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11/11/2017 1 Nutrição Parenteral Cálculo e Prescrição - passo a passo IBMR – Curso de Nutrição – 6º Período Disciplina: Terapia Nutricional Profa Patrícia Simões Nutrição Parenteral • Solução estéril de nutrientes • Usada quando se espera uma duração de pelo menos 7 dias. • Objetivo: – Fornecer elementos necessários à demanda nutricional de pacientes cuja via gastrintestinal esteja impossibilitada de ser utilizada • Quando iniciar: – Após estabilização das funções vitais, equilíbrio ácido-básico, de fluidos e eletrólitos e melhora da perfusão tecidual Indicação para Nutrição Parenteral • 3a opção para nutrição • Paciente elegível: – Comprometimento do TGI (INCOMPETÊNCIA GASTROINTESTINAL) – Estados hipermetabólicos com baixa tolerância enteral ou pouca acessibilidade • Condições que a indicam: – Impossibilidade GI: • Anatômica • Infecciosa • Metabólica – Parte terapêutica em certas doenças que necessitam de repouso intestinal e/ou pancreático. Indicações GERAIS para TNP Pré-operatório de pacientes desnutridos com doenças obstrutivas do TGI (7 a 10 dias) Pós-trauma GRAVE (queimados, infecção, lesões múltiplas) Doença Inflamatória intestinal Insuficiência renal grave Pancreatite aguda grave Pacientes CRÍTICOS hipermetabólicos Síndrome do intestino curto (< 60cm funcionante) Íleo paralítico Fístulas intestinais de ALTO débito (> 500ml) Complicações cirúrgicas no pós-operatório (fístulas intestinais, infecção peritoneal) 11/11/2017 2 Definição segundo Portaria no 272 MS/SNVS de 8 de abril de 1998 “Solução ou emulsão composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídeos, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração endovenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.” • Todas as necessidades nutricionais do paciente são fornecidas pela via endovenosa, sem nenhum ingestão enteral ou oral. Total (NPT) • Parte das necessidades nutricionais é administrada pelo TGI e o restante, infundido por via endovenosa.Suplementar (NPS) • Administração diretamente em uma veia central. Central (NPC) • Administração por meio de uma veia periférica. Periférica (NPP) Tipos de Nutrição Parenteral PICC • Cateter central com inserção periférica (membrossuperiores ou inferiores). Vias de Acesso Venoso da Nutrição Parenteral Periférico Central PICC 11/11/2017 3 Acesso Venoso Periférico - NPP • Localização do cateter em uma veia superficial de grosso calibre (veias das extremidades superiores – mão e antebraço) • Vantagens: – Punção venosa superficial rápida, segura e sem necessidade de cuidados especializados; – Menores complicações – Menor custo • Aporte calórico: 1000 a 1500kcal/dia (pode ser uma desvantagem) Acesso Venoso Periférico - NPP • Não permite infusão de soluções hiperosmolares (> 850mOsm/L) • Requer grandes volumes para atender demanda energética e nutricional, porém não tolera altas osmalalidades. • Não indicada para pacientes com restrição hídrica!: – Ins. Cardiopulmonar – Ins. Renal e hepática Via de Acesso PERIFÉRICO Curta duração Punção central é contraindicada OU impossível Alimentação COMPLEMENTAR Sepse ou bacteremia relacionada ao cateter Sistema “3 em 1” (AA + Glicose + emulsão lipídica) Complicações da NPP FLEBITE (inflamação da veia) Supuração local (secreção purulenta) Necrose tissular local Bacteremia Sepse 11/11/2017 4 Acesso Venoso Central - NPC • Localização da ponta do cateter em veia de alto fluxo sanguíneo interligada à veia cava superior ou ao átrio direito. • Solução parenteral chega rapidamente ao coração. • Indicação: – Períodos longos (>14 dias) Acesso Venoso Central - NPC • Permite administração de soluções hiperosmolares sem que haja risco de flebite ou trombose. • Possibilita a administração de todos os nutrientes necessários para uma nutrição completa e balanceada. • Acesso à veia cava superior: – Subclávia (lado D) – Jugular interna (lado E) Complicações associadas à NP Central Sépticas/ Infecciosas Trombótica GastrointestinaisMetabólicas Mecânicas Manipulação da NP • LOCAL: capela de fluxo laminar • Procedimentos padronizados e validados • Assegura qualidade dos componentes • Requer alto controle de qualidade e supervisão constante (FARMACÊUTICO) 11/11/2017 5 Conservação, distribuição e controle de qualidade da NP • Refrigerador 2 a 8oC • Proteger da luz solar e temperatura ambiente • Controle de qualidade: – Inspeção visual: • Mudança de coloração • Separação de fases (precipitação) – Cultura microbiológica Sistemas de Nutrição Parenteral Nutrientes Misturas “2 em 1” Misturas “3 em 1” Aminoácidos Mistura apenas glicose e aminoácidos Combina-se a emulsão lipídica com a solução de glicose e aminoácidos. Glicose Lipídeos A Emulsão de lipídeos pode ser administrada separadamente Composição da Nutrição Parenteral • PROTEÍNAS – Solução de aminoácidos a 6,7%, 8%, 10% a 15% • Valor calórico a considerar das Soluções de aminoácidos: – 1g = 4 kcal Composição da Nutrição Parenteral • CARBOIDRATO – Concentrações das soluções de glicose disponíveis: 5% a 70% – Via periférica: • Preferir até 10% – Via Central: • > 10% até 70% • Valor calórico das Soluções de Glicose: – Glicose ANIDRA: • 1g = 3,85 kcal – Glicose MONOHIDRATADA: • 1g = 3,4 kcal 11/11/2017 6 Composição da Nutrição Parenteral • LIPÍDEOS – Responsáveis 15-30% energia parenteral • Valor calórico das Emulsões lipídicas (EL): – EL 10% = 1,1kcal/ ml – EL 20% = 2kcal/ ml • Dosagem máxima: – 2g/kg/dia Resumo de Recomendações Nutricionais MACRONUTRIENTE PACIENTES GRAVES PACIENTES ESTÁVEIS Proteína 1,2 a 2g/kg/dia (Sobotka, 2010) 1,5g/kg/dia (ESPEN, 2006) ASPEN (2009): IMC < 30 = 1,2 a 2g;kg/dia IMC 30 a 40 = ≥ 2g/kg/dia IMC > 40 = ≥ 2,5g/kg/dia 0,8 a 1,2g/kg/dia Carboidrato VIG ≤ 3mg/kg/min VIG ≤ 5mg/kg/min Lipídeo 1g/kg/dia 1 a 2g/kg/dia Calorias Totais Fase AGUDA = 20 a 25 kcal/kg/diaFase ANABÓLICA: 25 a 30 kcal/kg/dia 30 a 35kcal/kg/dia Liquidos Quantidade necessária para fornecermacronutriente 25 a 40mL/kg/dia Relação Kcal não protéica/ g de nitrogênio • Em torno de 120 a 140 ou em torno de 150 (é a razão entre a soma das calorias do carboidratos + lipídeos e a quantidade em g de nitrogênio – g de ptn / 6,25) SITUAÇÃO PROBLEMA • A.M.S., sexo masculino, 40 anos, P = 70 kg, E = 1,80 m, PA = 120x80 mmHg, com diagnóstico de pancreatite aguda necrohemorrágica. Paciente com noradrenalina 0,2 μg/kg/min., com íleo metabólico e dificuldade de introdução de nutrição enteral. Encontra-se a 8 dias de jejum. Qual o tipo de terapia nutricional você indica? Prescreva-a. 11/11/2017 7 Passo-a-passo para Cálculo Nutrição Parenteral • 1O Passo: Estimar a Necessidade HÍDRICA: – 25ml x 70 (peso) = 1750ml/dia • 2O Passo: Estimar a Necessidade Energética: – Considerando recomendação – regra de bolso para Pacientes críticos fase inicial: • 25 a 30 kcal/kg/dia • GET = 25 x 70 (peso) = 1750 kcal • 3o Passo: Estabelecer a Necessidade Proteica: – Proteína: 1,3 x 70 = 91 g/dia 3o Passo: Estabelecer a Necessidade Proteica a) Proteína (15-20% energia total) 1 g - 4 kcal 91g - X X = 364kcal 1750 kcal - 100% 364 kcal - Y Y = 20,8 % • Solução de aminoácidos = 10 % 10 g - 100 ml 91 g - Z Z = 910 ml de solução 4o Passo: Estabelecer a Necessidade de Lipídeos b) Lipídeos (15-30% energia total) Decisão atual = 25% VET 