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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PRODUÇÃO E SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS unidade I unidade II unidade III Professora Me. Thays J. Perassoli Boiko Professor Me. Silvio Sil y essor Me. Silvio Sil y vestre Barczsz SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL COMPETITIVIDADE NOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS definições de agronegócio aplicações do conceito de cadeia de produção agroindustrial nos sistemas agroindustriais Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, Coordenação de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato Dutra, Coordenação de Graduação Kátia Coelho, Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados Evandro Bolsoni, Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson Brait, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design Educacional Camila Zaguini, Diagramação André Morais, Aline Morais, Revisão Textual Yasminn Zagonel, Fotos Shutterstock. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Produção e Sistemas Agroindustriais. Silvio Silvestre Barczsz / Thays J. Perassoli Boiko Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014. 95 p. “Pós-Graduação MBA Agronegócio - EaD”. 1. Agronegócio 2. Gestão de sistemas. 3. Agroindustrias. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 338.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor- tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a uma grande carência de mão de obra especializada. Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega- bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida- des deste novo Brasil. Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun- to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e profissional. Professor Dr. Renato Dutra Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais NEAD - UNICESUMAR “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão apresentação do material Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à discipli- na Produção e Sistemas Agroindustriais. Sou a Professora Me. Thays J. Perassoli Boiko, Engenheira de Produção Agroindustrial e Mestre em Engenharia de Produção, e é com muito prazer que apresentoo livro que fará parte desta disciplina. O professor Me. Silvio Silvestre Barczsz, co-au- tor do livro, é Doutorando em Geografia (UEM/ PGE), mestre em Agronegócio (UFMS/DEA), pós- graduado lato sensu em Economia e Gestão do Agronegócio (UEM/PCE), graduado em Ciências Econômicas com concentração em Economia do Agronegócio (UEM/PCE). Atua como coordena- dor de curso de graduação em EAD também é Professor Universitário e autor de Livros Didáticos em EAD de graduação e de Pós Graduação. Além disso, também atuou como Coordenador dos cursos das Pós Graduações de Gestão no EAD. Atualmente é representante da Unicesumar nos Comitês: Comitê das Bacias Hidrográficas do Piraponema, como membro titular, e no Comitê Federal da Bacia Hidrográfica Rio Paranapanema, como membro suplente. Entre as principais ati- vidades profissionais desenvolvidas, destaca-se: Sindicato Patronal Rural de Maringá, onde atuou em prol do desenvolvimento do agronegócio re- gional e do meio ambiente; SEBRAE/PR, consultor e instrutor do nas áreas de marketing, associati- vismo e cooperativismo. Neste livro, que preparamos com muito carinho, apresentamos os principais conceitos e defini- ções relacionados ao Agronegócio e aos Sistemas Professora Mestre Thays J. Perassoli Boiko Professor Mestre Silvio Silvestre Barczsz Agroindustriais. Veremos as duas principais cor- rentes metodológicas que norteiam os estudos e/ou a gestão dos Sistemas Agroindustriais, bem como quando, onde e quais contextos surgiram. Veremos também, quais os níveis de análise em estudos e/ou em Gestão de Sistemas Agroindustriais, os agentes que os compõem e como se dá a coordenação desses Sistemas. Você irá perceber que dependendo dos propó- sitos do(a) pesquisador(a) e/ou do gestor(a) em Agronegócio um nível de análise é considerado. É muito provável que você querido(a) aluno(a), se identifique como um dos agentes que compõe os Sistemas Agroindustriais. A dinâmica de relaciona- mento entre os diversos agentes que compõem os Sistemas Agroindustriais determina a dinâmi- ca de funcionamento desses Sistemas. Como os Sistemas Agroindustriais estão inseridos em mer- cados cada vez mais competitivos, complexos, dinâmicos e globalizados, é frequente que mudan- ças tecnológicas, de legislação, das exigências dos consumidores e de concorrência ocorram. Essas mudanças alteram a dinâmica de relacionamen- to entre os agentes e isto exige que os Sistemas Agroindustriais sejam constantemente coorde- nados, por parte de seus pesquisadores e/ou gestores, para garantir sua organização, eficiência, produtividade, qualidade, eficácia na agregação de valor e, consequentemente, sua competitividade. Um dos níveis de análise em estudos e/ou em Gestão de Sistemas Agroindustriais é o de Cadeias de Produção Agroindustrial, que tem seu concei- to associado a um produto final ou família/linha de produtos finais, por isso este nível de análise é bastante usado. Veremos como este termo passou a ser utilizado no Brasil, suas principais definições e aplicações, os mercados tipicamente identifica- dos em uma Cadeia de Produção Agroindustrial, seus setores, seus ambientes institucional, or- ganizacional e empresarial e os aspectos das Cadeias de Produção Agroindustrial, aspectos esses que afetam a coordenação dos Sistemas Agroindustriais. Por fim, iremos discutir a competitividade nos Sistemas Agroindustriais. Iniciamos esta discussão apresentando as definições de competitividade e concorrência. Em seguida veremos que a com- petitividade do Agronegócio brasileiro se dá nos mercados interno e externo e quais os pontos que mais afetam esta competitividade. Depois, apresentamos a vocês as estratégias competitivas utilizadas no Agronegócio, quais são as capacida- des competitivas em Sistemas Agroindustriais, a importância da agregação de valor aos produtos das cadeias de produção agroindustrial, os setores de apoio às cadeias de produção agroindustrial e finalizamos discutindo os principais aspectos dos custos de transação e das relações contratuais no Agronegócio. Assim, este livro está dividido em três unidades. Na primeira, trato de Sistemas Agroindustriais, na segunda, de Cadeias de Produção Agroindustrial e, na última, de Competitividade nos Sistemas Agroindustriais. Nosso objetivo ao escrever este livro não foi adotar conceitos e definições, mas sim mostrar os pontos de vista dos principais autores utilizados no Brasil, exemplos e aplicações, de tal maneira que você, aluno(a) do Curso de MBA em Agronegócios, se sinta capacitado(a) a utilizar esses conceitos e definições de maneira prática em seu dia a dia profissional. Tivemos como objetivo também, fazer você pensar sobre a complexidade e a competitivida- de nos Sistemas Agroindustriais e como coordenar e competir nestes Sistemas. Para iniciar nossos estudos, queremos apresen- tar sites que são ricas fontes de pesquisa sobre Agronegócio e Sistemas Agroindustriais e que provavelmente vão ajudar muito você, em suas atividades profissionais. Esses sites são: • AGRONLINE - <http://www.agronline.com. br>: apresenta artigos científicos, links, reportagens, divulgação de eventos e softwares relacionados à agropecuária. • AGROSOFT Brasil <http://www.agrosoft. org.br/>: disponibiliza o Jornal Agrosoft, publicação gratuita diária sobre tecnologia, economia e política do agronegócio. • CANAL DO PRODUTOR - <http://www. canaldoprodutor.com.br>: site da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que apresenta notícias, vídeos, artigos, áudios, guias, legislação e serviços, referentes à produção animal, vegetal e temas específicos. • CEPEA-ESALQ/USP (CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP) - <http://www.cepea.esalq. usp.br/>: site do CEPEA-ESALQ/USP, com divulgação dos indicadores, análises, estudos e pesquisas, realizados pelo Centro em relação ao agronegócio. • EMBRAPA (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA) - <http://www. embrapa.br/>: site da EMBRAPA em que é possível acessar informações, notícias, divulgação de cursos, eventos e programas, a Livraria Embrapa e publicações em geral da EMBRAPA. • GEPAI (GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS AGROINDUSTRIAIS – UFSCar) - <http:// www.gepai.dep.ufscar.br/>: site do GEPAI em que é possível acessar as publicações do Grupo. • IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE PESQUISA E ESTATÍTICA) - <http://www.ibge.gov. br>: site do IBGE em que é possível acessar os indicadores e estatísticas, inclusive referentes ao Agronegócio (Agropecuária