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1 Nutrição na Lactação (Nutriz) e Aleitamento Materno Profa Patrícia Simões O Aleitamento Materno ou Lactação é um processo complementar à gestação, com impacto na saúde do lactente. A fisiologia da Lactação possui 3 processos: 1 - Mamogênese – desenvolvimento da glândula mamária; 2 - Lactogênese – início da lactação 3 - Lactopoese – manutenção da lactação MAMOGÊNESE: Sua 1ª fase ocorre na puberdade, quando há o crescimento, ramificação dos canais lactíferos e deposição de gordura, os quais são promovidos pelo estrogênio. A Aréola está localizada no centro da mama e contém glândulas sebáceas, sudoríparas e areolares, conhecidas como Montgomery que produzem secreção que lubrifica e protege a pele durante a amamentação. Suspeita-se que a secreção seja também uma comunicação pelo odor entre a mãe e o bebê. A 2ª fase se completa na gestação, onde ocorre o completo desenvolvimento dos alvéolos, os quais estão relacionados à progesterona (altos níveis na gestação). Ocorre o ganho de peso na glândula (400 a 600g) e também o escurecimento da aréola e a dilatação das veias superficiais. LACTOGÊNESE: é o início da lactação, a fase de produção do LM nas células alveolares (estimulada pela Prolactina) e se inicia no último trimestre gestacional. O colostro produzido nesta fase é reabsorvido para o sangue e a lactose que não é metabolizada é excretada na urina. Após a expulsão da placenta há aumento nos níveis de Prolactina e ocorre uma secreção intensa do LM. A Ocitocina faz a contração das células mioepiteliais dos alvéolos, responsável pela EJEÇÃO do LM. O mamilo contém de 15 a 20 canais lactíferos. LACTOPOESE: é a manutenção da amamentação. O principal fator é a sucção do lactente, que através de nervos sensitivos transmitem impulsos nervosos ao hipotálamo que estimula a hipófise anterior ativando a liberação de Prolactina e a hipófise posterior a secretar ocitocina. Anatomia da Mama e Aspectos Fisiológicos Vantagens Alimento completo e seguro Profilaxia para problemas ortodônticos e dentais Reduz risco infecções agudas (infecções respiratórias, gastroenterites, etc) Reduz risco de doenças crônicas (alergias, obesidade, etc) Ajuda na contração do útero e na perda ponderal materna (devido à secreção da Ocitocina) Econômico, fatores psicológicos, técnicos, etc Técnicas de Amamentação Amamentar exige aprendizagem Deve ser iniciada imediatamente após o parto Deve-se instituir o alojamento conjunto (mãe e bebê juntos 24h/dia) Orientação de pega e posição de amamentação Orientar quanto aos cuidados com a mama A amamentação deve ser confortável Posição A cabeça e corpo do bebê devem estar alinhados A boca deve estar no mesmo plano e de frente para a aréola A cabeça deve estar levemente apoiada e inclinada para trás O corpo do bebê deve estar próximo e voltado para a mãe O queixo deve estar encostado no seio da mãe Se for recém-nascido deve-se apoiar as nádegas 2 “Pega” correta da mama: Queixo do bebê toca a mama Boca bem aberta Lábio inferior virado para fora Bochechas arredondadas (não podem estar encovadas) Mama não repuxada Sucção lenta e profunda (sucção, deglutição e respiração) Mãe ouve o bebê deglutindo Oferta de LM com o “copinho” Objetivo: evitar o contato precoce do bebê com outros bicos que não o do peito, favorecendo o aleitamento materno; alimentar a criança na ausência da mãe e complemento após a mamada. Vantagens Fácil esterilização; Permite contato íntimo com mãe Método simples e fácil, de baixo custo e seguro Favorece manutenção do aleitamento materno Desvantagens Risco de aspiração, caso não haja técnica adequada Risco de infecção, se ocorrer manipulação inadequada Procedimento Observe se o bebê está acordado. Lave bem as mãos. Ponha o leite no copinho, enchendo-o no máximo até a metade Coloque o bebê no colo (semi-sentado e com as costas apoiadas) Encoste a borda do copo na parte interna do lábio inferior, permitindo que a língua permaneça livre. Incline o copinho e observe se o bebê levou a língua à frente de forma que possa tocar o leite. O leite não deve ser derramado na boca do bebê, e sim vertido suavemente. Deixe o bebê controlar o ritmo da ingestão do leite. O bebê deve receber volume de leite compatível com suas necessidades. Ordenha do leite materno Ferva um vidro e tampa por 20 min. Não seque, escorra sobre um pano limpo. Coloque a data; Lave bem as mãos até o cotovelo e escove as unhas (curtas) com água e sabão. Seque em toalha individual; Procure um local tranquilo, limpo e sem animais, não fume ou converse. Faça massagens circulares nas mamas com as pontas dos dedos. Segure o vidro próximo a mama; Faça ordenha manual: coloque os dedos polegar e indicador onde termina a aréola (parte escura ao redor do bico) aperte e solte com cuidado, várias vezes, até o leite sair na quantidade necessária. Pode ser oferecido imediatamente ou congelado: Geladeira (até 24h) Congelador / Freezer (15 dias), onde a sobra deve ser desprezada. Contra-indicações para amamentação Doenças