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02 Bioética na Relação Médico Paciente

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
ÉTICA NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE 
 
A relação médico-paciente é uma preocupação constante da medicina ao longo dos tempos. Nessa relação, 
deve haver uma associação entre profissão, paciência, compaixão e consentimento, envolvendo ambos os lados: 
 Profissão: “obrigação de ser competente e habilidoso na prática médica; a necessidade de colocar o bem-estar 
do paciente acima do interesse próprio.” 
 Paciência: “a pessoa que procura tratamento médico está sofrendo e se encontra em posição vulnerável” 
 Compaixão: “o médico é convidado a sofrer com o paciente, dividindo sua situação existencial (a qual também 
sugere um papel espiritual)” 
 Consentimento: “a relação médico-paciente é baseada em informações dadas livremente, pelas duas partes 
envolvidas e esse consentimento deve ser dado sem pressão ou força de qualquer um dos lados.” 
 
Nessa relação há, acima de tudo, uma exigência de cura e não de cuidados, de modo que o tratamento seja feito 
de um modo humanizado. Há sempre uma exigência de serviços de primeiro mundo usando recursos semelhantes aos 
dos países mais atrasados do planeta, no intuito de ajudar o paciente. 
O avanço da tecnologia no campo da saúde ampliou, de maneira exponencial, a assimetria do poder e do 
conhecimento, tornando as relações totalmente desiguais. Cada vez mais, é visível a distância que surge entre os 
médicos e seus pacientes. 
A relação médico paciente exige as seguintes experiências: 
 Falar a verdade 
 Prestar atendimento humanizado, com tempo e atenção necessários. 
 Saber ouvir o paciente, esclarecendo dúvidas e expectativas, com registro no prontuário. 
 Explicar detalhadamente, de forma simples e objetiva, o diagnóstico e o tratamento, seus benefícios, 
complicações e prognósticos. 
 Tratamento - respeitar autonomia do paciente. 
 Atualização científica 
 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
 O Código de Ética Médica contém as normas éticas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da 
profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem. As organizações de prestação de serviços médicos 
estão sujeitas as normas deste código. Para o exercício da medicina impõe-se a inscrição no Conselho Regional do 
respectivo Estado. 
O primeiro capítulo dos princípios éticos baseia-se no respeito absoluto pela vida humana, obrigação de 
aprimorar continuamente os conhecimentos e manutenção do sigilo profissional e nos relacionamentos. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA - CAPÍTULO I - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 Art. 7º- O médico deve exercer a profissão com ampla autonomia não sendo obrigado a prestar serviços 
profissionais a quem ele não deseje, salvo na ausência de outro médico em casos de urgência ou quando sua 
negativa possa trazer danos irreversíveis ao paciente. [O médico praticará sua profissão com autonomia, sem 
ser obrigado a exercê-la, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência 
ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou 
emergência, ou quando sua recusa possa trazer prejuízos à saúde do paciente, como em casos de perigo ou 
risco eminente de morte]. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA - CAPÍTULO II - DIREITOS DO MÉDICO 
É direito do médico: 
 Art. 21 - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas reconhecidamente aceitas e 
respeitando as normas legais vigentes no País. 
 Art. 23 - Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho 
não sejam dignas ou possam prejudicar o paciente. 
 Art. 28 - Recusar a realização de atos médicos que embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de 
sua consciência. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA - CAPÍTULO V - RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 
 É vedado ao médico: 
 Art.56 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou 
terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida. 
Arlindo Ugulino Netto. 
BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 
2 
 
www.medresumos.com.br 
 Art.58 - Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência, quando não 
haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo. 
 Art.61- Abandonar paciente sob seus cuidados 
1º- Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno 
desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique 
previamente ao paciente ou seu responsável legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e 
fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder. 
 Art.63 - Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais. 
 Art.65 - Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico-paciente para obter vantagem física, 
emocional, financeira ou política. 
 