e Agroindústria). • MAPA (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO) - <http:// www.agricultura.gov.br/>: site do MAPA em que é possível acessar a legislação e políticas referentes à agricultura, pecuária e abastecimento. • PENSA – FEA/USP (CENTRO DE CONHECIMENTO EM AGRONEGÓCIOS – FEA/USP) - <http://www.pensa.org.br/ Pensa.aspx>: site do PENSA em que é possível acessar as publicações do Grupo. • SOBER (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO DE SOCIOLOGIA RURAL) - <http://www.sober. org.br/>: em que é possível acessar os Anais do Congresso da SOBER. Bem, agora vamos iniciar nossos estudos. Espero contribuir para o seu conhecimento! su m ár io 01 14 definições de agronegócio 16 definições e correntes metodológicas de sistemas agroindustriais 20 níveis de análise em estudos e/ou em gestão de sistemas agroindutriais 29 coordenação dos sistemas agroindustriais SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS 0203 42 o início da utilização do termo cadeia de produção agroindustrial no brasil - um breve histórico 44 conceituação e definições de cadeia de produção agroindustrial 46 aplicações do conceito de cadeia de produção agroindustrial 49 mercados típicos identificados em uma cadeia de produção agroindustrial 51 setores das cadeias de produção agroindustrial 53 ambientes das cadeias de produção agroindustrial 55 aspectos das cadeias de produção agroindustrial 71 definição de competitividade e de concorrência 82 custos de transação no agronegócio 83 relações contratuais no agronegócio CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL COMPETITIVIDADE NOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS 1 SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS Professora Me. Thays J. Perassoli Boiko / Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • Definições de Agronegócio • Definições e Correntes Metodológicas de Sistemas Agroindustriais • Níveis de Análise em Estudos e/ou Em Gestão de Sistemas Agroindustriais • Os Agentes que compõem os Sistemas Agroindustriais • Coordenação dos Sistemas Agroindustriais Objetivos de Aprendizagem • Discutir as duas principais correntes metodo- lógicas que definem os estudos dos Sistemas Agroindustriais: as noções de commodity system approach (CSA) e agribusiness e de analyse de filière (ou cadeias de produção). • Apresentar as definições de: agronegócio, sistemas agroindustriais, commodity, cadeia de produção agroindustrial e complexo agroindustrial. • Apresentar os níveis de análise em estudos e/ou gestão dos Sistemas Agroindustriais. Olá caro(a) aluno(a), Estamos começando nosso estudo e, inicialmente, é preciso que você entenda, estude e compreenda as definições relacio- nadas aos Sistemas Agroindustriais, as correntes metodológicas utilizadas e os níveis de análise em estudos e/ou gestão dos Sistemas Agroindustriais. Neste contexto, são abordados os seguintes conceitos e de- finições: agronegócio, commodity, sistemas agroindustriais, cadeia de produção agroindustrial e complexo agroindustrial. Exemplos destes conceitos e definições são apresentados, bem como um breve relato da evolução histórica do conceito de Sistemas Agroindustriais. Em seguida, o foco de estudo concentra-se nos agentes dos Sistemas Agroindustriais e, por fim, na dinâmica de coordena- ção dos Sistemas Agroindustriais, envolvendo estes agentes. O conteúdo apresentado nesta unidade servirá de base para o entendimento das unidades seguintes. Bom estudo! Nome do Livro 14 DEFINIÇÕESDE AGRONEGÓCIO Pós-Graduação | Unicesumar 15 Na literatura encontram-se muitas definições de Agronegócio (em inglês Agribusiness), tais como: i) O Agronegócio é um conjunto, entendido como um sistema composto de operações e processos de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização de insumos e produtos agropecuários e agroflorestais, incluindo instituições ligadas pelos objetivos comuns de suprir o consumidor final de produtos de origem agropecuária e agroflorestal (CASTRO, 2000). ii) O Agronegócio é um conjunto de empresas que produzem insumos agrícolas, as propriedades rurais, as empresas de processamento e toda a distribuição (CALLADO, 2006). De acordo com essas definições e conforme afirmam Batalha e Souza Filho (apud BATALHA; SOUZA FILHO, 2009), o Agronegócio compre- ende as atividades e empresas agropecuárias e agroflorestais e aquelas ligadas aos insumos agropecuários e agroflorestais (defensi- vos animais e vegetais, adubos, máquinas, equipamentos etc.), à agroindústria de pro- cessamento e aos sistemas de distribuição. Desta forma, é possível perceber que o Agronegócio engloba, como detalham Araújo, Wedekin e Pinazza (1990), todos os envolvidos na geração e no fluxo dos pro- dutos agropecuários e agroflorestais até o consumidor final. Sendo esses envolvidos: iii) os fornecedores de bens e serviços à agricultura, pecuária e atividades agroflorestais; iv) os produtores agrícolas, pecuários e agroflorestais; v) os processadores; vi) transformadores; vii) distribuidores. Araújo, Wedekin e Pinazza (1990) comple- mentam dizendo que, também participam do Agronegócio os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, tais como: i) o governo; ii) os mercados; iii) as entidades comerciais; iv) as entidades financeiras; v) as entidades de serviços. Na definição de Castro (2000), você pode per- ceber que o Agronegócio é entendido como um sistema, formado por sistemas menores ou subsistemas, os chamados Sistemas Agroindustriais. Nome do Livro 16 Os estudos e/ou gestão dos Sistemas Agroindustriais seguem duas principais correntes metodológicas, que surgiram em tempos, locais e contextos diferentes, segundo Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) e Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001): i) Agribusiness e Commodity System Approach (CSA, do inglês para o português, Enfoque de Sistema de Commodities). ii) Analyse de Filière (do francês para o português, Cadeias de Produção). Estas duas correntes metodológicas, também entendidas como enfoques teóricos Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) e vertentes metodológicas Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001) represen- tam uma evolução histórica do conceito de Sistemas Agroindustriais Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). Além disso, estas duas correntes meto- dológicas são utilizadas para “... fundamentar as discussões sobre a utilização de novas fer- ramentas gerenciais e conceituais aplicadas ao entendimento da dinâmica de funciona- mento e a busca da eficiência...” (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, não paginado). A primeira corrente teve origem nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard, definições e correntes metodológicas de sistemas AGROINDUSTRIAIS Pós-Graduação | Unicesumar 17 nos trabalhos de Davis e Goldberg, com a criação do conceito de agribusiness, tendo como foco inicial uma análise histórica e evolutiva do caso particular do agribusiness americano e depois no trabalho de Goldberg com a primeira utili- zação de Commodity System Approach. Durante os anos de 1960, na França, foi desenvolvido o conceito de Analyse de Filière. O conceito, que inicialmente não foi desenvolvido para estudar as ques- tões agroindustriais, teve entre os economistas agrícolas e pesquisadores dos setores rurais e agroindustriais seus principais defensores. No Quadro 1 apresenta-se um resumo da origem e dos conceitos principais destas duas correntes metodológicas. Quadro 1- Principais Correntes metodológicas em estudos e/ou gestão de Sistemas Agroindustriais Fonte: Elaborado a partir de Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) e Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001) CORRENTES METODOLÓGICAS RESUMO AGRIBUSINESS E COMMODITY SYSTEM APPROACH (CSA) ANALYSE DE FILIÈRE (OU CADEIAS DE PRODUÇÃO) Origem EUA – Universidade de Harvard França – Escola Industrial Francesa Autores/Ano x Conceito i) Davis; Goldberg (1957) – conceito de agribusiness; Anos 1960 – diferentes definições de Cadeias de Produção ii) Goldberg (1968) – CSA. Foco Inicial do Estudo i) Davis; Goldberg (1957) – caso particular do agribusi- ness americano; Problemática industrial ii) Goldberg (1968) – estudo do comportamento dos sistemas de produção de laranja, trigo e soja nos EUA. Ponto de Partida da Análise Matéria-prima de base e uma limitação geográfica Produto agroindustrial final Estas duas correntes metodológicas apresen- tam muitas semelhanças, como apresentam Batalha e Silva (apud BATALHA,2001): i) Ambas, para estudar a lógica de funcionamento do Sistema Agroindustrial, realizam cortes verticais no sistema econômico, ou a partir de determinado produto final ou a partir de uma matéria-prima de base. ii) Ambas deixam a divisão do