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CASOS CONCRETOS 2018.1 RESPONDIDOS PROF. MARCO AURÉLIO PROCESSO PENAL 2 SEMANA 1 a 15 (1)

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CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
PROF. MARCO AURÉLIO DE JESUS PIO 
 
CASOS CONCRETOS E RESPOSTAS 2018.1 
 
 
1. Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em residências agrupadas em 
região de veraneio, a polícia detém um suspeito, que perambulava pelas redondezas. Após 
alguns solavancos e tortura físico-psicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por 
admitir a autoria de alguns dos crimes, inclusive de um roubo praticado mediante sevícia 
consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da pessoa moradora. Além de admitir a 
autoria, Alfredinho delatou um comparsa, alcunhado Chumbinho, que foi logo localizado e 
indiciado no inquérito policial instaurado. A vítima do roubo, na delegacia, reconheceu os 
meliantes, notadamente Chumbinho como aquele que mais a agrediu, apesar de ter ele mudado 
o corte de cabelo e raspado um ralo cavanhaque. Deflagrada a ação penal, o advogado dos 
imputados impetrou habeas corpus, com o propósito de trancar a persecução criminal, ao 
argumento de ilicitude da prova de autoria. Solucione a questão, fundamentadamente, com 
referência necessária aos princípios constitucionais pertinentes. 
RESPOSTA: Dispõe a Constituição Federal que “são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, LVI). Entretanto, a questão é polêmica na doutrina pátria. 
Alguns processualistas defendem a aplicação do principio da proporcionalidade do bem jurídico 
em confronto: a segurança pública e a paz social de um lado e, do outro lado o ius libertatis da 
pessoa do infrator. Para os adeptos dessa corrente, aproveita-se a prova derivada de outra 
contaminada de ilicitude na origem. Uma segunda corrente defende a admissibilidade da prova 
subsequente, se independente daquela de origem ilícita. Seria a hipótese do caso concreto, em 
que a vítima do roubo fez reconhecimento pessoal dos meliantes na delegacia. Um terceiro 
posicionamento e mais acertado vem sendo adotado pelo Supremo Tribunal Federal, 
inadmitindo, de forma absoluta, a prova ilícita quer originária quer por derivação, pois em um 
Estado Democrático de Direito, a descoberta da verdade não pode ser feita a qualquer preço 
mesmo que em prejuízo da apuração da verdade, um processo justo deve ser condizente com o 
respeito aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, e por isso não se pode 
admitir a utilização em um processo de provas obtidas por meios ilícitos. A rigor, doutrina e 
jurisprudência têm admitido a possibilidade de utilização de prova ilícita no processo apenas 
quando ela for produzida em benefício do acusado (com base no princípio da 
proporcionalidade). 
 
O Padre José Roberto ouviu, em confissão, Maria admitir que mantém por conta própria 
estabelecimento onde ocorre exploração sexual, com intuito de lucro. No local, admitiu Maria ao 
Vigário que garotas de programa atendem clientes para satisfazer seus diversos desejos sexuais 
mediante o pagamento de entrada no valor de R$100,00 no estabelecimento, e o valor de 
R$500,00 para a atendente. Maria, efetivamente, responde a processo crime onde lhe foi 
imputada a conduta descrita no art. 229 do CP. O Ministério Público arrolou o Padre José 
Roberto como testemunha da acusação e pretende ouvi-lo na AIJ, já que se trata de testemunha 
com alto grau de idoneidade. Pergunta-se: Pode o magistrado obrigar o Padre a depor em juízo, 
sob pena de cometer o crime do art. 342 do CP? A prova produzida em juízo nesse caso seria 
considerada válida? 
RESPOSTA: neste caso em tela o CPP é muito claro em seu Art. 207 quando afirma que são 
proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam 
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu 
testemunho. 
 