 Tomando como base o primeiro Capítulo do Código de Ética Médica, podemos destacar as seguintes 
recomendações: 
 O médico não pode abandonar o paciente, exceto em casos de deterioração da relação médico-paciente, desde 
que assegurada à continuidade do tratamento. 
 O paciente tem o direito de acompanhante nas consultas, internações, exames pré-natais e no momento do 
parto. Bem como recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida. 
 O paciente tem direito a um atendimento digno, atencioso e respeitoso, sendo identificado e tratado pelo nome 
ou sobrenome. 
 A criança, ao ser internada, terá em seu prontuário a relação das pessoas que poderão acompanhá-la 
integralmente durante o período de internação. 
 Consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e esclarecida, com adequada informação, procedimentos 
diagnósticos ou terapêuticos a serem realizados. 
 É vedada a realização de exames compulsórios, sem autorização do paciente, como condição para internação 
hospitalar, exames pré-admissionais ou periódicos e ainda em estabelecimentos prisionais e de ensino. 
 O paciente tem o direito de gravar a consulta, em caso de dificuldades de entendimento. 
 O paciente pode desejar não ser informado do seu estado de saúde, devendo indicar quem deve receber a 
informação em seu lugar. Tendo o direito de uma segunda opinião sobre o seu estado de saúde. 
 O paciente tem o direito de ter resguardado o segredo sobre dados pessoais, (sigilo profissional), desde que não 
acarrete riscos a terceiros ou à saúde pública. 
 Ter acesso ao seu prontuário médico (não podendo, entretanto, portá-lo para si, pois o prontuário pertence à 
instituição de saúde). 
 
OBS: A relação médico–paciente é de grande valor para o sucesso do tratamento e para promoção um cuidar 
humanizado. “O relacionamento médico – paciente [...]. É de extrema importância, visto que é a partir de um bom 
relacionamento médico – paciente que está o sucesso do tratamento. [...] é fundamental que haja uma boa integração do 
profissional com seu paciente, pois isto faz parte da terapêutica utilizada nesta fase. É muito importante, pois um bom 
relacionamento vai nos ajudar para o sucesso do tratamento. [...]. Procuro utilizar uma abordagem humanizada [...]. 
Necessitamos abordá-lo com atenção, paciência e carinho, ou seja, uma abordagem humanizada, isto é, numa 
perspectiva holística [...].” 
OBS²: Diante de um compromisso ético ao assistir um paciente, deve-se respeitar à sua autonomia, singularidade, 
privacidade e sigilo. “Procuro agir com respeito durante as consultas, informando sobre cada procedimento a ser 
realizado e dando a opção de aceitar ou não as ações propostas. [...]. Deve ser respeitada a autonomia do paciente 
quanto à terapêutica a ser empregada. Procuro respeitar a sua intimidade, sigilo nos assuntos abordados na consulta, 
antes de tudo, respeitando-o como ser humano e espiritual, único, com suas crenças, seus medos e preconceitos;[...]. 
Durante a assistência [...], procuro proporcionar um relacionamento de respeito à privacidade do paciente [...].” 
 
 O consentimento informado (livre) e esclarecido é composto por: competência ou capacidade, informação e 
consentimento; sendo ele validado por fornecimento de informações, compreensão, voluntariedade e consentimento. A 
relação médico-paciente está prejudicada quando há assimetria, autoritarismo, prepotência, arrogância, falta de 
segurança e determinação, desinteresse e sem perspectiva. 
 O profissional de saúde deve ter em mente que quem procura o médico busca: segurança para expor-se, 
validação de suas necessidades, aceitação pelo médico, impacto sobre o médico, iniciativa de alguém competente e 
disponível. 
 Na realidade, o médico coloca seu conhecimento a serviço do paciente, além de sua atenção, sua disposição em 
ouvir, em compreender e ajudar. Ao mesmo tempo considera seu paciente como alguém que mais conhece sua doença, 
pois é ele quem a vivência. Dessa consulta ideal, resultará uma troca e ambos sairão enriquecidos. 
 “A relação médico paciente pode aliviar ou exacerbar as ansiedades, conforme seja boa ou não” e “as palavras, 
a postura e as expressões fisionômicas do médico constituem-se, implicitamente, em psicoterapia para o paciente”. 
(Abdo, 1996)

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