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trabalho prescriçao penal

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Prescrição no Direito Penal
1 - Introdução
2- Conceito
Revisando o que foi estudado em pesquisas em meu ponto de vista, é a perda do direito de punir do Estado pelo não exercício em determinado lapso de tempo. Na há mais interesse estatal na repressão do crime, tendo em vista o decurso do tempo e porque o infrator não reincide, readaptando-se à vida social. 
Escoado o prazo que a própria lei estabelece, observadas suas causas modificadoras, prescreve o direito estatal a punição do infrator. Deste modo o jurista Cezar Roberto Bittencourt define como:
" a perda do direito de punir do Estado, pelo decurso de tempo, em razão do seu não exercício, dentro do prazo previamente fixado."
Além disso, a sanção perde sua finalidade quando o infrator não reincide e se readapta a vida social.
De acordo com CAPEZ:
" perda do direito poder-dever de punir do Estado em face do não exercício da pretensão punitiva ou da pretensão executória durante certo tempo.
O Estado, como ente dotado de soberania, detém, exclusivamente, o direito de punir (jus puniendi). Tratando-se de manifestação de poder soberano, tal direito é exclusivo e indelegável. A perda do direito-poder-dever de punir pelo Estado em face do não-exercício da pretensão punitiva (interesse em aplicar a pena) ou da pretensão executória (interesse de executá-la) durante certo tempo.
O não-exercício da pretensão punitiva acarreta a perda do direito de impor a sanção. Então, só ocorre antes de transitar em julgado a sentença final. O não-exercício da pretensão executória extingue o direito de executar a sanção imposta. Só ocorre, portanto, após o trânsito em julgado da sentença condenatória
Fundamentos
NUCCI, em sua obra, expõe as várias teses fundamentando a existência da prescrição em diversos ordenamentos jurídicos, inclusive no nosso:
Teoria do esquecimento: baseia-se no fato de que, após certo decurso de tempo, que varia conforme a gravidade do delito, a lembrança do crime apaga-se da mente da sociedade, não mais existindo o temor causado pela sua prática, deixando de haver, por isso, motivo para a sua punição;
Teoria da expiação moral: fundamenta-se na ideia de que, com o decurso do tempo, o criminoso sofre a expectativa de ser, a qualquer momento, descoberto, processado e punido, o que já seria a sua punição, sendo dispenso, descoberto o motivo para a sua punição do delito,  a lembrança do crime apaga-se de ver a aplicação da pena.
Teoria da emenda do delinquente: baseia-se no fato de que o decurso do tempo, por si só, traz mudanças no comportamento do indivíduo, presumindo-se a sua regeneração e demonstrando a desnecessidade da aplicação da pena.
Teoria da dispersão das provas: tem por base a ideia de que o decurso do tempo provoca a perda das provas, tornando quase impossível realizar um julgamento justo. Nesse caso, haveria maior possibilidade de ocorrência de erro judiciário.
Teoria psicológica: funda-se na ideia de que o decurso do tempo traz alterações no modo de ser e de pensar no criminoso, o que o torna pessoa diversa daquela que cometeu o delito, motivando a não aplicação da pena.
NORONHA assim fundamenta o instituto: “O tempo, que tudo apaga, não pode deixar de influir no terreno repressivo. O decurso de dias e anos, sem punição do culpado, gera a convicção da sua desnecessidade, pela conduta reta que ele manteve durante esse tempo. Por outro lado, ainda que se subtraindo à ação da justiça, pode aquilatar-se de sua intranquilidade, dos sobressaltos e terrores que passou, influindo esse estado psicológico em sua emenda ou regeneração”.
E conclui: “(...) é indisfarçável que, ao menos aparentemente – e, portanto, com reflexos sociais nocivos – a pena tão tardiamente aplicada surgiria sem finalidade, e antes como vingança.”
Para NUCCI, todas as teorias, em conjunto, explicam a razão de existência da prescrição, que não de deixa de ser benéfica, diante da inércia do Estado em exercer sua função, investigar e apurar o crime. 
De fato, seria inadmissível que alguém, eternamente, viva sob a ameaça da ação penal, ou sujeito indefinidamente aos seus efeitos, antes ou após a prolatada a sentença.
4 - Natureza jurídica
A prescrição é um instituto de direito material, com previsão desta matéria no Código Penal Brasileiro, o qual encontra fulcro no artigo 107, inciso IV, onde o Estado perderá o jusius puniendi, por sua inércia. Consagrou-se as duas modalidades de prescrição, com os códigos de 1890 e 1940, assim como no Código Penal vigente, de 1984 (Decreto 774, discriminava prazos da prescrição com base no tempo da pena). Segundo o doutrinador Damásio E. de Jesus, diz que: “A natureza jurídica da prescrição é objeto de controvérsia doutrinária. Para uns é instituto de Direito Penal, para outros, processual penal e ainda os que dizem que é de caráter misto”. (Damásio de Jesus, 1994, p.398). A corrente doutrinária dominante considera como de Direito Penal.
5 - Diferença entre prescrição e decadência
Ver artigos. 107 e seguintes, do Código Penal.
Prescrição :
Uma definição seria a afirmação da perda da pretensão do Estado de punir o infrator e de executar a sanção imposta devido a sua inércia dentro do prazo legal. Sendo justa causa extintiva da punibilidade do agente.
Em um modo, mas abrangente também se poderia dizer que prescrição significa a perda de uma pretensão, pelo decurso do tempo. Assim sendo, no campo do Direito Penal a prescrição pode ser conceituada como a perda da pretensão punitiva estatal, pelo decurso de determinado lapso temporal previsto em lei. 
Decadência :
Sob um aspecto amplo, decadência significa a perda de um direito potestativo, pelo decurso de um prazo fixado em lei ou convencionado entre as partes. No Direito Penal, em seu sentido mais estrito, decadência traduz o perecimento do direito da ação penal de exercício privado, ou do direito de representação nos casos de ação penal pública de exercício condicionado, pelo decurso do prazo de seis meses (artigo 103, do Código Penal).
É também o decurso do prazo sem que o titular da queixa ou representação exerça tais direitos. É causa extintiva da punibilidade. ( art. 107, do Código Penal inciso IV)
6 - Espécies de prescrição da pena privativa de liberdade
               As espécies de prescrição existentes na legislação penal brasileira são:
 
