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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Denise de Paula Andrade O ENSINO - REFLEXÃO SOBRE A METODOLOGIA APLICADA AINDA SOBRE A METODOLOGIA METODOLOGIA ATIVA O QUE É DIREITO??? • www.menti.com INTRODUÇÃO • CONCEITO DE DIREITO : • Origina-se a palavra “direito” do latim directum , significando aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. • Definição de direito para Radbruch (Introducción a La filosofia Del derecho, p. 47): citado por Washington de Barros Monteiro: segundo o qual direito “é o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social”. • Para Carlos Roberto Gonçalves (Direito Civil Brasileiro, Vol 1, p. 21): “Direito é a ciência do “dever ser”. - Regras de conduta – convívio social – limites O QUE É DIREITO CIVIL??? • TENTATIVA CONCEITUAL • www.menti.com CONCEITO DE DIREITO CIVIL • Direito civil: é o direito comum, o que rege a relação entre os particulares. • - rege as relações da vida cotidiana • - relações pessoais e patrimoniais • - desde a concepção ou antes dela – até post mortem • É um ramo do Direito que trata do conjunto de normas reguladoras dos direitos e obrigações de ordem privada concernente às pessoas, aos seus direitos e obrigações, aos bens e às suas relações, enquanto membros da sociedade. HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO CIVIL • IDADE MÉDIA • - Corpus Juris Civilis : Justiniano • --Código --Digesto ou Pandectas : compilação de fragmentos de jurisconsultos clássicos --Institutas: manual escolar que servisse aos estudantes como introdução ao direito compendiado no Digesto. --Novelas : novas leis Obs: concorrência com o direito germânico e com o direito canônico • DIREITO ROMANO E O DIREITO CIVIL BRASILEIRO • - base do direito civil português • - Ordenações Afonsinas 1446 • - Ordenações Manuelinas – início século XVI • - Ordenações Filipinas 1603 • BRASIL COLONIAL : leis portuguesas • INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: 1822 : manutenção das Ordenações Filipinas • Esboço do Código Civil : 1858 : Teixeira de Freitas • Projeto: Coelho Rodrigues • Projeto Clóvis Beviláqua: 1900 – aprovação 1916 • Evolução social – leis especiais : Estatuto da mulher casada, Lei do Divórcio, ECA, União estável • Projeto 634/75 • Código Civil de 2002: manteve a estrutura do CC/16 – modelo germânico : Parte Geral e Parte Especial – Coordenação Miguel Reale ESTRUTURA DO CÓDIGO CIVIL /2002 • PARTE GERAL: que identifica os elementos da relação jurídica de direito civil, sendo: • Livro I – DAS PESSOAS: (elemento subjetivo da relação jurídica) identifica o sujeito de direito: aquele que integra um dos pólos da relação jurídica: Título I - Das Pessoas Naturais e Título II- Das Pessoas Jurídicas e Título III – Do Domicílio • Livro II – DOS BENS: (elemento objetivo da relação jurídica): identifica o objeto da relação jurídica : os bens e suas classificações • Livro III – DOS FATOS JURÍDICOS: identifica as características das relações jurídicas : Título I – Do Negócio Jurídico; Título II – Dos atos jurídicos Lícitos ; Título III – Dos atos ilícitos; Título IV – Da Prescrição e da Decadência; Título V – Da Prova • PARTE ESPECIAL: identifica as próprias relações jurídicas, as especificidades • Livro I – DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: Título I – Das Modalidades das Obrigações; Título II – Da Transmissão das Obrigações ; Título III – Do Adimplemento e Extinção das Obrigações; Título IV – Do Inadimplemento das Obrigações; Título V – Dos Contratos em Geral; Título VI – Das Várias Espécies de Contrato; Título VII – Dos atos Unilaterais; Título VIII – Dos Títulos de Crédito; Título IX – Da Responsabilidade Civil ; Título X – Das Preferências e Privilégios Creditórios • Livro II – DO DIREITO DE EMPRESA: Título I – Do Empresário; Título II – Da Sociedade; Subtítulo I – Da Sociedade não Personificada; Subtítulo II – Da Sociedade Personificada; Título III – Do Estabelecimento; Título IV – Dos Institutos Complementares • Livro III – DO DIREITO DAS COISAS: Título I – Da posse; Título II – Dos Direitos Reais; Título III – Da Propriedade; Título IV – Da Superfície; Título V – Das Servidões; Título VI – Do Usufruto; Título VII – Do Uso; Título VIII – Da Habitação; Título IX – Do Direito do Promitente Comprador; Título X – Do Penhor, da Hipoteca e da Anticrese • LIVRO IV- DO DIREITO DE FAMÍLIA: Título I – Do Direito Pessoal ; Subtítulo I – Do Casamento; Subtítulo II – Das Relações de Parentesco; Título II – Do Direito Patrimonial; Subtítulo I – Do Regime de Bens entre os Cônjuges; Subtítulo II – Do Usufruto e da Administração dos Bens dos Filhos Menores; Subtítulo III – Dos Alimentos; Subtítulo IV – Do Bem de Família; Título III – Da União Estável; Título IV – Da Tutela e Curatela • LIVRO V – DO DIREITO DAS SUCESSÕES : Título I – Da Sucessão em Geral; Título II – Da Sucessão Legítima; Título III – Da Sucessão Testamentária; Título IV – Do Inventário e da Partilha; • LIVRO COMPLEMENTAR: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS • PRINCÍPIOS BASILARES DO CC/02 • - PRINCÍPIO DA ETICIDADE • - PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE • - PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE DIREITO CIVIL E CF /88 • Direito Civil Constitucional: estuda o direito privado à luz das regras constitucionais. A expressão direito civil-constitucional apenas realça a necessária releitura do Código Civil e das leis especiais à luz da Constituição, redefinindo as categorias jurídicas civilistas a partir dos fundamentos principiológicos constitucionais, da nova tábua axiológica fundada na dignidade da pessoa humana (art. 1o, III), na solidariedade social (art. 3o, III ) e na igualdade substancial (art. 3o, e 5o.). • Eficácia horizontal imediata dos direitos fundamentais: teoria da aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas. As normas definidores dos direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata , com a concreta proteção da dignidade da pessoa humana e de outros valores constitucionais. APRENDENDO A TRABALHAR COM A LEGISLAÇÃO OBSERVAÇÃO: ÍNDICE DA LEGISLAÇÃO • - ÍNDICE SISTEMÁTICO (OU SUMÁRIO) • - ÍNDICE REMISSIVO (OU ALFABÉTICO) • “De fato, o índice sistemático funciona como um mapa, que facilita a navegação pelo usuário, auxiliando-o a localizar um tópico dentro de um contexto, ao contrário do índice remissivo, em que esse tópico já é conhecido pelo interessado. • Você apreende a manusear o Código: vai conhecê-lo por dentro, não apenas vai encontrar o artigo que procura, mas vai trilhar através de determinado título, capítulo ou seção. Ao fazer isso, você sempre se dará conta de algum outro dispositivo relacionado e tem a oportunidade de repassar toda aquela seção, que vai lhe acrescentar conhecimento e confiança. Isso leva a um aprendizado e reforço de memória constantes.” • http://www.soleis.com.br/L10406.htm • http://www.lex.com.br/legis_3284249_INDICE _REMISSIVO__LEI_N_10406_2002.aspx TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 25 ATIVIDADE • - UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DO CÓDIGO CIVIL • - DE ONDE VIEMOS, ONDE ESTAMOS E PARA ONDE IREMOS... • - APONTAMENTO DOS ARTIGOS QUE SERÃO TRABALHADOS NESSE SEMESTRE : • TEORIA GERAL DOS CONTRATOS INTRODUÇÃO DA MATÉRIA DO SEMESTRE: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS TRILHA SONORA • https://www.youtube.com/watch?v=FljqCn6c ad8 CONCEITO DE CONTRATO • Conceito de contrato: o contrato constitui o acordo de vontades, um negócio jurídico bilateral ou plurilateral celebrado para criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações de conteúdo patrimonial entre as partes. • - tradicional • - VAMOS REFLETIR??? • http://www.ceap.br/material/MAT2103201102613.pdf APONTAMENTOS •CONTRATO •Amparado em valores constitucionais •Pode gerar efeitos peranteterceiros – eficácia externa do contrato •Pode envolver um conteúdo existencial, relativo a direitos da personalidade Conceito contemporâneo de CONTRATO • “Constitui a relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiros.” • NALIN, PAULO. Do contrato: conceito pós moderno. • “Um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais, convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não fazer), e bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa fé objetiva e do superior princípio da função social.” • GAGLIANO, Pablo Stolze. Direito Civil. Contratos: Teoria Geral • NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO: – Posicionamento dos contratos na classificação dos fatos jurídicos: 33 34 •Fatos