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Curso de Graduação em Engenharia Química Análise e Otimização de Processos Químicos Capítulo 5 Sistemas de Integração Energética Prof. Adilson J. de Assis Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Química Núcleo de Simulação, Controle e Otimização de Processos 7 de dezembro de 2006 Apostila preparada com o software livre LATEX 2ε http://www.latex-project.org/ Conteúdo 5 Sistemas de Integração Energética 201 5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 5.2 Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch . . . . . . . . . . . 204 5.2.1 Estimativa das necessidades mínimas de aquecimento e resfriamento . . . . . . . 204 5.2.2 Cálculo da temperatura de Pinch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 5.2.3 Diagrama Temperatura-Entalpia para RTC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 5.2.4 Número Mínimo de Trocadores de Calor em uma RTC . . . . . . . . . . . . . . 210 5.2.5 Efeito do ponto Pinch: análise pela 2a Lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 5.2.6 Estimativa da área de uma RTC usando o Diagrama Temperatura x Entalpia . . . 212 5.2.7 Projeto da RTC de energia mínima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 5.2.8 Loops e Caminhos Energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 5.2.9 Reduzindo o número de trocadores de calor na RTC de energia mínima . . . . . 217 5.2.10 Quebrando o 2o loop . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 5.3 Divisão de correntes em RTCs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226 5.4 Integração de Calor e Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 5.4.1 Máquinas térmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 5.4.2 Bombas de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 5.4.3 Calor e Destilação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 5.5 Exemplo resolvido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233 5.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236 200 Capítulo 5 Sistemas de Integração Energética 5.1 Introdução O objetivo deste capítulo é verificar como reduzir o gasto com utilidades quentes e frias em um processo através da integração energética. O método de estudo utilizado será a análise Pinch (também chamada de tecnologia Pinch), conforme descrita por Douglas, Seider et al. e Turton et al.1 Motivação: A experiência industrial tem mostrado que após a implantação da integração energé- tica há uma redução de 30 a 50% na quantidade de energia gasta em um processo, ou seja, trata-se de uma economia de milhares de $$!! Considere o processo HDA mostrado na Figura 5.1. Em qualquer processo, certo número de correntes necessitam ser aquecidas e outras resfriadas. No exemplo: Aquecidas (a 1150oF ) alimentação de tolueno “make up” de hidrogênio reciclo de tolueno reciclo de gás Resfriadas { efluente do reator corrente de produto Além das correntes de processo, há a necessidade de resfriamento/aquecimento nas colunas de destilação (condensador/refervedor). A questão que se coloca é: qual a melhor maneira de fazer as correntes do processo trocar calor entre si de modo a minimizar o gasto com as utilidades quentes e frias? A seguir, um breve comentário sobre Tecnologia e Análise Pinch: Tecnologia Pinch: surge no final da década de 70 como uma ferramenta para o projeto de redes de trocadores de calor, como resposta à crise energética da época. Utiliza conceitos simples, baseados na 1a e 2a Leis da Termodinâmica. Análise Pinch: nasce a partir do desenvolvimento da tecnologia Pinch e lida não apenas com redes de trocadores de calor, mas também com colunas de destilação, bombas, turbinas, fornos, etc. Objetiva um projeto integrado de sistema de energia e processo. 1DOUGLAS Conceptual design of chemical processes, McGraw-Hill, 1988 (Cap. 8). TURTON et al. Analysis, synthesis, and design of chemical processes. 2a ed., Prentice Hall, 2003. SEIDER et al. Process Design Principles, John Wiley & Sons, 1999. LINNHOFF. Pinch Analysis - A State-of-the-Art Overview. Trans IChemE, v. 71, Parte A, pp. 503-522, 1993 201 5.1. Introdução UFU-FEQUI-NUCOP 895 K 895 K 895 K 895 K 311 K 295 K R-101 C-101 E-103 328 K E-101 E-102 E-104 E-105 E-110 E-111 T-104 T-103 T-102 T-101 311 K895 K E-106 466 K 347 K 295 K 5 4 3 1 2 6 reciclo de Tolueno 391 K 540 K E-107 E-109 E-108 E-112 R-101 reator T-101 flash T-102 coluna estabilizadora T-103 coluna de benzeno T-104 coluna de tolueno C-101 compressor Correntes: 1 - alimentaçªo de H2 2 - alimentaçªo de tolueno 3 - purga 4 - gases leves 5 - benzeno (produto) 6 - difenil Figura 5.1: Processo HDA Uma informação importante é que o custo da energia é um parcela considerável do custo final de muitos produtos químicos, daí a importância de programas de redução de gasto energético. 202 5.1. Introdução UFU-FEQUI-NUCOP Em um processo há: • correntes quentes: necessitam ser resfriados para cumprir o objetivo do processo; • correntes frias: necessitam ser aquecidas; Exemplo: Corrente Tent(oC) Tsaida(oC) Classificação A 100 90 Quente B 900 1050 Fria OBS: Essa classificação independe do nível de temperatura das correntes Os sistemas de recuperação direta de energia objetivam a redução no consumo de utilidades (vapor e refrigerante). Podem se dar de dois modos distintos, como mostrado a seguir: 1. Considre o pré-aquecimento da alimentação de um reator com a própria corrente de saída Reator T T L V Figura 5.2: Pré-aquecimento Por recuperação direta, a integração energética leva a: Reator L V Figura 5.3: Recuperação Direta Entretanto, num processo contendo várias correntes quentes e frias, torna-se difícil visualizar os possíveis pares de troca térmica, além do fato de não se conseguir maximizar a economia de energia fazendo as correntes trocarem calor entre si de modo aleatório. 203 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 2. Redes de Trocadores de Calor (RTC) O problema de RTC pode ser enunciado como sendo: “Dadas N correntes quentes e M correntes frias e conhecidas suas temperaturas T, vazões e propriedades físicas, estabelecer um sistema capaz de conduzir essas correntes às suas temperaturas finais pré-fixadas, da maneira mais econômica.” 1a Lei da Termodinâmica: Balanço de energia ∆(energia do sistema)+∆(energia das vizinhanças)= 0 Para sistemas fechados: ∆U = Q−W 2a Lei da Termodinâmica: “É impossível qualquer processo cujo único efeito seja o da transferên- cia de calor de uma temperatura para uma outra mais elevada.” 5.2 Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch 5.2.1 Estimativa das necessidades mínimas de aquecimento e resfriamento Considere o seguinte exemplo de um processo no qual foram localizadas 4 correntes, 2 frias e 2 quentes, com as vazões-capacidades caloríficas e temperaturas de entrada e saída medidos na planta: Corrente FCp[Btu/(h.oF )] Tent(oF ) Tsaida(oF ) Q disponível, 103 Btu/h 1-Quente 1000 250 120 130 2-Q 4000 200 100 400 3-Fria 3000 90 150 -180 4-F 6000 130 190 -360 Quantidade mínima de calor que deve ser suprida por utilidades =⇒ -10 (de acordo com a 1a Lei da Termodinâmica) Sendo: Q = FCp.