sistema em três setores: agricultura, indústria e serviços. iii) Ambas veem a agricultura dentro de um sistema mais amplo que é composto também pelos produtores de insumos, pelas agroindústrias e pela distribuição/comercialização. iv) Ambas utilizam, em suas análises, a noção de etapas sucessivas de Nome do Livro 18 produção, desde a produção de insumos até o produto acabado. v) Ambas consideram o Sistema Agroindustrial como dinâmico. vi) Ambas, em suas análises fazem prospecções. vii) Ambas analisam o Sistema Agroindustrial de um ponto de vista sistêmico. A principal diferença entre as duas corren- tes metodológicas “reside na importância dada ao consumidor fi nal como agente di- namizador...” (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, p. 36): i) Na corrente Agribusiness e Commodity System Approach, o ponto de partida para a análise é, normalmente, uma matéria-prima de base. ii) Na corrente Analyse de Filière, o ponto de partida para a análise é sempre um produto acabado, ou seja, o mercado fi nal, em direção à matéria-prima de base que lhe deu origem. No trabalho realizado por Davis e Goldberg (1957), agribusiness era assim defi nido: “a soma das operações de produção e distribui- ção de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do ar- mazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles” (DAVIS; GOLDBERG, 1957 apud BATALHA); (SILVA apud BATALHA, 2001, p. 27). Do trabalho de Goldberg (1968), o termo commodity é atualmente utilizado para se referir aos produtos de origem primária, ou seja, em estado bruto, ou com baixo grau de industrialização que são produzidos em grandes volumes por uma diversidade de produtores e que podem ser estocados por um determinado período sem perda de qualidade. O café, o trigo, a soja, são exemplos de commodities agrícolas. A água, o ouro e o petróleo são exemplos de commodities não agrícolas. Embora Filière (ou Cadeias de Produção) sejam divergentes em vários aspectos, existem dois pontos comuns entre elas (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000 e BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001): i) “... a percepção de que as relações verticais de produção ao longo das cadeias produtivas devem servir de balizador para a formulação de estratégias empresariais e políticas públicas” (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 2). ii) focalização dos Sistemas Agroindustriais sob ótica sistêmica. A partir destes dois pontos comuns, um Sistema Agroindustrial pode ser defi nido como: ... o conjunto de atividades que concorrem para a produção de produtos agroindus- triais, desde a produção dos insumos (sementes, adubos, máquinas agríco- las etc.) até a chegada do produto fi nal (queijo, biscoitos, massas etc.) ao consu- midor. Ele não está associado a nenhuma matéria-prima agropecuária ou produto fi nal específi co (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, p. 30). Pós-Graduação | Unicesumar 19 Ao longo do nosso material didático trabalhamos o ter- mo “Agronegócio”. Gostaria de neste momento falar um pouco sobre as projeções que a Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento (MAPA) fez para a safra brasileira de 2012/2013 a 2022/2023. Segundo o rela- tório o agronegócio brasileiro caminha para a próxima dé- cada com foco na competi- tividade e na modernidade, fazendo da utilização per- manente da tecnologia um caminho para a sustentabi- lidade. Os números desta publicação atualizam o po- tencial de 26 atividades pro- dutivas prósperas, seguras e rentáveis. Em um cenário promissor, os resultados das projeções do Mapa 2022/23, o que nos permitirá abastecer anualmente um total de 200 milhões de brasileiros e gerar excedentes exportáveis para algo em torno de 200 países. O saldo é um mercado agrí- cola e pecuário interno forte e uma balança comercial que gera mais de 100 bilhões de dólares a cada ano. Para mais informações sobre os produtos que mais irão crescer segundo as proje- ções do MAPA acesso o link e confira. http://goo.gl/AgV8UL. Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento. Projeções do Agro- negócio: Brasil 2012/2013 a 2022/2023 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento. Assessoria de Gestão Estratégica. Brasília: Mapa/ACS, 2013. P 96. O Sistema Agroindustrial quando assim definido, apresenta-se como de pouco utilidade como ferramenta de gestão e de apoio à tomada de decisão, como bem afirmam Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001). Assim, é necessário estabelecer o nível de análise em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais. Na revista Comunicação & Mercado da UNIGRAN de Dourados - MS, os autores Alessandro Vinicios Schnei- der, Vitor Afonso Hoeflich, Luciene Moesh Koche e Mar- celo Ioris Koche, fizeram uma análise de filière da cadeia produtiva da farinha de tri- go da Cooperativa Central de moinho de trigo, localizada na região Oeste do Paraná. Foi realizado um estudo de caso através de entrevista não estruturada ao gerente comercial. No que se refere à filière da farinha de trigo, observou-se dois ambientes denominados controlável e incontrolável. Observa se que a cooperativa tem localização privilegiada, pois está inserida numa re- gião produtora de trigo. No que se refere à logística, observa-se que a cooperati- va tem maior rigor a jusante ao processo de produção, ou seja, na distribuição do produto acabado até o con- sumidor, pois a qualidade do produto deve manter os requisitos que foram prees- tabelecidos Em todas as etapas, ou elos da filière, a cooperativa de- monstra a busca pela me- lhoria de seus processos, produtos e serviços, buscan- do a melhor qualidade para atender mercados específi- cos e clientes especiais, no caso, indústrias de massas alimentícias e indústrias de biscoitos. Caso você fique interessado em ler a pesquisa deste arti- go na integra, acesso o link disponível em: http://goo.gl/caQwZL. Fonte: KOCHE, et al. ANÁ- LISE DE FILIÈRE DA CADEIA PRODUTIVA DA FARINHA DE TRIGO: UM ESTUDO DE CASO NA REGIÃO OESTE DO PARA- NÁ. In: Comunicação & Mer- cado/UNIGRAN - Dourados - MS, vol. 01, n. 03, p. 87-99, jul-dez 2012. Nome do Livro 20 Em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais deve ser estabelecido um nível de análise, ou dimensão. Três níveis de análise são apresentados por Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001). Estes níveis estão resumidos no Quadro 2. SISTEMAS AGROINDUTRIAIS níveis de análise em estudos e/ou em gestão de NÍVEL DE ANÁLISE PONTO DE PARTIDA PARA O CONCEITO ou OBJETO DO PESQUISADOR E/OU GESTOR DE SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS Complexo Agroindustrial Uma matéria-prima de base Cadeia de Produção Agroindustrial Um produto fi nal ou uma família/linha de produtos fi nais Agronegócio Um complemento delimitador: i) uma limitação geográfi ca; ii) uma matéria-prima de base, e/ou; iii) um produto fi nal ou uma família/linha de produtos fi nais. Quadro 2- Níveis de análise em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais Fonte: Elaborado a partir de Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001) Como você pôde visualizar no Quadro 2, o estabelecimento do nível de análise em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais, depende do objeto do pesquisa- dor e/ougestor. O ponto de partida para o conceito de Complexo Agroindustrial é uma matéria-prima de base. Ou seja, se o pesquisador e/ou o gestor de Sistemas Agroindustriais tiver como objeto de pesquisa e/ou de gestão uma matéria-prima específi ca, a análise se dará em termos do complexo agroindustrial desta matéria-prima. Pós-Graduação | Unicesumar 21 Assim, pode-se falar em complexo agroin- dustrial da soja, do leite, do milho, do café, por exemplo. Pode-se definir Complexo Agroindustrial como um conjunto de cadeias de produção agroindustriais, com cada uma delas tendo seu conceito associado a um produto final ou família/linha de produtos finais (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001). No caso, por exemplo, do complexo agroindustrial do leite, podem ser identifi- cadas a cadeia de produção do leite UHT, do requeijão, do iogurte, da margarina entre outros. O ponto de partida para o conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial é um produto final ou família/linha de produtos finais. Logo, se o pesquisador e/ou o gestor de Sistemas Agroindustriais tiver como objeto de pesquisa e/ou de gestão um produto final ou família/linha de produtos finais, a análise se dará em termos da cadeia de produção agroindustrial deste. Cadeia de Produção Agroindustrial pode ser definida, a partir da definição de Cadeia de Produção de Parent (1979 apud BATALHA; SILVA, 2001, p. 41), como a soma de todas as operações de produção e de comercialização que foram