1)     Prescrição da pretensão punitiva.
               É verificada antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos § 1º do art. 110 (CP, art. 109);
 
 
2)     Prescrição de pretensão executória.
               Ocorre após o transito em julgado da sentença condenatória e vem disciplinada no art. 110, “caput”, do Código Penal.
 
               Embora sejam duas as espécies básicas de prescrição, ela pode ocorrer de formas diferentes, senão vejamos:
 
a)     Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita, art. 109. Conforme dito anteriormente, praticada a infração penal surge para o Estado o direito de punir. Para fazer valer esse direito, o Estado através de seus órgãos deve iniciar a ação penal. Ocorre que, essa pretensão punitiva deve ser exercida dentro de certos prazos fixados em lei, e se assim não for, haverá a prescrição.
 
    A prescrição da pretensão punitiva somente ocorre antes do transito em julgado da sentença condenatória, de tal forma que ela pode ser alegada a qualquer momento, antes ou durante a ação penal, de ofício ou mediante requerimento de qualquer das partes.
 
       Além disso, a pretensão punitiva deve ser verificada de acordo com o máximo da pena privativa de liberdade prevista em abstrato para a infração penal, de acordo com as regras do art. 109 do Código Penal, conforme se observa do quadro abaixo:
 
	 
	         PENA MÁXIMA                              PRAZO PRESCRICIONAL
	            a) inferior a 1 ano                                     3 anos
	            b) de 1 a 2 anos                                       4 anos
	            c) de 2 a 4 anos8 anos
	            d) de 4 a 8 anos                                      12 anos
	            e) de 8 a 12 anos                                    16 anos
	            f) superior a 12 anos                               20 anos
                Fonte: Código Penal
 
 
     Assim, se a ação pena não for iniciada dentro do prazo fixado, será reconhecida a ocorrência da prescrição durante o curso da ação, e o juiz decretará a extinção da punibilidade, e assim, o acusado não é responsabilizado, se nome não é inscrito no rol dos culpados nem é considerado reincidente. Não respondendo pelas custas processuais.
 
b)      Sentença condenatória, § 1º do art. 110, combinado com o art. 109. Nos termos do art. 109, caput, do CP, a prescrição da pretensão punitiva, salvo a exceção do § 1º do art. 110 do mesmo estatuto, é regulada pelo máximo da sanção privativa de liberdade cominada ao crime. Existe porém, uma primeira hipótese, em que, não obstante trata-se de prescrição punitiva, não é pena em abstrato que regula o prazo, mas sim a pena imposta na sentença. É o que prevê o art. 110, § 1º, in verbis:
 
       Art. 110. [...]
 
