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A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO TREINAMENTO DE FORÇA PELOS INDIVÍDUOS IDOSOS


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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.5, n.29, p.423-426. Set/Out. 2011. ISSN 1981-9900. 
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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício 
ISSN 1981-9900 versão eletrônica 
 
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A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO TREINAMENTO DE FORÇA PELOS INDIVÍDUOS IDOSOS
 
Léo de Paiva Montenegro
1
 
 
 
RESUMO 
 
Objetivo: O objetivo do presente estudo foi 
demonstrar a importância e os benefícios da 
prática do treinamento de força pelos 
indivíduos idosos, através de uma revisão 
literária. Materiais e Métodos: Foram 
pesquisados estudos relacionados ao 
treinamento de força e idosos através do site 
de busca Google Acadêmico. Discussão: Os 
estudos reunidos no presente artigo mostram 
que a prática do treinamento de força com 
regularidade e em diferentes freqüências e 
intensidades gera aumento da força muscular, 
aumento da massa muscular, melhora do 
equilíbrio, da coordenação motora e melhora 
da qualidade de vida de idosos praticantes de 
treinamento de força. Conclusão: Através dos 
resultados dos estudos reunidos fica notável a 
importância da prática do treinamento de força 
por indivíduos idosos e seu benefícios, sendo 
necessário o incentivo para que essa 
população participe desse tipo de treinamento 
buscando minimizar os efeitos negativos do 
envelhecimento. Porém é necessária a 
realização de mais estudos devido às 
diferentes variáveis do treinamento como 
freqüência, intensidade, volume, tipo de 
contração muscular, tempo de recuperação 
entre outras variáveis para que a prescrição do 
exercício seja cada vez mais segura 
preservando a saúde dos participantes. 
 
Palavras-chave: Qualidade de Vida, Terceira 
Idade, Treinamento. 
 
1- Especializando em Treinamento Desportivo 
pela Universidade Gama Filho - RJ 
Especialista em Exercício Aplicado a 
Reabilitação Cardíaca e a Grupos 
Especiais pela Universidade Gama Filho - RJ 
Graduado em Educação Física pela 
Universidade Estácio de Sá - Niterói - RJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The importance of the practice of strength 
training for elderly people 
 
Objective: The objective of this study was to 
demonstrate the importance and benefits of 
the practice of strength training for older 
people through a literature review. Materials 
and Methods: We searched for studies related 
to strength training and older people through 
the search engine Google Scholar. Discussion: 
The studies collected in this paper show that 
the practice of strength training regularly and at 
different frequencies and intensities causes an 
increase in muscle strength, increased muscle 
mass, improves balance, coordination, and 
improved quality of life of elderly practitioners 
of strength training. Conclusion: Based on the 
results of studies collected is remarkable the 
importance of the practice of strength training 
for older adults and their benefits, the incentive 
is needed for this population to participate in 
this type of training aiming to minimize the 
negative effects of aging. However, it is 
necessary to perform further studies due to 
different training variables as frequency, 
intensity, volume, type of muscle contraction, 
recovery time and other variables for the 
exercise prescription is increasingly secure 
while preserving the health of participants. 
 
Key words: Quality of Life, Elderly, Training. 
 
Endereço para correspondência: 
 
paivamontenegro@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.5, n.29, p.423-426. Set/Out. 2011. ISSN 1981-9900. 
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INTRODUÇÂO 
 
O envelhecimento caracteriza-se por 
um processo contínuo que gera alterações 
fisiológicas inevitáveis e irreversíveis que 
acarretam alterações funcionais, e que no 
idoso se torna uma limitação, reduzindo sua 
capacidade funcional (Silva e colaboradores, 
2011). É estimado que o número de pessoas 
idosas aumente, podendo o Brasil chegar a 
ser o 6º mais envelhecido em 2025 (Dias, 
Gurjão e Marucci, 2006) gerando o fenômeno 
conhecido como envelhecimento populacional. 
Através dessa estimativa é necessário criar 
meios para que essa população possa 
aumentar sua qualidade de vida e usufruir 
dessa melhora, se tornando mais 
independente e ativa (Vecchia e 
colaboradores, 2005). 
 O treinamento de força é conceituado 
como uma atividade onde uma resistência é 
vencida, onde essa resistência pode ser 
halteres, aparelhos e até o próprio peso 
corporal. Atualmente os estudos mostram-se 
muito interessados pelo treinamento de força, 
devido ao grande número de variáveis 
presentes, como número de séries, repetições, 
tempo de descanso e freqüência semanal. 
Mesmo com o grande número de variáveis, 
tem sido descritos muitos benefícios pelos 
indivíduos que praticam o mesmo (Gentil e 
colaboradores, 2006). 
 Devido a redução da aptidão física 
gerada pelo envelhecimento, como redução da 
quantidade de massa magra, redução da força 
muscular, redução da velocidade de reação, 
aumento do componente gordo, redução da 
quantidade do número de fibras tipo IIX, 
aumento do número de quedas devido à 
fraqueza muscular e redução do equilíbrio, o 
treinamento de força pode ser de grande 
eficácia para os idosos. 
 O objetivo do presente estudo é relatar 
a importância da prática do treinamento de 
força para indivíduos idosos e os benefícios 
para essa população. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Foi feita uma revisão literária de 
artigos relacionados ao treinamento de força e 
idosos nos site de busca Google Acadêmico. 
Como critérios de inclusão de estudos foram 
selecionados apenas artigos a partir do ano 
2000 e que estudavam o treinamento de força, 
idoso e a relação de ambos. 
 