 
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2. O MP ofereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído o aparelho de telefone 
celular de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do nº 23, pugnando pela condenação do acusado 
nas penas do art. 155, inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao longo da 
instrução probatória, nas declarações prestadas pela vítima e pelo depoimento de uma 
testemunha arrolada pela acusação, constatou-se que Caio teria, na ocasião dos fatos, dado um 
forte tapa no rosto da vítima no momento em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, 
diante das provas colhidas na instrução probatória, o magistrado prolatou sentença condenatória 
contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, a ser cumprida em regime semiaberto, diante 
da primariedade e da ausência de antecedentes criminais do acusado, como incurso no art. 157 
do CP. Pergunta-se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na resposta todos os 
fundamentos cabíveis ao caso. 
RESPOSTA: trata-se de caso de Mutatio Libelli (art. 384, CPP), pois o magistrado agiu de forma 
equivocada incorrendo em error in procedendo. No caso, o Juiz deveria ter aplicado ao caso o 
art. 384 do CPP, uma vez que entendeu cabível ao caso uma nova definição jurídica, em 
consequência da prova colhida ao longo da instrução. Para tanto deveria ter dado vista ao MP 
para que o mesmo aditasse a denúncia. Houve, no caso, violação ao princípio da adstrição ou 
correlação. Assim, o fato imputado ao réu, na peça inicial acusatória, deve guardar perfeita 
correspondência com o fato reconhecido pelo juiz, na sentença, sob pena de grave violação aos 
princípios do contraditório e da ampla defesa, consequentemente, ao devido processo legal. 
3. Huguinho, Zezinho e Luizinho praticaram um roubo na Agência do Banco do Brasil, no centro do 
Rio de Janeiro. Os três comparsas, ao se evadirem do local, seguiram em direções diferentes. 
Luizinho foi alcançado pela polícia e preso em flagrante e encontra-se preso no Complexo de 
Bangu, na cidade do Rio. Os outros dois conseguiram escapar. Huguinho, para não ser 
encontrado vive se ocultando e Zezinho encontra-se em local incerto e não sabido. Ao receber a 
denúncia, o juiz da 10ª vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro, determinou, diante da 
situação descrita, que fosse realizada a citação por edital, de acordo com o art. 363, § 1º, CPP 
dos três acusados. Foi correta a decisão do magistrado? Justifique sua resposta. 
RESPOSTA: A decisão do magistrado foi acertada apenas em relação à citação de Zezinho, 
pois encontra-se em lugar incerto e não sabido. Quanto a Luizinho, como este encontra-se preso 
no Complexo de Bangu, a citação deve ser pessoal, por mandado, no local onde se encontra, 
art. 351 c/c art. 360, CPP. Nesse sentido é a Súmula 351, STF. Quanto à Huguinho, também 
não agiu adequadamente o magistrado, já que, diferente de Zezinho, tem-se o conhecimento de 
seu paradeiro. Nesse caso, ao cumprir o mandado de citação, não encontrando o acusado por 
que este se oculta, o Oficial de Justiça deve efetuar a citação por hora certa, de acordo com o 
art. 362, CPP. 
 
4. Marcílio responde a processo crime como incurso nas penas do art. 213 do CP pois, em tese, 
teria constrangido Lucilha, mediante emprego de arma de fogo, a manter com ele relações 
sexuais. O Juiz designou Audiência de Instrução e Julgamento onde ouviu primeiramente 
Gumercindo, testemunha arrolada pela defesa,uma vez que as testemunhas arroladas pelo MP 
ainda não tinham chegado ao Fórum. Posteriormente, o Magistrado ouviu as demais 
testemunhas da acusação e da defesa e, por fim, interrogou Marcilio. Pergunta-se: Você, 
Defensor Público, arguiria qual tese defensiva em favor do seu assistido Marcílio? 
RESPOSTA: Nulidade absoluta do feito, a partir da AIJ, uma vez que não foi observada pelo 
magistrado a ordem estabelecida pelo artigo 400 do CPP. Assim, a hipótese estaria prevista no 
artigo 564, inciso IV do CPP. 
 
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5. Semprônio, motorista de um Uber, dirigia seu veículo pela pista de esquerda (pista de 
ultrpassagem), sendo certo que a sua frente estava o carro de Felizberto, septuagenário, que 
dirigia a aproximadamente 50 Km/h, o que impedia, na ocasião, Semprônio de fazer a 
ultrapassagem. Quando Felizberto parou o seu carro em um sinal de trânsito, Semprônio desceu 
de seu Uber e começou a desferir chutes e socos na lataria do carro do idoso. Uma viatura da 
PM que passava pelo local autuou Semprônio e o conduziu a sede policial onde foi lavrado 
termo circunstanciado, uma vez que a Autoridade Policial entendeu que ocorrera crime do art. 
163, do CP. Semprônio não aceitou a proposta de transação penal oferecida pelo MP, sendo 
certo que o mesmo diante da recusa, ofereceu denúncia em face do mesmo. Ocorre que 
Semprônio ocultou-se para não ser citado e, diante disso, o Magistrado orientou o oficial de 
justiça a proceder à citação por hora certa, na forma do art. 362 do CPP. Pergunta-se: Agiu 
corretamente o Magistrado no caso em conformidade com o procedimento sumaríssimo? 
RESPOSTA: A matéria é controvertida. Basta observar que, enquanto no Enunciado extraído do 
II Encontro de Juízes dos Juizados Especiais do Estado de Minas Gerais, ocorrido em 
22.08.2008, deliberou-se no sentido de que “nos processos de competência dos Juizados 
Especiais Criminais não se faz citação com hora certa, por incompatível com o disposto no art. 
66 da Lei n.º 9.099, de 1995”, orientação diversa foi adotada no Fórum Nacional de Juizados 
Especiais, realizado em 27.05.2009, quando se concluiu que no Juizado Especial Criminal é 
cabível a citação com hora certa. Portanto, dependendo do entendimento, estaria correta a 
decisão ou então o magistrado teria cometido error in procedendo uma vez que deveria ter 
aplicado o art. 66, § único da Lei 9.099/95 e remetido o feito ao juízo comum para adoção do 
procedimento previsto em lei. 
 