necessárias para passar de uma ou várias matérias-primas agroindustriais de base a um produto agroindustrial final. Pode-se citar como exemplos, a cadeia de produção agroindustrial dos cortes de carne bovina, da farinha de trigo, dos molhos de tomate. No caso do conceito de Agronegócio, quando transcrito para o português deve apresentar um ou dois complementos de- limitadores, dependendo do(s) foco(s) de estudo e/ou gestão. Assim, o conceito pode partir de uma limitação geográfica, de uma matéria-prima de base e/ou de um produto final ou uma família/linha de produtos finais. Por exemplo, se o foco de estudo e/ ou gestão do Sistema Agroindustrial fosse o Brasil, ou o Estado do Paraná, a análise seria, então, do agronegócio brasileiro ou agronegócio paranaense. O complemen- to delimitador nestes casos são limitações geográficas. Nome do Livro 22 Já se o foco de estudo ou gestão fosse a soja ou o milho, por exemplo, a análise seria, então, do agronegócio da soja ou agronegócio do milho. Nestes casos, o complemento delimitador são matérias-primas de base. Caso fosse, por exemplo, o etanol, ou a farinha de trigo, a análise seria do agronegócio do etanol ou agronegócio da farinha de trigo. Aqui o complemento delimitador são pro- dutos finais. E, se os focos fossem, por exemplo, o leite e o Estado de Minas Gerais, a análise seria do agronegócio do leite em Minas Gerais. Neste caso, os complementos delimitadores são uma matéria-prima de base e a limitação geográfica. Como você pôde perceber, estes diferentes níveis de análise em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais, embora tratem do mesmo problema, “... represen- tam espaços de análise diferentes e prestam-se a diferentes objetivos”. (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, p. 32). Pós-Graduação | Unicesumar 23 Os agentes, como denomina Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) ou atores, como denominam Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001) que compõem os Sistemas Agroindustriais podem ser separados em seis conjuntos: i) produção primária: formada pelos agentes atuantes na geração de matéria-prima para as agroindústrias, sendo subdividida nos seguintes setores e respectivos agentes (normalmente denominados “produtores”): a) agricultura, cujo agente é denominado agricultor (ou produtor rural ou lavrador); b) pecuária – bovinocultura (criação de bois de corte e/ou de leite), suinocultura (criação de suínos), ovinocultura (criação de ovelhas de corte, leite e/ ou extração de lã) caprinocultura (criação de cabras), ranicultura (criação de rãs), avicultura (criação de aves de corte e/ou ovos), apicultura (criação de abelhas), sericultura (criação de bicho da seda) - cujo agente é denominado pecuarista. Como existem diversos tipos de gados, os diferentes pecuaristas recebem diversas denominações, como bovinocultor (quem exerce a bovinocultura), suinocultor (quem exerce a suinocultura), avicultor (quem exerce a avicultura), por exemplo; c) pesca, cujo agente é denominado pescador; d) piscicultura (criação de peixes), cujo agente é denominado piscicultor; e) extrativismo florestal – coleta de frutos, sementes, cascas, raízes e plantas da mata, derrubada de árvores para obtenção de madeira e celulose, extração de palmito, retirada do látex da seringueira - cujo agente é denominado extrativista. ii) agroindústrias – formado pelos agentes que atuam na transformação dos produtos da produção primária, naturais ou manufaturados, para a sua utilização intermediária ou final (LAUSCHNER, 1995): a) indústrias alimentares e de bebidas; b) indústrias não alimentares: exploração florestal, indústrias de fumo, couros e peles (roupas, sapatos, objetos em geral), têxtil, móveis, papel e papelão, biodiesel, óleos não comestíveis. iii) distribuição agrícola e agroalimentar: formada pelos agentes que possuem por função distribuir os produtos dos Sistemas Agroindustriais, assim subdivididos: a) varejo, tanto de venda física quanto digital: formado por grandes cadeias transnacionais, cadeias nacionais e locais Os agentes que compõem os sistemas agroindustriais Nome do Livro 24 de distribuição; b) atacado, tanto de venda física quanto digital; c) restaurantes, bares; d) hotéis etc. iv) comércio internacional. v) consumidor: ponto final para onde converge o fluxo dos produtos do Sistema Agroindustrial. vi) indústrias e serviços de apoio: formados pelos agentes que fornecem produtos e serviços que apoiam a produção primária, as agroindústrias e/ou a distribuição: a) transporte; b) combustíveis; c) indústria química; d) indústria mecânica; e) indústria eletrodoméstica; f ) embalagens; g) outros serviços. Alguns destes agentes merecem ser deta- lhadamente analisados, tendo algumas de suas características identificadas e tratadas, pois a análise dos Sistemas Agroindustriais “.... passa necessariamente pelo estudo e identificação dos agentes que o compõem” (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p.16). Produção Primária A produção primária, composta pela agricultura, pecuária, pesca, piscicultura e extrativismo florestal, representa um dos elos com mais conflitos nos agronegócios e de crescente com- plexidade (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p.19). Alguns motivos apresentados por Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000), podem justificar os conflitos e a complexidade dos agentes que atuam na produção primária: i) estes agentes estão distantes do consumidor final; ii) possuem informações assimétricas; iii) são, normalmente, dispersos geograficamente; iv) são, normalmente, bastante heterogêneos. A heterogeneidade dos agentes da produção primária se dá, principalmente, porque estes podem ser divididos em dois tipos, conforme, a extensão de terra em que produz e os re- cursos financeiros que dispõe: i) minifundiários: produtores que contam com áreas pequenas de terra e poucos recursos financeiros são os micros e pequenos produtores, normalmente dedicados a agricultura familiar;ii) latifundiários: produtores proprietários ou arrendatários de grandes extensões de terra e muitos recursos financeiros. Pós-Graduação | Unicesumar 25 A complexidade da produção primária faz com que os seus agentes tenham que lidar com aspectos técnicos, mercadológicos, de recursos humanos e recursos ambientais. Agroindústrias As agroindústrias compostas pelas indústrias alimentares e de bebidas pelas indústrias não alimentares, “trata-se de um conjunto de atividades exercidas por empresas de portes variados, desde empresas familiares até grandes conglomerados internacionais...” (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 18). Segundo Araújo (2005), essas atividades correspondem às etapas de beneficiamento, processamento e transformação dos pro- dutos da produção primária, naturais ou manufaturados, até a embalagem, prontos para a comercialização, para a sua utilização intermediária ou final (LAUSCHNER, 1995). Estes agentes podem ser classificados nos seguintes tipos (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) e (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001): i) agroindústrias de primeira transformação: que adicionam atributos ao produto, sem transformá-lo; ii) agroindústrias de segunda transformação: quando o produto sofre uma transformação física; iii) agroindústrias de terceira transformação. Apesar dos Minifúndios representar, em número, 61,8% dos imóveis ru- rais brasileiros, em área representa somente 6,8%. Fonte: INCRA, 2005. A Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, considera-se agricultor fami- liar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultane- amente, aos seguintes requisitos: I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fis- cais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu esta- belecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mínimo da ren- da familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma defi- nida pelo Poder Executivo; IV - dirija seu estabelecimento ou empreen- dimento com sua família. Para saber mais sobre as diretrizes para a formulação da Política Nacio- nal da Agricultura Familiar e Empre- endimentos Familiares Rurais acesse a Lei na integra através do site do planalto em: http://goo.gl/Yuumxt. Acesso em: 30 Jun. 2014. Nome do Livro 26 Para exemplificarmos agroindústrias de primeira, segunda e terceira transforma- ção, tomemos, por exemplo, o Sistema Agroindustrial de Frutas. A extração da polpa e do suco con- centrado, assim como, o processamento mínimo desta fruta - lavagem, processamen- to (descasque, corte, fatiamento), sanitização, embalagem entre outras, a depender do produto conforme Oliveira, Srur e Vacari (2003), são exemplos de agroindústrias de primeira transformação. A produção de sucos prontos