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1 Email: maximusimperatore@yahoo.com.br Instagram:@prof.marcoaureliojp @cfo.prime CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II PROF. MARCO AURÉLIO DE JESUS PIO CASOS CONCRETOS E RESPOSTAS 2018.1 1. Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em residências agrupadas em região de veraneio, a polícia detém um suspeito, que perambulava pelas redondezas. Após alguns solavancos e tortura físico-psicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por admitir a autoria de alguns dos crimes, inclusive de um roubo praticado mediante sevícia consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da pessoa moradora. Além de admitir a autoria, Alfredinho delatou um comparsa, alcunhado Chumbinho, que foi logo localizado e indiciado no inquérito policial instaurado. A vítima do roubo, na delegacia, reconheceu os meliantes, notadamente Chumbinho como aquele que mais a agrediu, apesar de ter ele mudado o corte de cabelo e raspado um ralo cavanhaque. Deflagrada a ação penal, o advogado dos imputados impetrou habeas corpus, com o propósito de trancar a persecução criminal, ao argumento de ilicitude da prova de autoria. Solucione a questão, fundamentadamente, com referência necessária aos princípios constitucionais pertinentes. RESPOSTA: Dispõe a Constituição Federal que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, LVI). Entretanto, a questão é polêmica na doutrina pátria. Alguns processualistas defendem a aplicação do principio da proporcionalidade do bem jurídico em confronto: a segurança pública e a paz social de um lado e, do outro lado o ius libertatis da pessoa do infrator. Para os adeptos dessa corrente, aproveita-se a prova derivada de outra contaminada de ilicitude na origem. Uma segunda corrente defende a admissibilidade da prova subsequente, se independente daquela de origem ilícita. Seria a hipótese do caso concreto, em que a vítima do roubo fez reconhecimento pessoal dos meliantes na delegacia. Um terceiro posicionamento e mais acertado vem sendo adotado pelo Supremo Tribunal Federal, inadmitindo, de forma absoluta, a prova ilícita quer originária quer por derivação, pois em um Estado Democrático de Direito, a descoberta da verdade não pode ser feita a qualquer preço mesmo que em prejuízo da apuração da verdade, um processo justo deve ser condizente com o respeito aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, e por isso não se pode admitir a utilização em um processo de provas obtidas por meios ilícitos. A rigor, doutrina e jurisprudência têm admitido a possibilidade de utilização de prova ilícita no processo apenas quando ela for produzida em benefício do acusado (com base no princípio da proporcionalidade). O Padre José Roberto ouviu, em confissão, Maria admitir que mantém por conta própria estabelecimento onde ocorre exploração sexual, com intuito de lucro. No local, admitiu Maria ao Vigário que garotas de programa atendem clientes para satisfazer seus diversos desejos sexuais mediante o pagamento de entrada no valor de R$100,00 no estabelecimento, e o valor de R$500,00 para a atendente. Maria, efetivamente, responde a processo crime onde lhe foi imputada a conduta descrita no art. 229 do CP. O Ministério Público arrolou o Padre José Roberto como testemunha da acusação e pretende ouvi-lo na AIJ, já que se trata de testemunha com alto grau de idoneidade. Pergunta-se: Pode o magistrado obrigar o Padre a depor em juízo, sob pena de cometer o crime do art. 342 do CP? A prova produzida em juízo nesse caso seria considerada válida? RESPOSTA: neste caso em tela o CPP é muito claro em seu Art. 207 quando afirma que são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 2 Email: maximusimperatore@yahoo.com.br Instagram:@prof.marcoaureliojp @cfo.prime 2. O MP ofereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído o aparelho de telefone celular de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do nº 23, pugnando pela condenação do acusado nas penas do art. 155, inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao longo da instrução probatória, nas declarações prestadas pela vítima e pelo depoimento de uma testemunha arrolada pela acusação, constatou-se que Caio teria, na ocasião dos fatos, dado um forte tapa no rosto da vítima no momento