1750 kcal- 100 % X - 25 % X = 437,5 kcal • Solução de lipídeos = 20 % 1 ml - 2 kcal Y - 437,5 kcal Y = 218,75ml (200ml) • Volume de Emulsão lipídica: – 200 ml = 400 kcal (22,8 %) 5o Passo: Estabelecer a Necessidade Glicídica c) CHO (50-60% energia total) 1750 – (364 + 400) = 986 kcal Aporte calórico de CHO = 986 kcal • Glicose 50 % 1g glicose - 3,4 kcal X - 986kcal X = 290g 50g - 100ml 290g - Y Y = 580ml (56,4 %) 11/11/2017 8 Cálculo da Velocidade de Infusão de Glicose (VIG) • Quantidade de carboidrato estimada (em miligramas) e o peso do paciente (em Kg) em um período de 24 horas de infusão. • Tempo em MINUTOS: – 24h – 1h = 60min – 24h = 1440min • Transformar gramas de glicose em miligramas: – Exemplo: • 290g de glicose X 1000 (mg) • 290.000mg de glicose VIG = glicose mg (peso em Kg) x 1440 (min 24h) VIG = 290g X 1000 (mg) 70 x 1440 VIG = 290.000 = 2,87mg/dL 100.800 6o Passo: Prescrever os Micronutrientes a) Vitaminas • Trezevit A e B: 5 mL de cada http://www.inpharma.com.br/imagens/bula _trezevit.pdf • Cerne 12: 5 mL http://ceqweb1.ceqnep.com.br/site/produc ao/composicoes/ba833b42cb5e990b79c4 e357b1520dee.pdf b) Minerais • Oligoelementos – oligotrat: 2 mL (01 ampola) – Composição: Zn, Cu, Mn, Cr • Eletrólitos: – de acordo com os níveis séricos – Recomendações Os multivitamínicos habitualmente utilizados em NP omitem a vitamina K, que deve ser ofertada separadamente em dose de 5mg/ 1x na semana ou diariamente na dose de 1mcg. Obs.: Vitaminas e oligoelementos são incompatíveis em uma mesma solução. Prescrição Final da Nutrição Parenteral Solução de Aa - 10%: 910 mL Solução de Glicose - 50%: 580 mL Emulsão de Lipídios - 20%: 200 mL Oligoelementos: 2 mL Polivitamínico A + B: 5 mL Cloreto de Potássio - 19,1%: 10 mL Cloreto de Sódio - 20%: 20 mL Fosfato de Potássio: 4 mL Sulfato de Mg 10%: 10 mL Gluconato de cálcio 10%: 10 mL Volume Total: 1755 mL Infusão mL/h: 75 mL/h Glutamina • Considerada essencial em pacientes catabólicos (stress); • Regula a homeostase de aminoácidos; • Precursora da glutationa – antioxidante celular; • Importante para o equilíbrio ácido-basico; • Fonte energética para enterócitos, colonócitos, fibroblastos e linfócitos; • Pode gerar precipitação, devendo ser armazenada em no máximo 2 dias, a 4º C; • Recomendação: 0,2 a 0,57g/ Kg/ dia. 11/11/2017 9 Planejamento e Evolução da TNP Macronutrientes 1º dia(1/3) 2º dia (2/3) 3º dia (Total) % Distribuição Calórica Proteína 300ml 600ml 910ml 20,8% Lipídeo 50ml 150ml 200ml 22% Carboidrato 190ml 380ml 580ml 56,4% Polivitaminico + Oligoelementos 61ml 61ml 61ml - Volume Total 601ml 1191ml 1751ml - Infusão 28ml/h 54ml/h 80ml/h - Como iniciar e finalizar a NPT • Iniciar abaixo da meta da taxa de infusão e aumentar o gotejamento a cada 2 a 3 dias. - Pacientes desnutridos e longos períodos em jejum: iniciar com 25ml/h, progredindo lentamente – prevenção da síndrome do roubo celular ou realimentação* • Finalizar reduzindo o gotejamento para metade por 1h e para ¼ na hora seguinte com posterior suspensão. Pacientes que já se encontram com aproximadamente 60% do VET VO ou NE. * Rápido influxo de fósforo e potássio para o interior da célula, levando a uma queda no plasma, também ocorre redução do Mg e intolerância à glicose – arritmias, morte súbita, confusão mental, IRpA, taquicardia, convulsões, alcalose metabólica, esteatose hepática, hiperglicemia, hipernatremia, coma, tremor muscular, tetania, etc. Modelos de algumas formulações “Padrão” de Nutrição Parenteral Fonte: Manual de Terapia Nutricional – Hospital de Clínicas UNICAMP - Grupo de Apoio Nutricional
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