Buscar

previdenciario Princípios do direito previdenciario

Prévia do material em texto

Princípios Previdenciários
Os princípios são de fundamental importância no Direito, não podendo ser de forma diferente no Direito Previdenciário onde boa parte dos princípios estão expressos na Constituição Federal de 1988, onde elenca-os de forma clara, com o objetivo de guiar o legislador ordinário para elaboração de leis e norma que cumpram os compromissos firmados com a sociedade na constituinte de 1988.
Estes princípios estão expressos no art. 195 da CF/88, assim como já dito, buscam direcionar a atividade legislativa, são eles:
Principio da universalidade de cobertura e do atendimento (art.194, paragrafo único, I, da CF).
A universalidade da cobertura significa que a seguridade deve contemplar todas as contingências sociais que geram necessidade de proteção social das pessoas, tais como: maternidade, velhice, doença, acidente, invalidez, reclusão e morte. As prestações previdenciárias devem abranger o maior número possível de situações geradoras de necessidades sociais, dentro da realidade econômico-financeira do Estado.
Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (art.194, paragrafo único, II, da CF)
Com a regulamentação da CF/88, mediante as leis n. 8.212/91 e 8.213/91, temos apenas uma previdência social que abrange as populações urbanas e rurais.
“No passo, a população rural podia obter benefícios de valor inferior ao salário mínimo, pois contribuíam sobre bases ínfimas. A partir da nova Carta, os benefícios recebidos pelos rurais foram elevados ao patamar do salário mínimo, quando inferiores a este valor, fazendo com que a previdências social passasse a custear benefícios de segurados que não contribuíram, suficientemente, para deles fazer jus” (KERTZMAN, 2010,P.49).
Este princípio visa equiparar o trabalhador urbano ao rural, tratando as duas classes de forma isonômica quando o assunto é concessão de benefícios, sempre na medida de suas desigualdades.
Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (art. 194, parágrafo único, III, da CF)
Este princípio refere-se ao dever do legislador de abarcar, predefinir um rol de prestações, de eventos sociais nos quais ele pretende proteger; fazendo isso ele delimita a área de proteção social no sistema da seguridade social, que vem a ser a seletividade. O legislador infraconstitucional faz esta escolha dentro de limites traçados pela Constituição Federal, art. 201.
Em outras palavras a seletividade significa que as prestações sejam fornecidas apenas a quem realmente necessitar, desde que se encontrem nas situações que a lei definiu. Algumas prestações serão extensíveis apenas a algumas parcelas da população (salário-família e auxílio-doença, por exemplo).
Já a distributividade seria o quanto cada cidadão necessita receber para ter uma vida digna, justa; o sistema objetiva partilhar a renda, principalmente para aqueles mais carentes.
Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios (art. 194, parágrafo único, IV, da CF)
A irredutibilidade de salários é condição para o desenvolvimento econômico-social, garantia do poder aquisitivo, sendo aplicado com enorme importância também para os benefícios de seguridade social.
O art. 201, §4°, da CF/88 complementa este princípio, assegurando o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, caráter permanente, o valor real, conforme critérios a serem definidos em lei.
É importante salientar que a Constituição desvinculou o salario mínimo da previdência (art. 7°IV), apenas há uma coincidência em que é exigido que o valor pago a titulo de previdência não pode ser menor que o mínimo.
O reajuste dos benefícios do Regime Geral é calculado pelo IBGE, por meio do INPC, levando-se em conta o rendimento das famílias que possuem renda entre um e oito salários mínimos, sendo o chefe assalariado.
Principio da equidade na forma de participação no custeio 
Este princípio estipula que, a participação no custeio será de acordo com os rendimentos do cidadão brasileiro, assim, por exemplo, a contribuição dos trabalhadores recai sobre a folha de pagamento, ou seja quem ganha mais contribui mais.
Para Juliana Ribeiro (data), o princípio da equidade na forma de participação no custeio:
“é corolário do princípio da isonomia e da capacidade contributiva dos contribuintes (art. 145, § 1º da CF/88). Cada segurado terá a obrigatoriedade de efetuar contribuições para a manutenção do sistema, segundo a sua capacidade econômica. Entretanto, quanto maior for a capacidade econômica do contribuinte, maior será a contribuição que deverá proceder para o fundo de custeio da seguridade social. A equidade no custeio significa igualdade material no financiamento, cuja finalidade é proporção entre as quotas com que cada um dos contribuintes irá contribuir para a satisfação da seguridade social”.
Princípio da diversidade da base de financiamento (ART. 194, paragrafo único, VI, da CF)
Este princípio tem por objetivos assegurar a maior diversidade possível da fonte de custeio, buscando dar mais segurança a seguridade, além de arrecadar de forma distribuída em toda a sociedade.
Quanto maior for a base de financiamento (ou seja, sendo a obrigação do custeio imposta a um maior número possível de segmentos da sociedade), maior será a capacidade de a seguridade social fazer frente aos seus objetivos constitucionalmente traçados.
Como se vê, a base de financiamento da seguridade social deve ser a mais variada possível, de modo que oscilações setoriais não venham a comprometer a arrecadação de contribuições. Diversas fontes propiciam maior segurança ao sistema, o qual não estaria sujeito a grandes flutuações de arrecadação, em virtude de algum problema em contribuição especifica.
Em síntese, o objetivo aqui é diminuir o risco financeiro do sistema protetivo. Quanto maior o número de fontes de recursos, menor será o risco da seguridade sofrer perdas financeiras.
Principio do caráter democrático e descentralizado da administração (art. 194, paragrafo único, VII, da CF)
Este princípio traduz-se na ideia de que a administração da seguridade social permite a participação não apenas do Poder Público, mas também da sociedade, mediante gestão quatripartite (trabalhadores, empregadores, aposentados e Governo), direito ainda que é assegurado no art. 10 da CF/88, que prevê a participação dos trabalhadores em discussão e deliberação sobre temas previdenciarios.
Cabendo a sociedade organizada participar da gestão da seguridade social indicando os representantes dos trabalhadores, empregadores e dos aposentados.
Princípio da preexistência ou precedência de custeio (art. 195, §5°, da CF)
Este princípio visa ao equilíbrio atuarial e financeiro do sistema securitário. A criação de beneficio, ou mesmo a mera extensão de prestação já existente, somente será feita com a previsão da receita necessária.
Ou seja, para a criação de um novo beneficio, deve-se indicar uma nova fonte de custeio, não sendo suficiente a indicação de recursos já existentes sobre risco de inconstitucionalidade.
O que afasta um pouco a politica de benefícios puramente eleitorais, pois para conceder um beneficio deverá se indicar de onde sairá os recursos, que por consequência onerará alguém através de tributos, sendo que não pode ser utilizado para outro fim.
Podemos ainda constatar que há outro princípio que é relevante, sendo ele o da solidariedade.
Solidariedade
“O princípio da solidariedade é o pilar de sustentação do regime previdenciário. Não é possível a compreensão do sistema sem que o conceito de solidariedade esteja consolidado” (KERTZMAN, 2010, p. 47-48).
Melhor esclarecimento que este sobre o principio em questão é impossível, tendo em vista a sua relevância para a manutenção da previdência no Brasil.
Originando-se da assistência social, a solidariedade objetiva a manutenção da pessoa humana, assim como ocorre a séculos, vivendo de forma solidária, ao menos em parte, como no caso de um pai que cuidou de um filho, poremna velhice precisa de cuidados, sendo o momento do filho ajudar o pai ou quando em uma família um parente adoece, todos acabam ajudando com um pouco para a manutenção deste familiar.
O art. 3° da Constituição Federal traz como um de seus objetivos a construção de uma sociedade solidária e como consequência desse preceito temos que cada pessoa contribuirá para a seguridade social dentro da sua possibilidade.
Referências:
NEVE, Gustavo Bregalda. Manual de Direito Previdenciário - Direito da Seguridade Social. Ed. 1, 2013. Disponível em: Biblioteca virtual Urcamp.
RODRIGUES, José Flávio Batista. Princípios de Direito Previdencíario. Disponível em: <https://gilvaniarodrigues.jusbrasil.com.br/artigos/125945645/principios-de-direito-previdenciario>. Acesso em: 03 abr. 2018.

Continue navegando