6. Juninho Boca, jovem de classe média da zona sul do Rio de Janeiro, está respondendo a 
processo criminal como incurso nas penas do art. 33 da lei 11.343/06 pois, em tese, seria o 
responsável pela distribuição de cocaína em um conhecido bar em Copacabana. Realizada a 
AIJ, na forma do art. 56 do mesmo diploma legal, em sede de alegações finais a defesa pugnou 
pela nulidade do feito, uma vez que o perito que havia subscrito o laudo definitivo de 
constatação da substância entorpecente também havia funcionado na elaboração do laudo 
prévio. Pergunta-se: Assiste razão a defesa de Juninho Boca? 
RESPOSTA: Não assiste razão a defesa uma vez que há expressa disposição no art. 50, §§ 1º 
e 2º da Lei 11.343/06 no sentido de que o perito que subscrever o laudo prévio de constatação 
não fica impedido de participar do laudo definitivo. 
 
7. Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava 
seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal 
começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao 
automóvel. Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do 
veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, 
respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de 
perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade 
empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na calçada, 
vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e 
ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, 
Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de 
dolo eventual, três vezes em concurso formal. Realizada Audiência de Instrução e Julgamento e 
colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da 
inicial. Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a 
seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao 
caso: a) Qual (is) argumento (s) poderia (m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? ; b) 
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Qual pedido deveria ser realizado? ; c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser 
interposto e a quem a peça de interposição deveria ser dirigida? 
RESPOSTA: a) Incompetência do juízo, uma vez que Caio praticou homicídio culposo, pois agiu 
com culpa consciente, na medida em que, embora tenha previsto o resultado, acreditou que o 
evento não fosse ocorrer em razão de sua perícia. 
b) Desclassificação da imputação para homicídio culposo e declínio de competência, conforme 
previsão do artigo 419 do CPP. 
c) Recurso em sentido estrito, conforme previsão do artigo 581, IV, do CPP. A peça de 
interposição deveria ser dirigida ao juiz de direito da vara criminal vinculada ao tribunal do júri, 
prolator da decisão atacada. 
8. Antônio foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri e condenado. Após o julgamento, 
descobriu-se que integrou o Conselho de Sentença o jurado Marcelo, que havia participado do 
julgamento de Pedro, corréu no mesmo processo, condenado por crime de roubo conexo ao 
delito pelo qual Antônio foi condenado. Pergunta-se: Qual a defesa que poderá ser apresentada 
pelo Defensor de Antônio em eventual recurso interposto? Justifique a sua resposta. 
RESPOSTA: A defesa poderá alegar a nulidade do julgamento, com base na Súmula 206, STF, 
que dispõe: “É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em 
julgamento anterior do mesmo processo”. Ainda que se considere essa nulidade como relativa, 
no caso apresentado, a nulidade será absoluta porque réu foi condenado por 4X3 e o prejuízo 
está evidente. Sendo assim, não pode servir no Conselho quem tiver tomado parte, como jurado, 
em anterior julgamento do mesmo feito, inclusive de corréu. 
 
