisitos para o seu plano de validade. Há ainda o ato jurídico viciado, onde ocorre a simulação. Deve-se, portanto, decretar a sanção de invalidade somente se não houver condições de aproveitá-lo. Pois sempre que possível, preceitua-se aproveitar os atos jurídicos, ainda que contaminados por vícios, constituindo a conversão do negócio jurídico tornando-o válido. Palavras-chave: Direito Civil. Nulidade absoluta. Negócio jurídico. Convalidação. Abstract The nullity of a legal act can be absolute, act null, or relative, annulable act; the acts are null when related to the public nature of the business, while the relatively are of a particular nature. Absolute nullity in the broad sense conceptualized by the doctrine is the sanction, imposed by the legal norm, that determines the deprivation of the legal effects of the negotiating act, practiced in disobedience to what it prescribes. The legal transaction does not take effect due to the absence of the requirements for its validity plan. There is also the addict legal act, where the simulation takes place. The penalty of invalidity must therefore be decreed only if there are no conditions to take advantage of it. For whenever it is possible, it is necessary to take advantage of legal acts, even if contaminated by vices that are healed or insurmountable with the conversion of the legal business, making it valid. Keywords: Civil right. Absolute nullity. Juridic business. Convalidation. Introdução A nulidade tanto pode ser absoluta ou relativa, depende dos elementos essenciais ou não que compõe os atos ou negócios jurídicos, que podem ser nulos, ou anuláveis. Se a manifestação da vontade advir de agente capaz, tiver objeto lícito e obedecer ao modo estabelecido em lei, ocorre então um ato ou negócio jurídico perfeito e, portanto, produz os efeitos desejados pelas partes. No entanto se a declaração de vontade ocorrer por meio de pessoa absolutamente incapaz, tiver objeto ilícito ou impossível onde não obedece a forma prescrita em lei, não gerando os efeitos desejados pelas partes, não será valido, o ato é nulo; se a manifestação de vontade advir de pessoa incapaz ou o manifestante do ato tiver sido enganado por simulação, o ato é anulável. 1 Nulidade Absoluta do Negócio Jurídico Para compreender o que é nulidade absoluta do negócio jurídico primeiro é preciso saber o que é negócio jurídico. É um acordo de vontades lícitas entre as partes, onde busca estabelecer lei que regulamente todo o desenvolvimento e cumprimento finalidade de negócio, e deve conter todos os elementos acidentais (condição, termo, modo ou encargo) para produzir os efeitos desejados pelas partes. O negócio jurídico que não apresentar todos os pressupostos de validade em sua composição poderá ser nulo, anulável ou inexistente. Nulidade absoluta é uma sanção que impede totalmente a eficácia jurídica que teria o negócio, como o próprio nome diz: anula todo o conteúdo desde sua constituição. Seguindo conforme a lei; um ato que resulta em nulidade é como se nunca tivesse existido desde sua formação, pois a declaração de sua invalidade produz efeito ex tunc; ou seja, seus atos nunca tiveram efeito algum, pois a invalidade retroage desde a data que em ele se originou. Quaisquer que sejam os atos negociais corrompidos de vícios essenciais não terão eficácia jurídica. Os requisitos de validade do negócio jurídico, estão descritos no Código Civil de 2002 em seu artigo 104, como transcrito abaixo: Código Civil, 2002, Art. 104 A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei. Conforme traslado acima esses elementos devem estar presentes em todos os negócios jurídicos, e ocorrendo a ausência de alguns deles isso implicará em penalidades imposta pela lei, que impedirá de produzir efeitos, sendo assim considerados nulos, pois não corresponde aos requisitos completos e totalmente necessários para validação do negócio. Já no artigo 166, inciso II, prevê os quesitos que levam a anulabilidade do negócio jurídico, conforme segue abaixo: Código Civil, 2002, Art. 166 É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV – não revestir a forma prescrita na lei; V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Define-se como nulo um negócio jurídico totalmente sem validade. A nulidade absoluta opera com eficácia erga omnes, ou seja, que tem efeito para todas as pessoas se submeterem à sanção de nulidade, assim, o juiz poderá reconhecer a nulidade ex officio (realizado por imperativo legal da profissão independente de manifestação de qualquer pessoa). Não haverá prazo prescricional para o negócio que for considerado absolutamente nulo, devido a essa prerrogativa a nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo e instância. Entretanto, somente poderá se declarar