Jurídicos em sentido amplo •Fatos Jurídicos em sentido estrito ou Fatos Naturais (decorrem de simples manifestação da natureza) •Fatos Naturais Ordinários (nascimento e morte, e a maioridade, o decurso do tempo) •Fatos Naturais Extraordinários (em geral, caso fortuito e força maior: terremoto, raio, tempestade, furacão) •Atos Jurídicos em sentido amplo ou Fatos Humanos (decorrem da atividade humana) 35 •Fatos Jurídicos em sentido amplo •Fatos Naturais ou Fatos Jurídicos em sentido estrito •Fatos Humanos ou Atos Jurídicos em sentido amplo (decorrem da atividade humana. São ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos) •Atos lícitos (Praticados em conformidade com o ordenamento jurídico) •Ato Jurídico em sentido estrito ou meramente lícito •Negócio Jurídico •Atos ilícitos (praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurídico) 36 •Atos lícitos •Ato Jurídico em sentido estrito ou meramente lícito (o efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei). • Ex: reconhecimento voluntário de paternidade, fixação de domicílio, notificação, intimação, confissão. •Negócio Jurídico (a ação humana visa diretamente a alcançar um fim prático permitido na lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. Efeitos podem estar previstos em lei, mas também são escolhidos por ato voluntário, de vontade) . • Ex: venda e compra de um carro, locação, doação (precisa da aceitação do donatário), testamento (é a vontade do testador, dentro dos 50% se não tiver herdeiros necessários), casamento (pode escolher o regime, pode fazer pacto-nupcial). • PORTANTO, LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO A CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS, QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO??? – O CONTRATO POSSUI NATUREZA JURÍDICA DE NEGÓCIO JURÍDICO 37 • CONTRATO COMO FONTE DE OBRIGAÇÕES: 38 39 Fonte das obrigações Imediata Mediata Lei Atos jurídicos negociais (negócio jurídico): Efeitos podem estar previstos em lei, mas também são escolhidos por ato voluntário, de vontade. Ex: compra e venda. Atos jurídicos stricto sensu: o efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei. Ex: reconhecimento voluntário de paternidade. Atos Ilícitos Contratos Contratos e o cotidiano • Comprar pão -> contrato de compra e venda • Alugar um carro -> contrato de locação • Emprestar um livro -> contrato de comodato • Deixar o carro no estacionamento do shopping -> contrato de depósito • Pegar um ônibus -> contrato de transporte 40 • O CONTRATO É UM INSTITUTO DE DIREITO CIVIL QUE TEM PRESENÇA MARCANTE E FREQUENTE NO COTIDIANO SOCIAL!! • - Mas como começou? Como era? Como evoluiu? 41 Evolução Histórica • No Direito Romano, as Convenções nasciam da vontade: de um lado, o contrato, que tinha força obrigatória e era garantida por ações em juízo, e, de outro lado, o pacto, que não era obrigatório, criava uma obrigação natural e não era garantido pelo direito de ação. Filho de família escrava só contraía obrigações naturais. • Com o direito canônico, durante a Idade Média, o contrato se firmou, assegurando à vontade humana a possibilidade de criar direitos e obrigações -> surge o pacta sunt servanda (o acordo faz lei entre as partes). • No Código Napoleão (1804), o contrato era um mero instrumento para adquirir propriedade. • O Código Civil alemão (1900) considerou o negócio jurídico como uma categoria geral e o contrato como uma espécie de negócio jurídico. O contrato passou a ser um veículo de transferência da propriedade, mas que não a transfere automaticamente. • Com a Revolução Industrial, a partir do Séc. XIX, consagrou-se a ideia de autonomia privada nos contratos, as pessoas tinham liberdade para contratar. • Atualmente, convenção, contrato e pacto são tratados como sinônimos. • DO INÍCIO DOS TEMPOS AO CONTRATO DE ADESÃO (contratos de cartões de crédito, de fornecimento de água, luz, telefone fixo e celular, de seguro, de transporte aéreo, terrestre ou marítimo, de financiamento habitacional, de consórcio, de franquia, de serviços de internet, de TV a cabo, de locação em shopping center, de concessão de serviços públicos...) • - Reflexão • - Aspectos positivos e negativos dos contratos de adesão – maioria na atualidade 43 • “Que há de contratual neste ato jurídico? É na realidade a expressão de autoridade privada. O único ato de vontade do aderente consiste em colocar-se em situação tal que a lei da outra parte venha a se aplicar. (...) o aderente é levado a isso pela imperiosa necessidade de contratar.´(...) A não ser que não viaje, não faça seguro, que não gaste água, gás ou eletricidade, que não use de transporte comum (...)” • Georges Ripert, A Regra Moral nas Obrigações Civis. 44 • “Vemos, portanto, que a nocividade desta figura contratual está muito mais ligada ao abuso desta técnica de contratação do que propriamente à sua dinâmica de elaboração, que, como visto, tornou-se necessária em uma sociedade massificada como a nossa, sem prejuízo, porém, da coexistência, em menor escala, de situação fáticas em que a igualdade material das partes impõe o reconhecimento da aplicação de preceitos disciplinadores tradicionais da autonomia privada.” • Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho 45 Princípios do Direito Contratual 46 47 Princípios Clássicos do Direito Contratual Autonomia da vontade Consensualismo Relatividade dos efeitos do contrato Obrigatoriedade das convenções Princípio da Autonomia da Vontade • Desde o Direito Romano, as pessoas são livres para contratar. • Contratantes podem estabelecer os seus próprios interesses por meio do acordo de suas vontades. • Uma obrigação que se origina de um contrato faz lei entre as partes, passa a ter a mesma força que uma obrigação legal, e garante aos contratantes o direito de exigir o seu cumprimento. 48 Ampla liberdade contratual Direito de escolher com quem contratar Direito de contratar ou não contratar Direito de escolher o conteúdo do contrato Direito de celebrar contratos nominados ou inominados. • Contrato típico -> está regulado na lei, e suas características e requisitos estão definidos legalmente. • Contrato atípico -> acordo entre as partes que não está tipificado, regulado na lei. 49 Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. (...) Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Limitações à Liberdade Contratual •Faculdade de contratar se quiser: •Liberdade relativa •A vida em sociedade obriga as pessoas a contratarem o tempo todo. •Ex: licenciamento de veículo é condicionadoà celebração do seguro obrigatório. •Ex: CDC determina que fornecedor de produtos e serviços não pode recusar demandas dos consumidores. •Faculdade de contratar com quem quiser: •Liberdade relativa •Nem sempre se pode escolher com quem contratar. •Ex: nos casos de monopólios de serviços públicos (luz, água). •Faculdade de contratar sobre o que quiser: •Liberdade relativa •As cláusulas gerais, principalmente a função social do contrato e a boa-fé objetiva, limitam o conteúdo do contrato. •A lei define algumas regras contratuais •Ex: contrato de adesão. •Ex: contrato de inquilinato. 50 Autonomia da vontade: o agente tem a liberdade de praticar um ato jurídico, determinando-lhe o conteúdo, a forma e os efeitos. versus Autonomia privada: o particular pode criar, nos limites legais, normas jurídicas. O QUE PREVALECE ATUALMENTE!) 51 Princípio do Consensualismo • Para o aperfeiçoamento do contrato, basta o acordo de vontades. • Contrato resulta do consenso, independente da entrega da coisa. • “os bois se prendem pelos chifres e os homens pelas palavras” -> força e respeito às palavras, do consenso entre os homens. • A lei deve, em princípio, se abster de estabelecer solenidades e formas para qualificar o acordo, pois o consenso entre as partes já é suficiente para o aperfeiçoamento do contrato. 52 • Ex: compra e venda está perfeita e acabada desde o momento em que o vendedor aceitar o preço, independente da entrega da coisa. O pagamento e a entrega são relativos à fase do cumprimento das obrigações assumidas no contrato. 53 Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. • Regra geral, contratos são consensuais (aperfeiçoam-se pelo consenso), mas alguns contratos são reais (aperfeiçoam-se pela entrega da coisa. ex: contrato de depósito, comodato e mútuo só se aperfeiçoam com a entrega do bem). 