∆T No exemplo acima, sem integração energética, os gastos atuais com utilidade são: • Utilidade fria (para as correntes quentes): 530.103 Btu/h • Utilidade quente (para as correntes frias):540.103 Btu/h A diferença de 10.103 Btu/h é a mesma mostrada na tabela anterior e o sinal negativo naquela é apenas para mostrar que há déficit de utilidade quente (já que as correntes frias possuem um excesso de calor). OBSERVAÇÃO: O cálculo utilizando apenas a 1a Lei não considera o fato que podemos transferir calor de uma corrente quente para uma corrente fria somente se a temperatura da corrente quente exceder a da cor- rente fria (2a Lei da Termodinâmica). No desenvolvimento da RTC, necessita-se estabelecer também uma quantia mínima deste excesso, chamada de ∆Tmin O projeto de uma RTC visa conhecer: 204 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP • os pares de correntes que devem trocar calor entre si e as correntes que devem trocar calor com as utilidades; • a quantidade de calor que deve ser trocada por cada par de correntes e, como conseqüência, a área de troca térmica a ser provida pelo trocador de calor e as respectivas temperaturas de saída; • a seqüência em que as trocas térmicas devem ser efetuadas; Uma maneira de incorporar a 2a Lei da Termodinâmica na análise de integração energética foi sugerida por Linnhoff e consiste na utilização de uma força motriz mínima (∆Tmin) entre as correntes quentes e frias. Assim, representam-se as temperaturas das correntes em escalas deslocadas por tal ∆Tmin, no nosso exemplo, 10oF (Figura 5.4). 250 200 160 140 120 100 240 190 150 130 110 90 [1000] [4000] [3000] [6000] Q intervalo250 240 200 150 100 10 o 190 90(1) (2) (3) (4) 140 Tmin Q =50.10 BTU/h 3 I Q =-40.10 BTU/h 3 II Q =-80.10 BTU/h 3 III Q =40.10 BTU/h 3 IV Q =20.10 BTU/h 3 V Q =-10.10 BTU/h 3 total I II III IV V Figura 5.4: Diagrama de Intervalo de Temperatura A quantia de calor líquida em cada intervalo é calculada como segue (no intervalo i): Qi = [∑ (FCp)QUENTE,i − ∑ (FCp)FRIO,i ] .∆T QI = (1000− 0).(250− 200) = 50.103Btu/h QII = (1000 + 4000− 6000).(200− 160) = −40.103Btu/h QIII = (1000 + 4000− 3000− 6000).(160− 140) = −80.103Btu/h QIV = (4000 + 1000− 3000).(140− 120) = 40.103Btu/h QV = (4000− 3000).(120− 100) = 20.103Btu/h Observar que ∆Tmin = 10oF . Observar ainda que esta quantia de calor calculada em cada inter- valo representa o calor líquido, ou seja, considerando que as correntes quentes em cada intervalo doem a quantia de calor que possuem às correntes frias, haverá um superávit de calor (caso positivo) ou um déficit (caso negativo). 205 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP Uma maneira de satisfazermos as necessidades de aquecimento e resfriamento em cada intervalo de temperatura é simplesmente transferir o excesso de calor para uma utilidade fria e suprir calor com uma utilidade quente, conforme mostrado na Figura 5.5. Neste caso, a necessidade de energia seria: • Utilidade quente: 120.103 Btu/h • Utilidade fria: 110.103 Btu/h 250 200 150 120 100 240 190 140 90 50 -40 -80 40 20 x10 3 U t i l i d a d e Q u e n t e U t i l i d a d e F r i a Figura 5.5: Diagrama em cascata: satisfação da necessidade de calor em cada intervalo O diagrama acima satisfaz as necessidades de troca térmica, porém não é a melhor opção do ponto de vista econômico, já que está havendo perdas de energias que poderiam ser melhor aproveitadas. Isto porque sobra calor no intervalo I, que está numa temperatura maior que os demais intervalos. Assim, este calor que está sobrando, pode ser transferido para intervalos de temperatura inferiores, que necessitam de calor. Isto é que é feito na Figura 5.6. OBSERVAÇÃO: Notar que sobra calor nos intervalos IV e V, e ainda falta calor no intervalo III. Entre- tanto, não é possível transferir calor de IV e V para III, já que os dois primeiros estão em temperaturas menores que III (isto seria uma violação da 2a Lei da Termodinâmica ou ainda considerar que ao colo- car gelo e água fervente em contato o calor sairá do gelo (resfriando-o) e passará para a água fervente (aquecendo-a)!!!). Com os valores mostrados na Figura 5.6, tem-se: • Quantidade mínima de aquecimento: 70.103Btu/h = QH,min • Quantidade mínima de resfriamento: 60.103Btu/h = QC,min – Diferença: quantia requerida pela 1a Lei! 206 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 250 200 150 100 240 190 140 90 50 -40 -80 40 20 x10 3 U t i l i d a d e Q u e n t e U t i l i d a d e F r i a 60 10 0 50 70 40 Calor transferido dentro do sistema Calor transferido para/de vizinhança Figura 5.6: Diagrama com melhor aproveitamento de energia 5.2.2 Cálculo da temperatura de Pinch A temperatura de Pinch2 (TPINCH) é definido como sendo o ponto onde não existe troca de energia entre intervalos. No exemplo considerado, tal temperatura é de 140oF na escala quente e 130oF na escala fria, ou de 135oF, média aritmética das duas temperaturas. A interpretação física da temperatura de Pinch é: • Acima de TPINCH ⇒ somente suprimos calor ao processo • Abaixo de TPINCH ⇒ somente retiramos calor do processo Qualquer outra situação diferente desta, significa que o processo não está otimizado do ponto de vista de gasto energético. OBSERVAÇÃO: Os resultados anteriores valem para ∆Tmin=10oF. Este valor foi escolhido arbitraria- mente no início da análise Pinch, sendo que o melhor valor deve ser determinado experimentalmente, ou seja, devem-se adotar vários valores para ∆Tmin, realizar o procedimento de síntese da RTC e calcular então os custos. A RTC com o menor custo determinará o ∆Tmin ótimo. 5.2.3 Diagrama Temperatura-Entalpia para RTC Após o cálculo de QH,min e QC,min, pode-se construir o diagrama temperatura versus entalpia, como segue: 2Pinch ou temperatura de estrangulamento energético, em inglês, dentre outros sentidos, significa estreitamento, falta, carência. 207 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 1. define-se a entalpia correspondente à menor temperatura entre as correntes quentes como condição de referência; Ex: T = 100oF; H = 0 2. calcula-se, acumulativamente, o calor disponível nas correntes quentes quando nos deslocamos para intervalos de temperatura superiores; 3. na menor temperatura das correntes frias, escolhe-se a entalpia como sendo QC,min; Ex: T = 90oF; H = 60.000 Btu/h Correntes Quentes Hacumulado T = 100 oF H0 = 0 0 T = 120 oF H1 = 4000.(120-100) = 80000 80.000 T = 140 oF H2 = (1000+4000).(140-120) = 100000 180.000 T = 160 oF H3 = (1000+4000).(160-140) = 100000 280.000 T = 200 oF H4 = (1000+4000).(200-160) = 200000 480.000 T = 250 oF H5 = 1000.(250-200) = 50000) 530.000 Faz-se o mesmo para as correntes frias. Correntes frias Hacumulado T = 90 oF H0 = 60000 (QC,min) 60.000 T = 130 oF H1 = 3000(130-90) = 120000 180.000 T = 150 oF H2 = (3000+6000)(150-130) = 180000 360.000 T = 190 oF H3 = 6000(190-150) = 240000 600.000 A Figura 5.7 mostra o diagrama Temperatura x Entalpia para o exemplo considerado. Outro diagrama útil é a Grande Curva Composta (“Grand Composite Curve”), construído como segue: • o fluxo de calor é zero na temperatura média de Pinch (T = 135oF) • no próximo intervalo superior de temperatura média (T = 155oF), ou intervalo III, o fluxo de calor é dado por calor acumulado + (− ∑ (Fcpcorr.quentes).∆T + ∑ (Fcpcorr.frias).∆T ) = 0 + (180 - 100) = 80. Na temperatura T = 195oF, ou intervalo II, H = 80 + (240 - 200) = 120; para T = 245oF, ou intervalo I, H = 120 + (-50) = 70 • iniciando pelo Pinch e movendo para temperaturas mais frias, calor acumulado + ( ∑ (Fcpcorr.quentes).∆T− ∑ (Fcpcorr.frias).