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DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 1 - LIBERDADE SINDICAL A liberdade sindical é o postulado básico da OIT, ligado diretamente a autonomia sindical, alguns entendendo inclusive como sinônimos. O princípio da unicidade sindical conflita com as disposições da Convenção nº 87 da OIT, que trata da liberdade sindical, razão pela qual o Brasil não ratificou a referida convenção, e continua até os dias atuais sendo um assunto polêmico na doutrina trabalhista. Afirma-se que no Brasil as entidades sindicais regulamentadas na década de 1930, vieram com um viés corporativista e fascista, vez que totalmente controladas pelo Estado, e que alguns autores consideram como ineficazes para a garantia dos direitos dos trabalhadores. Porém, a partir de 1988 com a promulgação da Constituição Federal em vigor, diante dos termos contidos no artigo 8º se tem que ficou garantido que o poder público não pode ter qualquer interferência na organização sindical, tanto na sua criação, constituição, administração e mesmo em sua dissolução. Tal, porém, não é absoluto, vez que esbarra no referido princípio da liberdade sindical quando no inciso II, do art. 8º, se estabelece uma norma que impede a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município, conforme previsto no mesmo artigo. Dessa forma, diante de tais dispositivos existe uma incoerência entre os textos, pois ao mesmo tempo em que tenta preconizar a liberdade sindical, existe total cerceio ao mesmo, vez que a unicidade freia e choca-se com o principio da liberdade sindical. Art. 8º CF - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 2 - que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Diversos autores como é o caso de Nascimento (2014, p..1232) discutem o tema no sentido de que o Brasil faça a ratificação da reconvenção 87 em prol da liberdade sindical, afirmando que “a intervenção e a interferência do Estado no movimento sindical, invalida, também, a sua naturalidade, na medida em que o submete aos modelos estabelecidos pelo Estado em detrimento da sua livre organização e ação” . Portanto, o assunto é por demais polêmico, sendo necessário acrescer também que esbarrava no referido principio a obrigatoriedade quanto ao recolhimento da contribuição sindical, já que a mesma era compulsória a todos os que exercessem uma atividade remunerada, pois a mesma também é uma forma de imposição por parte do Estado. Porém, com a modificação hoje introduzida pela reforma trabalhista de acordo com a Lei nº 13.467, que alterou a CLT, publicada em 14 de Julho de 2017, e que entrou em vigor a partir de 11/11/2017, DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 3 - não existe mais obrigatoriedade da contribuição sindical, já que a mesma passa a ser facultativa aquele que quiser contribuir. A convenção nº 87 da OIT Apresenta 4 garantias: Liberdade sindical e a - direito de fundação de sindicatos Proteção do direito sindical - direito de administração de sindicatos - direito de não intervenção do Estado - direito de filiação Esbarra na CF 88 Não ratificada pelo Brasil Sindicato único - unicidade sindical Constituir livremente o sindicato Liberdade dos trabalhadores e empregadores se associarem a um Liberdade sindicato Sindical art. 511 CLT Serviço público tem direito de constituir sindicato.1 1 O ordenamento jurídico brasileiro conferiu, sim, aos servidores públicos o direito à livre associação sindical, no art. 37 , VI , da Constituição Federal que prevê: é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical . Sendo assim, os servidores têm, nesse aspecto, os mesmos direitos conferidos aos trabalhadores da iniciativa privada (art. 8º , CF), embora o STF tenha declarado inconstitucionais os dispositivos da lei 8112 /90 que previam o direito de negociação coletiva e ao ajuizamento de ações coletivas perante a Justiça do Trabalho, sendo esses dispositivos revogados pela Lei 9527 /97, art. 18 , de competência da Justiça Comum Federal (ADI 492/DF) . Mais ainda, foi editada súmula 679 , STF que proíbe a convenção coletiva para fixação de vencimentos dos servidores públicos.Portanto, os servidores possuem o direito à associação sindical, mas esse direito possui algumas restrições, como a proibição de seu questionamento por meio de convenções e acordos coletivos e as restrições quanto ao juízo competente para dirimir essas lides. (disponível em: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/159127/os-servidores-publicos-possuem-direito-a-associacao-sindical- ariane-fucci-wady, Acesso: 16/02/2018). DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. deÁvila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 4 - Art. 511 CLT. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitue o vínculo social básico que se denomina categoria econômica. § 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. (Vide Lei nº 12.998, de 2014) § 4º Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões dentro das quais a categoria econômica ou profissional é homogênea e a associação é natural . Convenção 98/49 OIT regras gerais a respeito de intromissões recíprocas Ratificada em 1952 entre trabalhadores e empregadores Aplicação dos princípios do direito de sindicalização e de negociação coletiva - segundo o indivíduo de entrar e sair livremente do sindicato) - o grupo profissional fundar o sindicato Classificação da Criar regras internas Liberdade sindical relação com os sindicalizados Autonomia privada coletiva De criar órgãos superiores - O Estado Independência do sindicato quanto a intervenção do Estado - - Integração dos sindicatos x estado - auto organização sindical DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 5 - - liberdade positiva de se filiar ao sindicato Classificação Quanto à pessoa - liberdade negativa de não se filiar ao sindicato, comportando a Desfiliação. Intervencionista - O Estado ordena as relações relativas ao Sindicato Sistemas de - Países que adotam regime corporativista Itália, Liberdade Espanha Sindical Portugal Brasil Desregulamentado O Estado se abstém de regular a atividade sindical País que adotou o regime corporativista – Uruguai Ratificou Conv. 87 Intervencionista socialista o Estado ordena e regula a atividade do Sindicato, segundo metas do Estado. País que adotou o regime Cuba AUTONOMIA SINDICAL - por grupo de empresas Sindicato pode ser - por empresa Organizado - por categoria - por profissão Âmbito - Municipal - Distrital - Intermunicipal - Estadual - Nacional é por categoria No Brasil e sua área não pode ser inferior a um município- art. 8º da CF. DIREITO DO TRABALHO COLETIVO Profª. Maria Cristina A. D. de Ávila 2018 - O presente serve apenas como roteiro de aula, não se caracterizando como apostila. - Há necessidade de utilização dos livros para acompanhamento e complementação, inclusive para as avaliações. 6 - Referências: CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. Niterói: Impetus, 2014. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. Ver. Atul. e Amp. Rio de Janeiro: Forense. 2018 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2014. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 31ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, Marcelo. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2014. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. NASCIMENTO, Sônia Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 29ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
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