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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: (1) O QUE É DIREITO POSITIVO? É o conjunto de normas estabelecidas pelo poder político, que se impõe e regulam a vida social de um dado povo em determinada época. (2) O QUE É DIREITO NATURAL? É o conjunto de normas ou de princípios morais IMUTÁVEIS de dever-ser, consagrados ou não na legislação, de uma sociedade, visto que resultam da natureza das coisas, especialmente humanas, sendo, por isso, apreendido imediatamente pela inteligência como verdadeiros. (3) O QUE É DIREITO OBJETIVO? É o conjunto de normas jurídicas que regem o comportamento humano, de modo obrigatório, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação (o “mesmo” que direito positivo). (4) O QUE É DIREITO SUBJETIVO? O mais comum é dizer que o “direito subjetivo” é a permissão de fazer ou não fazer, de ter ou não ter alguma coisa, sem violação de preceito normativo (por exemplo, o direito de associação: se eu quiser (facultativo), posso participar de uma associação ou sindicato, mas não sou obrigado a fazê-lo). (5) DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO: I. Direito Público Interno: D. Constitucional; D. Administrativo; D. Tributário; D. Financeiro; D. Processual; D. Penal; e D. Previdenciário. II. Direito Público Externo: Direito Internacional que é público quando rege a relação entre ESTADOS; mas pode ser PRIVADO quando rege a relação do ESTADO com CIDADÃOS pertencentes a Estados diversos. III. Direito Privado: D. Civil; D. Empresarial; D. do Trabalho; e D. do Consumidor; (6) O QUE É ANALOGIA? É a aplicação, a um caso não regulado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, de uma prescrição normativa prevista para uma hipótese distinta. (7) O QUE SÃO PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO? São as ideias basilares e fundamentais do direito, que lhe dão apoio e coerência, respaldados pelo ideal de justiça, que envolve o direito. Seriam as ideias fundamentais de caráter geral dentro de cada área de atuação do direito. (8) NOVOS VALORES CIVÍS: Socialidade; Eticidade; e Operabilidade. (9) PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À NORMA JURÍDICA a) Publicidade; b) Territorialidade; c) Efeito Imediato; d) Continuidade; e) Incompatibilidade; TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: f) Irretroatividade. (10) HIERARQUIA DAS LEIS (de cima para baixo): I. Normas Constitucionais; II. Emendas Constitucionais; III. Tratado Internacional sobre Direitos Humanos; IV. Lei Complementar; V. Lei Ordinária; VI. Tratado Internacional; VII. Leis Delegadas; VIII. Medidas Provisórias; IX. Decretos Legislativos; X. Resoluções; XI. Normas Internas; (11) O QUE É EFEITO REPRISTINATÓRIO? É quando uma lei, aparentemente revogada, volta a vigorar. Em outras palavras, se uma Lei "A" é revogada por uma lei "B", e esta última vem a ser revogada por uma Lei "C", a Lei "A" somente volta a produzir efeitos se a Lei "C" expressamente assim o determinar. (12) O QUE É INSOLVÊNCIA CIVIL? A insolvência civil equivale à falência de quem não é empresário, ou seja, é a situação da pessoa física que possui mais dívidas do que poder econômico para saudá-las. (13) O QUE É ANTINOMIA? É a presença de duas normas conflitantes válidas e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual dela merecerá aplicação, em determinado caso complexo. O problema da antinomia pode ser solucionado por três critérios: 1. Cronológico: a lei mais nova sobrepõe a lei mais velha. 2. Especialidade: a lei que trata de um assunto específico deve se sobrepor à lei geral. (Por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor). 3. Hierárquico: a lei hierarquicamente superior sobrepõe à inferior. (14) O QUE É PESSOA? É o ente físico ou coletivo capaz de contrair direitos e obrigações. (15) O QUE É PERSONALIDADE? É a capacidade das pessoas de serem titulares de direitos e obrigações, independentemente do seu grau de discernimento e em razão de direitos que são inerentes à natureza humana e sua projeção para o mundo exterior. (16) O QUE É INCAPACIDADE? É a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: (17) O QUE É INTERDIÇÃO? É o ato judicial que declara (erga omnes = válido para todos) a incapacidade real e efetiva de determinada pessoa para a prática de certos atos da vida civil, na regência de si mesma e de seus bens, privada de discernimento. (18) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES: I. O menor de 16 anos; II. O deficiente mental, sem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil; III. Os que, mesmo por causa transitória (por exemplo, estado de coma; falta de controle emocional; perda de memória; etc.), não puderem exprimir sua vontade; (19) RELATIVAMENTE INCAPAZES: I. Os maiores de 16 e menos de 18 anos; II. Os ébrios habituais; III. Os viciados em tóxicos; IV. Os que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; V. Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; VI. Os pródigos. (20) QUANDO CESSA A INCAPACIDADE, PARA OS MENORES: I. Pela emancipação; II. Pelo casamento; III. Pelo exercício de emprego público EFETIVO; IV. Pela colação de grau em curso de ENSINO SUPERIOR; V. Quando o menor, com 16 anos COMPLETOS, tiver economia própria. (21) QUANDO TERMINA A EXISTÊNCIA DA PESSOA NATURAL? I. Com a morte. II. Com a morte presumida. III. Com a declaração de ausência. IV. Com a morte simultânea (ou comoriência). (22) MORTE PRESUMIDA: I. Presume-se a morte, QUANTO AOS AUSENTES, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva; II. Pode ser declarada a morte presumida, SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA: a) Quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o termino da guerra. (23) O QUE É COMORIÊNCIA? É quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião, não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro, presumindo-se, assim, simultaneamente mortos. (24) QUANDO COMEÇA A PERSONALIDADE JURÍDICA DA PESSOA NATURAL? Do nascimento COM VIDA (se respirar, ainda que morra logo em seguida, já se tornou sujeito de direitos). TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: Todavia vale lembrar que a lei põe a salvo, desde a CONCEPÇÃO, os direitos do nascituro (direito à vida, direito à filiação, direito à integridade física, à honra e à imagem; direito a alimentos, etc.). (25) DIFERENÇA ENTRE HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE: Na herança JACENTE não se conhece o herdeiro ou não há herdeiro legítimo ou testamentário. Tal herança possui caráter provisório, cuja função é encontrar os sucessores desta herança, visando proteger os bens deixados pelo “de cujus” (falecido). A herança será VACANTE quando os herdeiros lha renunciarem. O artigo 1.823 do Código Civil determina que “quando todos os chamados renunciarem à herança, esta será, desde logo declarada VACANTE”. (26) DISTINÇÃO ENTRE FALTA DE CAPACIDADE E FALTA DE LEGITIMIDADE: A falta de capacidade refere-se aos relativa e absolutamente incapazes. Já a falta de legitimidade é entendida um pouco diferente. Por exemplo, o impúbere (menor de 16 anos) que pleiteia o reconhecimento de paternidade TEM a CAPACIDADE de ser parte em um processo, mas NÃO TEM a LEGITIMIDADE (capacidade processual), pois precisará de um representante (seu responsável legal). Ou seja, ter legitimidade é ter a capacidade de propor a ação sem necessidade de um representante. Logo, FALTA de legitimidade é o mesmo que necessidade de um representante para propor a ação. (27) TUTELA E CURATELA: TUTELA é o encargo atribuído pela Justiça a um ADULTO CAPAZ, para que proteja, zele, guarde, oriente, responsabilize-see administre os bens de CRIANÇAS E ADOLESCENTES cujos pais são falecidos ou estejam ausentes até que completem 18 anos de idade. CURATELA é o encargo atribuído pelo Juiz a um ADULTO CAPAZ, para que proteja, zele, guarde, oriente, responsabilize-se e administre os bens de PESSOAS ADULTAS JUDICIALMENTE DECLARADAS INCAPAZES (incapacidade absoluta ou incapacidade relativa). a) Quem é o TUTOR e o que dele se espera? O tutor é o representante legal da cirança ou adolescente tutelado. É o tutor que administra o patrimônio (pensão, aluguéis, contratos...) do tutelado, suas despesas e dívidas e o representa nos atos da vida civil, tais como: matricula na escola ou cursos, autoriza viagens, autoriza internamentos hospitalares e cirurgias, etc; responsável também pela FUNÇÃO AFETIVA, anteriormente desempenhada pelos pais. b) Quem é o CURADOR e o que dele se espera? É o adulto capaz que se responsabiliza perante o Juiz pela pessoa do interditado, o representando e zelando por seus direitos e garantias fundamentais. Assim como o tutor, é ele quem administra os bens, pensão ou aposentadoria (caso o interditado possua), protege e vela pelo bem-estar físico, psíquico, social e emocional do interditado. (28) NOÇÃO DE DIREITOS