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Presentaçao Lourival Tavares dispensa apresentações: uma das maiores autoridades no Brasil em engenharia de manutenção e um dos pioneiros na utilização de ferramentas de informática aplicadas a essa importante atividade. Seu novo livro nos ensina como aplicar no nosso dia-a-dia as mais modernas práticas de manutenção, aumentando disponibilidade e produtividade sem perder de vista a economicidade das operações. Afinal, vivemos hoje em um processo de globalização que nos afeta a todos: economias abertas e concorrência em um nível nunca visto pressionam para baixo os preços dos produtos finais, ao mesmo tempo em que os custos – principalmente o financeiro – sacrificam os volumes de vendas e as margens de lucro. Nesses novos tempos, atividades como a Manutenção devem ser repensadas e redirecionadas, de modo a contribuir para os resultados da empresa. Não faz mais sentido manter as plantas operando à máxima capacidade, ainda que com altos custos de mão-de- obra e de capital. Deve-se, sim, assegurar à área operacional uma capacidade produtiva compatível com a demanda e a um custo que não sacrifique o preço final do produto – e consequentemente a sua competitividade no mercado – ou a margem de lucro da empresa. Para que esses objetivos sejam atingidos, é fundamental o papel dos sistemas informatizados de gestão da manutenção, que agregam funcionalidade, tecnologia e simplificando processos, a custos cada vez mais competitivos. Nada mais oportuno, assim, que a Datastream – líder mundial em soluções de manutenção – celebre o início das suas operações próprias no Brasil oferecendo a seus clientes esse prestigioso livro, como forma de desenvolver ainda mais a prática da manutenção no nosso país. Muito sucesso! Paulo Sachs. Lourival Augusto Tavares Ingeniero Electricista, formado por la Escuela de Ingeniería de la Universidad Federal de Rio de Janeiro, en 1967. Durante 23 años trabajó en FURNAS - Centrales Eléctricas S.A., donde, junto a otras actividades, fue Supervisor de Mantenimiento implantando y coordinando el Control de Mantenimiento por Computadora en todas las Usinas Hidroeléctricas de la empresa. Fue Jefe de la Asesoría Técnica de Apoyo de la Itaipu Binacional, que administraba toda la logística de la Superintendencia de Operación y Mantenimiento, teniendo, además de otras responsabilidades, la coordinación del Sistema de Informaciones Gerenciales de esa Superintendencia. Ha publicado varios trabajos en revistas técnicas especializadas sobre Electrotécnica, Capacitación y principalmente Planificación y Control de Mantenimiento, además de los libros Control y Mantenimiento por Computadora (1ª edición en 1986) y Excelencia en el Mantenimiento (1ª edición en 1996). Presidente del Comité Panamericano de Ingeniería de Mantenimiento. Fue Director nacional de la ABRAMAN (Asociación Brasileña de Mantenimiento) por dos mandatos. Coordinador General e Instructor del Curso de Pos Grado "Ingeniería de Mantenimiento" promovido por la Escuela de Ingeniería de la Universidad Federal de Rio de Janeiro. Reconocido como "notorio saber" en el ámbito de mantenimiento por la Universidad Federal de Rio de Janeiro y por la Universidad Federal de Paraíba. Prefácio Durante toda a minha convivência com a Manutenção, pude constatar a pouca disponibilidade de publicações de especialistas brasileiros sobre tão importante atividade para o resultado empresarial. Desta forma, foi com muita satisfação que aceitei o convite do Mestre Lourival para prefaciar este seu livro. Primeiro por tudo que conheço do profissional brilhante que representa, segundo pela sua trajetória como conferencista, como professor em diversos cursos, pelos livros e artigos já publicados, pela sua grande experiência internacional, enfim, tudo isto o credencia perante toda a comunidade para publicar esta obra. A parte da Gestão da Manutenção aborda o que, na minha opinião, é um dos mais importantes Fatores Críticos de Sucesso de qualquer Organização. A questão da Terceirização traz novas luzes sobre este palpitante tema. É oportuno ressaltar que se trata de uma importante ferramenta mas, em boa parte dos casos, tem sido utilizada de maneira incorreta ou, até mesmo, como uma simples redução de custo no curto prazo, sem uma visão estratégica do negócio. A abordagem da Qualidade Total, o TPM – Manutenção Produtiva Total, o Sistema de Informações, a Manutenção Estratégica, enfim, todo o livro é uma fonte de aprendizado e, sem dúvida, contribuirá para o aperfeiçamento pessoal e para a empregabilidade daqueles que tem uma Visão de Futuro coerente com este novo mundo, com as grandes transformaçõs que estão acontecendo neste final de século e que se acelerarão ainda mais no início do terceiro milênio. O pano de fundo de tudo isto é a COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL e, para tanto, é fundamental que tenhamos como objetivos claros a questão do aumento da Disponibilidade e a Redução de Custos. O alcance destes objetivos só será possível com uma clara visão do Cliente, da importância do bom Atendimento e, sobretudo, com uma Equipe motivada, capacitada e comprometida com os resultados empresariais. Afinal, são as pessoas que fazem acontecer. O sucesso pessoal e empresarial depende de Você. De Você comprometido e, sobretudo, de Você capacitado e praticando os novos paradigmas. Estou convencido que esta publicação irá contribuir, de maneira significativa, não só para o melhoramento contínuo de toda a Comunidade de Manutenção mas, também, para os saltos de resultados tão necessários e requeridos pelos nossos Clientes. Alan Kardec Pinto Presidente da Abraman, biênio 1999/2001 Gerente da Petrobras/Transpetro Sumário 1. Por que a manutenção é um centro de lucros 1 1.1. A evolução organizacional da manutenção 1 1.2. Custos e produtividade 7 2. O sistema de informações aplicado à manutenção 10 2.1. Sistema e processo 10 2.2. Análise e diagnóstico da área de manutenção 10 2.3. Seleção do software de manutenção 15 2.4. Conceitos básicos 19 2.5. Prioridades 22 2.6. Tabelas de codificação 25 3. O banco de dados de manutenção 30 3.1. Inventário e cadastro 30 3.2. Instruções de manutenção e recomendações de segurança 36 3.3. Programação de manutenção 38 3.4. Coleta de dados - recomendações 42 3.5. Ordem de serviço 44 3.6. Mão de obra disponível 50 3.7. Dados de operação 51 3.8. Registro de medições (variação de especificações) 51 4. Avaliando a gestão de manutenção 53 4.1. Relatórios gerenciais de manutenção 53 4.2. Índices classe mundial 53 4.3. Gestão de equipamentos 60 4.4. Relatório de histórico 63 4.5. Gestão de custos 67 4.6. Gestão de mão de obra 76 4.7. Controle dinâmico de grandes reparos 86 4.8. Introdução à manutenção preditiva 87 5 A terceirização na manutenção 93 5.1. Por que terceirizar? 93 5.2. Distorções da terceirização 96 5.3. Parceria e quarterização 99 6. TPM - Manutenção produtiva total 101 6.1. Conceitos do TPM 101 6.2. Perdas crônicas x perdas esporádicas 106 6.3. Os 5S (housekeeping) 107 6.4. Os oito pilares do TPM 108 6.5. Etapas de implementação do TPM 114 6.6 Resultados práticos 120 6.7. Observações finais 120 7. A qualidade total e a manutenção 122 7.1. Conceitos de qualidade total 122 7.2 Critérios qualitativos e quantitativos de desempenho 124 7.3. O que é a ISO 9000 126 7.4. Objetivos das normas ISO 9000 127 7.5. O PDCA e o controle de processos industriais 127 7.6. A importância gerencial das normas ISO série 9000 130 7.7. Passosfundamentais da certificação 132 7.8. Rota de certificação 133 7.9. A manutenção em relação às normas ISO série 9000 134 8. Manutenção estratégica (ou centrada em risco) 136 8.1. Princípios básicos de controle de processos induatriais 136 8.2. A competitividade industrial 137 8.3. Estratégias de gestão de processo 138 8.4. A mudança de enfoque da manutenção 139 8.5. Manutenção estratégica vista sob o foco da necessidade 141 Referências bibliográficas CAPITULO 1 ¿Manutenção é um Centro de Lucros? 1.1. A evolução organizacional da manutenção Até a década de 80 a indústria da maioria dos países ocidentais tinham um objetivo bem definido: obter o máximo de rentabilidade para um investimento efetuado. Todavia, com a infiltração da indústria oriental no mercado ocidental, o consumidor passou a considerar um complemento importante nos produtos a adquirir, ou seja, a qualidade dos produtos ou serviços fornecidos e esta exigência fez com que as empresas considerassem este fator, qualidade, como uma necessidade para se manter competitiva, particularmente no mercado internacional. Esta exigência não deve ser atribuída exclusivamente aos asiáticos, uma vez que, já em 1975, a Organização das Nações Unidas caracterizava a atividade fim de qualquer entidade organizada como Produção = Operação + Manutenção (1) , e à segunda parcela desse binômio podem ser atribuídas as seguintes responsabilidades: Redução da paralisação dos equipamentos que afetam a Operação; Reparo, em tempo hábil, das ocorrências que reduzem o potencial de execução dos serviços; Garantia de funcionamento das instalações, de forma a que os produtos ou serviços atendam a critérios estabelecidos pelo controle da qualidade e a padrões preestabelecidos. A história da manutenção acompanha o desenvolvimento técnico-industrial da humanidade. No fim do século XIX, com a mecanização das indústrias, surgiu a necessidade dos primeiros reparos. Até 1914, a manutenção tinha importância secundária e era executada pelo mesmo efetivo de operação. Com o advento da primeira Guerra Mundial e a implantação da produção