54 Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato • Os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes que manifestaram a sua vontade e se vincularam ao seu conteúdo, não devendo afetar terceiros e seus patrimônios. • Ninguém pode se tornar credor ou devedor contra a sua vontade. • O contrato não produz efeito com relação a 3ºs, exceto nos casos previstos em lei. 55 • Há contratos que estendem efeitos a outras pessoas. Ex: contrato coletivo de trabalho. Ex: lei do inquilinato protege os membros da família quando o titular do contrato locatício falece ou abandona o imóvel. Ex: Fabricante responde por vício do produto. 56 RELATIVIDADE E FUNÇÃO SOCIAL • O Código Civil de 2002 aderiu à Função Social do Contrato, e o contrato deixou de ser apenas um instrumento de satisfação de interesse pessoais para atender também ao interesse da sociedade. • Interesse da coletividade prevalece sobre interesse pessoal. 57 • A função social do contrato abrandou o princípio da relatividade dos efeitos do contrato. • Enunciado 21 da I Jornada de Direito Civil: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito”. • Atualmente, 3ºs que não são parte do contrato podem nele influir, se forem direta ou indiretamente atingidos. Ex: distribuição de amostras grátis de bebida alcoólica em frente ao Alcoólatras Anônimos. Ex: Locação de terreno para armazenamento de lixo tóxico sem tratamento. 58 Princípio da Obrigatoriedade das Convenções • Princípio da Intangibilidade dos Contratos ou Princípio da Força Vinculante dos Contratos. • Pacta sunt servanda -> o contrato faz lei entre as partes. • Ninguém é obrigado a contratar, mas se contratar, deve cumprir o avençado entre as partes. • O princípio da força obrigatória dos contratos significa a irreversibilidade da palavra empenhada. • Intangibilidade -> qualquer modificação ou revogação deve ser bilateral. • O inadimplemento confere à outra parte o direito de obrigar judicialmente ao cumprimento ou a indenização pelas perdas e danos. 59 • Esse princípio se fundamenta: a) Na necessidade de segurança nos negócios, para que as pessoas possam se sentir seguras. b) Na intangibilidade ou imutabilidade do contrato, pois o acordo faz lei entre as partes. • A limitação a esse princípio ocorria pelo caso fortuito ou força maior. 60 • Verificando-se que algumas situações contratuais se tornavam insustentáveis (com a exploração dos economicamente mais fracos pelos mais poderosos), compreendeu-se que não se podia falar em absoluta obrigatoriedade dos contratos se não havia absoluta liberdade contratual entre as partes. • O Estado passou a intervir nos contratos, seja para proteger direito coletivo, seja para ajustar desequilíbrios entre as partes, suavizando o princípio da obrigatoriedade. • Excepcionalmente, há a possibilidade de intervenção judicial para corrigir desequilíbrios nos contratos. 61 • Mas o princípio da obrigatoriedade dos contratos permanece. • Deve-se, porém, observar a equidade, o equilíbrio contratual, a boa-fé objetiva e a função social do contrato. 62 63 Princípios Modernos do Direito Contratual Supremacia da ordem pública Boa-fé objetiva Função social Revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva Princípio da Supremacia da Ordem Pública • Liberdade contratual encontra limitação na ordem pública. • Interesse da sociedade deve prevalecer sobre interesses individuais • Ampla liberdade de contratar provocava desequilíbrios e exploração dos economicamente mais fracos. • Supremacia da ordem pública, da moral e dos bons costumes. • Ordem pública -> conjunto de interesses jurídicos e morais que a sociedade deve preservar. • Bons costumes -> observância das normas de convivência, padrão de conduta social. 64 • Há intervenção do Estado para verificar caso a caso. • Princípios de ordem pública não podem ser alterados pelas partes. • Normas de ordem pública: casamento, filiação, adoção, alimentos, sucessão testamentária, organização política e administrativa do Estado, preceitos fundamentais do direito do trabalho etc. 65 Art. 2.035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. Boa-fé objetiva e probidade • Ética nos Contratos. • Probidade -> honestidade de proceder e cumprir todos os deveres que são atribuídos à pessoa. PRECEITO DE ORDEM PÚBLICA • Contratantes devem agir com retidão, probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum, dentro dos usos e costumes do lugar. 66 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Boa-fé e seus deveres • Deveres acessórios e inerentes ao negócio jurídico: dever de cuidado, de respeito, de transparência, de honestidade, de informar a outra parte, de colaboração, confiança e razoabilidade. – SOB PENA DE VIOLAÇÃO DO CONTRATO – INADIMPLEMENTO 67 Boa-fé subjetiva x Boa-fé objetiva •Boa-fé subjetiva: •O intérprete deve considerar a intenção do sujeito, sua íntima convicção. •Conhecimento ou ignorância da pessoa relativamente a certos fatos. •Manifestante da vontade crê que sua conduta é correta. •Ex: contrato de mútuo com juros abusivos. •Boa-féobjetiva: •Não basta ter boa intenção. •Todos devem se comportar de boa-fé nas suas relações jurídicas. •É uma norma de conduta, um dever de agir de acordo com os padrões sociais. •Há um padrão de conduta comum, do homem médio, naquele caso concreto. •É a referência para análise do contrato. 68 Hoje adota-se a boa-fé objetiva 69 Funções da Boa-fé Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. • Função de interpretação: efeito escudo protege aquele que está de boa-fé, que tem uma interpretação mais favorável. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. • Função de integração: exige-se um dever de conduta, sendo que a boa-fé objetiva se aplica a todas as fases contratuais, mesmo na fase pré e pós contratual. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. • Função de controle: aquele que viola a boa-fé objetiva comete abuso de direito. Cláusulas abusivas serão nulas por ilicitude do objeto. Casos com aplicação dos deveres anexos da boa-fé objetiva • “CASO DOS TOMATES”: Empresa CICA: essa empresa distribuía sementes a pequenos agricultores gaúchos sob a promessa de lhes comprar a produção futura. Isso ocorreu diversas vezes, o que gerou uma expectativa quanto à celebração do contrato de compra e venda da produção. Até que a CICA distribuiu as sementes e não comprou a produção. Os agricultores ingressaram com demandas indenizatórias, alegando a quebra da boa-fé, mesmo não havendo qualquer contrato escrito. (fase pré-contratual) 70 • SÚMULA 308 DO STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior a celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel. • - constituição de hipoteca pelo construtor que faz empréstimo: dá em garantia as unidades adquiridas por terceiros (fase contratual) 71 • CREDOR TEM O DEVER DE RETIRAR O NOME DO DEVEDOR DO CADASTRO DE INADIMPLENTES APÓS ACORDO OU PAGAMENTO DA DÍVIDA (fase pós contratual) 72 Função de controle • Proibição de venire contra factum proprium non potest ou Teoria dos atos próprios: determinada pessoa não pode exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento antes assumido, com conduta incoerente com seus próprios atos anteriores. • STJ: “havendo real contradição entre dois comportamentos, significando o segundo quebra injustificada da confiança gerada pela prática do primeiro, em prejuízo da contraparte, não é admissível dar eficácia à conduta posterior”. • Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil: A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil) 73 Abuso da posição jurídica -> deve haver uma proteção da confiança. Exemplos: • Promessa de compra e venda. Consentimento da mulher. Atos posteriores. Venire contra factum proprium. Boa-fé. A mulher que deixa de assinar o contrato de promessa de compra e venda juntamente com o marido, mas depois disso, em juízo, expressamente admite a existência e validade do contrato, (...) e nada impugna contra a execução do contrato durante mais de 17 anos, tempo em que os promissários compradores exerceram pacificamente a posse sobre o imóvel, não pode depois se opor ao pedido de fornecimento de escritura definitiva. Doutrina dos atos próprios. (...) STJ, Resp 95.539/SP 74 • Dano moral. Responsabilidade civil. Negativação no Serasa e constrangimento pela recusa do cartão de crédito, cancelado pela ré. Caracterização. Boa-fé objetiva. Venire contra factum proprium. Administradora que aceitava pagamento das faturas com atraso. Cobrança dos encargos da mora. Ocorrência. Repentinamente invocam cláusula contratual para considerar o contrato rescindido, a conta encerrada e o débito vencido antecipadamente. Simultaneamente providencia a inclusão do nome do titular no Serasa. Inadmissibilidade. Inversão do comportamento anteriormente adotado e exercício abusivo da posição jurídica. Recurso provido. TJ/SP