∆T ) para T = 115oF, ou intervalo IV, H = 40; T = 95 oF, ou intervalo V, H = 20 + 40 = 60 A grande curva composta (Figura 5.8) é particularmente útil durante estudos de integração de energia e potência (ajuste de perfis). Regras Heurísticas válidas na síntese de uma RTC: 1. Não transfira calor através do PINCH; 2. Adicione calor somente acima do PINCH; 3. Resfrie apenas abaixo do PINCH; 208 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 90 110 130 150 170 190 210 230 250 0 200 400 600 Menor distância entre as curvas PINCH Q = 60.10 BTU/h C, min 3 Q = 70.10 BTU/h H, min 3 T =130 F C o T =140 F H o Entalpia, 10 BTU/h 3 T =10 F min o T, F o Correntes: quente fria Figura 5.7: Diagrama Temperatura x Entalpia 90 110 130 150 170 190 210 230 250 0 T =10 F min o T, F o 20 40 60 80 100 120 Entalpia Q C,min Q H,min Figura 5.8: “Grand Composite Curve” 209 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 5.2.4 Número Mínimo de Trocadores de Calor em uma RTC Se considerarmos as cargas térmicas de cada corrente e as necessidades mínimas de aquecimento e resfriamento, pode-se determinar o número mínimo de trocadores de calor para uma RTC (usando a 1a Lei e a 2a Lei). utilidade quente 70 corrente 1 130 corrente 2 400 corrente 3 180 corrente 4 360 utilidade fria 60 DOA CALOR RECEBE CALOR 70 110 20 340 60 Figura 5.9: Caminhos de troca térmica Analisando a Figura 5.9, verifica-se que: Número de caminhos de troca térmica = 5 Número de trocadores de calor (um para cado caminho) = 5 Assim, pode-se estabelecer como regra para o número de tracadores de calor na RTC:( No DE TROCADORES DE CALOR ) = ( No DE CORRENTES ) + ( No DE UTILIDADES ) - 1 Entretanto, a equação anterior nem sempre é correta! Se aumentarmos a quantidade de calor fornecida para aquecimento, deveremos também aumentar a quantidade de resfriamento, para obedecer a 1a Lei. Veja a Figura 5.10. utilidade quente 230 corrente 1 130 corrente 2 400 corrente 3 180 corrente 4 360 utilidade fria 220 DOA CALOR RECEBE CALOR 130 220 180230 Figura 5.10: Caminhos de troca térmica (aumentando Q) 210 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP Agora, têm-se: 4 caminhos ⇒ 4 trocadores. Entretanto, o número de problemas independentes é igual a 2, já que: ( (1)→C2 aquece C3 e C5 (2)→UQ e C1 aquecem C4 ) Deste modo, a regra do número de trocadores de calor deve ser modificada então para:( No DE TROCADORES ) = ( No DE CORRENTES ) + ( No DE UTILIDADES ) - ( No DE PROB. INDEP. ) NE = NC + NU - NI Voltando ao problema original, mostrado na Figura 5.11, : utilidade quente 70 corrente 1 130 corrente 2 400 corrente 3 180 corrente 4 360 utilidade fria 60 DOA CALOR RECEBE CALOR 70-Qe 110+Qe 20-Qe 340 60 Qe Figura 5.11: Caminhos de troca com deslocamento de calor Válido para qualquer valor de QE No de caminhos = 6 No de trocadores = 6 Há um loop (laço fechado): UQ → C3 → C1 → C4 → UQ, que aumentou o número de trocadores de calor em um. Portanto, a regra geral para a estimativa do número de trocadores de calor é3: ( No DE TROC. ) = ( No DE CORRENTES ) + ( No DE UTIL. ) + ( No DE LOOPS ) - ( No DE PROB. IND. ) NE = NC + NU + NL - NI 5.2.5 Efeito do ponto Pinch: análise pela 2a Lei Vimos que na determinação de QH,min e QC,min existe uma temperatura que divide o problema em duas partes: • acima do ponto Pinch, onde apenas fornecemos calor da utilidade; • abaixo do Pinch, onde apenas removemos calor para a utilidade. Supondo que não exista loop na RTC e que exista apenas um problema independente: 3Use esta regra com parcimônia, pois nem sempre ela é válida! 211 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 250 200 150 100 90 140 190 240 Pinch 140 130 Figura 5.12: Ilustração do ponto de Pinch (1a Lei) NE = NC +NU − 1 = 4 + 2− 1 = 5 trocadores Acima do Pinch: NC = 4 NU = 1 } NEacima = 4 + 1− 1 = 4 trocadores Abaixo do Pinch: NC = 3 NU = 1 } NEabaixo = 3 + 1− 1 = 3 trocadores Assim, pode-se satisfazer as QH,min e QC,min com 7 trocadores. Para satisfazer apenas a 1a Lei, seriam necessários apenas 5 trocadores. Sem integração energética, eram necessários 4 trocadores (um para cada corrente). CONCLUSÃO: Espera-se que a RTC de energia mínima (economia máxima de energia) tenha 2 (7-5=2) loops que cruzam o pinch. Se desejarmos sacrificar alguma energia, pode-se eliminar até 2 trocadores. A RTC de número mínimo de trocadores de calor conteria então 5 trocadores. Qual RTC é a melhor: (i) a RTC de energia mínima ou (ii) a RTC de número mínimo de trocadores de calor? A resposta a esta pergunta dependerá de caso a caso. Nos processos para os quais os custos de energia forem dominantes, provavelmente o primeiro caso será o mais vantajoso; já para os processos com trocadores de calor de alto custo, provavelmente o segundo caso será o melhor. Qualquer que seja a situação, somente após uma análise econômica de todas as possibilidades é que ter-se-á uma resposta adequada. 5.2.6 Estimativa da área de uma RTC usando o Diagrama Temperatura x Ental- pia Procedimento: passe uma linha vertical em cada posição com mudança de inclinação no diagrama Tem- peratura x Entalpia 1. Se as curvas de aquecimento/resfriamento forem devidas a uma única corrente, pode-se estimar o coeficiente global de troca térmica como sendo: 1 UI = 1 hi + 1 h0 e AI = QI UI(∆TLM)I ; ∆TLM ≡ diferença média logarítmica de temperatura 212 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 2. Se há múltiplas correntes no intervalo: AI = QI (∆TLM)I [ quente∑ i 1 hi + fria∑ j 1 hj ] Assim: ARTC = NoInt,∑ i=1 AI Observação: Embora este procedimento forneça apenas uma estimativa preliminar, ele é uma estimativa muito útil para a comparação de alternativas de processo. A partir do gráfico Temperatura x Entalpia, pode-se ler a carga térmica para cada trocador e o valor da diferença de temperatura em cada intervalo, conforme mostrado na Figura 5.13. UF UQ 1 2 1 1 1 2 2 T H T 1 T 2 Q I Nœmero de correntes frias neste intervalo T Q Figura 5.13: Estimativa da carga térmica e área de cada trocador de calor numa RTC 5.2.7 Projeto da RTC de energia mínima Conhece-se até o momento QH,min, QC,min número mínimo de trocadores de calor Ponto de Pinch O projeto da RTC baseia-se na subdivisão do problema de projeto em dois subprojetos: • um acima do ponto de Pinch; • outro abaixo do Ponto de Pinch; Etapas que devem ser seguidas no projeto: 213 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 1. cálculo da carga térmica de cada corrente abaixo e acima do Pinch; 2. determinação de pares de troca térmica viáveis; Considerando o exemplo que estamos trabalhando neste capítulo, temos para a corrente 1, o cálculo da carga térmica acima e abaixo do Pinch: • acima do Pinch: Q = (FCp)1∆T = 1000(250− 140) = 110.103Btu/h • abaixo do Pinch: Q = (FCp)1∆T = 1000(140− 120) = 20.103Btu/h Fazendo o mesmo para as outras correntes, têm-se os resultados mostrados na Figura 5.14. 