para consumo, doces, geleias e frutas em compota, em calda, são exemplos de agroindústrias de segunda transformação. Já como exemplos de agroindústrias de terceira transformação, podem-se citar os bolos recheados com doces, geleias e frutas em compota ou em calda. Programa de Agroindústria Familiar O Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, através da sua Secre- taria da Agricultura Familiar tem um Programa de Agroindústria que apoia a inclusão dos agricultores familiares no processo de agroindustrialização e comercialização da sua produção, de modo a agregar valor, gerar renda e oportunidades de trabalho no meio rural. Para saber mais sobre o progra- ma acesse o site: http://goo.gl/ctfsc4. Para que uma Agroindústria seja con- siderada Agroindústria Familiar, o MDA diz que ela deve ser formada por agri- cultores familiares, pessoas físicas e jurídicas formada por no mínimo 90% destes agricultores e com no mínimo 70% da matéria-prima própria. Distribuição Agrícola e Agroalimentar A distribuição agrícola e agroalimentar “... passou a ser altamente especiali- zada e realizada por agentes com diferentes características” (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 17), que podem ser subdivididos em: varejo; atacado, restaurantes, bares e hotéis. No caso da ligação entre a agroindústria e o consumidor final, têm-se tanto as grandes cadeias transnacionais, quanto cadeias nacionais e locais de distribuição. Além disso, esta distribuição ocorre tanto por meio da venda física quanto da digital. Entre os agentes da distribuição agroalimentar, merecem destaque o varejo e o atacado. Pós-Graduação | Unicesumar 27 O Varejo O varejo agroalimentar é formado por di- versos agentes e caracterizado por intensa competição entre as empresas. Pode-se citar como exemplos desses agentes os hipermercados, supermercados, padarias, panifi cadoras, mercearias, açou- gues, adegas, feiras do produtor, empórios, lojas de conveniência e postos de combus- tível entre outros. A importância do varejo no Sistema Agroindustrial reside no fato de que este agente tem grande contato com o con- sumidor fi nal, o que “... permite ao agente especializado ter grande poder de coorde- nação do Sistema Agroindustrial, seja por exercer poder de barganha, seja por ter acesso privilegiado às informações a res- peito das preferências dos consumidores” (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 17). O Atacado A função do atacado na distribuição agroali- mentar é “concentrar os produtos e permitir que os agentes varejistas se abasteçam”, por isso são entendidos como centrais de distribuição ou plataformas centrais de distri- buição (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 18). Estas centrais de distribuição podem ser tanto públicas quanto privadas. Quanto à variedade de produtos que dis- tribuem podem classifi car-se em: • centrais de distribuição multiprodutos; • centrais de distribuição especializada em produtos (também denominada mercados alternativos especializados em produtos específi cos). Nos últimos anos o agente atacadis- ta tem sofrido algumas transformações (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 18): Nome do Livro 28 • muitas cadeias varejistas passaram a ter sua própria central de distribuição; • surgiram muitas centrais de distribuição especializadas em produtos; • cresceu a formação de contratos entre os supermercados e os agentes da produção primária, em especial de produtos frescos; • cresceu o número de contratos entre as agroindustriais e o varejo. Estas duas últimas mudanças indicam uma diminuição do atacado na distribuição agro- alimentar. Enquanto que a primeira mudança indica uma redução das centrais públicas. Quanto às centrais de distribuição especiali- zada em produtos, essas passam a ter maior eficiência, quando comparadas com as cen- trais de distribuição multiprodutos. A dinâmica de relacionamento entre os diversos agentes que compõem os Sistemas Agroindustriais determina a dinâmica de fun- cionamento desses Sistemas. Na medida em que as relações entre os agentes que compõem os Sistemas Agroindustriais mudam, seja por intervenções externas, seja por mudanças tecnológicas, de legislação, por exigências dos consumido- res ou devido à concorrência, os Sistemas Agroindustriais mudam. As mudanças cons- tantes nos Sistemas Agroindustriais exigem que estes sejam constantemente coordena- dos, por parte de seus pesquisadores e/ou gestores, para garantir sua organização, efi- ciência, produtividade, qualidade, eficácia na agregação de valor e, consequentemen- te, sua competitividade. Pós-Graduação| Unicesumar 29 Importância da coordenação dos sistemas agroindustriais O consumidor é o ponto para onde convergem os produtos dos Sistemas Agroindustriais. Esse adquire os produtos finais para atender suas necessidades, “... que variam de acordo com a renda, preferências, faixa etária e expectativa entre outros aspectos...” (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 16). Os consumidores têm apresentando algumas mudanças nos seus hábitos e padrões de consumo, nos últimos anos, tais como as apontadas por Zylbersztajn (apud ZYLBERSZTAJN; NEVES (2000): • globalização dos hábitos e padrões de consumo; • preocupação com qualidade e aspectos de saúde; • valorização do tempo; • preocupação ambiental, tanto quanto com a embalagem do produto quanto com sua tecnologia de produção; • preocupação com criação e abate de animais; • preocupação com padrões de produção socialmente equilibrados. SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS COORDENAÇÃO DOS Nome do Livro 30 Assim, qualidade, aspectos de saúde, ques- tões ambientais, de tecnologia de criação e abate animal, trabalho infantil e questões de responsabilidade social passam a fazer parte do processo de compra por parte do consumidor. As mudanças nos hábitos e padrões de consumo fazem com que os atributos que os consumidores valorizam nos produtos, para decidir a comprar, se alterem. Essas mudan- ças também levam a uma maior exigência por informação por parte do consumidor. Isto tudo, aliado ao fato de que os con- sumidores normalmente estão distantes da etapa de produção, demanda grande co- ordenação entre os agentes dos Sistemas Agroindustriais e o estabelecimento de relações bastante complexas entre eles (ZYLBERSZTAJN apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). A coordenação dos agentes dos Sistemas Agroindustriais está diretamente relacionado à competitividade dos Sistemas, pois permite receber, processar, difundir e utilizar infor- mações sobre o Sistema e seus agentes, de modo a definir e viabilizar estratégias compe- titivas, reagir a mudanças no meio ambiente e aproveitar oportunidades de mercado (CORRÊA; SILVA, 2006). Assim, a coordenação tem maior im- portância em Sistemas Agroindustriais inseridos em mercados internacionais ou ex- postos a constantes pressões por parte dos consumidores. Definições de coordenação dos sistemas agroindustriais Quando o nível de análise dos Sistemas Agroindustriais se der em termos de Cadeias de Produção Agroindustriais, a coordenação do Sistema Agroindustrial (ou coordenação da Cadeia de Produção Agroindustrial) pode ser entendida como: i) “... um processo dinâmico para promover explicitação de normas de relacionamentos vigentes” (CORRÊA; SILVA, 2006, não paginado); ii) a habilidade de transmitir estímulos, informações e controles ao longo de um Sistema Agroindustrial (ZYLBERSZTAJN; FARINA, 1999). A partir destas definições, é possível perceber que a eficácia em promo- ver as normas dos relacionamentos entre os agentes e em transmitir este fluxo de estímulos, informações e controles garante a harmonia entre os agentes envolvidos, ou seja, garante a eficácia da coordenação. Pós-Graduação | Unicesumar 31 Dinâmica de coordenação dos sistemas agroindustriais e mecanismos de governança A Sementes Selecta Ltda. é uma empresa que coordena uma rede produtiva. De um lado, por meio do sistema IP, utiliza tecnologia e informa- ção para coordenar produ- tores segregando produtos com características diferen- ciadas, e de outro desenvol- ve canais de distribuição que alcancem um consumidor que pague um preço prêmio por esta soja especial. O presente caso enfoca o tema de redes e estratégias compartilhadas em agrone- gócios, aplicando-se no sis- tema agroindustrial da soja. O caso aborda a rede coorde- nada pela Selecta, empresa atuante desde a produção de sementes de soja, até a comercialização de grãos. Trata-se de uma corporação de porte médio, com ges- tão familiar, sobrevivendo e crescendo em um ambien- te altamente competitivo, o das commodities agrícolas, onde a estratégia dominante pauta-se na exploração de economias de escala. Para saber mais sobre esse caso da Selecta, acesse