Ap. cível 174.305-4/2-00 75 •Suppressio: •quando um direito não é exercido durante um certo tempo não poderá mais ser exercido;renúncia tácita de um direito pelo seu não exercício com o passar do tempo •Ex:pagamento fora do local estabelecido no contrato: o credor não pode exigir depois o pagamento no local contratual Art. 330 •Surrectio: •quando um direito é exercido durante um certo tempo nasce um direito pela contínua prática de certos atos. •Ex: contínua distribuição de lucros da sociedade para seus empregados em desacordo com seu estatuto pode gerar o direito de continuar recebendo no futuro. •Art. 330 •Tu quoque: •não se pode exigir do outro o cumprimento de norma legal ou contratual que a própria pessoa descumpriu. Não se pode fazer com o outro o que não faria contra si mesmo. •Ex: condômino que deposita móveis em área comum violando o estatuto não pode exigir dos outros que não o façam. •Ex: o contratante não pode deixar de cumprir o contrato, com base na exceção do contrato não cumprido, se dá causa ao inadimplemento da parte contrária 76 Função de controle Função Social do Contrato 77 Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. • Contrato é uma forma de circulação de riquezas e obtenção de fins comuns, mas a concepção social é um dos pilares do Direito Contratual. • Código Civil de 2002 adotou o princípio da socialidade -> prevalência dos interesses coletivos frente aos interesses individuais, prevalência de princípios condizentes com a ordem pública. • Aquele que concretiza e que interpreta o contrato, deve observar se o contrato atinge a sua função social. • A função social prevalece sobre os princípios da autonomia da vontade e da obrigatoriedade contratual. Há uma limitação da autonomia da vontade quando ela confronta com o interesse social. 78 •Relação entre as partes: •contexto interno do contrato, não existência de cláusulas abusivas. Não pode haver um grande desequilíbrio entre as partes: onerosidade excessiva para um e enriquecimento excessivo para outro. Ex: contrato de sociedade advocatícia, onde um sócio recebe todo o lucro e o outro sócio todo o custo. •Relação dos contratantes com 3ºs: •contrato não pode ser fonte de prejuízo para a sociedade. 3ºs que não são partes do contrato podem nele influir caso sejam direta ou indiretamente atingidos. Ex: distribuição de amostras grátis de bebida alcoólica em frente ao Alcoólatras Anônimos. Locação de terreno para armazenamento de lixo tóxico sem tratamento. A função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade – distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social. O contrato deve ser bom para as partes e para a sociedade de um modo geral. • A função social do contrato é norma de ordem pública. • Os valores jurídicos, sociais, econômicos e morais devem ser preenchidos pelo juiz para que haja justiça e equilíbrio, inclusive ex officio. 79 Art. 2.035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. Nelson Nery: “O contrato estará conformado à sua função social quando as partes se pautarem pelos valoresda solidariedade (CF, 3º, I) e da justiça social (CF, 170, caput), da livre-iniciativa, for respeitada a dignidade da pessoa humana (CF, 1º, III), não se ferirem valores ambientais (CDC, 51, XIV) etc. Ofensas aos valores jurídicos, sociais, econômicos e morais – desrespeito á função social dos contratos – desrespeito às regras de ordem pública que pautam a sociedade- cláusulas antissociais • - cláusula de renúncia antecipada ao direito de indenização e retenção por benfeitorias necessárias em contrato de locação por adesão (cláusula nula) • - prazo de carência maior do que 12 horas para internação de urgência (menor com H1N1) • - a recusa de renovação das apólices de seguro de vida pelas seguradoras em razão da idade do segurado é discriminatória • - responsabilidade da cervejaria (terceiro aliciador/cumplice), que desrespeita a existência de contrato, aliciando uma das partes. (Caso Zeca Pagodinho) 80 Enunciado 431 da V Jornada de Direito Civil: Art. 421. A violação do art. 421 conduz à invalidade ou à ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais. 81 Caso Encol https://www.youtube.com/watch?v=6FjjCC6G1 NE 82 Caso Encol • Contratos de financiamento firmados pela empresa falida Encol S/A com o Banco do Estado de Minas Gerais S/A, em que o parquet ingressou com Ação Civil Pública para anulação de cláusulas contratuais dos referidos contratos por violar a boa-fé objetiva e a função social dos contratos. • Súmula 308 do STJ: “A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel”. 83 Revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva • Origem na Idade Média • Possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, decorrente de um evento imprevisível e extraordinário. • Permite aos contratantes recorrerem ao Poder Judiciário. • Obrigatoriedade do cumprimento do contrato pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. • O contrato é obrigatório para as partes, mas, nos contratos comutativos (prestações certas e determinadas), de trato sucessivo, há a existência implícita da cláusula. 84 Rebus sic standibus ou Teoria da Imprevisão • A revisão deve ser escolhida em detrimento da resolução do contrato. • Art. 317 • Não pode haver enriquecimento injusto • Deve-se ter em vista a boa-fé e a função social do contrato. • Harmonia entre pacta sunt servanda e rebus sic standibus. • ex: compro um carro para pagar em três anos com prestações atreladas ao dólar, com uma guerra no Oriente Médio, o dólar triplica de preço e as prestações se tornam muito vantajosas para o vendedor; alugo um apartamento a beira mar, mas o mar avança e fico sem praia, desvalorizando o imóvel, justificando uma redução do aluguel. 85 Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. Interpretação dos Contratos 86 • Deve-se interpretar a manifestação de vontade das partes. • Interpretar o negócio jurídico “é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade”. • Teoria da declaração: se houver dúvidas, deve-se buscar qual foi a intenção das partes em suas declarações de vontade • Vontade aparente do negócio jurídico de acordo com o critério de pessoas honestas e leais. 87 Como interpretar um contrato? • ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO 88 •Interpretação contratual declaratória: •qual foi a intenção comum das partes no momento da celebração dos contratos? •qual o sentido da declaração de vontade das partes? •Interpretação construtiva ou integrativa: •se houver lacunas e omissões no contrato, deve-se buscar aproveitar o contrato e interpretar complementando-o através da lei, analogia, costumes, princípios e equidade. •Ex: estipulação de índice que vem a ser extinto, deve-se buscar um índice similar, pois não pode haver injusto enriquecimento de uma das partes. 89 • REGRAS DE INTERPRETAÇÃO: 90 • Faz-se a interpretação objetiva para se chegar à interpretação subjetiva. • Reconstrução do significado da declaração • Parte-se do texto para o contexto. • Ex: fizeram um contrato de locação, mas na verdade queriam um contrato de comodato 91 Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Interpretação objetiva -> análise do texto Interpretação subjetiva -> busca da vontade dos contratantes no momento do negócio. • Dois princípios que devem ser observados na interpretação dos contratos: boa-fé e conservação do contrato. 92 Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Boa-fé: presume-se que as partes procedem com lealdade e honestidade. Conservação do contrato: se houver duas interpretações diferentes, prevalecerá a que possa produzir algum efeito. Conservação dos Contratos 93 Enunciado 176 da III Jornada de Direito Civil: “Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual”. Enunciado 367 da IV Jornada de Direito Civil: “Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modifica-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada a sua vontade e observado o contraditório”. • Negócios jurídicos benéficos (gratuitos): onera apenas uma das partes, envolvem uma liberalidade. Ex: doação apenas do imóvel, sem pertenças. • Devem ser interpretados restringindo-se, limitando o alcance da cláusula/contrato a apenas o que está escrito. • A interpretação deve ser estrita porque representam renúncia de direitos. 94 Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Outros exemplos de interpretação 95 Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva. Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. Outros critérios de interpretação 96 Deve-se verificar como os contratantes vinham executando o contrato em comum acordo. Deve-se interpretar o contrato, em caso de dúvidas, da maneira menos onerosa para o devedor. Deve-se interpretar as cláusulas contratuais em conjunto e não isoladamente. Deve-se imputar qualquer obscuridade a quem redigiu o contrato, pois estepoderia ter sido claro. Deve-se interpretar, em caso de cláusula ambígua ou contraditória, em atenção àquilo que pode ser exequível. Requisitos de Validade dos Contratos 97 • Contrato deve preencher requisitos para sua validade. • Se falta um requisito, contrato é inválido. • Elementos constitutivos do negócio jurídico: Escada Ponteana • - Art 104 CC 98 •Requisitos Subjetivos do Contrato •Capacidade genérica •Aptidão específica para contratar •Consentimento 99 Acarreta nulidade (art. 166, I) ou anulabilidade (art. 171, I) Capacidade genérica • Contratantes devem ter capacidade de exercício. • Contrato será nulo ou anulável se não tiver capacidade. • Pessoas jurídicas contratam por meio de seus representantes legais indicados no estatuto para representa-las ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente. 100 Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Aptidão específica para contratar • Capacidade específica para certos contratos. • É preciso ter legitimação ou não ter impedimentos para realizar certos negócios jurídicos. • Capacidade deve existir no momento da declaração de vontade. • Doação, transação, alienação onerosa exigem capacidade ou poder de disposição das coisas ou dos direitos que são objetos do contrato. • Contratante deve exibir outorga uxória para alienar bem imóvel (art. 1.647, 1.649 e 1.650) ou consentimento dos descendentes e do cônjuge para a venda a outros descendentes (art. 496). 101 Consentimento 102 • Consentimento deve ser livre e espontâneo. • Vícios ou defeitos do negócio jurídico afetam sua validade: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação Deve haver consentimento recíproco ou acordo de vontades: Acordo sobre a existência e natureza do contrato. Acordo sobre o objeto do contrato Acordo sobre as cláusulas do contrato. Consentimento •Manifestação tácita •Verifica-se pela conduta do agente. Ex: donatário que se comporta de forma a aceitar o bem. •Silêncio qualificado: silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita pelas circunstância e usos (art. 111) ou quando a lei autorizar (art. 539) ou quando ficar estabelecido em contrato. •QUEM CALA SEMPRE CONSENTE?? •Manifestação expressa: •é aquela exteriorizada de forma inequívoca (verbal, escrita, gesto etc). •Lei pode exigir manifestação expressa: art. 13 da Lei 8.245. 103 Consentimento •Dupla representação: •ambas as partes podem se manifestar pelo mesmo representante. •Mandato em causa própria: •representa uma parte e, do outro lado, representa a si mesmo. •Contrato consigo mesmo: •Representa a outra parte e faz negócio consigo mesmo. Art. 117 •Exige-se ausência de interesses de conflitos. 104 B representado C representado A representante A representante de B A em causa própria A representante de B para vender um imóvel A B A compra o imóvel de B A B C •Requisitos Objetivos do Contrato •Objeto do contrato •Licitude do objeto •Possibilidade física ou jurídica do objeto •Determinação do objeto 105 Acarreta nulidade (art. 166, II) OBJETO DO CONTRATO 106 Objeto imediato -> é a conduta humana obrigação de dar, fazer ou não fazer Objeto mediato -> bens ou prestações sobre os quais incide a relação obrigacional. Licitude do objeto • Objeto do contrato deve ser lícito: não afronta a lei, a moral ou os bons costumes. • - Objeto ilícito: drogas, armas 107 Objeto imoral: casas de tolerância Possibilidade do Objeto 108 Impossibilidade física absoluta: emana de leis físicas e alcança a todos indistintamente. Ex: colocar toda a água do oceano em um copo d´água; venda de terreno na lua, venda de praça. Impossibilidade física relativa: Ex: contratação de um pintor para pintar a casa em um dia, pode ser impossível para ele, mas não é para todos; produção futura de uma empresa; venda de apartamento na planta. Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. Impossibilidade jurídica: ordenamento jurídico proíbe. Ex: não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva (art. 426); venda de bem gravado com cláusula de inalienabilidade. Determinação do objeto • Objeto deve ser determinado ou determinável. • Objeto pode nascer determinável mas tem que morrer determinado. • Regra geral, a escolha da qualidade é feita pelo devedor (aquele que deve a coisa). 109 • Determinado: objeto individualizado no seu gênero, quantidade e qualidade. • Gera obrigação de dar coisa certa. • Determinável: objeto individualizado no seu gênero e quantidade, mas não em sua qualidade. • Gera obrigação de dar coisa incerta. • Também admissível pela venda alternativa, onde cessa a indeterminação pela concentração/escolha. •Requisitos Formais do Contrato •Forma livre •Formal especial solene/não solene •Forma contratual 110 Acarreta nulidade (art. 166, IV e V) Forma livre • É a regra no Brasil. • Se a lei não impõe uma forma, a manifestação de vontade pode ser escrita, oral, por instrumento público ou particular, gestos, mímicas etc. 111 Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Forma especial :solene/não solene • É a forma exigida pela lei para a validade do negócio jurídico. 112 Forma especial única: não pode ser substituída por outra. Ex: art. 108 Forma especial múltipla: o negócio pode ser formalizado por diversos modos, todos estipulados em lei. Ex: art. 62 • Garante: - A autenticidade do negócio; - A seriedade do ato, - A realização da prova, caso necessário. Forma contratual • É a forma que as partes convencionam. • As partes é que estabelecem a forma que o negócio jurídico deve observar. 113 Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato. 114 https://www.onlinequizcreator.com/pt/teoria-geral-dos-contratos-1/quiz-362 302 Formação dos Contratos Fase Pré-Contratual: Negociações Preliminares Proposta/Oferta Aceitação 115 Negociações preliminares • Também chamado Fase da Puntuação. • Sondagens, conversações, estudos, debates, solicitação de orçamento, indagação de preço etc. • As partes ainda não se vinculam, pois não manifestaram a sua vontade. • Análise da viabilidade do contrato, não existe proposta formalizada. • Deve-se agir de boa-fé, e respeitar os deveres jurídicos acessórios (de cuidado, de respeito, lealdade, informação, transparência etc.). • Se uma das partes induz na crença de que o contrato será celebrado (levando o outro a despesas ou a não contratar com 3ºs) -> há violação dos deveres -> gera responsabilidade civil extracontratual. 116 STJ - REsp 1.051.065-AM 117 RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA. DECLARATÓRIOS PROCRASTINATÓRIOS. MULTA. CABIMENTO. CONTRATO. FASE DE TRATATIVAS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ. DANOS MATERIAIS. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamentesua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte. 2. "No caso, não se pode afastar a aplicação da multa do art. 538 do CPC, pois, considerando-se que a pretensão de rediscussão da lide pela via dos embargos declaratórios, sem a demonstração de quaisquer dos vícios de sua norma de regência, é sabidamente inadequada, o que os torna protelatórios, a merecerem a multa prevista no artigo 538, parágrafo único, do CPC' (EDcl no AgRg no Ag 1.115.325/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, DJe 4/11/2011). 3. A responsabilidade pré-contratual não decorre do fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato não ter sido concluído, mas do fato de uma das partes ter gerado à outra, além da expectativa legítima de que o contrato seria concluído, efetivo prejuízo material. 4. As instâncias de origem, soberanas na análise das circunstâncias fáticas da causa, reconheceram que houve o consentimento prévio mútuo, a afronta à boa-fé objetiva com o rompimento ilegítimo das tratativas, o prejuízo e a relação de causalidade entre a ruptura das tratativas e o dano sofrido. A desconstituição do acórdão, como pretendido pela recorrente, ensejaria incursão no acervo fático da causa, o que, como consabido, é vedado nesta instância especial (Súmula nº 7/STJ). 5. Recurso especial não provido. (REsp 1051065/AM, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2013, DJe 27/02/2013) STJ – REsp 1.367.955-SP 118 RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ-CONTRATUAL. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES. EXPECTATIVA LEGÍTIMA DE CONTRATAÇÃO. RUPTURA DE TRATATIVAS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. JUROS DE MORA. TERMO 'A QUO'. DATA DA CITAÇÃO. 