em série, instituída por Ford (2), as fábricas passaram a estabelecer programas mínimos de produção e, em conseqüência, sentiram necessidade de criar equipes que pudessem efetuar reparos em máquinas operatrizes no menor tempo possível. Assim surgiu um órgão subordinado à operação, cujo objetivo básico era de execução da manutenção, hoje conhecida como Corretiva. Assim, os organogramas da empresa apresentavam o posicionamento da manutenção como indicado na Figura 1. Figura 1 - Posicionamento da Manutenção até a década de 30 Essa situação se manteve até a década de 30, quando, em função da segunda Guerra Mundial e da necessidade de aumento de rapidez de produção, a alta administração industrial passou a se preocupar, não só em corrigir falhas, mas evitar que elas ocorressem, e o pessoal técnico de manutenção passou a desenvolver o processo de Prevenção de avarias que, juntamente com a correção, completavam o quadro geral de manutenção, formando uma estrutura tão importante quanto a de operação, passando os organogramas a se apresentarem como indicado na Figura 2. Figura 2 - Posicionamento da Manutenção nas décadas de 30 e 40 Por volta de 1950, com o desenvolvimento da indústria para atender aos esforços pósguerra, a evolução da aviação comercial e da indústria eletrônica, os Gerentes de manutenção observaram que, em muitos casos, o tempo gasto para diagnosticar as falhas era maior do que o despendido na execução do reparo (3) (Figura 4), e selecionaram equipes de especialistas para compor um órgão de assessoramento que se chamou Engenharia de Manutenção e recebeu os encargos de planejar e controlar a manutenção preventiva e analisar causas e efeitos das avarias e os organogramas se subdividiram como indicado na Figura 5. Tempos de Diagnóstico e Reparo de Equipamentos em função de suas naturezas construtivas NATUREZA DIAGNÓSTICO REPARO Mecânico 10% 90% Hidráulico 20% 80% Eléctrico 60% 40% Electrônico 90% 10% Figura 3 - Tempos de diagnose e reparo em função da natureza Figura 4 - Desmembramento organizacional da manutenção A partir de 1966, com a difusão dos computadores, o fortalecimento das Associações Nacionais de Manutenção, criadas no fim do período anterior, e a sofisticação dos instrumentos de proteção e medição, a Engenharia de Manutenção passou a desenvolver critérios de predição ou previsão de falhas, visando a otimização da atuação das equipes de execução de manutenção. Esses critérios, conhecidos como Manutenção Preditiva ou Previsiva, foram associados à métodos de planejamento e controle de manutenção automatizados, reduzindo os encargos burocráticos dos executantes de manutenção. Essas atividades acarretaram o desmembramento da Engenharia de Manutenção que passou a ter duas equipes: a de Estudos de ocorrências crônicas e a de PCM -Planejamento e Controle de Manutenção, esta última com a finalidade de desenvolver, implementar e analisar os resultados dos Sistemas Automatizados de Manutenção, conforme ilustrado na Figura 5. Figura 5 - Subdivisão da Engenharia de Manutenção em área de Estudos e PCM A partir de 1980, com o desenvolvimento dos microcomputadores, a custos reduzidos e linguagens simples, os órgãos de manutenção passaram a desenvolver e processar seus próprios programas, eliminando os inconvenientes da dependência de disponibilidade humana e de equipamentos para o atendimento as suas prioridades de processamento das informações pelo computador central, além das dificuldades de comunicação na transmissão de suas necessidades para o analista de sistemas, nem sempre familiarizado com a área de manutenção. Todavia é recomendável que esses microcomputadores sejam acoplados, como terminais inteligentes, ao Computador Central do Centro de Processamento de Dados, para composição de um "Banco de Dados de Manutenção", possibilitando que suas informações fiquem disponíveis para os outros órgãos da Empresa. Em algumas empresas esta atividade se tornou tão importante que o PCM - Planejamento e Controle de Manutenção, passou a compor um órgão de assessoramento à supervisão geral de produção, Figura 6, uma vez que influencia também a área de operação. Neste final de século, com as exigências de aumento da qualidade dos produtos e serviços pelos consumidores, a manutenção passou a ser um elemento importante no desempenho dos equipamentos em grau de importância equivalente ao que já vinha sendo praticado na operação. Figura 6 - Posicionamento do PCM assessorando à supervisão geral de produção Os estágios evolutivos se caracterizam pela Redução de Custos e Garantia da Qualidade (através da confiabilidade e produtividade dos equipamentos) e Atendimento de Prazos (através da disponibilidade dos equipamentos). Os profissionais de manutenção passaram a ser mais exigidos no atendimento adequado a seus clientes, ou seja, os equipamentos, obras ou instalações e, ficou claro que as tarefas que desempenham, resultam em impactos diretos ou indiretos no produto ou serviços que a empresa oferece a seus clientes. A organização corporativa é vista hoje como uma cadeia com vários elos onde, certamente, a manutenção é um dos mais importantes nos resultados da empresa. Pôr outro lado a manutenção também tem seus fornecedores, ou seja, os contratados que executam algumas de suas tarefas, a área de material que aprovisiona os sobressalentes e material de uso comum, a área de compras que adquire materiais e novos equipamentos etc. e todos são importantes para que o cliente finalda empresa se sinta bem atendido - Figura 7 (4). Figura 7 - Cadeia de relacionamento da manutenção com seus clientes e fornecedores O que tantas vezes passou despercebido para os executivos no passado, hoje esta bem óbvio. Má manutenção e confiabilidade significam lucros reduzidos, mais custos de mão de obra e estoques, clientes insatisfeitos e produtos de má qualidade. Para as empresas, o custo pode ficar nas dezenas ou até centenas de milhões de dólares. Só a quantidade de oportunidades é de estarrecer, porém há inúmeros exemplos que mostram isto (5) . A busca acirrada de vantagens competitivas tem mostrado que o custo de manutenção não está sob controle e é um fator importante no incremento do desempenho global dos equipamentos. Está se tornando cada vez mais aceito pelas empresas, grupos de consultoria e organizações profissionais, que para o bom desempenho da produção em termos mundiais, o gasto em manutenção deve estar ao redor de 2% ou menos do valor do ativo (5) . Exemplificando: Se os ativos de uma planta somam o valor de $60 milhões, e esta planta tem um gasto da ordem de $140 mil por mês, seu resultado esta adequado? A resposta seria NÃO, como indicamos no cálculo seguinte: 60 000 000 x 2% = 1 200 000 1 200 000 / 12 (meses) = 100 000 Portanto, a expectativa máxima para o gasto seria de $100 mil mensais e assim noss a empresa estaria gastando 40% acima do adequado, o que poderia estar afetando se u resultado de forma significativa . O melhoramento contínuo das práticas de manutenções assim como a redução de seu s custos são resultados da utilização do ciclo da Qualidade Total como base no process o de gerenciamento. Melhorias significativas nos custos de manutenção e disponibilidade dos equipamento s vêm sendo atingidas, através da: Absorção de algumas atividades pelas equipes de operação dos equipamentos; � � Melhoria contínua do equipamento; Educação e treinamento dos envolvidos na atividade de manutenção; Coleta de informações, avaliação e atendimento às necessidades dos clientes; Estabelecimento de prioridades adequadas aos serviços; � Avaliação de serviços necessários e desnecessários; Análise adequada de relatórios e aplicação de soluções simples, porém estratégicas; Planejamento da manutenção com "enfoque na estratégia de manutenção específica por tipo de equipamento". Cada vez mais e seguramente tal ocorrerá na mudança do século, o sucesso de um a companhia é, em grande parte, devido à boa cooperação entre clientes e fornecedores , sejam internos ou externos. Os atritos criam custos e consomem tempo e energia. O gerenciamento dinâmico da manutenção envolve administração das interfaces com outra s divisões corporativas . A coordenação do planejamento da produção, da estratégia de manutenção, da aquisiçã o de sobressalentes, da programação de serviços e do fluxo de informações entre este s subsistemas eliminam conflito de metas . Altas disponibilidades e índices de utilização, aumento de confiabilidade, baixo custo d e produção como resultado de manutenção otimizada, gestão de sobressalentes e alt a qualidade de produtos, são metas que podem ser atingidas somente quando operação e manutenção trabalham juntas . Em grandes empresas americanas foram revisadas mais de 15 000 ordens de serviço , onde se observou que 47% dos serviços poderiam deixar de serem executados, o qu e correspondia, nessas empresas, como gastos desnecessários de $18 milhões em mã o de obra e material (6). Atualmente observa-se que as empresas bem sucedidas têm adotado uma visã o prospectiva de gerenciamento de oportunidades, usualmente suportada por (7): � Rotinas sistematizadas para economizar manutenção ; Sistemas de manutenção com auxílio de processamento eletrônico de dados ; � Ferramentas e dispositivos de medição no estado-da-arte ; � Consultorias competentes no reconhecimento do potencial de melhoria e implementação de soluções estratégicas. Nas rotinas sistematizadas, se procura estabelecer as reais necessidades de intervenção e aplicar, o melhor possível, as tabelas que, além de compactar a informação, irão permitir padronizar os registros na