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CAPITALISMO E SUAS DEFINIÇÕES

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INTRODUÇÃO
Muito já se foi falado sobre o capitalismo, o que seria, como surgiu e a constante busca de uma definição exata para esse movimento econômico. Encontramos diversas opiniões e teorias, muitas delas que foram surgindo e dando ideias a novos pensadores, para então chegarmos a teoria que mais de adequa a esse fenômeno.
A explicação sobre as origens do capitalismo remonta uma história de longa duração em que nos deparamos com as mais diversas experiências políticas, sociais e econômicas. Em geral, compreendemos a origem desse processo com o renascimento comercial experimentado nos primeiros séculos da Idade Média. 
Ao longo do tempo, até ser denominado “capitalismo”, essa onde econômica sofreu transformações tanto nas relações de trabalho entre senhores e camponeses, tanto quanto comerciantes e as bases de trocas, mercado, moedas e produções. De fato, o capitalismo surgiu para renovar todas essas ligações, e traçar um novo rumo para a economia como um todo.
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CAPITALISMO E SUAS DEFINIÇÕES
Ao se falar em capitalismo, muitas definições podem ser encontras ou mencionadas por diversas pessoas e autores. Em tese, o capitalismo é o desejo do individuo em busca de aumentar seus próprios lucros(individualismo), trabalhar e expandir sua riqueza. Não deixa de ser um sistema comercial, uma economia monetária centralizada numa moeda, baseada em trocas, em um comércio de trocas.
Refere-se principalmente a um modo de produção, relacionado as pessoas, separando os detentores de matérias-primas dos que produzem e vendem, ou seja, uma separação entre produtor e meio de trabalho. A palavra para o capitalismo, seria o trabalho “assalariado”, onde mais uma vez voltamos ao comércio de trocas, vender o seu trabalho e produto por um salário, uma moeda, assim sendo sua fonte de subsistência.
Para entendermos melhor a definição do termo “capitalismo”, devemos voltar ao inicio e buscarmos todo o caminho traçado para chegarmos a definição que por hoje entendemos e usamos por capitalismo e ser capitalista. Quatro definições básicas, são encontradas e citadas por alguns autores, principalmente por Maurice Dobb, onde baseia sua tese nos estudos de Marx.
Em primeiro lugar, analisamos a definição encontrada nas obras de Werner Sombart, que buscou a essência do capitalismo não em qualquer dos aspectos de sua anatomia econômica, mas dos aspectos representados no Geist ou espírito. Tal espírito seria uma síntese dos espírito de empreendedor ou como um “espírito burguês”. Sombart acredita que “em épocas diferentes têm reinado sempre atitudes econômicas diferentes, o que é esse espírito que tem criado a forma que lhe corresponde, e com isso uma organização econômica” (SOMBART, Werner. 1928). 
Buscou a origem do capitalismo no desenvolvimento de estados de espírito, de comportamentos humanos e relações econômicas, características do mundo moderno. “Em algum momento do passado remoto o espírito capitalista deve ter existido – em estado embrionário, se assim quiserem – antes de qualquer empreendimento capitalista poder tornar-se uma realidade” (SOMBART, Werner. 1928). Usou também como expressão o “espírito do capitalismo” para descrever a atitude que busca o lucro.
Em segundo lugar, encontramos um significado com maior frequência nos materiais históricos referente a economia, que identifica o capitalismo como a organização de produção para um mercado distante, no qual seria baseado num sistema de trocas, visando o lucro. Se distingue por uma diferenciação da população em “proprietários e trabalhadores sem propriedades”, tendo como principio orientador de uma atividade econômica buscando o lucro irrestrito.
Em terceiro lugar encontramos uma definição que se relaciona como um regime de “livre empresa”, onde todos interagem de forma livre, um livre mercado, com uma livre iniciativa.
E por último, Marx nos introduz ao capitalismo não como em um espírito de empresa nem no uso da moeda para financiar uma série de trocas com objetivo de lucro, mas como em um determinado modo de produção. Ao usar “modo de produção, ele não se referia apenas no estado da técnica, mas ao modo pela qual se definia a propriedade dos meios de produção e as relações sociais entre os homens que resultavam de suas ligações com o processo de produção.