250 200 150 100 90 140 190 240 140 [1000] [4000] [3000] [6000] [FCp] Q=360 Q =110+240-60-360 =70 T Q=60 Q=120 Q=20+160-120 =60 T Q=110 Q=20 Q=160 Q=240 Q=10 BTU/h 3 Figura 5.14: Cargas térmicas de cada corrente acima e abaixo do Pinch Determinação dos Pares de Troca Térmica 1a parte: acima do Pinch: 1. Considerando o par formado pelas correntes 1 e 3: C1 = QH = 110 C3 = QC = 60 } QT = 60000Btu/h QT = (FCp)(TH − 140) 60000 = 1000(TH − 140) TH = 200 oF 200oF - 150oF = 50oF > ∆Tmin = 10oF TH TC ( TROCADOR VIÁVEL ) 214 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 2. Considerando o par formado pelas correntes 2 e 3: C2 = QH = 240 C3 = QC = 60 } QT = 60000Btu/h QT = (FCp)2(TH − 140) 60000 = 4000(TH − 140) TH = 155 oF 155oF - 150oF = 5oF < ∆Tmin = 10oF ( TROCADOR NÃO VIÁVEL ) Logo, percebe-se que os trocadores de calor podem ser: • IMPOSSÍVEIS: quando há violação da 2a Lei da Termodinâmica; • VIÁVEIS: quando são possíveis e obedecem o ∆Tmin Assim, como critério de projeto, usa-se para propor pareamento de correntes: • Logo acima do Pinch: FHCpH ≤ FCCpC • Logo abaixo do Pinch: FHCpH ≥ FCCpC Voltando ao projeto: Acima do Pinch Possíveis pares: 13, 14, 24 Escolhendo os pares 13 e 24, observamos que ainda sobra calor em 1 e falta em 4: • calor em 1: (110− 60).103 = 50.103 (Para doar) • calor em 4: (360− 240).103 = 120.103 (Para receber) Utilizando o calor restante em 1 na corrente 4, esta ainda necessitará de 70.103Btu/h: (360 − 240− 50 = 70). Assim, têm-se os pares de troca térmica mostrados na Figura 5.15. Abaixo do Pinch, têm-se as cargas térmicas mostradas na Figura 5.16. Par de correntes 2 e 3: Qtrocado = 120.103Btu/h. O restante das correntes quentes devem trocar calor com a utilidade fria: QC = (20 + 40).103 = 60.103Btu/h, que é justamente o valor do QC min encontrado anteriormente (Figura 5.17). Assim, temos o projeto completo da RTC de energia mínima, mostrado na Figura 5.18. No total de trocadores de de calor = 7 Lembrar que o no mínimo de trocadores era 5. Disto concluímos que há 2 loops no processo, através do Pinch. Os loops podem ser removidos adicionando mais calor (e retirando mais calor) do processo. Com a quebra dos 2 loops, 2 trocadores de calor serão removidos. (Os loops são mostrados na Figura 5.18 - um em linhas cheias e outro com trocadores de calor marcados com X). 215 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 250 240 200 150 140 190 140 1 1000 2 4000 3 3000 4 4000 130 T=200 Q=50 Q=240 Q=60 Corrente FCp H=70 T=178 T=170 Quantidade de calor necessÆrio a ser adicionado (veja que Ø igual a Q )H,min Figura 5.15: Projeto da RTC acima do Pinch 140 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 130 100 90 Q=160 150 140 Q=20 Corrente FCp Q=120 Figura 5.16: Cargas térmicas abaixo do Pinch 5.2.8 Loops e Caminhos Energéticos Loop: É um conjunto de conexões que pode ser acompanhada em uma RTC. O loop inicia-se em um trocador de calor e retorna ao mesmo trocador, sendo que pode passar também por utilidades. A presença de um loop denota que há um trocador extra no processo. Portanto, se quebrarmos o loop, podemos remover um trocador. Exemplos de “loops” são mostrados nas Figuras 5.19 e 5.20. Heurísticas para quebra de loop: 1. Quebre o loop que inclua o trocador com a menor carga térmica; 2. Remova o trocador de calor de menor carga térmica do loop; 216 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 140 1 1000 2 4000 3 3000 4 4000 130 100 90 C=40 150 140 Q=20 Q=120T=110 3 trocadores de calor 120000=4000 (140-T) T=110 F o Figura 5.17: Projeto da RTC abaixo do Pinch 3. Se for quebrado um loop que cruza o Pinch, usualmente o ∆Tmin será violado. Neste caso, necessita-se de uma revisão da RTC usando caminhos energéticos. O caminho energético é uma conexão entre um aquecedor e um resfriador em uma RTC, usado para deslocamento de cargas térmicas. O deslocamento de cargas térmicas dá-se pela adição de carga em um trocador e remoção em um outro, que pertença à mesma corrente (de tal forma que o total de calor permanece inalterado). Obviamente, a carga térmica da outra corrente que passa pelo mesmo trocador também é reduzida. Então, necessita-se remover calor a esta corrente em outro trocador ou em um resfriador. Ver a Figura 5.21. Embora as cargas térmicas e as temperaturas intermediárias das correntes se alterem, as temperaturas iniciais e finais das correntes permanecem inalteradas e a adição e remoção de calor for efetuada de modo conveniente. 5.2.9 Reduzindo o número de trocadores de calor na RTC de energia mínima Resumo das regras gerais relacionadas ao procedimento de projeto de RTCs: • O número de trocadores requeridos para o processo global é sempre menor ou igual ao encontrado pelo procedimento de mínima energia; • Se o procedimento de projeto da RTC for o da mínima energia, geralmente haverá loops cruzando o pinch; • Pode-se quebrar estes loops transferindo calor através do Pinch, mas será introduzida pelo menos uma violação do ∆Tmin = 10oF (ou outro valor) especificado; • Pode-se restaurar o ∆Tmin deslocando calor ao longo de um caminho (“path”), o que aumenta a energia consumida no processo; Seguindo as heurísticas, temos que a menor carga térmica nos loops é de 20.103Btu/h. Para a quebra do loop, adicionam-se e retiram-se 20.103Btu/h de energia na corrente 1, conforme mostrado na Figura 5.22. • A alteração na corrente 1 afeta a corrente 4, que por sua vez afeta a corrente 2. • Calcular as novas temperaturas intermediárias. Percebemos pela Figura 5.23 que há violação do ∆Tmin. A temperatura de saída da corrente 1 (120oF ) é 10oF menor que a temperatura de entrada da corrente 3, no trocador com Q = 60, o que é impossível, fisicamente (violação da 2a Lei da Termodinâmica). 217 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 250 240 200 150 140 190 140 130 Q=50 Q=240 Q=60 H=70 100 90 Q=120C=20 C=40 Pinch Utilidade Fria Utilidade Quente X XX X X X XX Figura 5.18: Projeto completo da RTC de energia mínima 1 2 3 4 ou 1 2 3 4 Figura 5.19: Presença de “loops” em RTCs 1a corrente: Q = FCp∆T 70.103 = 1000(250− T ) ⇒ T = 180oF 60.103 = 1000(180− T ) ⇒ T = 120oF 218 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP UQ 1 3 4 ou 1 3 4 H H Figura 5.20: “Loop” através de utilidade numa RTC C C+Q E Q H H+Q E Q-Q E Figura 5.21: Caminho energético Restaurando o ∆Tmin Restaura-se a temperatura mínima neste ponto da RTC deslocando calor ao longo do caminho (Fi- gura 5.24). A quantia de calor QE que deve ser deslocada é dada por: (120−QE).103 = 3000(110− 90) ∴ QE = 60 5.2.10 Quebrando o 2o loop Até o momento temos a RTC com 6 trocadores de calor mostrada na Figura 5.26, já com as cargas térmicas e temperaturas revistas, após a restauração do ∆Tmin violado. Há, entretanto, um loop ainda remanescente. A menor carga térmica deste loop é 10.103Btu/h. Adicionando e removendo Q = 10, tem-se a RTC mostrada na Figura 5.26. Observar que não há violação do ∆Tmin neste caso, como usualmente acontece. Finalmente, chegamos à RTC final (Figura 5.27). Nesta, têm-se 5 trocadores de calor, ao invés de 7, mas a quantidade de calor de aquecimento e de resfriamento aumentou de 60.103 Btu/h, pois passou de 70.103 Btu/h para 130.103 Btu/h para a utilidade quente. Então, necessita-se verificar se a redução no número de trocadores foi compensada ou não pelo aumento dos custos operacionais. Um fator que 219 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP 250 240 200150 140 190 140 130 Q=50 Q=240-20 Q=60 H=70 100 90 Q=120 C=20 C=40 Pinch T=178,3 T=170 Q=50+20 Q=240-20 Q=240 Q=50+20 T=200 Q=20-20 C=40+20 T=110 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 Corrente FCp Figura 5.22: Quebrando o primeiro loop na RTC de energia mínima pode ser otimizado é ter uma diferença de temperatura de 10oF, ao invés de 13oF (120oF-107oF), entre as correntes 1 e 3. 