o link abaixo. MARINO, Matheus Kfouri; SCARE, Roberto Fava; ZYL- BERSZTAJN, Décio. Selecta: diferenciação e coordena- ção de redes no agribusi- ness brasileiro. SEMINÁRIOS PENSA DEAGRONEGÓCIOS: redes estratégias comparti- lhadas (Seminário IV – Goiâ- nia: 29/11/2002). São Paulo: 2002, p. 01-26. Disponível em: http://goo.gl/VNyq7Z. Os mecanismos de coordenação dos Sistemas Agroindustriais, como afirmam Corrêa e Silva (2006), são usados por todos os agentes da Cadeia para definir suas estratégias compe- titivas, podendo ser usados também para sustentar cooperações interorganizacionais. O processo de coordenação pode ser alcançado pela aplicação de mecanismos de governança, usados nas interações entre todos os agentes de um Sistema Agroindustrial (CORRÊA; SILVA, 2006). Os mecanismos de governança são uti- lizados para regular as transações entre os agentes e tem por função os custos de transação (assunto que iremos ver deta- lhadamente na unidade III do nosso Livro) (AZEVEDO, 1999). Os mecanismos de governança podem ser divididos em cinco categorias, adaptadas das categorias de coordenação vertical pro- postas por Peterson e Wysocki (1997): i) relações mercado spot – mercado em que a realização de transações multilaterais se dá por meio de leilão eletrônico de contratos padronizados de curto prazo, para compra e venda de produtos e de capacidade de transportes destes produtos; ii) relações contratuais, de curto, médio e longo prazos; iii) alianças estratégicas; iv) cooperação formal; v) integração vertical. Nome do Livro 32 Para Peterson e Wysocki (1997), a adoção de um mecanismo ou outro depende: • dos interesses dos agentes; • das características de curto ou longo prazo das relações entre os agentes envolvidos; • do comportamento oportunístico ou divisão de benefícios; • da disponibilidade de informações; • da fl exibilidade versus estabilidade econômica dos agentes, e/ou; • da independência versus interdependência entre os diferentes agentes dos Sistemas Agroindustriais, quanto as suas necessidades de recursos. Quanto mais bem defi nida for a Coordenação dos Sistemas Agroindustriais, mais orga- nizados, efi cientes, produtivos e de qualidade os Sistemas serão. Pós-Graduação | Unicesumar 33 atividade de autoestudo Para melhor fixação e aprendizagem do conteúdo, conceitos e definições desta unidade, responda as questões a seguir. 1. Nesta unidade, estudamos as principais definições e correntes mercadológicas ligadas ao estudo dos Sistemas Agroindustriais. Tendo isso como base, explique as duas principais correntes metodológicas que definem os estudos dos Sistemas Agroindustriais. 2. Vimos que o conceito de competitividade em Sistemas Agroindustriais está diretamente relacionado com a distinção entre produtos com valor agregado ou diferenciados e produtos do tipo commodities (sem diferenciação, como os grãos). Diante deste contexto, diferencie: agronegócio; commodity; sistema agroindustrial; complexo agroindustrial e cadeia de produção agroindustrial. 3. Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001) apresentam Três níveis de análise em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais. Tendo com base esses autores, descreva: a) Quais são os níveis de análise em estudos e/ou em gestão de Sistemas Agroindustriais? b) Quais os pontos de partida para os conceitos relacionados a estes níveis de análise? Nome do Livro34 considerações finais Encerramos esta unidade, que teve como um dos seus objetivos apre- sentar as definições utilizadas em estudos e/ou na gestão dos Sistemas Agroindustriais. Estudamos, também, as correntes metodológicas utilizadas em estudos e/ou na gestão dos Sistemas Agroindustriais. Foi possível perceber que essas correntes metodológicas estabelecem as origens históricas dos estudos dos Sistemas Agroindustriais e remetem às definições e concei- tos utilizados no dia a dia dos profissionais do Agronegócio. Nesta unidade, você pôde entender a dinâmica de coordenação dos Sistemas Agroindustriais e as relações entre os agentes envolvidos. Entender esta dinâmica e essas relações é extremamente importante para o profissional do Agronegócio, pois possibilita analisar tendências em qualquer segmento do Agronegócio ou em qualquer Cadeia de Produção, tornando-o capaz de selecionar e aplicar as ferramentas em- presariais mais adequadas à gestão do Agronegócio. Pós-Graduação | Unicesumar 35 Título: Economia e Gestão dos Negócios Agroalimentares Autor: André Meloni Nassar Sinopse: Os dois volumes desta obra apresentam uma abordagem sistêmica dos estudos e/ ou gestão dos Sistemas Agroindustriais, o que é uma tendência em estudos e/ou gestão do agronegócio. No Volume I, são inicialmente apresentadas as principais definições e correntes mercadológicas ligadas ao estudo dos Sistemas Agroindustriais. Depois, os nove capítulos se- guintes tratam da gestão do Sistema Agroindustrial, discutindo os principais aspectos desta gestão, apresentando, conceitos, definições, atividades e operações de gestão, bem como téc- nicos, ferramentas e métodos aplicados ao estudo e/ou gestão dos Sistemas Agroindustriais: comercialização de produtos agroindustriais; marketing estratégico aplicado ao agronegócio; logística agroindustrial; gestão estratégica do comércio varejista de alimentos; planejamento e controle da produção; sistemas de apuração de custos; gestão da qualidade na agroindústria; projeto de produtos agroindustriais; gestão da produção rural no agronegócio. Além disso, no Volume I trata-se, em capítulos, de desenvolvimento agrícola sustentável, agronegócio coopera- tivo, finalizando com um capítulo sobre as concepções sobre o desenvolvimento da agricultura brasileira. Fonte: ZYLBERSZTAJN, Décio; NEVES, Marcos Fava (Org.) Economia e Gestão dos Negócios Agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. Acesse o link a baixo. e veja que nesta reportagem é possível ver uma descrição do Sistema Agroindustrial do leite, em termos da Cadeia de Produção do leite. Neste vídeo é possível identificar vários agentes deste Sistema: produção primária – pecuária – bovinocultura do leite, do tipo agente minifundiário; agroindústria – laticínio; distribuição agroalimentar – panificadoras, supermercados e mercearias; consumidor. Também é possível identificar na reportagem vários produtos derivados do Sistema Agroindustrial do leite, quando o nível de análise se dá em termos do Complexo Agroindustrial do Leite, além de aspectos técnicos da produção primária, como a ordenha. http://youtu.be/9PgTMdgvpEE Conheça a Série Agronegócios. Ela é uma serie de grupo de nove publicações, que reúne uma síntese das informações mais recentes sobre as principais cadeias produtivas do Brasil. A Série Agronegócios, editada pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A série é composta por nove livros, com análises sobre os seguintes setores: milho, soja, carne bovina, agroenergia, algodão e têxteis, flores e mel, florestas plantadas e madeira, frutas, produtos orgânicos. Os organizadores da coleção propõem-se a apresentar uma análise de pontos positivos, bem como de fatores críticos de competitividade, de cada uma das cadeias. E, com isso, oferecem subsídios à elaboração de políticas públicas na área do agronegócio. Para ter acesso a todos os livros da Série Agronegócios acesse o link disponível em: http://goo.gl/il36cR E se divirta aprendendo mais sobre cada uma das suas cadeias produtivas. Web Nome do Livro 36 Título: Gestão Agroindustrial Autor: Mário Otávio Batalha Sinopse: Nesta obra, o Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa) da Universidade de São Paulo (USP) discute, em 18 capítulos e um apêndice, os aspectos Econômicos e de Competitividade e Gestão dos Negócios Agrolimentares, em sua dimensão contemporânea, numa perspectiva de cadeia de produção. A evolução do assunto no Brasil e no mundo e seus des- dobramentos na atualidade são apresentados. São apresentados os conceitos necessários para a compreensão das cadeias de produção. Apresenta-se também, os vários aspectos do funcionamen- to e da gestão das cadeias de produção: organização industrial; concorrência; política financeira; marketing; competitividade; perfil organizacional; transporte e logística; mercados futuros; coo- perativismo; gestão ambiental; gerenciamento de tecnologia; leilões; licitações públicas; produtos diferenciados; presença internacional. Fonte: BATALHA, Mário Otávio. (Coord.) Gestão Agroindustrial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007. 