Dessa maneira, o capitalismo não era apenas um sistema de produção para o mercado, mas um sistema sob o qual a própria capacidade de trabalho se tornara uma mercadoria e era comprada e vendida no mercado como qualquer outro objeto de troca. Sua base era a concentração da propriedade, dos meios de produção nas mãos de uma pequena classe da sociedade que dominava a então grande parte da sociedade que necessitava vender sua força de trabalho a essa pequena classe detentora dos meios de produção, para a sua subsistência.
A definição de capitalismo atualmente em uso, que melhor se adéqua em todos os estudos, se encaminhou no sentido daquela adotada e desenvolvida por Marx, já que tanto as outras concepções partilham de defeitos e são de certa maneira um tanto quanto restritivas e de parecerem levar inexoravelmente á conclusão de que quase todos os períodos da história são capitalistas, pelo menos em certos pontos.
É essencial a nossa concepção de capitalismo como uma ordem econômica distinta, característica de um período distinto da história, e que a história até hoje tem sido a de sociedade de classes, ou seja, da divisão da sociedade em classes, nas quais uma delas, ou então uma coalização destas com algum interesse em comum, constitui uma classe dominante que se mostra em antagonismo contra as outras e demais classes.
O interesse comum que se estabelece entre determinada classe, não deriva de uma semelhança quantitativa de rendas, mas sim as raízes que o grupo social possui numa determinada sociedade, ou seja, a relação que o grupo mantém com o processo de produção e, portanto, com os outros setores da sociedade.
Marx se refere ao próprio capitalismo dizendo estar ele:
“como qualquer outro modo de produção definido, condicionando a certo estágio de produtividade social e á forma historicamente desenvolvida das forças produtivas. Esse pré-requisito histórico é em si próprio o resultado histórico e o produto de um processo precedente, do qual o novo modo de produção faz sua partida como de sua dada fundação. As condições de produção correspondentes a esse modo de produção especifico, historicamente determinado, apresentam um caráter passageiro, especifico, histórico.”
(MARX. Capital, vol. III, 1023-4) 
Logo, em favor de uma índole puramente econômica e objetiva, gerando assim uma base para essa forma peculiar pela qual uma classe dominante pode explorar o trabalho das outras classes existentes, é que é a essência do sistema de produção ao qual podemos denominar de “capitalismo”.
Muito se há encontrado também sobre Paul Sweezy, em estudos sobre o capitalismo, muitos afirmam até que foi ele quem mais se aproximou das posições de Marx. Sweezy abordou o problema geral do desenvolvimento no capitalismo, seguindo principalmente o debate no interior do marxismo e tentando responder aos críticos do marxismo, o funcionamento da economia capitalista. A partir da discussão sobre valor, trabalho e esquemas de reprodução, entre outros temas, Sweezy apresentava os princípios que regem a acumulação de capital. 
O desenvolvimento capitalista ocorre a partir do momento em que a produção em expansão cria um mercado consumidor e, realizando-se neste a mais-valia gerada naquela (na produção), há a reprodução ampliada de capital. Não sem fricções e com uma série de problemas que se amplificam em termos lógicos e temporais, o desenvolvimento capitalista significa basicamente expansão crescente da produção, ampliação do mercado e, como resultado da articulação entre esses dois pressupostos, acumulação de capital.
Insiste na posição de considerar o oriente próximo como área não incluída dentro de sua categoria de modo de produção feudal, e que o estabelecimento de relações comerciais com esta áreade desenvolvimento mercantil relativamente mais adiantado vai servir de impulso para que a Europa feudal rompa com a sua estrutura econômica de produção de valores de uso para atingir um sistema de produção de valores de troca. Este processo passa pelo renascimento das cidades, crescimento da divisão de produtividade do trabalho, fuga de camponeses, e o consequente rompimento dos laços servis no campo. Quando esses laços servis são rompidos, instaura-se um novo sistema de produção e distribuição do produto social que Sweezy chama de "produção pré-capitalista de mercadorias".
Para Dobb, Sweezy levanta de maneira clara e interessante várias questões, mas ao se referir a um "sistema de produção", entra em contraste um sistema de produção a um modo de produção no sentido de Marx. Dobb acredita nos termos das relações de produção características do feudalismo, a saber, as relações entre o produtor e seu soberano, no qual o produtor possui os meios de produção, na qualidade de unidade produtora individual, para Dobb essa é uma característica crucial.