PERSONALÍSSIMOS: Tratam de aspectos inerentes à dignidade da pessoa humana, prevista no Texto Constitucional, porém são disciplinados pelo Código Civil de 2002. (29) CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS PERSONALÍSSIMOS: Absolutos; Intransmissíveis; Indisponíveis; Irrenunciáveis; Ilimitados; Inexpropriáveis; e Imprescritíveis. TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: (30) CONCEITO DE DIREITOS DA PERSONALIDADE: “Direitos da personalidade dizem-se as faculdades jurídicas cujos objetos são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim da sua projeção essencial no mundo exterior.” (FRANÇA, 1988) É o direito de cada pessoa de defender o que lhe é próprio, como a vida, identidade, liberdade, privacidade, honra, opção sexual, integridade, imagem. “É o direito subjetivo de exigir um comportamento negativo de todos, protegendo um bem próprio, valendo-se de ação judicial.” (DINIZ, 2010). (30) DIREITOS FÍSICOS DA PERSONALIDADE: VIDA; INTEGRIDADE FÍSICA; DIREITO AO CORPO (Vivo ou Morto); DIEITO AO CADÁVER; IMAGEM; VOZ; HONRA; PRIVACIDADE. 30.1 Direito à vida: O direito à vida quer dizer também o direito de viver. O direito de ter meios de vida e subsistência. Daí nós veremos, mais adiante, o direito de trabalhar e ganhar, pelo menos, um salário mínimo, e o direito de viver com saúde. Isso porque uma maneira fácil de desrespeitar o direito à vida é deixando que alguém morra de fome, ou de doença. O direito à vida é tutelado desde o nascimento à velhice, passando pelos alimentos, planejamento familiar, habitação, educação, proteção médica, entre outros. 30.2 Direito à integridade física: Os direitos referentes à integridade física estão presentes no Código Civil Brasileiro/2002 nos artigos 13, 14 e 15: Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição PERMANENTE da integridade física, ou contrariar os BONS COSTUMES. Parágrafo único: O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único: O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida (o correto é risco de morte, mas transcrevi conforme está no CC), a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 30.3 Direito ao corpo: O direito ao corpo vivo compreende tudo aquilo relacionado ao corpo humano, desde o espermatozoide e o óvulo até a possibilidade de mudança de sexo. O direito ao corpo morto, por sua vez, diz respeito ao sepulcro, à cremação, ao culto religioso e às experiências cientificas post mortem (pós-morte). Também no Artigo 13 do Código Civil: Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição PERMANENTE da integridade física, ou contrariar os BONS COSTUMES. Parágrafo único: O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 30.4 Direito ao cadáver: A pessoa natural pode dispor livremente sob o que deseja para o futuro de seus restos mortais, podendo manifestar em vida o desejo de ser sepultado, cremado ou ainda conservado sob a técnica da criogenia (assim que uma pessoa morre, um funcionário da empresa de criogenia resfria o cadáver com gelo). TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: 30.5 Direito à imagem: é o direito de ninguém ver seu retrato exposto em público ou mercantilizado sem o seu consenso e de não ter sua personalidade alterada material ou imaterialmente, causando dano à sua reputação. A regra geral é que para que a imagem do indivíduo possa ser divulgada, tem que ter sua autorização. Todavia existem algumas hipóteses de exposição legais, ou seja, em que não há necessidade de autorização: a) Quando houver necessidade para administração da justiça; b) Para manutenção da ordem pública; c) Quando se tratar de pessoa notória (devendo a vida íntima ser preservada). d) Exercício de cargo público de destaque (por exemplo, Presidente da República); e) Atendimento à administração ou serviço da justiça ou de polícia; f) Garantir a segurança pública; g) Para atender ao interesse público, desde que tenha fim científico, cultural ou didático; h) Necessidade de resguardar a saúde pública; i) Imagem em que a figura é parte do cenário; j) Identificação compulsória ou imprescindível a algum ato de direito público; 30.6 Direito à voz: é aplicável à voz, a mesma regra do direito à imagem, todavia substituindo-se imagem por voz. Por exemplo, alguém vai a um determinado Studio Musical e faz a gravação de uma música sua apenas para fins particulares, porém o dono do Studio publica tal música na internet sem a autorização da pessoa. É vedada a publicação sem a anuência do suposto cantor. 