em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, diante das provas colhidas na instrução probatória, o magistrado prolatou sentença condenatória contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, a ser cumprida em regime semiaberto, diante da primariedade e da ausência de antecedentes criminais do acusado, como incurso no art. 157 do CP. Pergunta-se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na resposta todos os fundamentos cabíveis ao caso. RESPOSTA: trata-se de caso de Mutatio Libelli (art. 384, CPP), pois o magistrado agiu de forma equivocada incorrendo em error in procedendo. No caso, o Juiz deveria ter aplicado ao caso o art. 384 do CPP, uma vez que entendeu cabível ao caso uma nova definição jurídica, em consequência da prova colhida ao longo da instrução. Para tanto deveria ter dado vista ao MP para que o mesmo aditasse a denúncia. Houve, no caso, violação ao princípio da adstrição ou correlação. Assim, o fato imputado ao réu, na peça inicial acusatória, deve guardar perfeita correspondência com o fato reconhecido pelo juiz, na sentença, sob pena de grave violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, consequentemente, ao devido processo legal. 3. Huguinho, Zezinho e Luizinho praticaram um roubo na Agência do Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Os três comparsas, ao se evadirem do local, seguiram em direções diferentes. Luizinho foi alcançado pela polícia e preso em flagrante e encontra-se preso no Complexo de Bangu, na cidade do Rio. Os outros dois conseguiram escapar. Huguinho, para não ser encontrado vive se ocultando e Zezinho encontra-se em local incerto e não sabido. Ao receber a denúncia, o juiz da 10ª vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro, determinou, diante da situação descrita, que fosse realizada a citação por edital, de acordo com o art. 363, § 1º, CPP dos três acusados. Foi correta a decisão do magistrado? Justifique sua resposta. RESPOSTA: A decisão do magistrado foi acertada apenas em relação à citação de Zezinho, pois encontra-se em lugar incerto e não sabido. Quanto a Luizinho, como este encontra-se preso no Complexo de Bangu, a citação deve ser pessoal, por mandado, no local onde se encontra, art. 351 c/c art. 360, CPP. Nesse sentido é a Súmula 351, STF. Quanto à Huguinho, também não agiu adequadamente o magistrado, já que, diferente de Zezinho, tem-se o conhecimento de seu paradeiro. Nesse caso, ao cumprir o mandado de citação, não encontrando o acusado por que este se oculta, o Oficial de Justiça deve efetuar a citação por hora certa, de acordo com o art. 362, CPP. 4. Marcílio responde a processo crime como incurso nas penas do art. 213 do CP pois, em tese, teria constrangido Lucilha, mediante emprego de arma de fogo, a manter com ele relações sexuais. O Juiz designou Audiência de Instrução e Julgamento onde ouviu primeiramente Gumercindo, testemunha arrolada pela defesa,uma vez que as testemunhas arroladas pelo MP ainda não tinham chegado ao Fórum. Posteriormente, o Magistrado ouviu as demais testemunhas da acusação e da defesa e, por fim, interrogou Marcilio. Pergunta-se: Você, Defensor Público, arguiria qual tese defensiva em favor do seu assistido Marcílio? RESPOSTA: Nulidade absoluta do feito, a partir da AIJ, uma vez que não foi observada pelo magistrado a ordem estabelecida pelo artigo 400 do CPP. Assim, a hipótese estaria prevista no artigo 564, inciso IV do CPP. 3 Email: maximusimperatore@yahoo.com.br Instagram:@prof.marcoaureliojp @cfo.prime 5. Semprônio, motorista de um Uber, dirigia seu veículo pela pista de esquerda (pista de ultrpassagem), sendo certo que a sua frente estava o carro de Felizberto, septuagenário, que dirigia a aproximadamente 50 Km/h, o que impedia, na ocasião, Semprônio de fazer a ultrapassagem. Quando Felizberto parou o seu carro em um sinal de trânsito, Semprônio desceu de seu Uber e começou a desferir chutes e socos na lataria do carro do idoso. Uma viatura da PM que passava pelo local autuou Semprônio e o conduziu a sede policial onde foi lavrado termo circunstanciado, uma vez que a Autoridade Policial entendeu que ocorrera crime do art. 163, do CP. Semprônio não aceitou a proposta de transação penal oferecida pelo MP, sendo certo que o mesmo diante da recusa, ofereceu denúncia em face do mesmo. Ocorre que Semprônio ocultou-se para não ser citado e, diante disso, o Magistrado orientou o oficial de justiça a proceder à citação por hora certa, na forma do art. 362 do CPP. Pergunta-se: Agiu corretamente o Magistrado no caso em conformidade com o procedimento sumaríssimo? RESPOSTA: A matéria é controvertida. Basta observar que, enquanto no Enunciado extraído do II Encontro de Juízes dos Juizados Especiais do Estado de Minas Gerais, ocorrido em 22.08.2008, deliberou-se no sentido de que “nos processos de competência dos Juizados Especiais Criminais não se faz citação com hora certa, por incompatível com o disposto no art. 66 da Lei n.