DISCUSSÃO 
 
O processo de envelhecimento induz 
alterações que alteram a capacidade funcional 
do idoso, reduzindo a quantidade de massa 
muscular, como conseqüência reduz a 
capacidade de gerar força, gera alteração do 
equilíbrio, aumentando a chance de quedas e 
fraturas, fazendo com que a qualidade de vida 
do idoso não seja boa e que ele se torne 
dependente (Silva e Cárdenas, 2009). 
O treinamento de força tem como 
adaptações o aumento da massa muscular, 
aumento da força muscular, alterações da 
composição corporal, melhora do equilíbrio e 
melhora da coordenação motora intra e 
intermuscular (Dias e colaboradores, 2005; 
Asano, 2006). 
 
 
Figura 1 - Alterações decorrentes do 
envelhecimento e adaptações ao treinamento 
de força. 
 
De acordo com as alterações 
causadas pelo processo de envelhecimento e 
pelas adaptações do treinamento de força, 
pode ser de extrema importância da prática 
pelos indivíduos idosos, que podem se 
beneficiar com o treinamento. 
De acordo com um estudo realizado 
por Trancoso e Farinatti (2002), um programa 
de treinamento com pesos de 12 semanas foi 
suficiente para aumentar a força muscular em 
58% no exercício “leg press” e 61% no supino 
reto, em mulheres idosas. 
Outro estudo realizado por Silva e 
colaboradores (2008) avaliou o equilíbrio, a 
coordenação e a agilidade em 61 indivíduos 
com idade entre 60 e 75 anos, submetidos a 
24 semanas de treinamento de força. Segundo 
os resultados a prática das sessões de 
treinamento de força, três vezes por semana,Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.5, n.29, p.423-426. Set/Out. 2011. ISSN 1981-9900. 
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com intensidade de 80% de 1RM, sendo duas 
séries de oito repetições, e um minuto e trinta 
segundos de recuperação entre cada série e 
três minutos entre os aparelhos, utilizando o 
método alternado por segmento foi satisfatório 
para melhorar o equilíbrio, a coordenação e a 
agilidade em idosos. 
Com intuito de observar o efeito 
hipotensor do treinamento de força, Mutti e 
colaboradores (2010), realizaram um estudo 
onde foi realizada uma seqüência de 
exercícios, sendo realizadas três séries de dez 
repetições, representando 70% da carga 
máxima, com dois minutos entre os exercícios 
e séries, onde foi medida a pressão arterial de 
repouso e a pressão arterial após o exercício a 
cada 10 minutos após o treino até 60 minutos. 
Foi observado resultado significativo na 
redução da pressão arterial PAS e PAD, após 
o treinamento de força em todos os 
participantes do estudo. 
Querendo analisar a resposta da força 
muscular e dos níveis séricos de IGF1, nas 
fases neurogência e miogênica de idosas 
sedentárias, Silva e colaboradores (2009) 
realizaram 20 semanas de treinamento, sendo 
composto por duas fases, a fase de 
adaptação, que teve duração de quatro 
semanas, com freqüência semanal de três 
vezes, sendo realizadas três séries de 13 
repetições, com intensidade de 50% da 
capacidade máxima e intervalo de 
recuperação de 40 segundos. Na fase 
específica, a duração foi de 16 semanas, 
freqüência semanal de três vezes, sendo 
realizadas três séries de seis repetições com 
intervalo de recuperação entre um a dois 
minutos, com intensidade entre 90% a 100% 
da capacidade máxima, sendo o método 
utilizado o alternado por segmento. Foi 
observado um aumento na força muscular e 
nos níveis séricos de IGF1, apenas na fase 
miogênica. 
 
Figura 2 - Protocolos e resultados dos estudos analisados 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
Todos os estudos reunidos mostraram 
a importância de praticar o treinamento de 
força com intuito de minimizar os efeitos 
negativos do envelhecimento. Os estudos 
mostraram que o treinamento de força é eficaz 
para aumentar a massa muscular, força 
muscular, aumentar o equilíbrio e melhorar a 
coordenação motora, aumentando a qualidade 
de vida dos idosos. Devido ao grande número 
de variáveis do treinamento a necessidade da 
realização de novos estudos se faz 
necessário. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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12. Num. 6. Nov/dez, 2006. 
 
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Revista Brasileira de Cardiologia. Vol. 23. 
Num. 2. março/abril, 2010. p. 111-115. 
 
 
 
 
 
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Brasileira de Epidemiologia. Vol. 8. Num. 3. 
2005. p. 246-252. 
 
Recebido para publicação em 19/07/2011 
Aceito em 28/08/2011