220 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP T=120 T=130 Q=70 Q=60 T=130 H=70 Q=120 C=60 T=178,3 T=166.6 Q=220 T=180 T=100 T=115 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 Corrente FCp T=250 T=190 T=150 T=145 T=90 T=200 T violado min Figura 5.23: Trocador removido - ∆Tmin violado 221 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP T=120 Q=70 Q=60 H=70 + Q=120 C=60+Q Q=220 T=100 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 Corrente FCp T=250 T=190 T=150 T=145 T=90 T=200 Q E 70 - Q E 60+Q E E Q=120-Q E T=110 60 + Q E Q=120-Q E Figura 5.24: Restauração do ∆Tmin 222 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP T=120 Q=10 Q=120 H=130 Q=60 C=120 Q=220 T=100 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 Corrente FCp T=250 T=190 T=150 T=90 T=200 T=130 T=168,4 T=166,6 T=110 T=115 T=240 T=145 Figura 5.25: RTC com 6 trocadores de calor 223 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP T=120 Q=10 Q=120 H=130 Q=60 C=120 Q=220 T=100 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 Corrente FCp T=250 T=190 T=150 T=90 T=200 10 - Q E 120+QE Q= 60-Q E 10 - Q E 220+Q E 220+Q E Q= 60-Q E 120+Q E T=130 Figura 5.26: RTC revisada 224 5.2. Síntese de Redes de Trocadores de Calor usando a tecnologia Pinch UFU-FEQUI-NUCOP T=120 Q=130 H=130 Q=50 C=120 Q=230 T=100 1 1000 2 4000 3 3000 4 6000 Corrente FCp T=250 T=90 T=150 T=190 T=200 T=130 T=168 T=130 T=142,5 T=107 Use path para reduzir T para o menor valor Mínimo de trocadores = 5 Calor entrando = 130 Calor saindo = 120 MÆxima energia, trocadores = 7 Calor entrando = 70 Calor saindo = 60 Figura 5.27: Projeto final da RTC - trocadores mínimos 225 5.3. Divisão de correntes em RTCs UFU-FEQUI-NUCOP 5.3 Divisão de correntes em RTCs É possível acontecer a seguinte troca térmica? ? 200 140 180 154 Nªo! Solução: dividir correntes Usar heurísticas: • Acima do Pinch: NH ≤ NC • Abaixo do Pinch: NH ≥ NC 60000 Pinch 140 1000FCp 3000 200 180 180 5000 120000 250000 130 130+ T Dividindo a corrente fria: 60000 140 1000FCp 3000 3500 120000 130 1500 T=130 175000 75000 23a : Q2 = 120000 Q3a = 175000 } QT1 = 120000 226 5.3. Divisão de correntes em RTCs UFU-FEQUI-NUCOP 180 T=? 140 ”F 130 ”F 1 (2) QT1 = (FCp3a).(T − 130) 120000 = 3500.(T − 130) T = 164, 29oF 13b : Q1 = 60000 Q3b = 75000 } QT2 = 60000 200 T=? 140 ”F 130 ”F QT2 = (FCp3b).(T − 130) 60000 = 1500.(T − 130) T = 170oF Portanto: 60000 120000 (1) (2) (3) (4) H=15000 H=55000 227 5.3. Divisão de correntes em RTCs UFU-FEQUI-NUCOP Para divisão de correntes, seguir os algoritmos mostrados a seguir. Acima do Pinch, Figura 5.28. Abaixo do Pinch, Figura 5.29. Figura 5.28: Algoritmo para divisão de correntes acima do Pinch Figura 5.29: Algoritmo para divisão de correntes abaixo do Pinch 228 5.4. Integração de Calor e Potência UFU-FEQUI-NUCOP 5.4 Integração de Calor e Potência De acordo com a 1a Lei da Termodinâmica, calor e potência são relacionados. Então, o procedimento anterior de integração energética pode ser estendido de tal forma a incluir outras unidades do processo que não sejam apenas trocadores de calor. 5.4.1 Máquinas térmicas Uma máquina térmica é um aparelho que produz trabalho a partir de calor, num processo cíclico. Ver Figura 5.30. caldeira turbina W_sai vapor saturado condensador Qc Pc, T4 Pb, T3 Qb W_entra bomba líquido saturado Pc, T1 T1 = T4 Pb, T2 fonte quente fonte fria M.T. T1 To W Q Q1 Figura 5.30: Representação de uma máquina térmica Há 3 possibilidades de localizar a máquina térmica: acima do Pinch; abaixo do Pinch; cruzando o Pinch, conforme mostrado na Figura 5.31. Perceber que localizar a máquina térmica acima do Pinch é benéfico, pois o calor que é rejeitado por esta é aproveitado no processo. Localizar a máquina térmica abaixo do Pinch também é benéfico, pois diminui a quantidade de energia para a utilidade fria. Já quando a máquina térmica está cruzando o Pinch, ela deve pegar calor acima do Pinch e rejeitar em baixo, aumentando de QE −W a quantidade de energia a ser disponibilizada para a utilidade fria. Observar que não se pode tomarQE das correntes acima do Pinch pois, por definição da TPINCH , não há calor disponível para ser transferido da parte superior para a inferior. Heurística: Coloque máquinas térmicas acima ou abaixo do Pinch, mas nunca cruzando-o. 5.4.2 Bombas de calor As bombas de calor são o oposto das máquinas térmicas; coloca-se trabalho em uma bomba de calor para elevar a temperatura do calor disponível. Ver Figura 5.32. Da mesma forma que as máquinas térmicas, as bombas de calor podem ser localizadas acima, abaixo ou cruzando o Pinch, sendo esta última configuração a única que traz vantagens energéticas ao processo, conforme pode ser verificado na Figura 5.33. Heurística: colocam-se as bombas de calor cruzando o Pinch. 229 5.4. Integração de Calor e Potência UFU-FEQUI-NUCOP Q_entra Q_sai Q_sai Q_sai Q_sai+Qe-W eficiŒncia=100% Q_entra W Q_entra+W mÆquina tØrmica WmÆquina tØrmica Q_sai-W eficiŒncia=100% WmÆquina tØrmica Qe Qe+W Q_entra Q_entra Pinch Figura 5.31: Possibilidade de localização de uma máquina térmica no processo 5.4.3 Calor e Destilação Colunas de destilação são unidades com alto consumo energético e, portanto, importantes na integração energética (Figura 5.34). Inverte-se a coluna para ficar concordante com o diagrama de Pinch (calor entra na parte de cima e sai na parte de baixo). Caso a coluna seja localizada cruzando o Pinch (o condensador numa temperatura menor que o Pinch e o refervedor numa temperatura maior que o Pinch), ela deverá receber calor (refervedor) acima do Pinch e doar calor (condensador) abaixo do Pinch, que já é a situação normal em uma RTC, ou seja, só haverá aumento das utilidades, não tendo nenhum benefício em integrar a coluna às correntes do processo. Agora, caso a coluna seja colocada inteiramente acima ou abaixo do Pinch, isto será vantajoso pois as necessidades térmicas do condensador e do refervedor podem ser parcial ou completamente satisfeitos com as correntes do processo (Veja a Figura 5.35). 230 5.4. Integração de Calor e Potência UFU-FEQUI-NUCOP condensador compressor evaporador Qb vÆlvula Qc Pc, T3 líquido saturado Pb, T4 líquido/vapor W_entra Pb, T1 vapor saturado Pc, T2 Figura 5.32: Representação de uma bomba de calor Q_entra Q_sai Q_sai-Qe Q_sai W Q_entra-(Qe+W) Q_entra-W Q_entra Pinchbomba de calor Qe Qe+W Wbomba de calor Qe Qe+W Wbomba de calor Qe+W Q_sai+W Qe Figura 5.33: Possibilidade de localização de uma bomba de calor no processo 231 5.4. Integração de Calor e Potência UFU-FEQUI-NUCOP retirada de calor, Q_saiadiçªo de calor, Q_entra Q_entra Q_sai Figura 5.34: Colunas de destilação e integração energética C C Q_E Q_E Q_E Q_E Q_ent Q_sai Q_ent+Q_E Q_sai+Q_E C Q_E Q_E Figura 5.35: Localização possível de uma coluna de destilação em relação ao Pinch Heurística: colocam-se as colunas de destilação acima ou abaixo do Pinch, nunca cruzando-o. Se, por questão de parâmetros de processo, a coluna de destilação estiver cruzando o Pinch, as temperaturas desta podem ser alteradas, manipulando-se adequadamente a pressão: • acima do Pinch, elevando a pressão; • abaixo do Pinch, abaixando a pressão; 232 5.5. Exemplo resolvido UFU-FEQUI-NUCOP 5.5 Exemplo resolvido Análise de aproveitamento energético em um processo A empresa “Desperdício S.A” contratou seus serviços de consultor júnior para avaliar a possibilidade de economizar energia num processo contendo quatro trocadores de calor, cada qual utilizando utilidades, atualmente. Os trocadore sde calor são mostrados na Figura 5.36, juntamente com as temperaturas de entrada e saída e as cargas térmicas, dados estes medidos em campo (temperaturas) ou obtidos con- sultando os arquivos de projetos (cargas térmicas). Caso seja possível economizar energia, a empresa 60 ºC 180 ºC 30 ºC 130 ºC 180 ºC 40 ºC 150 ºC 40 ºC 360 kW 260 kW 280 kW 440 kW 1 2 3 4 Figura 5.36: Trocadores de calor existentes na empresa “Desperdício S.A”. “Desperdício S.A.” pede-lhe que faça uma estimativa de custos, com diferentes números de trocadores de calor na RTC proposta. Outras informações recolhidas no processo ou na literatura: • Água de resfriamento (cw): disponível a Ts = 30 ◦C e deve deve sair do processo a no máximo Tt ≤ 80 ◦C. Custo: $ 0,00015/kg • Vapor (saturado): disponível a T = 258 ◦C; calor latente de