pesquisa e filtros necessários a composição dos relatórios de histórico e apoio da análise de falhas, avaliação de disponibilidade e de custos. Nos sistemas de manutenção com apoio do processamento eletrônico de dados, se busca armazenar o máximo possível de informações relacionadas com os equipamentos (cadastro) e materiais (sobressalentes), estabelecer as tarefas adequadas para execução de intervenções programadas pelos mantenedores e operadores, definir o momento adequado para cada uma e os recursos que serão utilizados (planejamento), reduzir ao máximo os encargos burocráticos dos executantes de manutenção, ao mesmo tempo em que se estabelece de forma completa os registros que serão recuperados em uma intervenção interrelacionado com registros de outras áreas, direta ou indiretamente envolvidas com a função manutenção. Nas ferramentas e dispositivos de medição do estado da arte, serão utilizados os critérios de predição com dados oriundos do monitoramento automático ou manual, o estabelecimento de critérios para assegurar a melhor manutenção sob os aspectos de custos e segurança, incluindo as ações necessárias para reduzir os movimentos dos mantenedores e as perdas de tempo de recolhimento de materiais e ferramentas. A adequada coleta de informações, armazenagem e tratamento das informações permitirão obter os relatórios que, pôr sua vez, devem ser práticos, concisos e objetivos, além de adequados aos níveis de consulta para cada cliente. A partir de 1994 com a universalização de alguns softwares os clientes passaram a ser mais exigentes em seus critérios de seleção e alguns questionários foram criados para facilitar esse processo. Alguns desses questionários são elaborados de forma a pontuar e ponderar algumas respostas, ou seja, atribuir, através de pontos, combinados ou não com “pesos”, maior importância a umas em relação às outras. Existem hoje mais de 200 softwares específicos de manutenção sendo comercializados no mundo (dos quais mais de 30 no Brasil), oferecendo soluções específicas em função do produto, tecnologia, mercado, e estratégia das diversas empresas. Este mercado representou, em 1997, mais de 900 milhões de dólares, dos quais, 56,6% na América do Norte, 27,5% na Europa, 10,3% na Ásia e Oceania e 5,7% na América Latina (8) . Grandes empresas especializadas em softwares específicos de manutenção se destacam no mercado internacional como Datastream, Frontec, IFS, Indus International, Marcam, Mincom, PSDI, etc. 1.2. Custos e produtividade Sob o aspecto de custos, a manutenção corretiva, ao longo do tempo, se apresenta com a configuração de uma curva ascendente, devido à redução da vida útil dos equipamentos e conseqüente depreciação do ativo, perda de produção ou qualidade dos serviços, aumento de aquisição de sobressalentes, aumento do estoque de matéria prima improdutiva, pagamento de horas extras do pessoal de execução da manutenção, ocorrência de ociosidade de mão-de- obra operativa, perda de mercado e aumento de riscos de acidentes - Figura 8 CUSTO DE MANUTENÇÃO EM RELAÇÃO AO TEMPO Figura 8 - Curvas de custo de manutenção em relação ao tempo A implantação do planejamento e controle, visando a prevenção ou predição da quebra, apresenta uma configuração de custos invertida, com taxa negativa anual da ordem de 20% e tendência a valores estáveis, que podem representar no cômputo total, economia de 300 a 500% (9 e 10) , sendo mais da metade desta economia devida ao lucro cessante considerando o Custo Total de uma parada de equipamento como a soma do Custo de Manutenção, queinclui os custos de mão-de-obra, sobressalentes, materiais, combustíveis e lubrificantes com o Custo de Indisponibilidade que inclui o custo de Perda de Produção (horas não trabalhadas), devido a: má qualidade do trabalho; falta de equipamentos; custo por emergências; custos extras para reorganizar a produção; custo por sobressalentes de emergência; penalidades comerciais e imagem da empresa. Experiências de avaliação do Custo de Indisponibilidade mostram que ele representa mais da metade do Custo Total da parada. (11) Um exemplo marcante de resultados obtidos com a implementação do adequado Planejamento e Controle de Manutenção foi o divulgado por uma empresa metalúrgica dos E.U.A .(12) , que apresentou os seguintes resultados: 1. manter a manutenção não planejada abaixo de 10%, das quais 8,3% são de corretivas (a meta da empresa era de 85% de manutenção planejada); 2. 0,5% das horas de trabalho de manutenção foram gastas em consertos de danos acidentais, 4,2% em quebras, 2,5% em lubrificação, 25,6% em inspeções, 4,1% em chamadas de emergência, 6,1% em desmontagens, 40,2% em serviço de rotina programada, 0,2% em serviço de rotina não programada, 7,8% em fabricação e modificações e 8,8% em outras atividades como reuniões e treinamento; 3. os custos de manutenção eram cerca de 40% abaixo de outras fábricas de mesmo porte no setor e se devem basicamente ao uso eficiente da mão-de-obra e um mínimo de horas extras, que dá, em média, menos de 0,5% por operário por ano; 4. os problemas dos equipamentos são detectados precocemente; 5. o investimento em manutenção inclui pessoas altamente qualificadas, suporte sofisticado de computador para manutenção planejada e uma política de manutenção da fábrica e equipamentos em "estado de novo"; 6. o departamento de manutenção tem total responsabilidade pela manutenção dos equipamentos e instalações da fábrica. Cerca de 2.000 itens de equipamentos no valor de mais de US$ 200 milhões formam a maior parte dessa responsabilidade; O investimento inicial em manutenção planejada é maior que o de manutenção e não elimina totalmente as ocorrências aleatórias, cujo alto valor inicial é justificado pela inexperiência do pessoal de manutenção que, ao atuar no equipamento altera seu equilíbrio operativo. Com o passar do tempo e o ganho de experiência, a manutenção aleatória tende a valores reduzidos e estáveis. A soma geral dos gastos de manutenção planejada e aleatória, que identificamos como manutenção com prevenção, a partir de um determinado tempo, passa a ser inferior ao de manutenção por quebra (3) . Consequentemente o lucro de prevenção só irá ocorrer a partir do momento em que as áreas compreendidas entre as curvas de manutenção por quebra, e com prevenção, antes e depois desse ponto forem iguais. Se a vida útil dos equipamentos da instalação for maior que o tempo de obtenção do lucro, a manutenção com prevenção passa a ser economicamente viável. O preparo prévio da equipe de execução de manutenção planejada reduz os custos iniciais da manutenção aleatória remanescente, todavia o aumento do investimento para a formação dessa equipe pouco altera o resultado econômico do período de geração de lucros. Sob o aspecto de disponibilidade e confiabilidade, o planejamento e controle diminui as interrupções imprevistas da produção (13) e melhora a distribuição de ocupação da mão-de-obra reduzindo as filas de espera dos equipamentos que aguardam manutenção. O planejamento adequado conduz a metodização da manutenção com o estabelecimento de padrões de execução desenvolvidos a partir de recomendações dos fabricantes, experiência do pessoal interno e bibliografias de empresas similares. Dentre esses padrões, destacam-se as planilhas de comissionamento e manutenção, as instruções de manutenção ou lista de verificações ("check-list"), as folhas de registro de dados ou folha de variação de especificações e o programa mestre de manutenção. Embora aparentemente, o reparo ou substituição de componentes avariados possa parecer mais rápido, numa análise global verifica-se ser esta uma concepção falsa, pois geralmente uma avaria perturba a homogeneidade dos equipamentos, cujos vestígios se desenvolvem, acarretando outras necessidades de intervenção e, no cômputo total, o somatório de tempos de indisponibilidade é maior do que aquele que seria necessário para um exame completo do equipamento quando da primeira intervenção. Além das referências apresentadas, outros exemplos da vantagem de implantação ou aperfeiçoamento da filosofia de manutenção planejada em relação à de reparos por quebra, sob aspecto de disponibilidade, podem ser indicados, dentre os quais destacamos: 1. O aumento da produtividade em cerca de 12% de uma empresa de mineração canadense (14) ; 2. redução de custos de manutenção em 45% e o aumento da produtividade de 5 a 10% de uma empresa portuária americana (15); 3. O aumento da produtividade em 2% de uma empresa de energia elétrica americana (16) ; 4. O aumento da produtividade em 35% de uma fábrica de papel inglesa (1) . 5. A vitória de uma grande concorrência por uma empresa japonesa em um país sul americano que apresentou o índice de rejeição de 0,0001% (um em um milhão) contra 0,5% (cinco em mil) da competidora nacional (17). Em alguns casos, a exigência da confiabilidade e disponibilidade é de tal ordem que dispensa o estudo de viabilidade econômica da prevenção em relação à quebra, como no caso de alguns componentes de uma aeronave ou do gerador de emergência de um hospital, ou dos elevadores de edifícios, cuja quebra coloca em risco vidas humanas ou o meio ambiente. Nestes casos são justificados altos investimentos em planejamento e controle de manutenção para que a confiabilidade atinja valores próximos a 100%. Incluem-se nesses grupos os equipamentos cuja parada imprevista, gera grandes perdas de matéria prima ou de qualidade do produto ou serviço. CAPITULO 2 2.1. Sistema e proceso As exigências de confiabilidade e disponibilidade do mundo moderno, face a globalização, são de tal ordem que exigem dos Gerentes de Manutenção e Operação responsabilidades que só podem ser realizadas com processos adequados de gestão. Em conseqüência, as empresas buscam cada vez mais, Sistemas e Métodos para auxiliar a esses gerentes em suas funções. Sob o aspecto de organização de empresas, pode-se definir um Sistema como um conjunto de processos que interagem e se relacionam para atingir a objetivos definidos. Por sua vez, os Processos são formados por um conjunto de tarefas executadas de forma ordenada – Figura 9. Figura 9 - Representação de um sistema de informações aplicados à manutenção Os Métodos são os meios usados para o desenvolvimento ordenado das tarefas de um Sistema, ou seja, as normas, procedimentos e informações disponíveis na organização. 