º 9.099, de 1995”, orientação diversa foi adotada no Fórum Nacional de Juizados Especiais, realizado em 27.05.2009, quando se concluiu que no Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa. Portanto, dependendo do entendimento, estaria correta a decisão ou então o magistrado teria cometido error in procedendo uma vez que deveria ter aplicado o art. 66, § único da Lei 9.099/95 e remetido o feito ao juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. 6. Juninho Boca, jovem de classe média da zona sul do Rio de Janeiro, está respondendo a processo criminal como incurso nas penas do art. 33 da lei 11.343/06 pois, em tese, seria o responsável pela distribuição de cocaína em um conhecido bar em Copacabana. Realizada a AIJ, na forma do art. 56 do mesmo diploma legal, em sede de alegações finais a defesa pugnou pela nulidade do feito, uma vez que o perito que havia subscrito o laudo definitivo de constatação da substância entorpecente também havia funcionado na elaboração do laudo prévio. Pergunta-se: Assiste razão a defesa de Juninho Boca? RESPOSTA: Não assiste razão a defesa uma vez que há expressa disposição no art. 50, §§ 1º e 2º da Lei 11.343/06 no sentido de que o perito que subscrever o laudo prévio de constatação não fica impedido de participar do laudo definitivo. 7. Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso formal. Realizada Audiência de Instrução e Julgamento e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso: a) Qual (is) argumento (s) poderia (m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? ; b) 4 Email: maximusimperatore@yahoo.com.br Instagram:@prof.marcoaureliojp @cfo.prime Qual pedido deveria ser realizado? ; c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser dirigida? RESPOSTA: a) Incompetência do juízo, uma vez que Caio praticou homicídio culposo, pois agiu com culpa consciente, na medida em que, embora tenha previsto o resultado, acreditou que o evento não fosse ocorrer em razão de sua perícia. b) Desclassificação da imputação para homicídio culposo e declínio de competência, conforme previsão do artigo 419 do CPP. c) Recurso em sentido estrito, conforme previsão do artigo 581, IV, do CPP. A peça de interposição deveria ser dirigida ao juiz de direito da vara criminal vinculada ao tribunal do júri, prolator da decisão atacada. 8. Antônio foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri e condenado. Após o julgamento, descobriu-se que integrou o Conselho de Sentença o jurado Marcelo, que havia participado do julgamento de Pedro, corréu no mesmo processo, condenado por crime de roubo conexo ao delito pelo qual Antônio foi condenado. Pergunta-se: Qual a defesa que poderá ser apresentada pelo Defensor de Antônio em eventual recurso interposto? Justifique a sua resposta. RESPOSTA: A defesa poderá alegar a nulidade do julgamento, com base na Súmula 206, STF, que dispõe: “É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo”. Ainda que se considere essa nulidade como relativa, no caso apresentado, a nulidade será absoluta porque réu foi condenado por 4X3 e o prejuízo está evidente. Sendo assim, não pode servir no Conselho quem tiver tomado parte, como jurado, em anterior julgamento do mesmo feito, inclusive de corréu. 