judicialmente nulo, o ato que causar dano a alguma pessoa. Declarada a nulidade absoluta, este não produzirá qualquer efeito por descompor princípios de ordem pública ou de pleno direito. Ele não produzirá nenhum efeito jurídico, pois não chega sequer a se formar, por inexistir qualquer um de seus elementos essenciais. Nessa condição, ele não pode ser ratificado. Qualquer interessado pode alegar a nulidade; o juiz, ao conhecê-la, deve declará-la de ofício. O ato nulo não produz efeito em tempo algum, porque legalmente tal ato nunca existiu. É considerado nulo todo ato que falta algum requisito ou formalidade que a lei impõe como essenciais à composição válida, ou que foi formado em desacordo com uma estruturação definida em lei. 2 Diferença entre Nulidade Absoluta e Nulidade Relativa A diferenciação entre a nulidade absoluta e a nulidade relativa pode ser feita por meio dos efeitos da pessoa que as pode alegar, da possibilidade de ratificação, anulabilidades relativa e absoluta, dentro desse âmbito do negócio jurídico trazem consequência e efeitos que podem ser ex tunc (nulo), conforme foi explicitado acima; e ex nunc (anulável), seus efeitos são válidos a partir do presente, daqui para a frente. Quando o ato é anulável ele poderá sim ser ratificado ou confirmado. O conteúdo da lei que irá dizer quando o ato é nulo ou anulável. Transcrito acima o artigo 166 do Código Civil: Se um ato é praticado por um absolutamente incapaz é nulo. Já o artigo 171 nos diz: o ato praticado por um relativamente incapaz sem estar sendo devidamente assistido será apenas anulável. 3 Como Ocorre a Simulação no Negócio Jurídico A simulação no negócio jurídico ocorre como uma fraude, que é causa de nulidade absoluta, nãopodendo ser confundida com a fraude contra credores que é uma das causas de vício (simulação) do negócio jurídico, porém não é este o motivo pretendido pelo legislador no artigo 166, inciso VI do Código Civil de 2002, a fraude citada no referido artigo diz respeito a in fraudem legis (violação da lei). Portanto há que se atentar a toda essa diferenciação para não cometer equívocos na hora de realizar um negócio jurídico. Ocorre quando as partes, maliciosamente, pactuam um determinado negócio jurídico, mas na verdade desejam outros efeitos, visando fraudar a lei ou terceiros. Ambas as partes têm o objetivo da fraude. Com o objetivo de fraudar a lei a simulação acontece por meio de acordo entre as partes para realizar um negócio oculto diferente do que está expresso no ato realmente pretendido. É uma declaração enganosa da verdade, onde o verdadeiro efeito é diverso do que foi indicado e geralmente é feita para enganar terceiros. 4 Conversão do Negócio Jurídico O Código Civil em seu artigo 170 trouxe a importante medida conservatória do negócio jurídico denominada conversão, a qual consiste no aproveitamento de elementos materiais de um negócio nulo ou anulável, transformando-o em outro válido e lícito. Código Civil, 2002, Art. 170. “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”. Explicando a medida conservatória, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2011, p. 437) conceituam a conversão substancial como: “por meio da qual aproveitam-se os elementos materiais de um negócio jurídico nulo ou anulável, convertendo-o, juridicamente, e de acordo com a vontade das partes, em outro negócio válido e de fins lícitos”. Caso haja a possibilidade de efetuar a conversão, é preciso que se tenha um negócio jurídico nulo ou anulável, que este traga elementos materiais aptos a produzir efeitos em um novo negócio jurídico válido e satisfatório aos interesses das partes envolvidas, além da indispensabilidade da intenção das partes em recategorizar o negócio jurídico nulo ou anulável em um novo negócio válido. Conclusão Com o desfecho deste conclui-se que a declaração de nulidade absoluta do negócio jurídico, não produzirá qualquer efeito por ofender princípios de ordem pública, por estar corrompido por vícios essenciais. Quando for praticado por pessoa absolutamente incapaz; se tiver objeto ilícito ou impossível; se não revestir a forma prescrita em lei ou preterir alguma solenidade imprescindível para sua validade; se tiver por objeto fraudar lei imperativa; quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito. De modo que um negócio nulo é como se nunca tivesse existido desde sua formação, pois a declaração de sua invalidade produz efeito ex tunc. Referências BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 1a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Parte Geral. Vol. I. 13ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2011. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. v. 5. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2012