Bacterianas, Hepatite A, B ou C Citomegalovírus e vírus do grupo da herpes Rubéola, Varicela, Raiva, HIV Hanseníase não tratada ou tratamento inferior a 3 meses Quimioterapia; Tuberculose não tratada ou tratamento inferior a 3 semanas; Uso de medicamentos que possam ser secretados no LM, drogas. Álcool: - Quantidades em excesso (>5g/Kg/peso – equivalente à 2 latas de cerveja) podem provocar a diminuição da produção láctea, pois inibem a ocitocina e a prolactina. - O álcool ingerido pode passar para o LM e ser sentido pelo bebê, causando recusa ao LM, alteração do sono e problemas motores. Cafeína: - Bebidas com cafeína influenciam o teor de ferro do LM; - Também podem causar irritabilidade e insônia; - A cafeína pode ser excretada no leite com pico 1h após a ingestão (Chemin e Vitolo); - 1 xícara tem 100 a 150mg de cafeína (Vitolo) – quantidade máxima por dia, preferencialmente durante o dia e não próximo ao horário de amamentar. Nicotina: - A transferência ocorre para o LM na proporção do número de cigarros fumados; - A sua presença no LM pode causar vômitos, apatia, recusa na sucção. 3 Recomendações Nutricionais na Lactação: A lactação é uma fase de alta demanda energética do período reprodutivo humano, sendo as necessidades maiores do que da gestação, uma vez que em 4 meses após o nascimento, o lactente dobra seu peso ao nascer. As necessidades nutricionais durante a lactação dependem do estado nutricional materno; Na vigência de desnutrição existe a na produção do LM (400 a 700ml/ dia) e, em condições satisfatórias de alimentação, a produção varia de 600 a 900ml/ dia) Distribuição energéticas do LM: Conteúdo energético médio do LM ( mães eutróficas) 70 Kcal/100ml Secreção média de LM 800 ml/dia Gasto energético para produção de 100ml de LM (Krause) 85 Kcal Calorias produzidas em 800ml de LM 560 Kcal Reservas energéticas (gordura corporal) 2 a 4 Kg Necessidades energéticas da Nutriz A retenção de peso durante a gravidez é de 0,5 a 3Kg, mas em torno de 20% das mulheres apresentam 5Kg a mais mesmo após 6 a 18 meses após o parto, e isso pode estar associado ao do excesso de peso em mulheres no Brasil (Vitolo); Demora-se de 2 a 4 semanas após o parto para que haja o reestabelecimento do equilíbrio hídrico da puérpera; O retorno ao peso pré-gestacional após o parto é influenciado pelo edema, peso pré- gestacional, peso pós parto, idade materna, exercício, retorno ao trabalho e a lactação. A taxa média de perda de peso é de 0,5 a 1Kg/ mês nos 4 a 6 primeiros meses de lactação. Sendo a perda maior naquelas que amamentam exclusivamente nos 3 primeiros meses e naquelas que amamentam por mais tempo. A perda de 0,5Kg/ semana não interferena produção de LM e no crescimento do lactente Para cálculo das exigências energéticas na lactação pode-se seguir os mesmos procedimentos para o cálculo do valor energético total da dieta (VET), o qual foi utilizado para o período gestacional de adolescentes e adultas, havendo apenas uma modificação no adicional energético a ser incluído: 500 a 700 Kcal, conforme a presença de reserva energética materna. Cálculo da necessidade calórica da nutriz: Considerando o estado nutricional pré-gestacional e ganho de peso gestacional: 1) Baixo peso pré-gestacional: Considerar no cálculo da TMB, o peso desejável (IMC 18,5 a 23,8) Adicional energético: ganho de peso gestacional adequado: 500Kcal ganho de peso inadequado: 700 Kcal 2) Peso pré-gestacional normal: Considerar no cálculo da TMB, o PPG ou desejável (IMC 18,7 a 23,8) Adicional energético: ganho de peso gestacional adequado: 500Kcal ganho de peso inadequado: 700 Kcal 3) Sobrepeso ou Obesidade pré-gestacional: Considerar na cálculo da TMB o PPG Adicional energético: independe do ganho ponderal: 500 Kcal Nas consultas subsequentes: no caso de manutenção, perda desprezível ou ganho de peso, o cálculo de ser feito sem o adicional. Cálculo da necessidade calórica da nutriz: Sem considerar o estado nutricional pré-gestacional e ganho de peso gestacional (WHO, 2002): No SP e OB se recomenda perda gradual de peso: SP (IMC: > 25 e < 30) → perda de 0,5 a 1Kg/ mês até atingir a faixa de eutrofia OB (IMC: > 30) → perda de 0,5 a 2Kg/ mês até atingir a faixa de eutrofia Produção média de leite: 807 ml/ dia → valor calórico: 67 Kcal/ 100ml Adicional de energia para a lactação: 1º semestre → 675 Kcal/dia 2º semestre → 460 Kcal/ dia Perda de peso: Para cada Kg → 6400Kcal Então: para perder 0,8Kg (no mês) : 0,8 x 6.400 = 5.120kcal/ mês → 171 Kcal/ dia Cálculo final: 675 – 170Kcal = 504 Kcal de adicional para o 1º semestre de lactação. Obs.: mulheres com BP não precisam desta redução. 4 Cálculo da necessidade protéica da nutriz: Conteúdo protéico médio do LM: 1o mês de lactação: 1,3 g/100ml a partir do 2o mês: 1,15g / 100ml Recomendação protéica durante a lactação: Seguir o mesmo procedimento para o cálculo das exigências protéicas para gestantes, considerando os seguintes adicionais (Accioly): 1o semestre: + 19 g/dia 2o semestre: + 12,5 g/dia
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