2.2. Análise e Diagnóstico da área de manutenção A primeira etapa para implantação de um Sistema de Informações Gerenciais se constitui no levantamento das necessidades dos usuários e na avaliação de critérios para coleta de dados em função dos tipos de relatórios desejados. Esta etapa, que identificamos como Análise e Diagnóstico da Área de Manutenção, deve ser desenvolvida com a participação de especialistas das áreas de Planejamento, Organização e Métodos, Análise de Sistemas e, principalmente, usuários, devendo todos os participantes possuir a delegação do poder de decisão em suas atividades, para que o sistema desenvolvido alcance o objetivo almejado. Durante essa etapa, é escolhido o Processo (manual ou automatizado) a ser utilizado, de acordo com as metas e prazos a serem atingidos, a confiabilidade desejada e os custos envolvidos. A Análise e Diagnóstico, foi originalmente concebida como apresentado na figura 10, quandofoi chamada de “Polígono de Produtividade da Manutenção” ou “Radar da Manutenção”. Figura 10 - Polígono da Produtividade da manutenção (análise e diagnóstico) O método se desenvolveu, no sentido de formação de um grupo de trabalho da própria empresa que, assessorado ou não por consultores externos, avalia a situação dos diversos aspectos de Gestão da Manutenção. Este grupo de trabalho, coordenado pelo Gerente de Manutenção, deverá ser composto por representantes das áreas de Execução da Manutenção e outras a ela direta e indiretamente relacionadas (Operação, Material, Organização e Métodos, Recursos Humanos/Folha de Pagamento, Capacitação e Desenvolvimento de Pessoal, Compras, Processamento de Dados, Novos Projetos, Arquivo/Biblioteca, Contratos, Controle Patrimonial, Contabilidade e Segurança Industrial), alguns dos quais terão sua participação restrita apenas aos temas de seus níveis de ação. A metodologia atual para desenvolvimento dos trabalhos da Comissão de A&D é composta de oito etapas: Visitas às instalações, oficinas e escritórios das áreas de atuação da Manutenção para conhecimento das atividades desenvolvidas por cada uma; Reuniões e debates com os profissionais direta ou indiretamente incluídos no processo de análise; Consultas à documentação em uso e determinação do fluxo de informações existente; Consulta aos usuários dos serviços de manutenção (clientes); Coleta e análise de normas e padrões de informatização da empresa; Levantamento dos problemas a administrar; Reuniões com os coordenadores de cada área para discussão das informações e apresentação das recomendações; Elaboração do Relatório de Diagnóstico. Os procedimentos utilizados no desenvolvimento da A&D podem ser quantitativos, qualitativos ou ambos. Em qualquer caso, o Diagnóstico, resultado da Análise, deve conter indicações ou alternativas para melhorias nos métodos praticados pela empresa. Além das tabelas comparativas do método, é recomendável a montagem de gráficos ilustrativos de algumas condições existentes, assim como, no caso do processo concluir pela informatização do Sistema de Gestão de Manutenção, apresentar uma tabela com os elementos que irão compor os diversos arquivos do Sistema devidamente dimensionados e correlacionados. Durante o processo de A&D são avaliados: Tipo de estrutura organizacional existente; Situação administrativa e financeira da empresa e ambiente em que atua; Clientela (níveis de exigência e padrões de qualidade dos produtos ou serviços); Modernidade X obsolescência de equipamentos, máquinas e ferramentas; Participação da Manutenção nos processos de compra de novos equipamentos; Participação da Manutenção nas projetos de ampliação ou modificações das instalações; Documentação (manuais, catálogos, recomendações, sistemática de ordens de Serviço, fluxo, tratamento informatizado, elaboração de relatórios, avaliação dos serviços, avaliação dos resultados, estabelecimento de metas, ações administrativas); Cálculos ou estimativas de índices tradicionais (custo de manutenção por faturamento, percentual de preventiva, corretiva e outros serviços etc.); Delegação de autoridade para solicitação de serviços de manutenção; Identificação objetiva de serviços solicitados; Comunicação entre pessoal de manutenção e usuários de seus serviços; Recursos humanos e materiais disponíveis; Relacionamento entre as diversas áreas de manutenção e com órgãos externos; Posicionamento do pessoal de manutenção em relação a outros órgãos (responsabilidade, salários, benefícios etc.); Existência de intercâmbio de informações entre pessoal de uma planta com outras da mesma empresa; Níveis de escolaridade do pessoal; Experiência prática do pessoal próprio; Eficiência e produtividade do pessoal de manutenção; Delegação de responsabilidade em todos os níveis hierárquicos; Relações entre pessoal de supervisão e subordinados, Existência e eficácia dos métodos de avaliação de desempenho de pessoal; Existência de programa interno de transferência de experiência; Existência de programa contínuo de treinamento de pessoal de manutenção; Existência de programas de estágio em fabricantes e entidades de ensino; Estímulos a sugestões através de prêmios, participação em eventos (congressos, simpósios, seminários, mesas redondas e cursos), visitas etc.; Motivação do pessoal próprio e contratado; Relações entre serviços executados por pessoal próprio e por terceiros; Vantagens e desvantagens da terceirização; Participação da Manutenção na elaboração de contratos de prestação de serviços; Problemas com prestadores de serviços (critérios de elaboração dos contratos, documentação, avaliação dos serviços); Nível de utilização de horas-extras; Critérios no estabelecimento da previsão orçamentaria da área de manutenção (acompanhamento, planos de contas e centros de custos); Critérios de gestão de custos nos diversos níveis de supervisão; Critérios de apuração de custos de perda de produção devido à manutenção; Existência de sistema de débitos de custos de serviços de manutenção aos usuários dos serviços; Nível de delegação para compras de pequena monta (material de uso contínuo); Sobressalentes (níveis de estoque e ponto de resuprimento adequados, localização física do almoxarifado, almoxarifados paralelos, recepção de materiais, plano de manutenção de sobressalentes, fermentaria, intercambiabilidade, nacionalização); Padronização de tabelas para identificação dos códigos de Cadastro, de Equipamento, de Manutenção, de Ocorrências e de Esperas/Reprogramações/Can-celamentos; Identificação de equipamentos com mesmas características construtivas ("famílias" de equipamentos"); Conscientização da necessidade de prevenção por manutenção; Roteiros para execução de manutenções planejadas e respectivos tempos padrões; Existência e eficácia de processos de monitoramento por medições manuais ou automatizadas; Métodos adotados para intervenção planejada nos equipamentos (por tempo intervalos prefixados; por oportunidade - função do acompanhamento do estado dos equipamentos; ou ambas); Estabelecimento de Recomendações de Segurança; Emissão de Ordens de Serviço de Atividades Programadas e Não- Programadas; Existência e eficácia de plano de inspeções contínuas; Existência e eficácia de plano de lubrificação periódica; Critérios de arquivamento de dados de atividades programadas e não- programadas; Critérios de armazenagem de dados de disponibilidade dos equipamentos, duração das atividades, homens-horas ocupados em cada atividade, material utilizado, custos de mão-de-obra, serviços contratados e lucro cessante; Cumprimento dos prazos de atendimento dos pedidos; Avaliação da qualidade dos serviços; Existência de estrutura de análise de ocorrências e anormalidades nos equipamentos e nas intervenções; Investigação sistemática das avarias mais freqüentes; Seleção e montagem de relatórios gerenciais por área de produção, sistema operacional, atividade e setor, com as respectivas definições quanto à apresentação (tabelas, gráficos e consultas específicas); Estruturação da área de Engenharia de Manutenção para análise dos relatórios, indicação de alternativas e estabelecimento de metas; Identificação do processo desejado de interligação do Sistema de Manutenção com outros Sistemas da empresa, estabelecimento de metas, custos e prazos; Identificação do interesse em dispor de Sistema em rede; Interesse em automatizar e implementar programas de monitoramento dos equipamentos (Manutenção Preditiva); Identificação do interesse em atingirtipos de programas de "alerta de ocorrências indesejáveis na área de manutenção"; Análise de conveniência de reajustes de tempos padrões e desenvolvimento e implementação de programa de distribuição homogênea da mão-de-obra de manutenção ao longo do tempo. Para tornar as reuniões do grupo de A&D mais produtivas, é recomendável que seja previamente elaborado um roteiro ou questionário que norteará os debates da comissão. Como temas mais abrangentes desse roteiro/questionário, sugerimos: Organização e perfil da manutenção; Critérios de inventário e cadastramento de equipamentos, instalações, materiais (particularmente sobressalentes) e pessoal; Planejamento e programação da manutenção; Métodos de coleta de dados e metodologia de arquivo; Critérios de composição e análise dos relatórios gerenciais e Processo de tratamento de informações. 