30.7 Direito à honra (integra também os direitos psíquicos da personalidade): A honra é um atributo inerente à personalidade cujo respeito à sua essência reflete a observância do princípio da dignidade da pessoa humana. O inciso X, do Artigo 5º da CF/88, assegura o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. O pacto de São José da Costa Rica (Convenção Interamericana de Direitos Humanos), vigente em nosso país, reconhece a proteção à honra no art. 11, dispondo que “toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade”. O Código Civil de 2002 protege a honra nos termos seguintes: “Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais.” 30.8 Direito à privacidade: Sob esse rótulo abrangente, cabem os direitos da personalidade que resguardam de interferências externas os fatos da intimidade e da reserva da pessoa, que não devem ser levados ao espaço público. Incluem-se os direitos à intimidade, à vida privada, ao sigilo e à imagem. Exemplos de coisas privadas: a) Vida familiar; b) Sigilo bancário; c) Salário; d) Patrimônio (imposto de renda = segredo de justiça). e) Laudo médico; TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: f) Fatura de cartão de crédito; (31) DIREITOSPSÍQUICOS DA PERSONALIDADE: LIBERDADE; INTEGRIDADE PSÍQUICA; INTIMIDADE. 31.1 Direito à liberdade: O direito geral à liberdade é o direito de ser livre, desde o nascimento até à morte, o direito de não estar subjugado a outrem, o direito de ir e vir, salvo a restrição em virtude do cometimento de crime. Na história da humanidade, é direito relativamente recente, pois o vínculo à escravidão, à servidão, a estamentos, a corporações de ofício, a posições sociais em virtude do nascimento e equivalentes marcaram a trajetória de todos os povos. A privação ou a restrição indevida da liberdade dá ensejo à indenização compensatória por danos morais. Seguem abaixo, alguns exemplos de direito à liberdade expressos no Artigo 5º da CF/88: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; A Constituição garante, ainda, um remédio para o caso de o indivíduo sofrer ou se achar ameaçado de sofrer coação contra sua liberdade de ir e vir, chamado de HABEAS CORPUS, in verbis: “LXVIII - conceder-se- á "habeas corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”. 31.2 Direito à integridade física: direito pleno, contra tudo e todos. Garante o desenvolvimento mental saudável. Integridade da saúde mental. Qualquer tipo de pressão e agressão psicológica afeta a integridade psíquica. *Proibido por lei: lavagem cerebral; uso de máquina identificadora da verdade; tortura psicológica. Essas são ações proibidas por lei por afetarem a integridade psíquica da pessoa. O direito à integridade física tem por objeto a preservação da intocabilidade do corpo físico e mental da pessoa humana. Não se admite a agressão física e psicológica, nem se permite a mutilação do próprio corpo, salvo o que é renovável, como se dá com o corte dos cabelos e das unhas e a doação de sangue, ou de transplante de órgãos duplos ou de partes de órgãos, sem prejuízo das funções vitais. A proteção estende-se ao corpo morto, pois o transplante, ainda que para fins altruísticos, haverá de ser consentido. 31.3 Direito à intimidade: direito parcial. Direito à privacidade humana, vida privada (os elementos que compõem a vida privada de alguém formam a privacidade humana). É o direito de ficar só, de praticar atos que as pessoas não precisam saber e/ou ver. Resguardo. Ofensas à intimidade: a) Violação de domicílio alheio (salvo em caso de flagrante delito, para prestar socorro e por mandado judicial); b) Uso de drogas ou de meios eletrônicos para obrigar alguém a revelar atos de sua vida particular ou profissional; c) Emprego de binóculos; d) Instalação de aparelhos para captar fraudulentamente conversas ou imagens; TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: e) Desrespeito à dor pela perda de entes queridos; f) Situação indevassável de pudor (direito ao segredo); g) Divulgação de enfermidades; h) Segredo profissional; i) Segredo da vida amorosa; j) Violação do diário pessoal; (32) DIREITOS MORAIS DA PERSONALIDADE: HONRA; IDENTIDADE; DIREITO MORAL; DIREITO AO NOME; 32.1 Direito à identidade (ou ao nome): O direito à identidade pessoal significa direito a ter nome, que é absoluto e inato. O nome é composto de prenome e sobrenome. O prenome, simples ou composto, é individual, enquanto