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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA – IQB CURSO DE QUÍMICA LICENCIATURA FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL ADSORÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO PELO CARVÃO MACEIÓ, AL 2018 INTRODUÇÃO A adsorção pode ser compreendida como um processo no qual uma substância gasosa, líquida ou sólida fica presa à superfície de um sólido. De uma forma mais específica, pode-se caracterizar a adsorção como a variação da concentração de uma substância em uma interface, sendo que o espaço de interface é uma medida arbitrária da região limite entre duas substâncias não-miscíveis. A adsorção pode ocorrer em todos os tipos de interface, seja gás-sólido, solução-sólido, solução-gás, entre duas soluções, etc. A substância que sofre o aumento de concentração sobre a superfície da fase condensada é chamada de adsorvato. Já a fase condensada, na superfície da qual ocorre o processo, é chamada de adsorvente. Deve-se atentar à diferença entre os fenômenos de adsorção e de absorção: enquanto que a adsorção é um fenômeno de superfície, que ocorre somente na porção superficial do sólido, a absorção ocorre com a migração de partículas da superfície para o interior do sólido. 1.1. Adsorção física e adsorção química Quando a adsorção ocorre por interações físicas entre as partes, é denominada fisissorção. Na adsorção física, as moléculas ou átomos se aderem à superfície do adsorvente, em geral, através de forças de Van der Waals, que são ligações intermoleculares de longo espectro, porém, muito fracas e incapazes de formar ligações químicas. Por esse motivo, a adsorção física é um processo reversível. Por outro lado, quando o processo de adsorção se dá por meio de forças de natureza química, é chamada de quimissorção. Nesse tipo de interação, a adesão do adsorvido à superfície do adsorvente se estabelece por ligações químicas, em geral, covalentes (o tipo de ligação depende muito das substâncias que participam do sistema). Uma vez que há a formação de ligações químicas trata-se de um processo exotérmico e irreversível. 1.2. Tratamento matemático do fenômeno: as isotermas de adsorção Existem vários modelos que resultam em equações que servem para quantificar o adsorvato presente no processo a uma data temperatura. Estas equações são chamadas isotermas de adsorção. As isotermas de adsorção são curvas obtidas a partir da quantidade de soluto adsorvido em função da concentração deste soluto. Existem vários tipos de isotermas, sendo que cada uma delas se aplica a um determinado tipo de adsorção. Algumas das isotermas mais comuns são a isoterma de Freundlich, a isoterma de Langmuir e a isoterma BET (Brunauer, Emmet e Teller). 1.3. A Isoterma de Freundlich É um dos primeiros e mais simples modelos propostos, que relaciona a massa do material adsorvido pela massa do adsorvente com a concentração do material em solução. Também pode ser descrita pela razão entre o volume de gás adsorvido e a massa do adsorvente em função da pressão. A isoterma de Freundlich é descrita pelas seguintes equações: (1) Na qual x é a massa do adsorvato (líquido ou em solução) que foi adsorvida, m corresponde à massa do adsorvente, K é a constante de proporcionalidade, C é a concentração inicial do adsorvato e n é uma constante, e é o fator de linearidade quando se transforma a equação em uma reta; Aplicando logaritmos, é possível obter a equação de uma reta a partir das equações da isoterma de Freundlich: (2) A isoterma de Freundlich não descreve processos de adsorção às pressões ou concentrações elevadas. OBJETIVOS Exprimir o aspecto quantitativo do processo de absorção utilizando a isoterma de Freundlich. MATERIAIS UTILIZADOS Erlenmeyers Funil Papel filtro Carvão Ativo Balões Volumétricos Bureta Soluções de ácido acético (H3CCOOH) 0,5; 0,3; 0,2; 0,1 e 0,05 mol/L Solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 mol/L PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Em 5 erlenmeyers secos, numerados de 1 a 5, adicionou-se cerca de aproximadamente 1,0 g de carvão ativo. Pipetou-se 50 mL de solução de 0,5 mol/L de ácido acético e transferiu-se para o erlenmeyer 01 procedeu-se da mesma maneira com as outras soluções (0,3; 02; 0,1 e 0,05 mol/L) nos erlenmeyers 2, 3, 4 e 5, respectivamente. Deixou-se as soluções de ácido acético em contato com o carvão por durante aproximadamente 1 hora, agitando-as de vez em quando. Durante esse tempo, titulou-se as soluções de ácido acético que restaram, pipetando 10 mL de cada solução e titular com a mesma solução de NaOH 0,1 mol/L, usando três gotas de fenolftaleína como indicador ácido-base. Após 1 hora, filtrou-se as soluções em contato com o carvão ativo para separá-los, pipetou-se 10 mL de cada solução e titulou-se com a mesma solução de NaOH 0,1 mol/L, utilizando três gotas de fenolftaleína. RESULTADOS E DISCUSSÕES A reação entre o hidróxido de sódio e o ácido acético tem uma proporcionalidade estequiométrica de 1:1, como representado abaixo: Desta forma tem-se que a quantidade de matéria de é a mesma da quantidade de e as seguintes equações são corretas: (3) (4) (5) Então: (6) Onde n é o número de moles, M é a concentração molar, V é o volume, m é a massa em gramas e MM é a massa molar que equivale a 60 g/mol para o ácido acético. Com