1. Demanda indenizatória proposta por empresa de eventos contra empresa varejista em face do rompimento abrupto das tratativas para a realização de evento, que já estavam em fase avançada. 2. Inocorrência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia com clareza as questões essenciais ao julgamento da lide, não estando o magistrado obrigado a rebater, um a um, os argumentos deduzidos pelas partes. 3. Inviabilidade de se contrastar, no âmbito desta Corte, a conclusão do Tribunal de origem acerca da expectativa de contratação criada pela empresa varejista. Óbice da Súmula 7/STJ. 4. Aplicação do princípio da boa-fé objetiva na fase pré- contratual. Doutrina sobre o tema. 5. Responsabilidade civil por ruptura de tratativas verificada no caso concreto. 6. Inviabilidade de se analisar, no âmbito desta Corte, estatutos ou contratos de trabalho, para se aferir a alegada inexistência de poder de gestão dos prepostos participaram das negociações preliminares. Óbice da Súmula 5/STJ. 7. Controvérsia doutrinária sobre a natureza da responsabilidade civil pré-contratual. 8. Incidência de juros de mora desde a citação (art. 405 do CC). 9. Manutenção da decisão de procedência do pedido indenizatório, alterando-se apenas o termo inicial dos juros de mora. 10. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, PARCIALMENTE PROVIDO. (REsp 1367955/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/03/2014, DJe 24/03/2014) Na fase de nascimento, o princípio da boa-fé objetiva já impõe deveres às partes, ainda que não tenha ocorrido a celebração definitiva do ato negocial. Assim, verifica-se que a inexistência de negócio jurídico não libera as partes dos deveres de cooperação, devendo atuar com honestidade, lealdade e probidade, não isentando de responsabilidade aquele que atua em desrespeito a esse padrão ético de conduta. Verifica-se do trecho acima que a ruptura imotivada de tratativas somente viola a boa-fé objetiva, e enseja indenização, quando as negociações preliminares "tenham chegado a tal ponto que faz prever que o contrato deveria poder-se estreitar". 119 STJ – REsp 1.367.955-SP Proposta • Ou Oferta, Policitação, Oblação. • “É uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”. • Declaração receptícia: a declaração de vontade emanada na Proposta tem que se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos. • Proposta pode ser escrita, oral ou tácita (exposição de objeto com preço) • Proposta é manifestação de vontade com carga de definitividade e produz efeitos (obrigatoriedade para o proponente) • Proponente, Solicitante, Policitante -> aquele que faz a proposta. • Oblato, Aceitante, Policitado -> aquele a quem é dirigida a proposta. 120 •A Proposta deve: •Conter todos os elementos essenciais: preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc •Ser séria e consciente •Ser clara, completa e inequívoca •Ser feita em linguagem simples e compreensível 121 Declaração de vontade Declaração receptícia Intenção de se vincular Impulso decisivo Negócio Jurídico unilateral • Proposta vincula o Proponente -> Força vinculante da Proposta • Proponente tem o ônus de manter a proposta por certo tempo e de responder pelas consequências de acarretar no oblato a motivada expectativa de realização do negócio. • Exceções em que a Proposta não obriga o Proponente: • Se o contrário não resultar dos termos dela: se contiver uma cláusula expressa, declarando que a Proposta não é definitiva e que o proponente se reserva o direito de retirá-la. O oblato já fica conhecendo a ressalva. Ex: “proposta sujeita a confirmação”, “não vale como proposta”, “sem compromisso” etc. • Se o contrário não resultar da natureza do negócio: propostas abertas ao público, que estão limitadas ao estoque (art. 429). • Se o contrário não resultar das circunstâncias do caso: art. 428 122 Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. I – “pegar ou largar”, e o solicitado diz que irá estudar a proposta, tal libera o proponente. *Pessoa presente: aquele que conversa diretamente com o Proponente, em contato direto e simultâneo, ao mesmo tempo, seja ao vivo, seja por telefone etc. Têm que estar ambos simultaneamente conectados. II – Prazo suficiente é o prazo necessário e razoável para que o solicitado responda. Dá-se conforme as circunstâncias. Ex: prazo entre vizinhos. *Pessoa ausente: negociam mediante troca de correspondência, não estão simultaneamente conectados, ou negociam por intermediários 123 Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; (...) III – Se o Proponente fixou prazo, e o solicitado não respondeu dentro do prazo concedido, a Proposta deixa de ser obrigatória. IV – Proponente pode se retratar da proposta se a retratação chegar antes ou simultaneamente à proposta. Ex: manda um e-mail e liga se retratando. 124 Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: (...) III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Oferta aberta ao Público • Encerrar: abranger • Proposta é endereçada a pessoas indeterminadas. • Mantém-se como declaração receptícia. • Limita-se ao estoque existente • Ex: leilões, vitrine, feiras etc. 125 Art. 429. A oferta ao público equivale a propostaquando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. • Negociações Preliminares • Proposta • Pessoa Presente • Sem Prazo • Aceitação imediata • Com prazo • Aceitação dentro do prazo • Pessoa Ausente • Sem Prazo • Aceitação deve chegar ao proponente em prazo razoável, conforme circunstâncias • Com Prazo • Aceitação dentro do prazo • Oferta ao público 126 Lembre-se: Proposta também deixa de ser obrigatória se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Aceitação • É a “formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida”. • Manifestação de vontade, oblato se converte em aceitante e adere sua vontade à do proponente. • Oferta se transforma em contrato. • Aceitação deve ser simples e pura. 127 Proposta Aceitação Recusa Contraproposta Contraproposta • Contraproposta: aceitação fora do prazo, com adições, restrições ou modificações. É uma nova proposta. • O MESMO PODE SE DIZER QUANDO DENTRO DO PRAZO, O OBLATO NÃO ACEITA A OFERTA INTEGRALMENTE, INTRODUZINDO-LHE RESTRIÇÕES OU MODIFICAÇÕES • Oblato se converte em Proponente, e espera aceitação. 128 Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. • Aceitação expressa: palavra, falada ou escrita, gestos, sinais, mímica, de modo explícito. Possibilita o conhecimento imediato da vontade do agente. • Aceitação tácita: revela-se pelo comportamento do agente. Deduz-se a intenção do agente pela sua conduta. • Art. 432 -> aceitação tácita. • Quando não seja costume a aceitação expressa: quando ofertante e oblato já tenham realizado contratos da mesma natureza, com dispensa de aceitação expressa. Ex: fornecedor que remete produtos a comerciante mensalmente. • Quando o proponente a tiver dispensado: contrato que diz que a renovação ocorre se as partes nada disserem em determinado prazo..ex: renovação de locação 129 Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. • CONTRATO ENTRE AUSENTES • Retratação da aceitação. • Ocorre se a retratação chegar antes ou simultaneamente à aceitação. • Declaração de vontade do aceitante se desfaz. • Aceitação se torna ineficaz. • Ex: manda um e-mail e liga se retratando. 130 Inexistência de força vinculante da Aceitação Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Inexistência de força vinculante da Aceitação • Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: • I - no caso do artigo antecedente; (retratação) • II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; (teoria da recepção) • III - se ela não chegar no prazo convencionado.(teoria da recepção) 131 Inexistência de força vinculante da Aceitação • PROPOSTA ENTRE AUSENTES COM PRAZO: VER ARTIGO 434, III • Se a aceitação, embora expedida dentro do prazo, chegar tarde ao conhecimento do ofertante, DEPOIS DO PRAZO ESTIPULADO, por circunstância imprevista (independente de caso fortuito ou força maior), o ofertante, já liberado da proposta, deve comunicar imediatamente ao aceitante. (TEORIA DA RECEPÇÃO) • Se não comunicar imediatamente, responde por perdas e danos. • Exige-se a boa-fé do ofertante. • Ex: a resposta foi feita por carta e os Correios estavam de greve. 132 Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Conclusão do contrato entre presentes • Proposta pode ou não estipular prazo para aceitação. • Se o proponente não estipular prazo, aceitação deve ser manifestada imediatamente, sob pena de perder a força vinculativa. • Se o proponente estipular prazo, aceitação deve ser manifestada dentro do prazo estipulado, sob pena de o proponente se liberar da oferta. 