o sobrenome indica a procedência familiar. Inclui-se na direito ao nome a proteção do pseudônimo utilizado para atividades profissionais. De acordo com o Código Civil de 2002: Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 32.2 Direito Moral: A criação intelectual – especialmente, as obras literárias, científicas e artísticas; excluído o aproveitamento industrial ou comercial –da pessoa envolve dois aspectos distintos: os direitos patrimoniais do autor, de natureza econômica e são objetos de atos jurídicos, e os direitos morais do autor, que integram os direitos da personalidade do criador, dotados de todas as características referidas: intransmissibilidade, indisponibilidade, irrenunciabilidade, imprescritibilidade, inexpropriabilidade. Segundo a Lei nº 9.610, de 1998, são assim considerados os direitos à paternidade da obra, à nominação, ao ineditismo, à integridade ou intocabilidade da obra, à modificação, o de impedir a circulação, neste caso associado à reputação (honra) e à imagem. A utilidade econômica da obra pode ser negociada, mas nunca qualquer dos direitos morais do autor. 32.3 Direito à honra: vide Item 30.7. (33) DAS PESSOAS JURÍDICAS: 33.1 O que é Pessoa Jurídica? Pessoa Jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. 33.2 Teorias que lhe sustentam: 1) Teoria da ficção legal e da doutrina: a teoria da ficção legal, de Savigny, ao entender que só o homem é capaz de ser sujeito de direito, concluiu que a pessoa jurídica é uma ficção legal, ou seja, uma criação artificial da lei para exercer direitos patrimoniais e facilitar a função de certas entidades. Vareilles-Sommières varia um pouco esse entendimento, ao afirmar que a pessoa jurídica apenas tem existência na inteligência dos juristas, apresentando-se como mera ficção criada pela doutrina; 2) Teoria da equiparação: a teoria da equiparação, defendida por Windsheid e Brinz, entende que a pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento jurídico às pessoas naturais. É TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: inaceitável porque eleva os bens à categoria de sujeito de direitos e obrigações, confundindo pessoas com coisas; 3) Teoria orgânica: pela teoria da realidade objetiva ou orgânica, de Gierke e Zitelmann, há junto às pessoas naturais, que são organismos físicos, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência e vontade própria, distinta da de seus membros, tendo por finalidade realizar um objetivo social. Entretanto, essa concepção recai na ficção quando afirma que a pessoa jurídica tem vontade própria, porque o fenômeno volitivo é peculiar ao ser humano e não ao ente coletivo; e 4) Teoria da realidade das instituições jurídicas: a teoria da realidade das instituições jurídicas, de Hauriou, admite que há um pouco de verdade em cada uma dessas concepções. Como a personalidade humana deriva do direito (tanto que este já privou seres humanos de personalidade – os escravos, p. ex.), da mesma forma ele pode concedê-la a agrupamentos de pessoas ou de bens que tenham por escopo a realização de interesses humanos. A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o merecerem. Logo, essa teoria é a que melhor atende à essência da pessoa jurídica, por estabelecer, com propriedade, que a pessoa jurídica é uma realidade jurídica. 33.3 Pessoas jurídicas de Direito Público INTERNO: Segundo o Art. 41 do CC, as pessoas jurídicas de Direito Público interno são a União, os Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as associações públicas) e demais entidades de caráter público que a lei assim definir.33.4 Pessoas jurídicas de Direito Público EXTERNO: As pessoas jurídicas de Direito Público externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional Público, como no caso ONU (organização das nações unidas), OMC (organização mundial do comércio). 33.5 Pessoas Jurídicas de Direito Privado: No âmbito do Direito Privado, as pessoas jurídicas podem ser: associações, sociedades, fundações, organizações religiosas e partidos políticos. As associações se caracterizam pela reunião de pessoas com fins não lucrativos; já as sociedades, se caracterizam pelo intuito do lucro, podendo adotar vários regimes, como: sociedade por quotas de responsabilidade limitada, sociedade anônima, etc. Vale dizer que as sociedades podem ser simples ou empresárias. As sociedades simples exploram atividades intelectuais, científica, literária ou artística; já as sociedades empresárias, conforme o art. 966, são aquelas sociedades que desempenham uma atividade econômica voltada à produção, ou a circulação de bens e serviços. As fundações, por sua vez, surgem quando é atribuída a personalidade jurídica a determinado patrimônio, para realizar um determinado fim lícito. 