o objetivo de determinar a massa de ácido acético inicial e a concentração real das soluções utilizadas em cada erlenmeyer titulou-se as mesmas com hidróxido de sódio, conforme representado na Tabela 1. Erlenmeyer Concentração de ácido acético (mol/L) Concentração de hidróxido de sódio (mol/L) Volume de hidróxido de sódio (L) 1 0,5 0,1 0,0506 2 0,3 0,1 0,0327 3 0,2 0,1 0,0208 4 0,1 0,1 0,0111 5 0,05 0,1 0,0056 Tabela 1: Dados experimentais Para se obter a massa inicial de ácido acético fez-se uso da equação 6: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: A massa calculada foi para 10 mL da solução de e para saber a massa contida em 50 mL multiplicou-se os valores encontrados por 5: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: Empregou-se a equação 4 para saber a concentração molar real de ácido acético utilizado: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: A partir dos valores obtidos para a concentração da solução de e através dos dados experimentais para a titulação com NaOH das soluções em contato com o carvão ativo construiu-se a Tabela 2. Erlenmeyer Concentração de ácido acético (mol/L) Concentração de hidróxido de sódio (mol/L) Volume de hidróxido de sódio (L) 1 0,506 0,1 0,0495 2 0,327 0,1 0,0292 3 0,208 0,1 0,0188 4 0,111 0,1 0,0091 5 0,056 0,1 0,0042 Tabela 2: Dados experimentais A fim de determinar a massa de ácido acético na solução após o contato com o carvão ativo utilizou-se a equação 6: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: Os valores encontrados correspondem a 10 mL de para saber a massa em 50 mL multiplicou-se esses valores por 5: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: Empregou-se a equação 4 para saber a concentração molar real de ácido acético utilizado: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: Com o propósito de saber a quantidade de massa de ácido acético absorvida fez-se uso da seguinte equação: (7) Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: Através dos cálculos efetuadose de dados experimentais pôde-se construir a Tabela 3. Erlenmeyer Massa de carvão ativo (g) Concentração de ácido acético inicial (mol/L) Concentração de ácido acético depois do carvão ativo (mol/L) Massa inicial de (g) Massa final de (g) Massa absorvida de() (g) 1 1,0060 0,506 0,495 1,518 1,485 0,033 2 1,0018 0,327 0,292 0,981 0,876 0,105 3 1,0000 0,208 0,188 0,624 0,564 0,06 4 1,0059 0,111 0,091 0,333 0,273 0,06 5 1,0042 0,056 0,042 0,168 0,126 0,042 Tabela 3: Dados experimentais Pode-se analisar a diminuição da massa do ácido acético na solução em uma temperatura constante através da isoterma de Freundlich utilizando a equação abaixo como a equação de uma reta. Calculou-se o e o por meio dos seguintes cálculos: Erlenmeyer 1: Erlenmeyer 2: Erlenmeyer 3: 1,222 Erlenmeyer 4: Erlenmeyer 5: A partir dos dados obtidos construiu-se o gráfico 1. De acordo com a equação pode-se perceber que o coeficiente linear do gráfico 1 é o e o coeficiente angular é , então: 0, 576 O valor de K relaciona-se com a capacidade de adsorção do absorbato, pois com o aumento do valor de K há o aumento da capacidade de adsorção como mostrado na Tabela 4. K (g/L) Capacidade de adsorção 0 ˫– 0,024 Pequena 0,024 ˫– 0,05 Média 0,05 ˫– 0,15 Grande 0,15 em diante Elevada Tabela 4: Relação de valores entre a capacidade de adsorção e o valor de K. O valor da constante n indica se a isoterma é favorável ou não, uma vez que está relacionado com a força de ligação entre os componentes de adsorção. Para isotermas favoráveis o valor de n está compreendido entre 1 e 10. Como o valor de K corresponde a 0,2655 através da Tabela 4 pode-se perceber que a capacidade de absorção é média para o carvão ativo e como o valor de n equivale a 6,76 que está compreendido entre 1 e 10 então a isoterma de adsorção é favorável. CONCLUSÕES Com base em valores experimentais e em gráficos de isotermas de adsorção na literatura, pode-se verificar que a capacidade de adsorção do carvão ativado diminui com o aumento das concentrações iniciais do ácido acético em solução, uma vez que o processo de adsorção é exotérmico e um aumento da força motriz permite que mais moléculas do soluto passe da fase líquida para a superfície do sólido. Sabe-se também que, a solubilidade do adsorvato no solvente também deve ser levada em consideração já que a capacidade de adsorção de um determinado adsorvente é maior quanto menor for à solubilidade do adsorvato no meio. Entretanto, este não foi o comportamento encontrado em nosso experimento. Erros experimentais cumularam-se e podem-se verificar valores distorcidos do esperado. Mesmo assim, foi possível neste trabalho fazer o estudo qualitativo do processo de adsorção sobre o carvão ativado por meio de isotermas de adsorção, mais especificamente isotermas de Freundlich. REFERÊNCIAS CARDOSO, Mayara. Adsorção. Disponível em <http://www.infoescola.com/quimica/ adsorcao/>, acessado em 11/05/2018. COLODEL, Cristiane. Adsorção. Disponível em <http://www.ebah.com.br/content /ABAAABcFwAD/adsorcao>, acessado em 28/04/2018. KOULESHOVA, Tatiana. MALEIANE, Francisco. Fenômenos superficiais e adsorção. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/73647820/ADSORCAO-DE-ACIDO-ACETICO-EM-CARVAO-ACTIVADO-CONDOEIRA. Acessado em 10/05/2018.
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