9. Tício foi condenado à pena privativa de liberdade de 06 (seis) anos de reclusão por violação ao 
artigo 157, parágrafo 2, incisos I e II do Código Penal. Da sentença condenatória, Tício foi intimado 
em 09/05/2008 (sexta-feira), oportunidade em que manifestou o interesse de não recorrer da 
decisão condenatória. O advogado de Tício, defensor devidamente constituído, fora intimado da 
decisão condenatória em 08/05/2008 (quinta-feira). No dia 16/05/2008, o advogado de Tício interpôs 
recurso de apelação. O recurso é tempestivo ou não? Justifique a sua resposta abordando as 
controvérsias sobre o tema indagado. 
RESPOSTA: Conforme entendimento doSupremo Tribunal Federal, em observância ao Princípio 
Constitucional da ampla defesa, a intimação deve ser feita em face do réu e também de seu 
defensor constituído, contando-se o prazo a partir da intimação que ocorreu por último. Assim, no 
caso em tela, se a última intimação se deu em 09/05 (sexta-feira), o prazo final para o oferecimento 
da apelação (prazo: 5 dias) seria em 16/05 (sexta-feira), sendo tempestivo o recurso. Entende-se 
ainda que no caso de divergência entre o réu e o advogado sobre recorrer da decisão, deve 
prevalecer a vontade de quem quer recorrer. 
 
11. Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na 
região toráxica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com 
intenção suicida, havia ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi 
comprovado durante instrução processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do 
previsto no artigo 121, caput, do Código Penal. Na condição de Advogado de Pedro: a) indique o 
recurso cabível; b) o prazo de interposição; c) a argumentação visando à melhoria da situação 
jurídica do defendido. 
RESPOSTA: a) Recurso em Sentido Estrito, nos termos do artigo 581, IV, do Código de Processo 
Penal. 
b) Prazo para interposição: 5 dias, nos termos do artigo 586, do Código de Processo Penal. 
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c) Argumentação adequada: deveria ser requerida a desclassificação de crime consumado para 
tentado, já que a ação de Pedro não deu origem a morte de José, pois, trata-se de hipótese de 
concausa absolutamente independente pré-existente conforme o artigo 13 do Código Penal. 
 
12. George foi pronunciado, na forma do art. 413 do CPP, pelo crime previsto no art. 121, § 2º, II do CP 
por, em tese, ter matado a vítima Leonidas Malta em uma briga na saída da boite TheNight. O 
processo tramitou regularmente na primeira fase do procedimento, com designação de AIJ para o dia 
11 novembro de 2015, tendo sido o acusado pronunciado no dia 2 de março de 2016. Assim, o 
julgamento em Plenário ocorreu efetivamente no dia 9 de dezembro de 2016. Após a oitiva das 
testemunhas arroladas para o julgamento em Plenário, como tese defensiva, o acusado, orientado 
por seu advogado, optou por exercer a garantia constitucional prevista no art. 5º, LXIII da CRFB/88. 
Em sede de debates orais o MP sustentou a acusação nos limites da denúncia, sendo certo que a 
defesa técnica sustentou a tese de legítima defesa e a ausência de provas nos autos que 
comprovassem o que fora sustentado pela acusação. Em réplica, o ilustre membro do Parquet 
apontou para o acusado e sustentou para os jurados que se o acusado fosse inocente ele não teria 
ficado calado durante o interrogatório, que não disse nada porque não tem argumentos próprios para 
se defender e que, portanto, seria efetivamente o responsável pela morte da vítima, pois, afinal, 
quem cala consente. A defesa reforçou seus argumentos de defesa em tréplica, contudo, George foi 
condenado pelo Conselho de Sentença e o Juiz Presidente fixou a reprimenda estatal em 15 anos de 
reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio qualificado por motivo fútil (art.121, §2º, II, 
CP). 
Na condição de advogado de George, adote a medida cabível para impugnar a decisão utilizando 
todos os argumentos cabíveis, e indique o último dia do prazo. 
RESPOSTA: trata-se de caso de Nulidade absoluta com fundamento no art. 478, II, CPP, pois após a 
reforma de 1988, em prestígio ao direito ao silêncio, durantes os debates em plenário as partes não 
poderão fazer alusão ao silêncio do acusado. Como a nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer 
tempo, e a mesma ocorreu a AIJ do dia 09 de novembro (mesmo dia da sentença), tal nulidade deve 
ser arguida me sede de apelação, e como tem prazo de 5 dias, deverá ser interposta até o dia 14 de 
dezembro de 2016. 
 