2.3. Seleção do software de manutenção Após a etapa de Análise e Diagnóstico, inicia-se o Projeto do Sistema, quando é desenvolvido ou selecionado e customizado o Sistema que armazenará e processará as informações do processo de gestão da manutenção. As exigências atuais da confiabilidade e disponibilidade são de tal ordem que se impõe, aos gerentes de manutenção, responsabilidades que só podem ser executadas com ferramentas adequadas de gestão (18). Em conseqüência, as empresas buscam cada vez mais, sistemas informatizados adequados para auxiliar a esses gerentes em suas funções. Esta busca levou à comercialização, em apenas um dos países europeus, de mais de 3.300 sistemas de gestão de manutenção (19) dos quais 2.470 estão em operação. Alguns desses sistemas são comercializados junto com uma Análise e Diagnóstico e, praticamente todos, de forma modular e integrada. Nos países americanos também existe uma grande quantidade de sistemas de gestão de manutenção oferecidos como a solução final dos problemas dos gerentes (20) , entretanto, depois de sua aquisição a realidade mostra que, em alguns casos em vez de obter soluções para seus problemas, os gerentes na realidade adquiriram mais problemas para administrar. Como exemplo dessas aquisições inadequadas, citamos os casos de duas empresas que implementaram sistemas de gestão que ocasionaram incêndios por falta de execução de manutenção (que era feita quando havia sistema manual) com grandes prejuízos; acarretando, na primeira, a necessidade de reforma total das instalações e, na segunda, a necessidade de venda da fábrica devido a perda total. Nos dois casos os gerentes de manutenção foram despedidos embora não tenham tido participação na compra do sistema. Em outra empresa um Diretor comprou um sistema "especialista" em valor muito elevado que teve que ser totalmente refeito pelo pessoal de informática e manutenção da empresa. Estamos seguros que mais de 50% dos sistemas comercializados não chegam a atender adequadamente às empresas e lamentavelmente não são divulgadas essas experiências negativas, com raras exceções (21) . Desta forma, os gerentes devem se preocupar na seleção do sistema que realmente atenda suas necessidades, não só baseados nas demonstrações feitas pelos fornecedores como também com uma investigação consciente das conseqüências que virão com sua aquisição (18) . Dependendo dos recursos a serem investidos na informatização do sistema de gestão de manutenção, a seleção de softwares poderá ser baseada apenas na experiência do pessoal da empresa ou consultoria especializada ou utilizando questionários. Em ambos os casos é recomendável preceder o processo com a Análise e Diagnóstico que, além de definir as necessidades de mudanças organizacionais, servirá como agente de estímulo e envolvimento de todas as áreas no processo de mudança. Na utilização da técnica de questionários, podemos dividir a seleção de softwares de manutenção em quatro etapas: Elaboração do questionário de seleção objetiva; Elaboração do questionário de seleção subjetiva; Apresentação dos softwares; Propostas comerciais. Dependendo das necessidades e complexidade da empresa o processo de seleção se desenvolverá entre um e dois meses (22) . Para garantir uma seleção técnica isenta, objetiva e completa de softwares de manutenção, deve ser constituída, uma comissão formada por pessoal da área envolvida, da área de informática e da área financeira. Constituída a comissão de avaliação são feitas reuniões para preparação dos questionários de avaliação objetiva e subjetiva. A composição de dois questionários traz como vantagem a possibilidade de ratificação do processo de avaliação ou a necessidade de rever a importância dada no a algumas perguntas a partir do da comparação entre seus resultados. O questionário de avaliação objetiva é mais extenso e mais simples de preencher, uma vez que suas perguntas serão respondidas como “S” (sim) ou “N” (não) e seus resultados multiplicados por números que dão o grau de importância do assunto para as características da empresa. É comum que esse questionário tenha entre 200 e 300 perguntas e que sejam atribuídos três ou quatro níveis de importância (peso) com as seguintes interpretações (22) : Peso 0 (zero) : Pergunta que não afeta o resultado da seleção, entretanto que deve ser feita a título de informação. É comum a existência de 5 a 15 perguntas desse tipo. Peso 1 (um) : Pergunta básica no processo de seleção. É aquela que aparece com mais freqüência sendo comum a existência de 150 a 200 dessas perguntas. Peso 2 (dois) : Pergunta muito importante no processo de seleção, normalmente vinculada a aspectos de codificação, histórico e relatórios gerenciais. É comum a existência de 30 a 50 perguntas deste tipo. Peso 5 (cinco): Pergunta excludente no processo seleção. Sua resposta negativa indica que o software analisado não atende às necessidades fundamentais da empresa, normalmente vinculada a aspectos de processamento de dados, assistência técnica, garantias e relatórios gerenciais (particularmente relacionado a índices de manutenção). É comum a existência de 5 a 10 perguntas deste tipo. Uma vez que se espera que estas perguntas sejam respondidas positivamente por todos os projetistas ou fornecedores de softwares o valor do peso pode ser aumentado (passando a 10 ou a 20). O questionário de avaliação subjetiva normalmente é composto de perguntas similares a de maior peso do questionário de avaliação objetiva, podendo entretanto conter perguntas de menor peso (peso 1). Normalmente seu preenchimento é feito através de um breve comentário. É comum que esse questionário tenha entre 5 e 15 perguntas e que além do comentário sejam atribuídos pontuações que poderão variar de 1 a 5 ou de 1 a 10. Além das perguntas similares às do questionário objetivo podem ser incluídas algumas relacionadas com: assistência técnica (sistema e engenharia de manutenção); capacitação operacional (implementação do sistema e conceituação); autonomia (mudanças na base de dados, criação de arquivos, alteração de campos); facilidade operacional e navegabilidade do sistema; experiência de utilização em empresas do ramo; recursos de informática; custos de licença por usuário e/ou servidor; taxa de manutenção etc. Também podem ser atribuídos valores para cálculo ponderado das perguntas subjetivas. Neste caso, entretanto esses valores (pesos) devem se restringir a apenas dois ou três números (zero, um e dois ou um, dois e três) Após a preparação dos questionários, é feita a pré-seleção de softwares existentes no mercado, podendo para tal ser utilizada a experiência do pessoal própria e/ou assessoramento de consultores externos; elaborado um cronograma de apresentação dos sistemas e emitidas cartas convites para os fornecedores e/ou projetistas. Em função do porte da empresa podem ser convidados de 3 a 8 softwares para seleçãio. Asapresentações podem ser divididas em duas partes, na primeira os fornecedores e/ou projetistas fazem a apresentação de sua empresa e do software e na segunda respondem às perguntas dos questionários objetivo e subjetivo. Durante a primeira parte os membros da comissão já estarão marcando em seus questionários as perguntas que forem naturalmente respondidas, ficando para segunda apenas aquelas que ficaram omissas. É comum que cada apresentação dure de 5 a 8 horas, devendo, portanto, ser reservado todo um dia para cada software. Após a apresentação, os resultados do questionário objetivo são comparados e analisados pelos membros da comissão de forma a obtenção de um resultado de consenso. Esse resultado de consenso é então somado para cada software analisado, sendo seus resultados colocados em um planilha final com os valores absolutos e relativos obtidos por cada um. Analogamente é feita a apuração dos valores atribuídos no questionário subjetivo, sendo, neste caso, comum a utilização de valores médios dos valores atribuídos por cada membro da comissão em cada pergunta. A seleção de softwares será concluída com o estabelecimento das especificações técnicas para que os fornecedores possam elaborar suas propostas comerciais. Essas especificações são baseadas nas normas internas da empresa, suas características operacionais, seus critérios financeiros e contábeis e nos resultados obtidos da Análise e Diagnóstico e avaliações objetiva e subjetiva. O objetivo final de um Sistema aplicado à manutenção é proporcionar informações que permitam obter aumento de rentabilidade da empresa, utilização mais eficiente dos recursos de mão-de-obra e material disponíveis, melhoria no desempenho e confiabilidade dos equipamentos. Para atingir esse objetivo, deve haver uma seqüência lógica no projeto e desenvolvimento de cada etapa do Sistema - Figura 11. Figura 11 – Fluxograma do projeto de um Sistema de gestão de manutenção Analisando a seqüência recomendada para implantação das informações e a utilização dessas informações nos diversos programas gerenciais, podemos observar que: a) O programa de Disponibilidade dos Equipamentos é alimentado com informações das Ordens de Serviço e Dados de Operação. b) O programa de Histórico de Equipamentos, filtrado a partir das tabelas implementados durante o cadastro e a programação, recebe informações dos Dados Cadastrais, das Ordens de Serviço e das Tabelas de Coleta de Dados. c) O programa de Índices de Equipamentos é alimentado com informações das Ordens de Serviço e Dados de Operação. d) Os programas de Alertas são gerados a partir da comparação de parâmetros prédefinidos com os equivalentes das Ordens de Serviço e Registros de Medições e é um subproduto do programa de Histórico de Equipamentos. e) O programa de Manutenção Preditiva, recebe informações dos Registros de Medições e Ordens de Serviço de intervenções em equipamentos prioritários. f) Os programas de Custos de Manutenção são alimentados com informações de Cadastro (sobressalentes gerais e específicos e custo de aquisição), das Ordens de Serviço, dos Dados de Operação, do Cartão de Tempo e do Cartão de Material. g) Os programas de Índices de Mão de Obra, Backlog, Distribuição de Serviços e Horas de Espera, são alimentados com informações oriundas das Ordens de Serviço, Cartão de Tempo e Mão de Obra Disponível. h) A Reprogramação Automatizada de Manutenção é alimentada com dados oriundos das Ordens de Serviço, Cartão de Tempo, e Programa Mestre de Manutenção Preventiva. 