vaporização ∆Hv = 1676 kJ/kg. Custo: $ 0,006/kg • Coeficientes globais de troca térmica: U(aquecedor) = 1 kW/m2◦C U(resfriador) = UTC = 0,75 kW/m2◦C • Custo FOB de cada trocador de calor: Cp = 3, 000A0,5 ($/m2) • Operacionabilidade do equipamento: 8500 h/ano • Taxa de retorno: r = 10% • Custo anualizado: CA = r(CTCI + COS), onde: CTCI = custo total do capital investido; COS = custo operacional, aproximado como sendo custo anual das utilidades quentes e frias; que pode ser escrita como sendo: CA = r(CTCI + COS) + sFs + CwFcw, onde: Fs = vazão anual de vapor gasto (kg/ano); Fcw = vazão anual de água de refrigeração gasta (kg/ano); s = custo unitário do vapor ($/kg); Cw = custo unitário da água ($/kg); 233 5.5. Exemplo resolvido UFU-FEQUI-NUCOP SOLUÇÃO: Sem integração energética a quantia de energia que está sendo gasta atualmente é de: • QH = 620 kW; (utilidade quente) • QC = 720 kW; (utilidade fria) Usando a relação: Q = Fcp∆T , as vazões-capacidades caloríficas foram calculadas como sendo: 3; 2,6; 2 e 4 kW/◦C, para os trocadores 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Após efetuar o diagrama em cascata, Figura 5.37, de acordo com a análise Pinch, verificou-se que a RTC com a máxima economia de energia (ou RTC de energia mínima) terá (usando um ∆Tmin = 10 ◦C): • QHmin = 60 kW; • QCmin = 160 kW; A temperatura de estrangulamento energético (temperatura de Pinch) foi calculada como sendo de 145 ◦C. O número mínimo de trocadores de calor (de acordo com a 1a lei) é de (4 correntes + 2 utilidades QH= 60 kW QC = 160 kW − 30 − 30 30 28 102 Figura 5.37: Diagrama em cascata da RTC da empresa “Desperdício S.A”. + 0 loop - 1 prob. indep.) = 5. Para a RTC, verificou-se que 2 (2 correntes + 1 utilidade + 0 loop - 1 prob. indep.) trocadores de calor serão localizados acima do Pinch e 6 (4 + 1 + 2 - 1) abaixo do Pinch. Portanto, o número de loops será de 3 (= 6 + 2 - 5). A RTC de energia mínima (economia máxima de energia) proposta para este problema está mostrada na Figura 5.38. A RTC de no mínimo de trocadores de calor proposta à empresa “Desperdício S.A”, após quebrar os 3 loops existentes na RTC de energia mínima, está apresentada na Figura 5.39. Para a estimativa do custo da rede, o problema foi dividido em duas partes: (i) estimativa do custo fixo anualizado; (ii) estimativa do custo operacional, conforme segue4. Estimativa do custo fixo da RTC: O TC com a utilidade quente possui Q = 60 kW; U = 1 kW/m2◦C; ∆TLM é dado por (Trocador de calor operando de forma contra-corrente): ∆TLM = (258− 180)− (258− 160) ln ( 258−180 258−160 ) Portanto, sendo Q = U.A.∆TLM , calcula-se A e Cp. Repete-se o processo para o trocador de calor com a utilidade fria, admitindo que a água entra a 30 e sai a 70 ◦C para respeitar a diferença mínima, já que a corrente 4 está a 80 e deve ser resfriada a 40 ◦C. Para os demais TC da RTC, o procedimento é análogo. 4serão mostrados os cálculos apenas para a RTC de energia mínima. Para as outras RTCs, o procedimento é o mesmo. 234 5.5. Exemplo resolvido UFU-FEQUI-NUCOP 190 °C 180 °C 180 °C 150 °C 140 °C 70 °C 40 °C 170 °C 140 °C 130 °C 60 °C 30 °C 60 kW 120 kW 120 kW 80 °C 60 kW 80 kW110 °C 110 °C 100 °C 83,85 °C 160 °C 140 kW (3) (4) (2)(1) [2] [4] [3] [2,6] 160 kW 40 kW 126,67 °C Figura 5.38: RTC de energia mínima proposta à empresa “Desperdício S.A”. 190 °C 180 °C 180 °C 150 °C 140 °C 70 °C 40 °C 170 °C 140 °C 130 °C 60 °C 30 °C (3) (4) (2)(1) [2] [4] [3] [2,6] 200 kW 260 kW 20 kW 100 kW 146,7 °C 90 °C 170 °C 240 kW 140 °C Figura 5.39: RTC de no mínimo de trocadores de calor proposta à empresa “Desperdício S.A”. Estimativa do custo operacional da RTC: Custo do vapor = 60.10 3W 1 × 60s 1min × 60min 1h × 8500h 1ano × $0, 006 kg × kg.m 2.s2.kg W.s3.1676.103kg.m2 = $ 6573/ano lembrando que W = kg.m2/s3 e J = kg.m2/s2. Para a estimativa do custo operacional da água de resfriamento, necessita-se saber a quantia de calor que a água receberá na faixa de temperatura considerada, por unidade de massa. Sabendo-se que a água entra 235 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP a 30 ◦C e deve sair a 70 ◦C e considerando que o Cp da água é de 1 cal/g.◦C = 4,1868 J/kg.◦C, tem-se: Q m = Cp.∆T = 4, 1868.103J × 40◦C kg.◦C = 167, 47.103J/kg A estimativa do custo operacional com a água de resfriamento é análogo ao do vapor. Na Tabela 5.5 são mostrados os valores dos custos envolvidos. De acordo com estes resultados, a melhor RTC é a de energia mínima (com 8 trocadores de calor). RTC COS, $/ano Cp, $ CA, $/ano 8 TC (ener. mín) 10.086,00 66.900,00 16.776,00 7 TC 13.250,00 57.470,00 19.000,00 6 TC 13.250,00 54.430,00 18.690,00 5 TC (no mín TC) 15.347,00 45.930,00 19.940,00 Tabela 5.1: Resumo dos custos envolvidos nas propostas de RTCs à empresa “Desperdício S.A”. 5.6 Exercícios 1. Para cada sentença abaixo, assinale V se for verdadeira e F se for falsa. ( ) A análise da quantia de calor que cada corrente de um processo possui usando a 1a Lei da Termodinâmica não é útil na Tecnologia Pinch pois nesta análise nada se pode afirmar acerca de qual corrente pode trocar calor com qual outra, informação esta que é dada pela 2a Lei da Termodinâmica; ( ) Para que um evaporador possa ser integrado energeticamente num processo, a tempe- ratura da utilidade usada no mesmo deve ser necessariamente maior que a temperatura de Pinch do processo; ( )A escolha do ∆Tmin é arbitrária no início da análise Pinch, sendo que o seu valor ótimo é determinado pelo menor custo (fixo anualizado + operacional) da RTC, realizado necessari- amente para vários valores de ∆Tmin; ( ) A grande curva composta (“grand composite curve”), que na realiadade é um diagrama temperatura-entalpia, mostra nitidamente o ponto de estrangulamento energético do processo e a(s) faixa(s) de temperatura do processo com maior disponibilidade energética; ( ) Cada “loop” existente numa RTC significa que se podereduzir o número de trocadores de calor de um, sendo que a medida que os “loops” são quebrados deve-se realocar a quantia de energia retirada, recalcular todas a temperaturas intermediárias e checar se os trocadores de calor restantes são viáveis ou não. ( ) Dizer que um trocador de calor seja viável, no contexto da análise Pinch, significa que não há cruzamento de temperaturas no interior do mesmo, ou seja, deve-se garantir que a 2a Lei da Termodinâmica seja respeitada. ( ) A análise Pinch faz uso da 1a e da 2a Lei da Termodinâmica a fim de verificar a quantia de calor que cada corrente possui para doar ou receber e quais trocas térmicas são possíveis; ( ) Além das trocas térmicas entre as correntes de um processos, diversos equipamentos podem ser integrados energeticamente numa planta, tais como: bombas de calor, máquinas térmicas, colunas de destilação, evaporadores; 236 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP ( )A escolha do ∆Tmin é arbitrária na metodologia Pinch e não possui nenhuma influência sobre a economia do processo, afetando apenas as cargas térmicas das utilidades gastas; ( ) Quanto maior a diferença de entalpia entre as correntes quentes e frias, maiores serão os custos de uma Rede de Trocadores de Calor necessária para integrar energeticamente o processo; ( ) Pode-se chegar na RTC de energia mínima a partir da quebra dos “loops” existentes (caso existam) na RTC de número mínimo de trocadores de calor; ( ) Um trocador de calor em operação contracorrente com a finalidade de fazer uma corrente 1 (50 a 80 oC) doar calor a uma corrente 2 (60 a 70 oC), é possível e viável, independente das vazões das correntes, para um ∆Tmin = 10 oC; 2. (PROVA DE AOPQ DE 2005) A figura a seguir descreve uma proposta de integração energética de um processo sob sua responsabilidade enviada pela empresa de consultoria Calculamos Tudo S.A. (a) (10 pontos) Calcule a quantia de vapor e de água de resfriamento (kW) que serão consumidos nesta proposta de RTC. Para um ∆Tmin = 10oC, os valores calculados são os mínimos encontrados segundo a metodologia Pinch (ou seja, a RTC apresentada é a RTC de energia mínima?)