13. Herculino foi condenado a 20 anos de reclusão pela prática de latrocínio. Na sentença 
condenatória, o juiz demonstra clara contradição entre as razões de sua fundamentação com sua 
decisão, principalmente ao acolher os depoimentos favoráveis das testemunhas de defesa bem 
como ao considerar boa a tese de desclassificação apresentada em alegações finais orais sob o 
argumento de violação de princípio constitucional (prova obtida por meio ilícito). Sabendo que a 
decisão foi prolatada em AIJ (audiência de instrução e julgamento) no dia 17 de junho (sexta-feira), 
pergunta-se: 
a) Qual o instrumento cabível, no caso em tela, para obter o esclarecimento da contradição? 
b) Qual o último dia para interposição do instrumento citado na questão anterior? 
c) Levando em consideração que a decisão dos embargos se deu no 23 dia de junho (quinta-feira), 
e a intimação no dia 24, qual a data máxima para a interposição do recurso cabível contra a sentença 
condenatória? 
RESPOSTA: a) Embargos de Declaração (art. 382, CPP). A doutrina entende que não cabe efeito 
infringente ou modificador da decisão salvo quando a modificação figure consequência inarredável 
da sanação de vício da omissão, obscuridade ou contradição do ato embargado; b) Prazo de 2 dias. 
Portanto o prazo máximo seria em 21/06 (terça-feira); c) considerando que se trata de caso de 
interrupção do prazo para os demais recursos, então deve ser reiniciada a contagem do prazo de 5 
dias (apelação) a partir da intimação, logo a apelação pode ser interposta até o dia 01/07 (sexta-
feira). 
 
14. Aristóteles foi condenado à pena de 9 anos de reclusão pela prática do crime de estupro (artigo 213, 
caput, CP). Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, Aristóteles, através de seu 
advogado, ajuíza pedido de revisão criminal da sentença que lhe fora desfavorável, sustentando vício 
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processual insanável consistente na ausência da intimação de seu então patrono para a 
apresentação de resposta preliminar obrigatória (art. 396, CPP). O Tribunal de Justiça competente 
acolhe o pleito de revisão criminal, anulando o referido processo. Nesta hipótese, pergunta-se: Seria 
juridicamente possível que, após a anulação, por meio de revisão criminal, do primeiro julgamento de 
Aristóteles, seja proferida, em um segundo julgamento pelo juízo de primeiro grau, sentença 
condenatória com imposição de sanção penal mais gravosa do que aquela que lhe fora 
anteriormente imposta? Justifique a sua resposta: 
RESPOSTA: A vedação constante no parágrafo único do artigo 626, CPP diz respeito tanto à 
reformatio in pejus como também a reformatio in pejus indireta, de sorte que, se depois de declarada 
nula a sentença em sede de revisão criminal, por algum vício insanável, é vedado que o juiz prolate 
nova decisão com pena exasperada, isto é, com pena mais grave, mais exacerbada do que a fixada 
anteriormente, no juízo da condenação. 
 
15. (OAB) Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de 
material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da 
empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir 
de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento 
da Polícia Federal, dando ensejo à instauração deinquérito para apurar o crime previsto no artigo 
168-A do Código Penal. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela 
confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou 
comprovante de pagamento das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento 
realizado após a instauração da investigação. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério 
Público Federal, que denunciou Caio pelo crime previsto no artigo 168-A do Código Penal, tendo a 
inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a resposta à 
acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de 
absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento. Com base nos fatos 
narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
 a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? 
b) A quem a impugnação deve ser endereçada? 
c) Qual fundamento deve ser utilizado? 
 
RESPOSTA: a) Habeas Corpus, uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão que não 
absolvera sumariamente o acusado, sendo cabível a ação mandamental, conforme estabelecem os 
artigos 647 e seguintes do CPP. No caso, não seria admissível o recurso em sentido estrito, uma vez 
que o enunciado não traz qualquer informação acerca da fundamentação utilizada pelo magistrado 
para deixar de absolver sumariamente o réu, não podendo o candidato deduzir que teria sido 
realizado e indeferido pedido expresso de reconhecimento de extinção da punibilidade; 
b) Ao Tribunal Regional Federal; 
c) Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito quanto ao delito previsto no artigo 168-A, do 
CP. Quanto à Súmula Vinculante nº 24, o enunciado não traz qualquer informação no sentido de que 
a via administrativa ainda não teria se esgotado, não podendo o aluno deduzir tal fato. 
 
 
“Quem quer estudar se esforça, lê, pergunta, questiona, inquire, 
prioriza e procura quaisquer meios para alcançar o aprendizado, 
obtendo naturalmente êxito! Quem não quer inventa 
mediocremente, com fenomenal inteligência, infinitas e criativas 
desculpas para convencer a si mesmo e aos outros de que 
fracassou não por falta de empenho, mas atrapalhado e 
surpreendido por quaisquer outros motivos imprevisíveis e alheios 
aos seus próprios méritos”. 
 Marco Aurélio de Jesus Pio

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