2.4. Conceitos Básicos Como ilustrado na Figura 11, a primeira etapa para seleção ou desenvolvimento do o sistema de informações gerenciais deve ser o estabelecimento de uma terminologia padrão a ser utilizada por todos os envolvidos no processo. Inúmeras tentativas de estabelecimento de uma terminologia padrão de manutenção têm sido feitas sem muito sucesso. Os órgãos de normalização técnica (23, 24 e 25) , as Associações Nacionais de Manutenção, os grupos coordenadores dos diversos ramos industriais, a Organização das Nações Unidas (1) e o Comitê Panamericano de Engenharia de Manutenção (26) e até os dicionários (27 e 28) , têm proposto alternativas de caracterização das subdivisões da manutenção, visando o intercâmbio de informações, sem entretanto conseguir atingir esta meta que, paradoxalmente, todas as pessoas ligadas a essa atividade almejam. Nas definições propostas não existem muitas divergências quanto ao significado da palavra “Manutenção” como "ato ou efeito de manter" , "medidas necessárias para conservação ou permanência de alguma coisa ou de uma situação" , todavia, a partir de suas subdivisões, surgem as divergências no estabelecimento das fronteiras entre Manutenção Preventiva e Manutenção Corretiva. Devido a inexistência de um padrão universal de caracterização de algumas atuações como preventiva ou corretiva, é fundamental, para o desenvolvimento do controle de manutenção, que cada empresa faça a opção por uma terminologia adequada, de preferência igual aquela em uso pela maioria das indústrias do mesmo ramo e que, uma vez escolhida, seja enfaticamente divulgada internamente e criadas dificuldades à mudança, a fim de evitar deterioração do Sistema. Para efeito de aplicação nos capítulos seguintes, utilizaremos os conceitos os seguintes conceitos básicos: Peça – Todo e qualquer elemento físico não divisível de um mecanismo. É a parte do equipamento onde, de uma maneira geral, serão desenvolvidas as trocas e, eventualmente, em casos mais específicos, os reparos. Componente – Engenho essencial ao funcionamento de uma atividade mecânica, elétrica ou de outra natureza física que, conjugado a outro(s) cria(m) o potencial de realizar um trabalho. Equipamento – Conjunto de componentes interligados com que se realiza materialmente uma atividade de uma instalação. Sistema Operacional – Conjunto de equipamentos necessários para realizar uma função em uma instalação. Unidade de Processo ou Serviço – Conjunto de sistemas operacionais para geração de um produto ou serviço. “Família” de equipamentos – Equipamentos com mesmas características construtivas (mesmo fabricante, mesmo tipo, mesmo modelo). Item de Manutenção (ou simplesmente "Item") - Equipamento, Obra ou Instalação. Defeito - Ocorrências em itens que não impedem seu funcionamento, todavia podem, a curto ou longo prazo, acarretar sua indisponibilidade. Falha - Ocorrências nos itens que impedem seu funcionamento. Manutenção -Todas as ações necessárias para que um item seja conservado ou restaurado de modo a poder permanecer de acordo com uma condição especificada. Manutenção Preventiva - Todos os serviços de inspeções sistemáticas, ajustes, conservação e eliminação de defeitos, visando evitar falhas. Manutenção Preventiva por Tempo - Serviços preventivos preestabelecidos através de programação (preventiva sistemática, lubrificação, inspeção ou rotina) definidas, pôr unidades calendário (dia, semana) ou pôr unidade não-calendário (horas de funcionamento, quilômetros rodados etc.). Manutenção Preventiva por Estado - Serviços preventivos executados em função da condição operativa do equipamento (reparos de defeito, preditiva, reforma/revisão geral etc.). Manutenção Corretiva - Todos os serviços executados nos equipamentos com falha. Classe - Importância do equipamento no processo (ou serviço), se dividindo em: Classe A -Equipamento cuja parada interrompe o processo (ou serviço), levando ao faturamento cessante; Classe B -Equipamento que participa do processo (ou serviço), porém sua parada, por algum tempo não interrompe a produção; Classe C -Equipamento que não participa do processo (ou serviço); Prioridade – Intervalo de tempo que deve decorrerentre a constatação da necessidade de uma intervenção de manutenção e o início desta. Mantenibilidade – Facilidade de um item em ser mantido ou recolocado em condições de executar suas funções requeridas. Serviços de Apoio - Serviços feitos pelo pessoal de manutenção visando: melhoria das condições de segurança; melhoria das condições de trabalho; atendimento a outros setores não ligados à produção como, por exemplo, manutenção da rede de iluminação externa, confecção de placas de sinalização de estrada etc. No trabalho de Nakagima (TPM -"Total Productive Maintenance") é apresentada a sugestão de subdivisão da Manutenção preventiva em dois grandes grupos: Manutenção Preventiva Por Tempo e Manutenção Preventiva Por Estado. Assim, indicamos, a seguir, as subdivisões da Preventiva de uso mais comum e suas classificações segundo esta proposta: Inspeção ou Manutenção de Rotina - Serviço caracterizado pela alta freqüência (baixa periodicidade) e curta duração, normalmente efetuada utilizando os sentidos humanos e sem acarretar indisponibilidade do equipamento, com objetivo de acompanhar o desempenho de seus componentes - Manutenção Preventiva Por Tempo. Esta atividade pode ser desenvolvida pelo pessoal de operação, a partir de programação desenvolvida pela manutenção, ou por "inspetores", ligados à área de manutenção com essa função específica. Devido à sua curta duração, exige controle simplificado, que deve entretanto ser processado, pois oferece grande contribuição ao diagnóstico do estado dos equipamentos. Manutenção Periódica ou Sistemática -Atividade em que cada equipamento pára, após um período de funcionamento, para que sejam feitas medições, ajustes e, se necessário, troca de peças, em função de um programa preestabelecido a partir de experiência operativa, recomendações dos fabricantes ou referências externas Manutenção Preventiva Por Tempo. Um bom controle de manutenção preventiva sistemática requer registros históricos, devendo portanto ser implantado após algum tempo de funcionamento dos equipamentos, uma vez que normalmente os fabricantes omitem ou desconhecem os pontos falhos de suas linhas de produção. Como alternativa para implantação imediata, podem ser atribuídas periodicidades a cada um, baseadas nas experiências profissionais dos executantes de manutenção, que irão sendo ajustadas para maior ou menor, através de acompanhamento da incidência de corretivas entre preventivas ou pela inexistência de defeitos constatados nas paradas programadas. Lubrificação - Adições, trocas, complementações, exames e análises dos lubrificantes Manutenção Preventiva Por Tempo. Esta atividade pode ser executada pelo operador do equipamento ou por um "lubrificador" e, analogamente à anterior, exige controle simplificado, onde devem ser indicados os pontos a lubrificar, o tipo de lubrificante, a dosagem e a freqüência de lubrificação. Neste caso é fundamental o acompanhamento do processo para evitar que sua omissão ou má execução, acarrete sérios danos aos equipamentos. Revisão de Garantia - Exame dos componentes dos equipamentos antes do término de suas garantias, visando verificar suas condições em relação às exigências contratuais Manutenção Preventiva Por Tempo. Grandes Reparos ou Revisão Geral - Serviços em equipamentos de grande porte, que interrompem a produção - Manutenção Preventiva Por Estado. É comum, para este tipo de atividade, a aplicação da técnica de PERT/CPM e a análise de custos específicos, o que justifica uma nomenclatura própria para facilitar a seleção dos registros a ela concernentes. Manutenção Seletiva - Troca de uma ou mais peças ou componentes de equipamentos prioritários, de acordo com entidades de pesquisa - Manutenção Preventiva Por Estado. Manutenção Preditiva ou Previsiva -Serviços de acompanhamento de desgaste de uma ou mais peças ou componentes de equipamentos prioritários através de análise de sintomas, ou estimativa feita por avaliação estatística, visando extrapolar o comportamento dessas peças ou componentes e determinar o ponto exato de troca ou reparo - Manutenção Preventiva Por Estado. Como no caso anterior, trata-se de um Controle Preditivo ou Previsivo, para execução de Manutenção Preventiva. Reparo de Defeito -Reparo de Equipamentos que apresentam variações em seu estado, como caracterizado acima para a condição de Defeito - Manutenção Preventiva Por Estado. 