? Caso negativo, calcule as quantias mínimas de utilidade que serão gastas numa RTC para este processo. Calcule também a temperatura de Pinch. (b) (8 pontos) Apresente a RTC de energia mínima mostrando se cada trocador de calor é viável ou não. (c) (8 pontos) Represente a RTC encontrada no fluxograma do processo (à semelhança da RTC dada). C (kW/ºC) Alimentação Efluente Reciclo 3 6 2 Vaso de separação Reator 120 ºC Efluente 200 ºC145 ºC 25 ºC 1 2 200 ºC100 ºC Reciclo 40 ºC40 ºC água de resfriamento vapor vapor Alimentação 180 ºC 100 ºC 3. (PROVA DE AOPQ DE 2005) Considere a RTC apresentada na Figura 5.40, a qual apresenta o pareamento de correntes questes e frias, considerando um ∆Tmin = 10 oC. (a) Estime as vazões-capacidades caloríficas de cada corrente; 237 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP (b) Estime a temperatura de Pinch; (c) Considerando que a corrente 1 sai de um reator e deve ser enviada a um vaso; que a corrente 2 chega de um processo anterior e alimenta o reator; e que a corrente três sai do vaso e volta ao reator, represente na forma de um PFD simplificado a RTC dada; 25 ”C 30 ”C 40 ”C 170 ”C 200 ”C [?] [?] [?] [?] 1a 1b 2 3 H=90 H=60 Q=260 Q=435 C=145 71,25 ”C 50 ”C Figura 5.40: RTC fornecida. 4. (PROVA DE AOPQ DE 2003) Considere o texto Falando de Fábrica - Destilação da lista de exercícios do Capítulo 4. (a) Destaque as principais ações, segundo o autor, que devem ser tomadas, em termos opera- cionais, a fim de minimizar o gasto energético em uma coluna de destilação, utilizada na obtenção de etanol hidratado proveniente de uma fermentação do açúcar de cana; (b) Quais as oportunidades de integração energética expostas pelo autor, em tal etapa do pro- cesso? (c) Há dois pontos no texto (um na segunda coluna do texto e outro na terceira) nos quais o autor se mostra inseguro quanto às suas afirmações. Destaque estes pontos e fale como a opinião do autor poderia ser apoiada em conhecimentos da Engenharia Química, caso ele tivesse feito o curso de AOPQ, particularmente o capítulo de Integração Energética. 5. (PROVA DE AOPQ DE 2003) Considere a parte de um processo mostrado na Figura 5.41. As matérias primas, que possuem uma vazão-capacidade calorífica de 4 Btu/h.◦F, estão disponíveis em uma temperatura de 140 ◦F. Entretanto, a fim de favorecer a cinética da reação, a temperatura de entrada destas no reator tubular deve ser de 255 ◦F. Ao longo do reator a temperatura sobe para 280 ◦F, em função do calor da reação, sendo que a vazão-capacidade calorífica cai a 2 Btu/h.◦F no fim do reator. A temperatura ótima de entrada na coluna de destilação deve ser de 130 ◦F. A temperatura no topo da coluna é de 300 ◦F, sendo que o destilado deve ser obtido a 200 ◦F, numa vazão-capacidade calorífica de 1 Btu/h.◦F. (Utilize um ∆Tmin = 10 ◦F) 238 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP 1 2 3 REATOR Destilado A+B −> C ∆Η< 0 Figura 5.41: Representação esquemática do processo a ser integrado energeticamente. (a) Determine o ponto de estrangulamento energético (TPinch) deste processo, utilizando o mé- todo proposto pela análise Pinch; Resposta: 145 ◦F (b) Calcule a quantidade energética mínima de utilidades a ser utilizadas, utilizando o método do diagrama em cascata proposto pela análise Pinch, e estime a economia máxima de energia possível de ser obtida com a integração energética; Resposta: QHmin = 100 Btu/h e QCmin = 40 Btu/h. Economia: QH = 360 Btu/h e QC = 360 Btu/h (c) Determine o número mínimo de trocadores de calor necessários para parear as correntes mostradas e compare com a quantidade de trocadores necessários sem integração energética; Resposta: 4 e 3 (d) Para este processo, é possível reduzir o número de trocadores de calor na RTC de energia mínima, obtendo assim uma RTC que não economize o máximo de energia? Justifique sua resposta. Resposta: A RTC de energia mínima terá 5 trocadores de calor. Portanto, há 1 loop e consequentemente 1 trocador de calor poderá ser retirado. (e) Considere a RTC apresentada na Figura 5.42, enviada por uma empresa de consultoria, após sua solicitação para que procedessem a um estudo de integração energética no processo. Verifique a viabilidade térmica dos trocadores de calor propostos para operarem acima do Pinch; Resposta: Todos estão OK! (f) Represente a RTC em anexo no fluxograma do processo, ou seja, mostre como ficaria o fluxograma após a RTC ser implementada; 6. (PROVA DE AOPQ DE 2003) Em um estudo de integração energética verificou-se que serão ne- cessários 7 trocadores de calor para parear correntes quentes, frias e utilidades, sendo 5 trocadores usados entre correntes do processo, 1 para troca térmica com uma utilidade fria (custo de $ 10 000,00 MW−1ano−1) e 1 para troca térmica com uma utilidade quente (custo de $ 120 000,00 MW−1ano−1). Os trocadores de calor a ser utilizados serão casco-tubo de passagem simples, cujo custo unitário instalado pode ser dado por: Custo de capital do trocador de calor ($) = 40000 + 500 A Onde “A” é a área de troca térmica em metros quadrados. O custo de capital deve ser pago em 5 anos, a uma taxa de juros de 10% a.a. 239 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP Figura 5.42: RTC proposta pela empresa de consultoria. 240 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP Após os cálculos, verificou-se que: Caso ∆Tmin, oC QHmin, MW QCmin, MW A*, m2 1 6 5,9 8,4 1377,80 2 10 7,5 10 1058,50 Onde A* é a área (média) de cada trocador de calor na RTC. O engenheiro responsável pelo estudo percebe que no caso 1 tem-se um menor gasto de utilidades, quando comparado com o caso 2, porém em relação às áreas a situação se inverte, o que o deixa confuso quanto ao melhor ∆Tmina ser adotado. Objetivando resolver sua dúvida existencial5 ele resolve lhe consultar a fim de auxiliá-lo a chegar a uma resposta conclusiva! Após um breve cálculo, você chega a um veredito: o melhor ∆Tmin, dentre os apresentados, a ser adotado na RTC, de modo a minimizar o custo total desta, é de .........(Justifique sua resposta quantitativamente). Resposta: O Caso 2 é o melhor sob o ponto de vista econômico, pois seu custo total anualizado é de $ 2.051.177,00 contra $ 2.137.986,00 do Caso 1. 