Buscar

LEUCOSE ENZOÓTICA

Prévia do material em texto

LEUCOSE ENZOÓTICA
Mais um retrovírus, vírus da leucose bovina (BLV), é uma doença importante de bovinos há muito tempo já, foi descrita já fazem 150 anos, como uma doença que causava hipertrofia dos linfonodos superficiais e esplenomegalia. É um retrovírus, então o animal fica portador para o resto da vida, mas sabemos que na maioria das vezes a infecção é mais subclínica, sem alterações clinicas, mas mesmo não tendo essas manifestações, temos a Diminuição na expectativa de vida, queda na produção leiteira principalmente e suscetibilidade a outros agentes infecciosos.
A estimativa dos EUA em rebanho leiteiro, aonde a infecção endêmica é de 60 dólares/animal/ano de perda associada a essa doença, pensando na infecção subclínica as principais perdas são em 10% na produção leiteira e aumento das células somáticas, queda de 7% nas taxas de concepção. Quando tem a manifestação clinica tem a forma linfoproliferativa que é a tumoral que dá o nome da doença: “Leucose”, que é uma doença que cursa com malignidade (pequena parcela dos animais). A perda maior é em rebanho leiteiro, porque a prevalência dessa infecção é maior em rebanho leiteiro porque o manejo pode causar mais transmissão, mas acomete também gado de corte. 
	Etiologia 
Família Retroviridae, vírus da leucose bovina, pouco variável antigenicamente, é só um tipo, não tem variação, é estável. São vírus envelopados e que não sobrevivem muito tempo fora do hospedeiro (como todos os retrovírus que a gente conhece), quando tiver protegido por matéria orgânica pode ficar até 2sem a 4ºC. Facilmente inativado com um pouco de tempo em temperatura baixa. Ele não é um problema fora do hospedeiro, como todos os retrovírus.
	Epidemiologia 
A leucose enzootica bovina é mais um problema, como diarreia viral bovina e rinotraqueite infecciosa bovina que nos países onde a bovinocultura leiteira é bastante importante, tem programas de erradicação também, alguns já conseguiram erradicar. São programas voluntários, de iniciativa provada, não são do- governo. No brasil tem a infecção presente e a prevalência varia muito de propriedade para propriedade, de 8-52% são prevalências sorológicas. No brasil entre 10-67% das propriedades são positivas e dentro dessas positivas a prevalência pode ser bem baixa ou até a metade (de 8-50%). Quanto maior a prevalência, maior a incidência dos tumores nesses animais. 
A infecção acontece em qualquer faixa etária e em qualquer animal, tem que separar o que é doença do que é infecção de novo. A doença é a forma linfoproliferativa, que é a leucose, os tumores, a chance é muito maior em bovinos leiteiros a prevalência é maior, animais a partir de 2 anos com o pico da ocorrência dos tumores em animais de 5-8 anos de idade, mais uma razão por ser maior em rebanho leiteiro, pois os animais vivem mais e dá mais tempo de acontecer a doença. Grande parte é subclinico, pode acometer outras espécies também, búfalos, capivaras. E é o principal linfossarcoma de bovinos, é o mais comum, a primeira coisa que se pensa é a leucose. De fator predisponente tem a raça holandesa. 
São vírus de baixa transmissibilidade, no caso da leucose o vírus está no sangue do animal, então precisa ter transferência de sangue de um animal pro outro, é de baixa transmissibilidade mesmo assim porque está em baixar cargas no animal, o bovino infectado não tem muito vírus nele, então isso diminui a chance de transmitir o vírus para outro animal, por isso fica no máximo em torno de 50%. De forma iatrogênica, precisa de pouco sangue para fazer a transferência (agulhas e qualquer outra manipulação que misture sangue). Fora isso pode ter transmissão por tabanídeo-moscas (não importante), leite, sêmen ou monta. Mas a mais importante é a iatrogênica. Transplacentária pode acontecer, menos de 10% de chance de ocorrer, e ainda pode acontecer de passar por embrião.
A incubação é de 4-5 anos, animais apresentam com mais de 5 anos a doença. A morbidade é baixa e a infecção é de moderada a alta. A letalidade é de 100% quando tem a doença maligna. 
	