       § 1º - A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à denúncia ou queixa.
 
     Ou seja, neste parágrafo está inscrita outra forma de prescrição chamada de intercorrente ou superveniente à sentença condenatória. Trata-se aqui, de espécie de prescrição da pretensão punitiva, visto que também ocorre antes de transitar em julgado a sentença. Embora a sentença tenha sido condenatória, não chegou a ser definitiva, pois lhe cabe recurso, isto é, ainda não passou em julgado para ambas as partes. Por isso, não se trata de prescrição depois de transitar em julgado a sentença final condenatória, mas de prescrição verificada antes do trânsito em julgado. A prescrição subsequente, não se baseia no máximo da pena abstratamente fixado em lei, mas na pena que a sentença condenatória julgou ser merecida pelo réu.
 
c)       Prescrição retroativa. Foi publicado em 06/05/ 2010 a Lei 12.234 que alterou os art. 109 e 110 do Código Penal que para extinguir a prescrição retroativa, mas apenas em relação a etapa da investigação criminal (período entre a data do crime e do recebimento da denúncia). Portanto, ela continua a subsistir em relação à fase da instrução processual (momento entre o recebimento da ação penal e prolação da sentença).
 
d)     Prescrição da pretensão executória, art. 110 do “caput”. Na prescrição executória a condenação já se tornou definitiva tanto para a acusação como para a defesa. Como já é conhecida a pena concreta merecida pelo réu, será ela que servirá para regular o prazo prescricional, e não mais o máximo da pena abstratamente prevista em lei para o crime.
                 Assim, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o Estado adquire a pretensão executória ou o direito de executar a pena imposta. Porém, seu exercício é limitado pelo tempo. Se a execução da sanção penal não se inicia dentro de certo período, ocorrerá a perda desse direito pela prescrição da pretensão executória.
                   Nesses casos, dispõe o art. 112 do Código Penal que a prescrição começa a correr:
 
I)                do dia em que passa em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II)                 do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
 
               Na data em que a sentença passar em julgado para a acusação, independentemente da intimação do réu, já se inicia a contagem da prescrição executória, embora dependa ela ainda, do transito em julgado também para a defesa.
 
               Mas é preciso ressaltar que, ao contrário do que ocorre com a prescrição da pretensão punitiva, a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória, subsistirão os efeitos da sentença condenatória, como o lançamento do réu no rol dos culpados, pagamentos de custas processuais e reincidência. Assim, embora tenha desaparecido a pretensão executória ou direito de execução, a sentença pode ser executada no cível para efeito de reparação de danos.
 
e)     Prescrição antecipada: Essa forma de prescrição não possui previsão legal, mas vem sendo admitida por grande parte da doutrina. Nesse caso cita-se o exemplo de Gonçalves (2005, p. 195):
Suponha-se que uma pessoa tenha sido indiciada em inquérito policial por crime de periclitação da vida (art. 132), cuja pena de detenção é de 3 meses a 1 ano. Assim, o crime prescreve, pela pena em abstrato, em 4 anos. O promotor de justiça, entretanto, ao receber o inquérito policial, 3 anos após a consumação do crime, percebe que o acusado é primário e que o crime não se revestiu de especial gravidade, de forma que o juiz ao prolatar a sentença, certamente não aplicará a pena máxima de 1 ano. Dessa forma, considerando que a pena fixada na sentença será inferior a 1 ano, será inevitável, em caso a prescrição retroativa, pois, pela pena aplicada, a prescrição teria ocorrido após 2 anos.
             
               Alguns entendem que essa prescrição não deve ser considerada por não haver previsão lega nesse sentido. Por outro lado, os que a defendem com base na inexistência de um dever de agir por parte do órgão acusador.
           
               Oportuno frisar, que as três primeiras formas pertencem à espécie de prescrição da pretensão punitiva e a última forma refere-se a espécie de prescrição da pretensão executória.
             Considerando-se as formas prescricionais existentes, enfatiza-se que a prescrição propriamente dita regula-se pela pena máxima cominada ao deito. As demais, a retroativa, a superveniente e a executória regulam-se pela pena aplicada.

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