7. (PROVA DE AOPQ DE 2004) 37o CONGRESSO E EXPOSIÇÃO ANUAL DE CELULOSE E PAPEL 18 a 21 de Outubro de 2004 - Promoção: Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel Theodora Retsina, representante da American Process, mostrou para os participantes da mesa- redonda os resultados promissores para a indústria com a utilização da tecnologia Pinch. Desta forma, afirma Theodora, pode ocorrer uma redução de energia térmica de aproximadamente 17% do total utilizado. Na exposição, a palestrante ainda argumentou que a tecnologia Pinch revela a real economia má- xima que pode ser atingida, a mais significativa co-geração e os melhores projetos para chegar a esses objetivos, por exemplo, em projetos de recuperação de calor e mudanças operacionais. Em um processo há um total de 6 correntes de processo que requerem aquecimento ou resfriamento e que atualmente isto é satisfeito através de utilidades adequadas. Entretanto, suspeita-se que pode- se economizar energia, fazendo as correntes trocar calor entre si e, assim, diminuir a quantia de energia comprada na forma de utilidades. Uma inspeção no processo permitiu o levantamento dos dados que são mostrados na tabela a seguir. Corrente Condição Cp (kJ/kg◦C) Te (◦C) Ts (◦C) carga térmica (kW)(∗) h (W/m2◦C (∗∗) 1 0,8 300 150 1200 400 2 0,8 150 50 200 270 3 1,0 200 50 450 530 4 0,8 190 290 500 100 5 0,8 90 190 800 250 6 1,0 40 190 600 80 (*) carga térmica no trocador de calor atual, sem integração energética (**) Coeficiente convectivo (ou de película) de transferência de calor 5O termo “dúvida existencial” faz uma referência ao Existencialismo, doutrina filosófica criada por Jean-Paul SARTRE, escritor e pensador francês (1905-1980). Sua obra filosófica principal é “O ser e o nada” de 1943. Seu pensamento reflete as angústias existenciais de um século marcado por guerras, disputas de poder e alienação. 241 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP (a) Na tabela mostrada, preencha a 2a coluna com as palavras “quente"ou “fria", de modo ade- quado, de tal modo a identificar a condição de cada corrente, de acordo com a nomenclatura utilizada na apostila adotada no curso. (b) Caso pudesse transferir todo o calor das correntes quentes para as correntes frias, mesmo assim haveria necessidade de comprar utilidade? Caso afirmativo, a utilidade faltante seria quente ou fria? Quanto (kW) seria necessário? A análise anterior foi realizada usando a Lei da Termodinâmica. (c) A quantia de energia real que se pode economizar é determinada quando se leva em con- sideração simultaneamente a e a Lei da Termodinâmica. Isto por- que a última lei é a que está relacionada a possibilidade ou não de se transferir calor de um corpo para outro. Experimentalmente, verifica-se que o calor sempre flui de um corpo para um corpo ou de temperaturas mais para temperaturas mais . (d) Para este processo, caso seja possível diminuir a quantia de utilidades gastas, estas diminuirão conforme mostrado na tabela que se segue: QH (kW) QC (kW) Antes da integração energética Após a integração energética máxima (RTC de energia mínima) (e) A temperatura de Pinch é de: Resposta: 95 ◦C A RTC de energia de energia mínima proposta para este processo é mostrada na Figura 5.43 a seguir (∆Tmin). Figura 5.43: RTC proposta. 242 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP (f) O número de trocadores de calor na RTC de energia mínima é de , acima do Pinch, de , abaixo do Pinch. Entretanto, há a possibilidade de dimi- nuir trocador(es) de calor, através da quebra de loop(s) existente(s) na RTC de energia mínima. Neste caso, a economia de energia não será a possível. (g) Estime a área do trocador de calor no 1. Resposta: ' 32,0 m2 (h) Para o trocador de calor no 5 (trocador com utilidade), assuma um coeficiente de película de 2000 W/m2◦C para o vapor que condensa, a 255 ◦C. Não há subresfriamento do vapor. Para o trocador de calor no 8, o coeficiente de película de 1000 W/m2◦C. Dispõe-se no pro- cesso de água de resfriamento que chega a 30 ◦C e deve retornar a 40 ◦C. Com base nestas informações, estime as áreas dos trocadores no. 5 e 8. Resposta: ' 16,9 e 6,2 m2 (i) Assuma que a RTC de energia mínima (com 8 trocadores de calor) tenha uma área total de troca térmica de 788 m2, que corresponde a um custo de $ 97 700,00 de capital fixo total investido. O custo das utilidades é de: • água de resfriamento: $ 0,354/GJ (GJ = 1x109 J) • vapor a alta pressão: $ 9,83/GJ O ano operacional da empresa é de 8000 h. Sabendo-se que o capital fixo investido deve ser pago ao longo de 5 anos, com juros de 10% a.a., estime o custo anualizado da RTC proposta. Resposta $ 54.593,20/ano 8. (PROVA SUB DE AOPQ DE 2004) A Figura 5.44 mostra o reator de produção de DME (DiMetil Éter), juntamente com suas correntes de entrada e saída. As temperaturas antes e depois dos trocadores de calor estão indicadas na figura (em oC). Os trocadores utilizam utilidade quente (hps) e fria (cw). Entretanto, suspeita-se que há a possibilidade de economizar utilidade através do aproveitamento de energia no próprio processo. Figura 5.44: Reator de produção de DME. 243 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP (a) Verifique se é possível economizar energia neste processo utilizando a análise Pinch, esti- mando a economia de energia caso esta seja possível; Resposta: economia de 2030 MJ/h (b) Caso seja possível economizar energia, faça um esquema (PFD) de como ficará o processo após a integração energética, recalculando todas as temperaturas de modo conveniente e dis- cuta as implicações na economia do processo antes e depois da integração energética em termos da quantia de utilidade gasta e em termos do custo dos trocadores de calor; Resposta: Temperatura de entrada antes do E-203 de 320,85 ◦C. 9. (PROVA SUB DE AOPQ DE 2004) O diagrama de intervalo de temperatura de um processo é mostrado na Figura 5.45. Figura 5.45: Diagrama de intervalo de temperatura de um processo. (a) Calcule os valores faltantes de mCp (vazão-capacidade calorífica) para as correntes 2 e 5 e os valores faltantes de Q para os intervalos de temperatura B e E; (b) Calcule a quantia mínima de utilidade quente e fria para satisfazer este processo, adotando uma temperatura mínima de aproximação de 20 oF; Calcule também a quantia de energia que será economizada com a RTC de energia mínima comparada com a situação de ausência de integração energética; Resposta: Economia de 2200 MBTU/h (c) Calcule a temperatura de Pinch para este processo, assumindo que há somente uma utilidade quente e uma utilidade fria disponíveis; Resposta: T(Pinch) = 390 ◦C (d) Calcule o número mínimo de trocadores de calor acima e abaixo do Pinch para a RTC de energia mínima; Resposta: acima = 2; abaixo = 5 (e) Apresente uma RTC de energia mínima para este processo; Sugestão: Dividir a corrente 2 abaixo do pinch e a faça trocar calor com a corrente 6, satisfazendo-a completamente, e com a corrente 5 (que terá outros 2 TC). 10. Em um determinado processo, há duas correntes frias e duas quentes. O engenheiro responsável pelo setor supõe que é possível trocar calor entre as próprias correntes, minimizando assim a quantidade de utilidades gastas. 244 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP (a) Encontre a quantidade mínima de utilidades requerida para uma rede de trocadores de calor (RTC) envolvendo as correntes em questão; (b) Calcule a economia máxima de energia (kW) possívelde ser obtida com a utilização da tecnologia Pinch; Corrente Temperatura, oC Vazão-capacidade calorífica (kW/oC) C1 60 180 3 C2 30 105 2,6 H1 180 40 2 H2 150 40 4 Adote uma temperatura mínima de aproximação ∆Tmin de 10oC. 11. Para trocar calor entre 4 correntes: Corrente C (kW/oC) T i(oC) T f (oC) C1 2,5 20 125 C2 3,0 25 100 H1 2,5 150 60 H2 8,0 90 60 com uma temperatura mínima de aproximação ∆Tmin de 20oC, a Figura 5.46 mostra a RTC pro- posta para parear as correntes apresentadas. (a) Verifique se esta RTC utiliza a quantia mínima de energia possível nas utilidades; (b) Verifique se os trocadores de calor 1 e 2 são viáveis do ponto de vista termodinâmico; (c) Explique (o mais detalhado possível) como você estimaria o custo do trocador de calor nú- mero 3. 245 5.6. Exercícios UFU-FEQUI-NUCOP Figura 5.46: RTC proposta para minimizar/otimizar a energia gasta nas 4 correntes. 246
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