9. Tício foi condenado à pena privativa de liberdade de 06 (seis) anos de reclusão por violação ao artigo 157, parágrafo 2, incisos I e II do Código Penal. Da sentença condenatória, Tício foi intimado em 09/05/2008 (sexta-feira), oportunidade em que manifestou o interesse de não recorrer da decisão condenatória. O advogado de Tício, defensor devidamente constituído, fora intimado da decisão condenatória em 08/05/2008 (quinta-feira). No dia 16/05/2008, o advogado de Tício interpôs recurso de apelação. O recurso é tempestivo ou não? Justifique a sua resposta abordando as controvérsias sobre o tema indagado. RESPOSTA: Conforme entendimento doSupremo Tribunal Federal, em observância ao Princípio Constitucional da ampla defesa, a intimação deve ser feita em face do réu e também de seu defensor constituído, contando-se o prazo a partir da intimação que ocorreu por último. Assim, no caso em tela, se a última intimação se deu em 09/05 (sexta-feira), o prazo final para o oferecimento da apelação (prazo: 5 dias) seria em 16/05 (sexta-feira), sendo tempestivo o recurso. Entende-se ainda que no caso de divergência entre o réu e o advogado sobre recorrer da decisão, deve prevalecer a vontade de quem quer recorrer. 11. Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região toráxica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, caput, do Código Penal. Na condição de Advogado de Pedro: a) indique o recurso cabível; b) o prazo de interposição; c) a argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. RESPOSTA: a) Recurso em Sentido Estrito, nos termos do artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. b) Prazo para interposição: 5 dias, nos termos do artigo 586, do Código de Processo Penal. 5 Email: maximusimperatore@yahoo.com.br Instagram:@prof.marcoaureliojp @cfo.prime c) Argumentação adequada: deveria ser requerida a desclassificação de crime consumado para tentado, já que a ação de Pedro não deu origem a morte de José, pois, trata-se de hipótese de concausa absolutamente independente pré-existente conforme o artigo 13 do Código Penal. 12. George foi pronunciado, na forma do art. 413 do CPP, pelo crime previsto no art. 121, § 2º, II do CP por, em tese, ter matado a vítima Leonidas Malta em uma briga na saída da boite TheNight. O processo tramitou regularmente na primeira fase do procedimento, com designação de AIJ para o dia 11 novembro de 2015, tendo sido o acusado pronunciado no dia 2 de março de 2016. Assim, o julgamento em Plenário ocorreu efetivamente no dia 9 de dezembro de 2016. Após a oitiva das testemunhas arroladas para o julgamento em Plenário, como tese defensiva, o acusado, orientado por seu advogado, optou por exercer a garantia constitucional prevista no art. 5º, LXIII da CRFB/88. Em sede de debates orais o MP sustentou a acusação nos limites da denúncia, sendo certo que a defesa técnica sustentou a tese de legítima defesa e a ausência de provas nos autos que comprovassem o que fora sustentado pela acusação. Em réplica, o ilustre membro do Parquet apontou para o acusado e sustentou para os jurados que se o acusado fosse inocente ele não teria ficado calado durante o interrogatório, que não disse nada porque não tem argumentos próprios para se defender e que, portanto, seria efetivamente o responsável pela morte da vítima, pois, afinal, quem cala consente. A defesa reforçou seus argumentos de defesa em tréplica, contudo, George foi condenado pelo Conselho de Sentença e o Juiz Presidente fixou a reprimenda estatal em 15 anos de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio qualificado por motivo fútil (art.121, §2º, II, CP). Na condição de advogado de George, adote a medida cabível para impugnar a decisão utilizando todos os argumentos cabíveis, e indique o último dia do prazo. RESPOSTA: trata-se de caso de Nulidade absoluta com fundamento no art. 478, II, CPP, pois após a reforma de 1988, em prestígio ao direito ao silêncio, durantes os debates em plenário as partes não poderão fazer alusão ao silêncio do acusado. Como a nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer tempo, e a mesma ocorreu a AIJ do dia 09 de novembro (mesmo dia da sentença), tal nulidade deve ser arguida me sede de apelação, e como tem prazo de 5 dias, deverá ser interposta até o dia 14 de dezembro de 2016. 