2v. v.1. Desde 2002, a BMFBOVESPA em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) realiza o SEMINÁRIO PERSPECTIVAS PARA O AGRIBUSINESS. Em 2014, o semanário traba- lhou as perspectivas para a safra de 2014/2015. Entre os temas trabalhados destaca-se: o panorama macroeconômico mundial e brasileiro; os principais fatos do mercado mundial de commodities e seus impactos sobre o agronegócio brasileiro; as tendências das cadeias produtivas de milho, aves, suínos, café, algodão, açúcar, etanol, pecuária de corte e soja. Dentre as apresentações dos especialistas, temos: A palestra do senhor Seneri Paludo, que é o se- cretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que trabalhou o tema: A política agrícola para a safra 2014-2015. Outro palestrante em destaque foi o senhor Fabio Dutra, diretor Comercial e de Desenvolvimento de Mercado da BM&FBOVESPA, que traba- lhou os Instrumentos de financiamento e gestão de risco: O agronegócio na BM&FBOVESPA. Para ter uma perspectiva do crescimento do agronegócio o senhor Kate Chen Eisenman, gerente global de produtos derivativos de commodities, Bloomberg, trabalhou o tema Panorama e tendências do mercado global de agribusiness. No que tange a política brasileira, o senhor Mailson da Nóbrega da Tendências Consultoria Integrada Economia, buscou fazer um paralelo sobre as eleições e o agronegócio, como tema instituições e eleições: impactos no agronegócio em 2014 e 2015. Nos temas específicos, houve 4 painéis sobre as commodities, são eles: • Painel 1 – Perspectivas dos mercados de milho, aves e suínos • Palestrante: Fabio Silveira, GO Associados • Painel 2 – Perspectivas do mercado de café • Palestrante: Gil Carlos Barabach, Safra & Mercados • Painel 3 – Perspectivas do mercado de algodão • Palestrante: Marcelo Escorel Filho, Louis Dreyfus Commodities • Painel 4 – Perspectivas dos mercados de açúcar e etanol • Palestrante: Arnaldo Luiz Corrêa, Archer Consulting As apresentações podem ser acessadas no link do evento, disponível em: http://goo.gl/mm16RK. Pós-Graduação | Unicesumar 37 relato de caso No seu livro “Sistema agroindustrial da carne ovina: o exemplo do Mato Grosso do Sul”, do Me. André Sorio, o autor apresenta um trabalho de pesquisa desenvolvido durante o ano de 2008 e início de 2009, num período em que ocorreram diversas mo- dificações nos agentes do SAG da carne ovina em Mato Grosso do Sul, principalmente no elo da in- dústria, como também no ambiente institucional. Para descrever a cadeia produtiva da carne ovina, o autorlevantou informações sobre o fornecimento de insumos; a produção primária; os frigoríficos; o varejo e o consumo e as preferências do consumidor. Para identificar os fatores organizacionais que atuam sobre a cadeia produtiva da ovinocultura foram co- letados dados e informações sobre a câmara setorial específica; sobre os ovinocultores e suas associa- ções; sobre as entidades promotoras e apoiadoras da atividade e sobre as universidades e instituições de pesquisa. Finalmente, para investigar os fatores institucionais que influenciam a cadeia da ovinocultura foram coletadas informações sobre a legislação sanitária e de abate; o crédito oficial disponível; o sistema de tributação; as políticas públicas de incentivo e fomento; os fluxos de importação e exportação e o abate clandestino. Resumindo, neste livro o autor abordou as relações entre estes grupos e a influência que o ambiente institucional e o ambiente organizacional exercem sobre a cadeia produtiva da ovinocultura e no SAG como um todo. Fizeram parte do conjunto de agentes econômicos e sociais entrevistados para a execução desta obra produtores rurais, indústrias, varejistas, associações de produtores, empresas de pesquisa e ensino e órgãos governamentais. Uma conclusão que o autor colocou em seu trabalho foi que a prática do abate clandestino aparece como grande impedimento ao desenvolvimento do SAG da ovinocultura, na medida em que provoca uma pressão baixista de preços através da concorrên- cia desleal. Além disso, não estimula a melhoria das técnicas de criação pelo produtor rural e não é capaz de garantir ao mercado um produto com qualidade superior e que seja competitivo com as demais carnes. Existe deficiência de cooperação e de conhecimento dos problemas dos diferen- tes atores em relação às dificuldades dos outros elos que compõem a cadeia. É fundamental que se aprofunde a integração dos agentes como forma de buscar mecanismos de coordenação mais efi- cientes e que possam ampliar a competitividade do SAG da ovinocultura no estado. O sistema agroindustrial (SAG) da ovinocultura no Mato Grosso do Sul vem aumentando sua im- portância no cenário econômico, alavancada pela necessidade de diversificação das atividades produ- tivas no meio rural. Por isso, é importante que sejam estudadas as relações entre as organizações e o am- biente institucional do setor visando a descobrir os gargalos à obtenção de uma maior competitividade da cadeia produtiva da carne ovina. O desenvol- vimento do agronegócio da ovinocultura é uma estratégia para o desenvolvimento rural, que pode gerar um grande impulso para a economia do país. Em Mato Grosso do Sul a ovinocultura é setor emer- gente e com grande potencial de crescimento. Os diagnósticos existentes sobre o sistema agroin- dustrial da ovinocultura, em sua maioria, focalizam o assunto sobre o aspecto do impacto econômico da produção agrícola sobre o setor. No que se refere aos segmentos processamento, indústria, atacado e varejo, os indicadores de competitividade não estão disponíveis com a mesma facilidade. E mais Gestão de Negócios 38 relato de caso raras ainda são as informações relativas a contra- tos e formas de coordenação ao longo do sistema agroindustrial da ovinocultura. Nesse sentido, é importante para os agentes do SAG da ovinocultura entender o contexto de relação dos ambientes institucionais e das organizações no suporte ao funcionamento e à coordenação da cadeia produtiva. Assim, será possível buscar formas consistentes de atuação, com o intuito de garantir a expansão da ovinocultura e aumentar os resul- tados econômicos da atividade. Diferente de uma análise voltada para um único agente, a abordagem de SAG remete à visão sis- têmica do processo como um todo, englobando todos os agentes envolvidos desde a compra de insumos para produção, até a venda ao consumi- dor final. Essa análise inclui o ambiente institucional e organizacional, que nem sempre é considerado quando se delimitam as cadeias produtivas para estudo, porém são indispensáveis para seu funcio- namento e sustentabilidade. Instituições e organizações são os agentes que re- almente fazem os sistemas funcionarem, atuando como margens para o fluxo das cadeias produtivas Já foram feitos diversos estudos sobre a cadeia pro- dutiva da ovinocultura, no Brasil e mesmo em Mato Grosso do Sul. No entanto, as análises de maneira geral contemplam somente uma das dimensões do SAG, sem demonstrar a importância e a influência efetiva que o ambiente institucional e organizacio- nal pode exercer sobre a cadeia produtiva da carne ovina. A partir deste estudo, poderão ser apontados caminhos para a busca de relações mais harmôni- cas e formas mais eficientes de coordenação da atividade. Saiba mais sobre este assunto pelos links: http://goo.gl/WzL4FP http://goo.gl/SrIiLi Pós-Graduação | Unicesumar 39 2 CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL Professora Me. Thays J. Perassoli Boiko / Professor Me. Silvio Silvestre Barczsz Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O Início da Utilização do Termo Cadeia de Produção Agroindustrial no Brasil – Um Breve Histórico • Conceituação e Definições de Cadeia de Produção Agroindustrial • Aplicações do Conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial • Mercados Típicos Identificados em uma Cadeia de Produção Agroindustrial • Setores das Cadeias de Produção Agroindustrial • Ambientes das Cadeias de Produção Agroindustrial • Aspectos das Cadeias de Produção Agroindustrial Objetivos de Aprendizagem • Enfatizar a origem e a importância do conceito de cadeia de produção. • Apresentar as definições e conceitos de cadeia de produ- ção e Cadeia de Produção Agroindustrial. • Listar as aplicações do conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial. • Apresentar os mercados típicos identificados em uma Cadeia de Produção Agroindustrial. • Apresentar os ambientes de Cadeias de Produção Agroindustriais. • Analisar os aspectos que envolvem o conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial. Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) a unidade II, porém antes de iniciar essa unidade, gostaria de relembrar alguns itens estudados da unidade anterior. Na unidade I, nós estudamos sobre Sistemas Agroindustriais, corren- tes metodológicas, os principais conceitos e definições utilizados, sobre os agentes dos Sistemas Agroindustriais e sobre a coorde- nação desses Sistemas. Entre os conceitos e definições estudados, estava o de Cadeia de Produção Agroindustrial. O conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial parte da identifi- cação de um produto final, por isto é bastante usado nos estudos e/ou na gestão do Agronegócio. Por isso, nesta unidade o seu estudo estará focado nos conceitos e definições de Cadeia de Produção Agroindustrial, nas aplicações desses conceitos, nos mercados típicos identificados em uma Cadeia, nos setores, nos seus ambientes e nos aspectos das Cadeias, que influenciam diretamente em sua gestão. Vamos iniciar esta unidade vendo um breve histórico da utilização do termo Cadeia de Produção Agroindustrial no Brasil. Então, vamos aos nossos estudos. Espero que você aproveite! Produção e Sistemas Agroindustriais 42 O INÍCIO DA UTILIZAÇÃO DO TERMO CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL NO BRASIL – UM BREVE HISTÓRICO Pós-Graduação | Unicesumar 43 O conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial foi utilizado pela primeira vez no Brasil nos Anos de 1990, no processo de planeja-mento estratégico da Embrapa. Neste momento, segundo Castro, Lima e Cristo (2002), a Embrapa buscava um foco conceitual para lidar com o ambiente externo e determi- nar o seu planejamento estratégico, buscando uma mudança institucional. O objetivo central era rever quem eramos seus clientes, para incluir novos agentes. O conceito de agribusiness do trabalho de Davis e Goldberg (1957) foi utilizado e, nos anos seguintes, introduzido no Brasil com as seguintes de- nominações: complexo agroindustrial, negócio agrícola e agronegócio. Assim, o conceito de Agronegócio passou a ser definido no Brasil em relação ao que ocorre em todos os processos interligados que propiciam a oferta dos produtos da agricultura e não apenas em relação ao que ocorre dentro dos limites da propriedade rural. Produção e Sistemas Agroindustriais 44 A definição de Cadeia de Produção Agroindustrial parte da definição de Cadeia de Produção, termo adotado por Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001), também denominada, na literatura, de Cadeia Produtiva, termo adotado por Castro (2000) e Souza et al., (2003). Neste Livro adota-se o termo Cadeia de Produção, que pode ser definido como: “a soma de todas as operações de pro- dução e de comercialização que foram necessárias para passar de uma ou várias ma- térias-primas de base a um produto final, isto é, até que o produto chegue às mãos de seu usuário (seja ele um particular ou uma or- ganização)” (PARENT, 1979 apud BATALHA; SILVA, 2001, p. 41). “... uma sucessão linear de operações téc- nicas de produção” (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, p. 41). A partir dessas definições, você pode per- ceber que as Cadeias de Produção podem ser entendidas como um conjunto de com- ponentes interativos, que incluem sistema de produção, fornecedores de insumos e serviços, indústrias de processamento e transformação, agentes de distribuição e comercialização. CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES DE CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL Pós-Graduação | Unicesumar 45 Assim, a partir da definição de Cadeia de Produção, pode-se definir Cadeia de Produção Agroindustrial como a soma de todas as operações de produção e de comer- cialização que foram necessárias para passar de uma ou várias matérias-primas agroindus- triais de base a um produto agroindustrial final. Na Figura 1, apresenta-se uma ilustração de uma Cadeia de Produção Agroindustrial típica e genérica. MERCADOS ENTRE OS PRODUTORES DE INSUMOS E SERVIÇOS DE APOIO E OS PRODUTORES RURAIS FORNECEDORES E INSUMOS E SERVIÇOS DE APOIO SETOR ANTES DA PORTEIRA PRODUTORES RURAIS Sistemas de Produção 1, 2, ..., n. SETOR DENTRO DA PORTEIRA MERCADOS ENTRE OS PRODUTORES RURAIS E AS AGROINDÚSTRIAS AGROINDÚSTRIAS SETOR DEPOIS DA PORTEIRA MERCADO ENTRE AS AGROINDÚSTRIAS E OS DISTRIBUIDORES DISTRIBUIDORES MERCADOS ENTRE OS DISTRIBUIDORES E OS CONSUMIDORES CONSUMIDOR Fluxo de Materiais Fluxo de Capital Figura 1 - Uma Cadeia de Produção Agroindustrial Típica e Genérica Fonte: Adaptado de Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001) Nas Cadeias de Produção Agroindustriais, os sistemas de produção (ou sistemas produtivos) correspondem a um conjunto de componentes interativos, que tem por obje- tivo a produção de alimentos, fibras, recursos energéticos e outras matérias-primas de origem agroindustrial, sendo um subsistema da Cadeia (CASTRO, 2000). Produção e Sistemas Agroindustriais 46 APLICAÇÕES DO CONCEITO DE CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL Pós-Graduação | Unicesumar 47 Entender o conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial é extrema-mente importante, devido às várias aplicações deste conceito. Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001), ba- seando-se em Morvan (1988), afirmam que a literatura aponta cinco principais utilizações para o conceito de Cadeia de Produção. Assim, eles listam e detalham as seguintes aplicações: i) Cadeias de Produção Agroindustriais como metodologia de divisão setorial do sistema produtivo: esta utilização do conceito de Cadeias de Produção Agroindustrial consiste na tentativa de explicar a formação de ramos e setores, dentro do sistema produtivo. ii) Cadeias de Produção Agroindustriais como ferramenta de formulação e metodologia de análise de políticas públicas e privadas: esta utilização consiste fundamentalmente em “... identificar os elos fracos de uma cadeia e incentivá-los através de uma política adequada”, conforme Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001, p. 40) e ter uma visão global da Cadeia, evidenciando como ter uma melhor coordenação entre seus agentes. iii) Cadeias de Produção Agroindustriais como ferramenta de formulação e metodologia de análise de estratégias organizacionais e setoriais: esta utilização busca analisar como as organizações (agentes), dentro de uma Cadeia de Produção Agroindustrial, formulam suas estratégias frente à concorrência, buscando defender-se ou colocar- se em uma melhor situação. Esta utilização, também busca analisar as relações tecnológicas e econômicas entre os agentes de uma cadeia. iv) Cadeias de Produção Agroindustriais como ferramenta de descrição técnica e econômica: esta utilização busca descrever as questões técnicas – “.... Operações de produção responsáveis pela transformação da matéria-prima em produto acabado ou semiacabado” (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, pp. 40-41). E analisar as “... relações econômicas que se estabelecem entre os agentes formadores da cadeia” (BATALHA; SILVA apud BATALHA, 2001, p. 41). v) Cadeias de Produção Agroindustriais como metodologia de análise das inovações tecnológicas e apoio à tomada de decisão tecnológica: esta utilização busca estudar como se dá o processo de inovação tecnológica ao longo das Cadeias, quais os mecanismos utilizados no processo de inovação tecnológica e como ela altera a dinâmica de concorrência. Produção e Sistemas Agroindustriais 48 Castro, Lima e Cristo (2002) listam as seguin- tes aplicações do conceito de Cadeias de Produção Agroindustriais como: i) Ferramenta de desenvolvimento setorial; ii) Ferramenta de formulação de políticas públicas; iii) Fóruns e câmaras de negociação entre elos das cadeias produtivas. iv) Ferramenta de gestão de pesquisa e desenvolvimento e inovações tecnológicas. v) Ferramenta de gestão de eficiência (produtividade e custo). vi) Ferramenta de gestão da qualidade (diferenciação). vii) Ferramenta de gestão da sustentabilidade ambiental. viii) Ferramenta de gestão de mercados e oportunidades. ix) Ferramenta de gestão de contratos. x) Ferramenta de gestão da comunicação e da informação. xi) Ferramenta de melhoria da base de informações (bibliografia, sites, bases de dados). xii) Ferramenta de conscientização de lideranças. xiii) Ferramenta de melhoria da imagem e sustentabilidade institucional. Após analisar as aplicações do conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial, podemos perceber que estas podem ser resumidas em três grupos de aplicações: i) Ferramentas: de formulação, desenvolvimento, gestão, melhoria e de conscientização. ii) Metodologia: divisão setorial e análise. iii) Fóruns e câmaras de negociação. Além de ser importante estudar Cadeias de Produção Agroindustrial, devido às várias aplicações deste conceito, é importante também estudá-las, pois este estudo, como afirma Souza et al. (2003), leva à compre- ensão da estrutura, do funcionamento, dos mercados e agentes das Cadeias, bem como compreender a interação entre estes agentes. Pós-Graduação | Unicesumar 49 Em uma Cadeia de Produção Agroindustrial típica podem, segundo Batalha e Silva (apud BATALHA, 2001), ser identifi cados, no mínimo, quatro merca- dos com diferentes características: i) mercados entre os produtores de