133 Oblato aceita a proposta Proponente faz a proposta Há consenso, acordo de vontades Partes se vinculam Contrato produz efeitos 134 Conclusão do contrato entre ausentes•Teoria da informação ou cognição:•Momento em que o proponente recebe a correspondência e toma conhecimento do conteúdo da resposta. •Teoria da declaração propriamente dita: •Momento em que a correspondência é escrita. •Não é aceito. •Teoria da expedição: •Momento em que a aceitação é expedida, tendo saído do alcance e controle do oblato. •Acolhida expressamente pelo Código Civil. •Teoria da recepção: •Momento em que a resposta é entregue ao destinatário. •Alguns autores entendem ser essa a teoria adotada pelo Código Civil. (NAS EXCEÇÕES DO ART. 434)Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; (teoria da recepção) III - se ela não chegar no prazo convencionado.(teoria da recepção) Questão: contratos eletrônicos por email (entre ausentes) • Teoria da recepção: Enunciado 173 da III Jornada de Direito Civil: a formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente. • Projeto de Lei 281/2012: pretende alterar o CDC para criar a Teoria da Confirmação (teoria do duplo clique) 135 Lugar da Celebração • Contrato é celebrado no local em que é proposto. • Determina-se o foro competente e a lei aplicável (em caso de direito internacional). • Art. 9º, §2º LINDB • Partes podem eleger em contrato o foro competente e a legislação aplicável. 136 Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Contrato Preliminar 137 • Também chamado contrato-promessa. • Partes já fizeram negociações preliminares. • Contrato preliminar: partes se comprometem a efetuar, posteriormente, um segundo contrato, que será o contrato principal e definitivo. • Contrato preliminar: obrigação de fazer o contrato principal • Contrato principal: obrigação de dar, fazer ou não fazer • Ex: pagamento será parcelado em muitas prestações; necessidade de aguardar aprovação de financiamento etc. 138 Requisitos • Devem ser observados os requisitos objetivos (objeto lícito, possível, determinado ou determinável) e requisitos subjetivos (capacidade, aptidão específica para contratar e consentimento) da formação de um contrato. • Mas não precisam respeitar os mesmos requisitos formais exigidos para celebração do contrato definitivo. • Ex: se contrato definitivo exige instrumento público, contrato preliminar pode ser por instrumento particular. 139 Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. • Compromisso bilateral de contrato • Ex: compromisso de compra e venda • O compromissário comprador, se não contiver cláusula de arrependimento, pode exigir a celebração do contrato definitivo. • Se não tiver prazo estabelecido no contrato preliminar, a parte deve conceder-lhe prazo razoável para o cumprimento da obrigação. • Se houver cláusula de arrependimento, as partes podem, a qualquer tempo, resilir unilateralmente o contrato preliminar. • Se não for feito com razoabilidade,incide em abuso de direito. Deve-se ter boa-fé. 140 Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. • Entre as partes, o contrato preliminar pode ser executado mesmo sem o registro, que deve ser feito para que o negócio jurídico efeitos em relação a 3ºs. • Súmula 239 STJ: “O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis”. • Fazendo o registro, impede-se que o bem seja alienado a 3º. • Enunciado 30 da I Jornada de Direito Civil: “A disposição do parágrafo único do art. 463 do novo Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros”. • O efeito do registro é ser erga omnes (contra todos), impedindo situações de venda do imóvel para 3ºs. • Ex: A promete venda de imóvel a B, e depois A aliena o bem a C, que, de boa-fé, registra o imóvel. Resta a B a restituição dos valores pagos e ressarcimento de perdas e danos em face de A. Mas, se B registra a promessa de compra e venda, a alienação a C se torna ineficaz. 141 Art. 463 (...) Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. • Se não tiver prazo estabelecido para se exigir a celebração do contrato definitivo, a parte deve conceder-lhe prazo razoável para o cumprimento da obrigação. • Partes devem ter alcançado consenso sobre os pontos do contrato principal, pois juiz não pode preencher pontos em branco na vontade das partes. • Ex: A promete a venda de imóvel a B e se nega a celebrar contrato definitivo. B obterá sentença executiva para realização do contrato definitivo, substituindo a vontade de A. 142 Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. • É uma segunda possibilidade de atuação do credor. • Indenização por perdas e danos por aquele que não deu execução ao contrato preliminar. 143 Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. • Compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção: Promessa unilateral -> só há obrigação para 1 parte. • A outra parte pode concordar ou recusar o contrato definitivo. • O ideal é que o contrato estabeleça um prazo para a manifestação do credor. • Se não houver prazo, devedor deve notificar a outra parte para se manifestar. • Ex: A quer vender uma joia a B, que não sabe se pode ou quer comprar, mas deseja se vincular para o caso de o contrato lhe convir. 144 Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL OU LEASING • Sumula 263 STJ • - não aceitava a antecipação do VRG, só podia pagá-lo ao final na opção de compra do bem, pois descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil • Sumula 293 STJ: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil 145 • Súmula 263 do STJ: compromisso unilateral de contrato • Súmula 293 do STJ: compromisso bilateral de contrato de compra e venda se o VRG for pago mensalmente no curso do contrato : as partes assumem o compromisso de celebrar o contrato definitivo 146 Classificação dos Contratos 147 •Quanto aos efeitos que acarretam •Unilaterais •Bilaterais •Plurilaterais •Gratuitos •Onerosos •Comutativos •Aleatórios •Aleatórios por natureza •Acidentalmente aleatórios 148 • OBS: à primeira vista pode parecer estranho denominar-se um contrato unilateral, porque todo contrato resulta da manifestação de duas vontades. Porém, essa denominação NÃO SE REFERE A SUA QUANTIDADE DE PARTES NA SUA FORMAÇÃO, MAS SIM SE REFERE AOS EFEITOS QUE DELE DECORREM EM RELAÇÃO ÀS OBRIGAÇÕES CONVENCIONADAS ENTRE PARTES, SE AFETAM UMA OU AMBAS AS PARTES 149 Unilaterais, Bilaterais, Plurilaterais •Unilaterais •Criam obrigações para apenas uma das partes. •Prestação a cargo de uma só parte. •ex: doação, comodato, mútuo, depósito, fiança etc. •Bilaterais •Geram obrigações para ambos os contratantes. •Sinalagmáticos: reciprocidade de obrigações •Ex: compra e venda, locação, contrato de transporte etc. •Plurilaterais •Contêm mais de 2 partes com obrigações a cumprir. •Partes buscam um fim comum. •Ex: contrato de sociedade, consórcio etc. 150 OBS: contrato bilateral imperfeito (parte da doutrina) • É o unilateral que, por circunstâncias que decorrem da lei e não do acordo das partes, gera alguma obrigação para o contratante que não se comprometeu. Ex: no contrato de depósito, quando surge para o depositante no decorrer da execução, a obrigação de indenizar certas despesas realizadas pelo depositário. 