33.6 Desconsideração da pessoa jurídica: A doutrina da desconsideração da pessoa jurídica visa impedir a fraude contra credores, levantando o véu corporativo, desconsiderando a personalidade jurídica num dado caso concreto, ou seja, declarando a ineficácia especial da personalidade jurídica para determinados efeitos, portanto, para outros fins permanecerá incólume (ileso). TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: (34) DOMICÍLIO 34.1 Conceito: É a sede jurídica da pessoa onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. Cumpre ressaltar que domicílio e residência podem ou não coincidir. A residência representa o lugar no qual alguém habita com intenção de ali permanecer, mesmo que dele se ausente por algum tempo. A chamada moradia ou habitação nada mais é do que o local onde o indivíduo permanece acidentalmente, por determinado lapso de tempo, sem o intuito de ficar (p. ex., quando alguém aluga uma casa para passar as férias). 34.2 Espécies de domicílio: Dispõe o art. 78 do Código Civil que "nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes". A disposição diz respeito ao: a) domicílio legal (ou necessário): é o domicílio geral que decorre de determinação legal. As hipóteses de domicílio legal estão previstas no art. 76 , CC ("têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso"). b) domicílio profissional: É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. c) domicílio voluntário: é o domicílio geral que decorre de ato de vontade, ou seja, do fato de o indivíduo estabelecer sua residência com ânimo definitivo, em um determinado ligar. d) domicílio de adesão; 34.3 Domicílio das pessoas jurídicas: Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Base: artigos 70 a 78 do Código Civil. (35) DOS BENS 35.1 Conceito: segundo Agostinho Alvim, “bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica”. Portanto, os bens são coisas, porém nem todas as coisas são bens. As coisas são o gênero do qual os bens são espécies. (36) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS a) Bens corpóreos: são coisas que têm existência material, como uma casa, um terreno, uma joia, um livro. b) Bens incorpóreos: não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas naturais ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou contra outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como: os direitos reais, obrigacionais, autorais. c) Bens imóveis (CC, arts. 79 a 81): são aqueles que não se podem transportar, sem destruição, de um lugar para outro. d) Bens móveis: são os que, sem deterioração na substância ou na forma, podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria ou estranha. e) Bens fungíveis (CC, art. 85): são fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. f) Bens infungíveis: são os que, pela sua qualidade individual, têm um valor especial, não podendo, por isso, ser substituídos sem que isso acarrete uma alteração de seu conteúdo, como um quadro de um pintor célebre. P. ex.: se houver compra e venda de um quadro “x” de Renoir, o vendedor está adstrito a entregá-lo, sem poder substituí-lo por um equivalente. g) Bens singulares (CC, art. 89): são os que, embora reunidos, se consideram de per si (por si, de modo individual), independentemente dos demais. h) Bens coletivos: são os constituídos por várias coisas singulares, consideradas em conjunto, formando um todo único, que passa a ter individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, que conservam sua autonomia funcional. i) Bens consumíveis (CC, art. 86): são os que terminam logo com o primeiro uso, havendo imediata destruição de sua substância (p. ex.: os alimentos, o dinheiro); j) Bens inconsumíveis: são os que podem ser usados continuadamente, possibilitando que se retirem todas as suas utilidades sem atingir sua integridade. Coisas inconsumíveis podem se tornar consumíveis se destinadas à alienação. P.ex: uma roupa é inconsumível, porque não se consome com o primeiro uso, mas nas lojas, colocada à venda, se torna consumível, pois se pretende fazer com que ela desapareça do acervo em que se integra. Nesta hipótese temos a consuntibilidade jurídica. k) Bens