2.5. Prioridades Como indicado acima “prioridade” é a premissa de tempo que esperado entre a constatação de uma necessidade de manutenção e o início desta. Na proposta de subdivisão terminologia de manutenção da ONU (1) também é apresentada a identificação de "manutenção de emergência", usada por algumas indústrias como sinônimo de manutenção corretiva, que mescla o conceito de tempo para atendimento da equipe de manutenção com a condição operativa do equipamento. A Prioridade a ser dada no atendimento da manutenção a um equipamento, também é assunto polêmico em sua subdivisão, sendo seu conceito genérico "qualidade do que está em primeiro lugar ou do que aparece primeiro" (27) aceita pela maioria das pessoas que trabalham no processo produtivo. Sob o aspecto técnico, a Prioridade é caracterizada como: "o intervalo de tempo que deve decorrer entre a constatação da necessidade de manutenção e o início dessa atividade" e, dentre as diversas propostas de subdivisão utilizadas pelos órgãos de manutenção, selecionamos aquela apresentada por algumas empresas americanas (29) , que estabelece quatro níveis subsequentes para esse intervalo de tempo: Prioridade 1 - Emergência -Manutenção que deve ser feita imediatamente após detectada sua necessidade. Exemplos: Falha em equipamento prioritário; Ponto preditivo em equipamento prioritário. Prioridade 2 - Urgência -Manutenção que deve ser feita o mais breve possível, de preferência sem ultrapassar 24 horas, após detectada sua necessidade. Exemplos: Defeito em estado próximo à falha em equipamento prioritário; Falha em equipamento secundário. Prioridade 3 - Necessária -Manutenção que pode ser adiada por alguns dias, porém sua execução não deve ultrapassar uma semana. Exemplos: Manutenção Preventiva em equipamento prioritário de acordo com programação pré-estabelecida; Reparo de defeitos em equipamentos secundários. Prioridade 4 - Desejável -Manutenção que pode ser adiada por algumas semanas (recomendável 4 ou 5), porém não deve ser omitida. Exemplos: Manutenção Preventiva em equipamento secundário, de acordo com programação pré-estabelecida; Falha em equipamento que não interfere na produção. Para completar esse quadro de prioridades, sugerimos um quinto nível, que irá caracterizar os serviços que só serão executados quando houver disponibilidade de mão-de-obra do pessoal de manutenção, ou seja: Prioridade 5 - Prorrogável - Manutenção que pode deixar de ser executada. Exemplos: Defeito em equipamento que não interfere no processo produtivo; Melhoria estética da instalação. É comum entretanto encontrarmos sistemas mais simples de estabelecimento de prioridades com apenas dois ou três níveis: Emergência e Normal ou Emergência, Urgência e Normal, sendo suas caracterizações similares aos conceitos apresentados acima. O uso de vários níveis de prioridade, pode gerar impasse entre os órgãos de operação e manutenção pela divergência de opiniões quanto à caracterização desses níveis, em função do tipo de ocorrência e da importância operacional do equipamento. Eventualmente, o órgão de segurança industrial também participa nessas divergências. Para evitar que a discordância prejudique o desenvolvimento do trabalho da equipe de execução da manutenção, apresentamos o conceito de Prioridade Combinada, onde o nível de prioridade final é obtido pela combinação daquelespropostos pelos órgãos envolvidos a partir de uma tabela previamente ajustada formada pela combinação de todas as possibilidades de avaliação dadas pelos órgãos envolvidos. Para elaboração dessa tabela, cada órgão estabelece seus níveis e terminologias próprias de prioridade. Considerando os cinco níveis já apresentados como específicos do órgão de Manutenção, o órgão de Operação teria, por exemplo, outros níveis, ou seja: Prioridade 1 - Equipamento prioritário fora de serviço com perda de produção . Prioridade 2 - Equipamento prioritário em condição deficiente de operação . Prioridade 3 -Equipamento prioritário fora de serviço, sem perda de produção po r período limitado. Prioridade 4 - Equipamento não prioritário. Analogamente, o órgão de Segurança Industrial, também poderá usar níveis e terminologias apropriados a sua área de atuação como : Prioridade 1 - Risco de vida comum . Prioridade 2 - Risco de vida restrita . Prioridade 3 - Risco de acidente não fatal . Prioridade 4 - Sem risco de acidente . Uma vez estabelecidos os níveis de prioridade de cada órgão, seus representantes s e reúnem para estabelecer a tabela de prioridades finais, em função do resultado d a combinação de prioridades definidas por cada um . No sistema de controle por processo manual, essa tabela fica em poder do órgã o coordenador de manutenção que, ao tomar conhecimento da necessidade de execuçã o do serviço, consulta os órgãos envolvidos para que definam os níveis de prioridade. No s Sistemas que utilizam o computador, essa tabela já faz parte da programação e, e m conseqüência, a Ordem de Serviço pode ser emitida com o nível de prioridade final . A utilização do critério de prioridades combinadas pode ser aplicada quando existe rapidez na intercomunicação dos órgãos envolvidos com o de controle ou com o computador, devendo ser evitada quando existem dificuldades de comunicação, pois podem acarretar sérios prejuízos à produção no caso de atendimentos de primeiro e segundo níveis (Emergência e Urgência). Outro critério para estabelecimento de prioridades, aplicado para atividades que podem ser programadas é o Método GUT - Figura 12. Neste método, a letra G significa a “Gravidade” do problema, ou seja, se a ocorrência é de natureza que pode prejudicar o equipamento ou instalação ou ainda se pode vir a colocar em risco vidas humanas ou o meio ambiente; a letra U significa a “Urgência”, ou seja se o problema gera ou pode gerar prejuízos ao processo ou ao serviço comprometendo os compromissos da empresa de prazo, custos ou qualidade e a letra T significa “Tendência” ou seja como o problema pode se desenvolver ou degenerar com o tempo. É estabelecida uma planilha onde são colocados nas colunas, os itens a serem avaliados, sob cada um as letras G, U e T e nas linhas os avaliadores (pessoal de operação, manutenção e segurança industrial). Cada um atribui um grau de 1 a 5 para cada quesito em cada item avaliado. Esses valores são multiplicados e seu resultado colocado numa quarta coluna (chamada GUT) para cada item. O resultado da soma das colunas “GUT” de cada item irá definir a sequência de atendimento. 2.6. Tabelas de codificação Um dos recursos muito explorados pelos atuais sistemas de gestão é o estabelecimento de padrões de codificação, ou seja, a utilização de tabelas para atender a objetivos comuns das diversas áreas. Desde a concepção dos primeiros sistemas de gestão surgiram campos específicos para códigos, cada um com uma finalidades específicas, como a identificação dos grupos de equipamentos com mesmas características construtivas, o equipamento no processo produtivo, os documentos associados aos equipamentos etc. Com a utilização do computador na armazenagem e tratamento da informação, a codificação passou a ser fundamental sob dois aspectos: a busca da maior rapidez de processamento, e consequentemente a necessidade de condensar e correlacionar informações em um número reduzido de símbolos, e a padronização das formas de expressão. Portanto podemos afirmar que nestes processos os atributos básicos dos arquivos obtidos através da utilização das tabelas são: Compacto -Como já indicado, os arquivos ficarão menores o que aumenta a rapidez do processamento. Para o estabelecimento da dimensão ideal do código devem ser analisados o limite de caracteres que serão necessários para identificar todos os elementos, assim como o tipo de identificação que será utilizada, lembrando que, no caso de utilização de dois dígitos, o sistema numérico permite identificar 99 itens (excluindo o código 00), o sistema alfabético (considerando as letras K, Y e W) permite identificar 676 itens e o sistema alfanumérico 1296 itens). Padronizado -Correlação de informações similares. As palavras que têm o mesmo significado devem ser codificadas segundo o mesmo conjunto de símbolos. Pôr exemplo a ação "Trocar" ou "Substituir" do código de ocorrências, deve ser identificado segundo o mesmo padrão "SB" ou "TR". Os arquivos de Tabelas deverão conter os elementos necessários à composição do conjunto de itens com mesmas características construtivas, ou seja, mesmo nome, fabricante e tipo/modelo ("família") assim como os elementos necessários a identificação da posição operativa de cada um, para o estabelecimento de programação de intervenções e para o registro de ocorrências. É comum o estabelecimento de mais de 30 tabelas que irão definir o “Tipo de Equipamento”, “Fabricante”, a “Localização física ou geográfica”, o “Sistema operacional”, as “Periodicidades”, os “Recursos humanos”, o “Setor responsável pela manutenção”, as “Causas e Efeitos de intervenções” etc. As novas técnicas de composição de Banco de Dados, permitem que o usuário, efetue a seleção para consulta ou atualização, das tabelas através dos nomes como são conhecidos evitando a necessidade do conhecimento dos códigos que ficarão restritos ao processamento pelo computador- Figura 13. Figura - 13 - Modelo