151 Gratuitos e Onerosos (em relação à proveito e sacrifício para ambas as partes) •Gratuitos •Também chamados benéficos •Apenas uma das partes aufere vantagens ou proveito, para a outra há só obrigação, sacrifício. •Ex: doação, comodato •Onerosos •Ambas as partes obtêm proveito e ambas possuem sacrifício •Ônus e vantagens para ambas as partes. •Proveito + Sacrifício •Dividem-se em Comutativos e Aleatórios •Ex: compra e venda, locação etc. 152 Atenção! A regra é que os contratos unilaterais são gratuitos e os contratos bilaterais são onerosos. Exemplo de exceção: mútuo feneratício (juros) (ou oneroso) é unilateral oneroso (é unilateral porque cria obrigação somente para o mutuário (devolver o valor) , e oneroso porque traz proveito e sacrifício para ambas as partes). Comutativos e Aleatórios•Comutativos•Bilateral e oneroso •Têm prestações certas e determinadas. •Partes podem antever vantagens e sacrifícios. •Não há riscos. •Ex: compra e venda •Aleatórios por sua própria natureza •Bilateral e oneroso •Caracteriza-se pela incerteza para uma ou ambas as partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. •Há riscos e incertezas na sua essência. •Evento futuro e incerto. •Perda ou lucro dependem de fato futuro e imprevisível. •Ex: Seguro, aposta •Acidentalmente aleatórios •São contratos tipicamente comutativos, mas que, por conta de algumas circunstâncias, tornam-se aleatórios. •Duas espécies: •a) Venda de coisas futuras. Ex: plantação futura •a.a) risco pode ser quanto à própria existência da coisa. •a.b) risco pode ser quanto à sua quantidade. •b) Venda de coisas existentes mas expostas a risco. Ex: compra em região sob guerra ou terremoto 153 •Quanto à formação •Paritários •De adesão •Contratos-tipo 154 Paritários, Adesão e Contrato-tipo •Paritários •Partes discutem livremente as condições. •Há igualdade entre partes. •Ex: contrato de locação entre particulares •De Adesão •Preponderância da vontade de uma partes. •Uma parte elabora todas as cláusulas, outro adere. Imposição por uma das partes •Desigualdade econômica ou técnica entre as partes (uma parte é vulnerável) •Aceita ou rejeita. •Ex: contrato de transporte, de seguro etc. •Contrato-tipo •Também chamado contrato de massa, em série ou por formulários. •Cláusulas não são impostas por uma das partes. •Cláusulas são pré-redigidas e podem ser alteradas - têm espaços em branco para serem preenchidos de comum acordo. •Ex: contratos bancários que permitam acordo sobre taxas de juros, prazo e condições de financiamento)155 •Quanto ao momento de sua execução •Execução Instantânea •Execução Diferida •Execução Continuada 156 Execução Instantânea, Diferida e Continuada •Instantânea •Ou imediata. •Execução se consuma em um só ato, imediatamente após celebração do contrato. •Prestação única e imediata. •Ex: compra e venda à vista. •Diferida •Ou retardada. •Execução se consuma em um só ato mas em momento futuro. •Prestação única e a termo. •Ex: compra e venda de objeto que será entregue em determinada data; cheque pré-datado. •Continuada •Ou de Trato Sucessivo ou em Prestações. •Execução é cumprida por meio de atos reiterados. •Ex: compra e venda a prazo; prestação permanente de serviços; locação. 157 •Quanto ao agente •Personalíssimos ou intuitu personae •Impessoais •Individuais •Coletivos 158 Personalíssimos e Impessoais •Personalíssimos •Ou intuitu personae. •São celebrados em razão das qualidades pessoais de um dos contratantes. •Qualidades culturais, profissionais, artísticas etc. •Não podem ser executados por outra pessoa. •Ex: contrato com a Ivete Sangalo •Impessoais •Prestação pode ser cumprida por obrigado ou 3º, é indiferente. •Execução do contrato não requer qualidades especiais do devedor. •Ex: contrato de pintura de apartamento. 159 Individuais e Coletivos •Individuais •Vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas. •Cria direitos e obrigações para seus partícipes. •ex: compra e venda •Coletivos •Contratos Coletivos ou Convenções Coletivas. •Acordo de vontades entre 2 Pessoas Jurídicas de direito privado (associações) representando categorias profissionais, vontades coletivas, de uma coletividade. •São, na verdade, um acordo normativo. •Gera deliberações coletivas •Ex: convenção coletiva de trabalho. 160 •Quanto ao modo por que existem •Principais •Acessórios ou Adjetos •Derivados ou Subcontratos 161 Principais, Acessórios e Derivados •Principais •Têm existência própria, autônoma, não dependem de outro contrato para existir. •Ex: locação; empreitada •Acessórios •Dependem de outro contrato para existir. •Subordinam-se ao contrato principal. •Garantem o cumprimento de obrigações contraídas no contrato principal. •Ex: fiança; cláusula penal •Derivados •Ou Subcontratos. •Têm por conteúdo o mesmo objeto do contrato principal. •Contratante transfere a utilidade do contrato principal a 3º, sem se desvincular. •Ex: sublocação; subempreitada 162 •Quanto à forma • Formais •Informais •Consensuais •Reais 163 Formais e informais •Formais •Devem obedecer à forma prescrita em lei para se tornarem perfeitos. •Forma exigida é condição de validade do negócio jurídico. •Se não for observada, o contrato é nulo (art. 166, IV). •Ex: escritura pública na alienação de imóveis. •- Solenes ou não solenes •Informais •Ou De Forma Livre. •É a regra no Brasil. •Princípio da liberdade da forma. •A lei não determina nenhuma forma, podem ser celebrados por qualquer forma: escrito, oral, gestos, instrumento público, particular etc. •Ex: locação 164 Consensuais e Reais •Consensuais •É a regra. •Formam-se unicamente pelo acordo de vontades das partes. •Independem da entrega da coisa. •Contrato se aperfeiçoa pelo acordo de vontades. •Ex: compra e venda. Art. 482 •Reais •É a exceção. •Contrato se aperfeiçoa pela entrega da coisa. •A entrega da coisa é requisito da constituição do contrato. •Regra geral, são unilaterais (obrigação para apenas uma parte). •Ex: depósito, mútuo, comodato. 165 •Quanto ao objeto •Preliminares ou Pactum de contrahendo •Definitivos 166 Preliminares e Definitivos •Preliminares •Ou pré-contrato. •Têm por objeto a celebração de um contrato definitivo. •Partes se comprometem a celebrarem, no futuro, um contrato definitivo. •Ex: promessa de compra e venda. •Definitivos •Têm objetos diversos. •É o contrato principal, que perdurará. •Ex: compra e venda, locação etc. 167 •Quanto à designação •Nominados •Inominados •Típicos •Atípicos •Coligados •União de Contratos 168 Nominados e Inominados, Típicos e Atípicos •Nominados •Têm denominação própria, têm nome no ordenamento jurídico. •Todo contrato nominado é típico. •Inominados •Não têm denominação própria, não têm nome no ordenamento jurídico. •Típicos •São os regulados/tipificados pela lei. •Têm seu perfil, requisitos, características traçados pela legislação. •Todo contrato típico é nominado. •Atípicos •São os não regulados/tipificados pela lei. •Não têm seu perfil, requisitos, características traçados pela legislação. •Resultam do acordo de vontade das partes. •Art. 425. •Ex: contrato de publicidade, o de hospedagem, o de mediação, o de cessão de clientela, contrato de fornecimento 169 Coligados e União de Contratos •Coligados •Os contratos são individuais, mas estão ligados por um nexo funcional. •A ligação entre eles pode ser por cláusula implícita ou explícita •Há dependência. •São contratos que interagem entre si por um ponto comum •Ex: compra o automóvel e loca a garagem •Ex: contrato de distribuidora de petróleo com explorador de posto de gasolina (fornecimento de combustíveis, arrendamento das bombas, locação de prédios, financiamento etc). •Ex: contrato de depósito em banco e contrato de crédito e contrato de previdência privada •Ex: contrato de transporte aéreo com seguro do passageiro •Ex: sublocação; contrato de garantia e contrato de financiamento •União de Contratos •Contratos distintos e autônomos que apenas são feitos ao mesmo tempo ou no mesmo documento. •Não há dependência entre os contratos. •se caracteriza por contratos que são realizados ao mesmo tempo, o vínculo é meramente externo. •Ex: compra de um imóvel e contrato para reforma de outro imóvel 170 QUESTÕES • - Qual a importância da classificação dos contratos em unilaterais e bilaterais em relação: à exceção do contrato não cumprido; à cláusula resolutiva tácita; e aos vícios redibitórios? Fundamente 171 • - somente nos contratos bilaterais é aplicável a exceção(defesa) do contrato não cumprido, prevista no art 476 do CC, consistente na regra de que nenhum dos contratantes, antes de cumprir a sua obrigação (o que já afasta a incidência em contratos unilaterais), pode exigir o cumprimento da obrigação do outro. 172 • - somente nos contratos bilaterais é aplicável a teoria da condição resolutiva tácita. De fato, por força da reciprocidade de obrigações nos contratos sinalagmáticos, o descumprimento culposo por uma das partes constitui justa causa para a resolução do contrato, mesmo se a cláusula resolutiva não constar expressamente. 173 • - somente nos contratos bilaterais é aplicável a disciplina dos vícios redibitórios, entendidos como os vícios ou defeitos ocultos da coisa, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou que lhe diminuam o valor, de acordo com o artigo 441 do CC. 174 • - Qual a importância da classificação dos contratos em gratuitos ou onerosos em relação à interpretação dos contratos, à fraude contra credores e à doação de bens? Fundamente 175 • - a interpretação dos contratos gratuitos deve ser sempre mais restrita do que os contratos onerosos, uma vez que, por envolver uma liberalidade, a legislação considerou razoável que o contratante não onerado tivesse uma proteção menor do que o outro.Art. 114 CC 176 • FRAUDE CONTRA CREDORES: critério de configuração: • Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos
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