Patogenia
Esse vírus é introduzido principalmente de forma iatrogênica, faz viremia no animal de 2 semanas, nesse processo ele vai atingindo as células alvo dele- linfócitos B, um terço deles é infectado (caráter de baixa transmissibilidade- não são todas as células), um terço (30%) dos animais infectados desenvolvem linfocitose persistente, que é um aumento do nº de linfócitos que permanece alto por mais de 3 meses em números 3x maior que o normal ou mais, para saber isso teria que coletar sangue várias vezes do animal. Desses com linfocitose 1-5% desenvolve a forma maligna de leucose e ai vai ter linfomas. Clinicamente pode variar dependendo de onde acontece as tumorações, são tumores de origem linfoide (linfócitos) que acomete uma pequena parte dos animais infectados. Esse vírus infecta linfócitos B, se replica e fica ali, não sai da célula para infectar outras, por isso a baixa transmissibilidade, só infecta outras células quando tem células filhas. Tem linfomas multicêntricos, tímicos e cutâneos, são formas juvenis, com evolução clinica bastante rápida e bem esporádicos. Normalmente tem 1 infectado.
No grupo 1 são dados de 300 animais hospitalizados, e no grupo B mais de 1000 animais atendidos a campo com leucose. 
Linfoadenopatia é comum nos dois, é o que se espera. Os sinais neurológicos podem variar muito dependendo de onde os tumores se formam. Se tiver exoftalmia desconfiar de leucose, porque os órgãos linfoides aumentam de tamanho e empurram o olho para fora. Pode ter linfócitos anormais ou não. Edema submandibular, fraqueza, diarreia, pescoço inchado, aumento de linfonodos superficiais, tem bastante infiltração linfocitária e mastite pela perda de produção leiteira ou até agalactia, caquexia exacerbada. ** sinais bastante indicativos.
	Patologia 
A patologia depende também de onde os tumores se formaram. Aumento de linfonodos brancos e amarelados ao corte, por causa das células tumorais. Baço aumentado. Sangue mais aguado. Massas tumorais principalmente em rins, coração, abomaso, medula espinhal e útero, intestino também. Na histologia: proliferação e infiltração de linfócitos. 
	Diagnóstico 
Basicamente sorológico, como a maioria dos retrovírus, detecta anticorpo contra duas proteínas do vírus e a técnica utilizada é o IDGA, que é barata e aceitável. O animal demora aprox. 3 semanas para aparecer os anticorpos, mas alguns demoram até 60 dias, por garantia espera mais 3 meses para refazer o exame. Imunidade materna dura 6-7 meses, bezerros com mães positivas vão ter imunidade por muito tempo, nunca testa-los antes dos 6 meses para anticorpo. Fêmeas no fim da gestação dao resultados negativos nos testes sorológicos, no pré-parto. ELISA se tiver disponível pode ser, mas é difícil de ser encontrado, PCR do sangue, no caso de comercialização do animal, que dai a imunidade materna não vai se mostrar, só se necessário pq é mto caro. Pode fazer também biopsia de linfonodos para fazer histopatologia.
No brasil a produção de IDGA foi descontinuada ano passado, pararam de fazer, esse é o problema.
	Controle e profilaxia
Tem que fazer a sorologia de todos os animais para ver quem é positivo e descartar esses animais se for prevalência baixa, e se ela for alta a única forma de eliminar o problema é segregar o rebanho em positivos e negativos e maneja-los separados até que o rebanho se substitua. Depende da decisão do produtor. 
Bezerros pode testar antes de tomar o colostro, senão tem que esperar acabar a imunidade materna para testar. Avaliação sorológica a cada 6 meses para ver se está funcionando, utilizar materiais individuais e avaliar carga viral, mas na prática não se faz. Testar os animais adquiridos e quarentena por 8 semanas a 3 meses, para garantir. 
Não tem vacina.

Continue navegando