indivisíveis: a) por natureza, quando não puderem ser partidas sem alteração na sua substância ou no seu valor. P. ex: um cavalo vivo dividido ao meio deixa de ser semovente; b) por determinação legal, p. ex., o artigo 1.386 do Código Civil estabelece que “as servidões prediais são indivisíveis e subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a certa parte de um ou de outro”; l) Bens divisíveis (CC, art. 87): são os que podem ser fracionados em partes homogêneas e distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo, sem desvalorização ou diminuição considerável de valor e sem prejuízo do uso a que se destinam. P. ex.: se repartirmos uma saca de café, cada TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: metade conservará as qualidades do produto, podendo ter a mesma utilização do todo, pois nenhuma alteração de sua substância houve. (37) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 37.1 Bem principal (CC, art. 92): é o bem que existe sobresi, abstrata ou concretamente; 37.2 Bem acessório: cuja existência supõe a do principal: a) Frutos (CC, art. 95): são, no dizer de Clóvis Beviláqua, as utilidades que a coisa produz periodicamente, cuja percepção mantém intacta a substância do bem que as gera. Quanto à origem: naturais (quando se desenvolvem e se renovam periodicamente pela própria força orgânica da coisa) e industriais (quando devidos ao engenho humano). Quanto ao estado: consumidos (os que não mais existem); percipiendos (os que deviam ser, mas não foram percebidos); estantes (armazenados em depósito para expedição ou venda); percebidos (se já separados); e pendentes (quando ligados à coisa que os produziu). b) Produtos (CC, art. 95): são utilidades que se podem retirar da coisa, alterando sua substância, com a diminuição da quantidade até o esgotamento, porque não se reproduzem periodicamente. P. ex.: pedras de uma pedreira, metais preciosos de uma mina, petróleo de um poço. c) Rendimentos: são os frutos civis (CC, arts. 1.215 e 206, § 3º, III) ou prestações periódicas, em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem que uma pessoa concede a outra. P. ex.: se alguém alugar uma casa, terá um rendimento, que é o aluguel. d) Acessões (CC, art. 1.248): acessões naturais que são os acréscimos decorrentes de fatos eventuais e fortuitos; e acessão artificiais (construção e plantação), que são obras que criam coisa nova, que se adere à propriedade anteriormente existente. e) Pertença (CC, art. 93): imóvel por acessão intelectual; imóvel por acessão física artificial (se for uma quadra de tênis ou piscina, em local distante daquele em que está situado o hotel, mas a ele pertencentes por assento e averbação no Registro de Imóveis); e imóvel por natureza (se, p. ex., for uma floresta nativa, separada de um hotel, que registrou termo de responsabilidade pela sua preservação, servindo de atração turística aos seus hóspedes). f) Partes integrantes: são consideradas imóveis por acessão física artificial, se forem móveis ligados a um imóvel. Trata-se da acessão que designa aumento, justaposição, acréscimo ou aderência de uma coisa a outra. g) Benfeitorias (CC, art. 96): são as obras ou despesas que se fazem em bem móvel ou imóvel para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo; úteis (as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. P. ex.: instalação de aparelhos hidráulicos ou sanitários modernos); necessárias (têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. P. ex.: reforço das fundações de um prédio); e voluptuárias (de mero deleito ou recreio, que não aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. P. ex.: construção de quadra de tênis ou de piscina numa casa particular; TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – RESUMÃO Por: REFERÊNCIAS: http://www.civel.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9 http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/dh/estaduais/pb/cartilhapb/31_direitovida.html http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA1AsAC/direitos-personalidade http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11017 http://jus.com.br/artigos/4445/danos-morais-e-direitos-da-personalidade http://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=6412 http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/209440/as-especies-de-domicilio http://www.normaslegais.com.br/guia/domicilio.htm
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