13. Herculino foi condenado a 20 anos de reclusão pela prática de latrocínio. Na sentença condenatória, o juiz demonstra clara contradição entre as razões de sua fundamentação com sua decisão, principalmente ao acolher os depoimentos favoráveis das testemunhas de defesa bem como ao considerar boa a tese de desclassificação apresentada em alegações finais orais sob o argumento de violação de princípio constitucional (prova obtida por meio ilícito). Sabendo que a decisão foi prolatada em AIJ (audiência de instrução e julgamento) no dia 17 de junho (sexta-feira), pergunta-se: a) Qual o instrumento cabível, no caso em tela, para obter o esclarecimento da contradição? b) Qual o último dia para interposição do instrumento citado na questão anterior? c) Levando em consideração que a decisão dos embargos se deu no 23 dia de junho (quinta-feira), e a intimação no dia 24, qual a data máxima para a interposição do recurso cabível contra a sentença condenatória? RESPOSTA: a) Embargos de Declaração (art. 382, CPP). A doutrina entende que não cabe efeito infringente ou modificador da decisão salvo quando a modificação figure consequência inarredável da sanação de vício da omissão, obscuridade ou contradição do ato embargado; b) Prazo de 2 dias. Portanto o prazo máximo seria em 21/06 (terça-feira); c) considerando que se trata de caso de interrupção do prazo para os demais recursos, então deve ser reiniciada a contagem do prazo de 5 dias (apelação) a partir da intimação, logo a apelação pode ser interposta até o dia 01/07 (sexta- feira). 14. Aristóteles foi condenado à pena de 9 anos de reclusão pela prática do crime de estupro (artigo 213, caput, CP). Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, Aristóteles, através de seu advogado, ajuíza pedido de revisão criminal da sentença que lhe fora desfavorável, sustentando vício 6 Email: maximusimperatore@yahoo.com.br Instagram:@prof.marcoaureliojp @cfo.prime processual insanável consistente na ausência da intimação de seu então patrono para a apresentação de resposta preliminar obrigatória (art. 396, CPP). O Tribunal de Justiça competente acolhe o pleito de revisão criminal, anulando o referido processo. Nesta hipótese, pergunta-se: Seria juridicamente possível que, após a anulação, por meio de revisão criminal, do primeiro julgamento de Aristóteles, seja proferida, em um segundo julgamento pelo juízo de primeiro grau, sentença condenatória com imposição de sanção penal mais gravosa do que aquela que lhe fora anteriormente imposta? Justifique a sua resposta: RESPOSTA: A vedação constante no parágrafo único do artigo 626, CPP diz respeito tanto à reformatio in pejus como também a reformatio in pejus indireta, de sorte que, se depois de declarada nula a sentença em sede de revisão criminal, por algum vício insanável, é vedado que o juiz prolate nova decisão com pena exasperada, isto é, com pena mais grave, mais exacerbada do que a fixada anteriormente, no juízo da condenação. 15. (OAB) Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à instauração deinquérito para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público Federal, que denunciou Caio pelo crime previsto no artigo 168-A do Código Penal, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento. Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? b) A quem a impugnação deve ser endereçada? c) Qual fundamento deve ser utilizado? RESPOSTA: a) Habeas Corpus, uma vez que não há previsão de recurso contra a decisão que não absolvera sumariamente o acusado, sendo cabível a ação mandamental, conforme estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP. No caso, não seria admissível o recurso em sentido estrito, uma vez que o enunciado não traz qualquer informação acerca da fundamentação utilizada pelo magistrado para deixar de absolver sumariamente o réu, não podendo o candidato deduzir que teria sido realizado e indeferido pedido expresso de reconhecimento de extinção da punibilidade; b) Ao Tribunal Regional Federal; c) Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito quanto ao delito previsto no artigo 168-A, do CP. Quanto à Súmula Vinculante nº 24, o enunciado não traz qualquer informação no sentido de que a via administrativa ainda não teria se esgotado, não podendo o aluno deduzir tal fato. “Quem quer estudar se esforça, lê, pergunta, questiona, inquire, prioriza e procura quaisquer meios para alcançar o aprendizado, obtendo naturalmente êxito! Quem não quer inventa mediocremente, com fenomenal inteligência, infinitas e criativas desculpas para convencer a si mesmo e aos outros de que fracassou não por falta de empenho, mas atrapalhado e surpreendido por quaisquer outros motivos imprevisíveis e alheios aos seus próprios méritos”. Marco Aurélio de Jesus Pio
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