de pantalla de consulta a tabla. A atualização das tabelas e arquivos de dados compreende as alternativas de "inclusão" Figura 14, "alteração", ou "exclusão" – Figura 15, estas últimas restritas à pessoas autorizadas ao acesso do banco de dados, uma vez podem comprometer a estrutura de todo o Sistema. Como sugestão, recomendamos a criação de um "arquivo morto" para armazenar dados excluídos ou alterados. Figura 14 - Modelo de tela de inclusão de registros de tabela. Figura 15 - Modelo de tela" de exclusão de registros de tabela . No projeto de codificação deve ser feita uma avaliação das dimensões máximas de cada célula (incluindo as expansões) e estabelecer, para cada uma, os tipos de caracteres que serão utilizados de forma a permitir que sejam feitas as críticas de programação. Deve ser lembrado que quanto mais amplo for o código mais espaço será ocupado nos arquivos e memória do computador e mais tempo será gasto na pesquisa de informações. Para efeito de correlação das posições operativas dos equipamentos com os respectivos registros históricos, é comum a utilização do conceito de Código de Equipamento, ou "Tag" que identifica o equipamento em sua posição operativa, podendo ser utilizado, neste caso, a identificação dada pela área de Operação ou pela área de Patrimônio ou o número de série do equipamento. Dentre os recursos atuais disponíveis na criação e operação dos bancos de dados informatizados, está a desnormalização, ou seja, a utilização da "Base relacional de registros" através da utilização de tabelas ( entidades ) formadas por linhas e colunas ( campos ) que se interrelacionam para atender às necessidades dos usuários. Essa técnica elimina a necessidade de estabelecimento dos códigos estruturados preestabelecidos para identificação da posição operativado equipamento ou grupamento por características construtivas (famílias) ou ocorrências (acervo histórico), ou outras combinações até então adotadas. Utilizando os recursos de base relacional de dados, podemos associar o código de equipamento (ou “tag” ) com diversas tabelas, visando permitir efetuar “filtros” de acordo com a necessidade dos usuários na composição de listagens ou relatórios gerenciais. Como recomendações complementares, indicamos, para os projetos das Tabelas: �Apresentação da tabela sempre em ordem alfabética de nomes, entretanto com a possibilidade de que o usuário, acionando uma tecla de função troque essa ordenação para código e, acionando novamente a mesma tecla, reordene a tabela à condição anterior; Teste para evitar repetição de código ou nome de elementos em uma mesma tabela durante o processo de inclusão. Recursos de pesquisa em tabela utilizando a primeira letra (do nome ou do código, dependendo de onde esteja posicionado o cursor) e através de palavra com determinado número de dígitos (recomendável 10) digitados total ou parcialmente. Uso de teclas de fácil entendimento para atualização de elementos na tabela, como, [INS] para inclusão, [DEL] para exclusão e [ENTER] para alteração. No caso de exclusões, o Sistema deverá impedir que o usuário delete do arquivo da tabela elementos que já tenham sido aplicados em códigos. Possibilidade de impressão na ordenação que esteja apresentada na tela. Neste caso deve ser também permitido, ao usuário, filtrar a tabela para uma letra ou uma palavra. Alteração, em todos os arquivos, do nome de elementos de tabela que eventualmente sejam corrigidos. Associação, através da tabela de informações que, de acordo com as rotinas internas da empresa, são relacionadas aos elementos tabelados, como, pôr exemplo, Centro de Custos associado à Unidade de Produção ou ao Sistema Operacional ou ao Setor. CAPITULO 3 O banco de dados de manutenção Parte a 3.1. Inventário e Cadastro Já indicamos que, para implantar um Sistema de Controle de Manutenção, é recomendável iniciar o projeto de coleta de dados pela identificação dos elementos, que compõem a instalação industrial ou de serviços, suas localizações e utilidades. Esse conjunto de informações, que chamamos Inventário , correlaciona cada equipamento com suas respectivas áreas de atuação, função, centro de custos e posição física ou geográfica na área de produção e oferece subsídios ao pessoal da gerência para o dimensionamento das equipes de operação e manutenção, qualificação necessária ao pessoal, definição de instrumentos, ferramentas e máquinas operatrizes e projeção do plano geral de edificação e distribuição das oficinas de apoio. Uma vez identificados os equipamentos que compõem a instalação os registros são complementados, na medida do possível com as demais informações de forma padronizada, que devem ser suficientemente abrangentes para atender consultas de especificação, fabricação, aquisição, deslocamento, instalação, operação e manutenção. A esse conjunto de informações chamamos Cadastro , que definimos como: "Registro do maior número de dados possíveis dos equipamentos, através de formulários ou telas padronizados que, arquivados de forma conveniente, possibilitem o acesso rápido a qualquer informação, necessária para manter, comparar e analisar condições operativas, sem que seja necessário recorrer a fontes diversificadas de consulta". Figura 16 - Cadastro de equipamentos Portanto, o cadastramento deverá reunir, para cada tipo de equipamento, os dados construtivos (manuais, catálogos e desenhos), de compra (requisição, encomendas, orçamento, datas e custos), de origem (fabricante, fornecedor, tipo e modelo), de transporte e armazenamento (dimensões, peso e cuidados), de operação (características normais e limites operativos) e de manutenção (lubrificantes, sobressalentes gerais e específicos, curvas características, recomendações dos fabricantes, limites, folgas e ajustes). A concepção de coleta de dados cadastrais vem recebendo melhorias com a evolução dos critérios de planejamento e controle de manutenção. Os primeiros formulários desenvolvidos para esse fim, tinha a configuração de um cartão impresso com informações genéricas, aplicadas a qualquer tipo de equipamento, onde os dados gerais e específicos apareciam misturados e alguns deles indefinidos. Na seqüência evolutiva, o verso do cartão passou a ser utilizado para registro de histórico, através de duas colunas, uma para data e outra para descrição da ocorrência. A partir dessa concepção surgiu o cartão de Cadastro e Histórico, com o aprimoramento de indicar, na primeira coluna a descrição da ocorrência e, nas seguintes, as datas em que estas sucediam. Esse aprimoramento trouxe como vantagens adicionais, evitar a repetição de mesma ocorrência várias vezes e facilitar a visualização daquelas que apresentavam maior incidência além de serem feitos alguns arranjos na disposição de dados de forma a facilitar a pesquisa sob quatro formas: Número do Arquivo; Código de Cadastro; Número Individual do equipamento e Código de Equipamento para efeito de Manutenção. Com a utilização do computador no processo de controle de manutenção, surgiu a idéia de associar o cadastro de equipamentos aos respectivos sobressalentes de uso específico e de uso comum e o órgão de manutenção passou a utilizar, para Código de Cadastro, a mesma estrutura de codificação do órgão de administração de material. Como conseqüência dessa fusão, o Código de Cadastro passou a representar uma "família" de equipamentos de mesmo fabricante, tipo e/ou modelo e surgiu a proposta de dissociar os dados comuns dos dados específicos dos equipamentos durante o cadastramento. A separação dos registros em dois grupos trouxe como vantagem a dispensa de repetição no preenchimento de informações comuns a equipamentos de mesma família e a possibilidade de estabelecer uma correspondência entre os Sistemas de Controle de Manutenção e de Controle de Material, pois o órgão de Administração de Material passou a associar os sobressalentes aos equipamentos, utilizando formulários próprios, cujo preenchimento passou a ser feito com o assessoramento de pessoal de execução de manutenção. Portanto, ao “Código de Cadastro” (ou “Código de Família”) passaram a ser associadas as características administrativas e técnicas da família de equipamentos. Considerandose que uma instalação industrial tivesse "x" bombas iguais, bastaria o preenchimento de apenas um grupo de registros. Nos registros de dados específicos o Código de Cadastro foi associado ao número de identificação que individualizava cada equipamento da instalação. Esse número de identificação podia ser o número de série fornecido pelo fabricante, ou o número que recebe do órgão de controle de bens patrimoniais da empresa, ou, no caso de ausência de ambos, um número seqüencial dado pelo próprio sistema que é pintado ou punçado no equipamento. Esse número de identificação caracteriza um conjunto de dados individuais a cada equipamento e assim, para o exemplo considerado, seria necessário preencher "x" formulários de dados específicos, um para cada bomba da instalação. Tanto nos dados gerais (ou comuns) como nos dados específicos existem registros de natureza administrativa (datas, custo, números de documentos, localização etc.) e de natureza técnica dentre os quais se destaca sua função no processo ou serviço. A correlação entre o Código de Cadastro, o Número de Identificação e o Código de Posição Operativa (“tag” ou código de equipamento) permite a obtenção de informações para uma "família" de equipamentos (código de cadastro), ou para um equipamento específico (número de identificação), ou para os equipamentos que operam
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