Na sua opinião do feudalismo deve-se unicamente à ação de forças internas, e que o crescimento do comércio exerceu sua influência na medida em que acentuou os conflitos internos no antigo modo de produção. A transição da apropriação coercitiva do trabalho excedente pelos proprietários para o uso de trabalho assalariado livre deve ter dependido da existência e oferta de trabalho barato.
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SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
Se falarmos do capitalismo como modo de produção especifico, então não podemos estipular uma data exata desse sistema para os primeiros sinais do aparecimento do comércio e classe mercantil, temos de buscar o inicio do período capitalista apenas quando ocorrem mudanças no modo de produção. 
Ao examinarmos a história do capitalismo, devemos nos situar sua fase inicial na Inglaterra, na segunda metade do século XVI e inicio do século XVII, quando o capital começou a penetrar na produção em escala considerável, na forma de uma relação entre capitalistas e assalariados. Podemos dizer com bastante certeza que um modo capitalista de produção e uma classe de capitalistas especificamente ligados ao mesmo não alcançaram importância decisiva como influência sobre o desenvolvimento social e econômico.
Fica evidente, na carreira do capitalismo dois momentos decisivos, um deles no século XVII nas transformações políticas e sociais e o outro na Revolução Industrial no final do século XVIII, cujo teve uma importância muito grande econômica.
“O conhecimento e juízo mais maduros de hoje indicam claramente que aquilo que a Revolução Industrial representou foi a transição de um estágio inicial e ainda imaturo do capitalismo, em que o modo de produção pré-capitalista fora penetrado pela influencia do capital, subordinado ao mesmo, despido de sua independência como forma economica, mas ainda não inteiramente transformado, para um estágio em que o capitalismo, com base na transformação técnica, atingira seu próprio processo especifico de produção apoiado na unidade de produção em grande escala e coletiva de fábrica, efetuando assim um divórcio final do produtor quanto á participação de que ainda dispunha nos meios de produção e estabelecendo uma relação simples e direta entre capitalistas e assalariados.”
(DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo, 1983, p. 28)
Então, para sermos total coerentes, precisamos adicionar um terceiro momento, a transição do período medieval(feudalismo) para o capitalismo, e para isso precisamos marcar os principais pontos da desintegração do feudalismo. Durante o século XVI o feudalismo passou por uma crise, o que levou a sua desintegração, e já no século seguinte era visto em escala bem pequena.
Essa desintegração ficou marcada através das contradições presentes dentro do feudalismo. Cada vez mais o senhor queria trabalho e produtos, e por outro lado também cada vez mais o camponês resistia e batia de frente ao seu senhor, onde iniciou uma luta de classes e em pouco tempo dissolveu o feudalismo. Para os senhores não saírem perdendo, eles transformaram seus camponeses em trabalhadores assalariados, então a partir desse momento os camponeses dependiam de seus senhores para conseguirem se sustentar.
Como citado anteriormente, quando se fala em trabalho assalariado, se diz respeito ao capitalismo, essa palavra representa o que designa esse sistema. Logo, com essa desintegração do feudalismo, sentimos o inicio do capitalismo, tornando as pessoas assalariadas, tendo que trabalhar, ou seja, vender sua força de trabalho em função do ganho de sua subsistência.
“Para evitar o mal-entendido, talvez seja melhor declarar logo que a história do capitalismo e os estágios de seu desenvolvimento não apresentam forçosamente as mesmas datas para as diferentes partes do país ou indústrias diversas e, em certo sentido, estaríamos certos em falar não de uma única história do capitalismo, e da forma geral apresentada por ela, mas de uma coleção de histórias do capitalismo, todas com uma semelhança geral de forma, mas cada qual separadamente datada no que diz respeito aos seus estágios principais”.
(DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo, 1983, p. 28)
Em outras palavras, diversas regiões da Inglaterra tiveram, digamos, durante os séculos XIV e XV, suas diferentes histórias econômicas, do mesmo modo como o desenvolvimento econômico de diversas nações europeias no século XIX é corretamente tratado como narrativas em grande parte separadas. Isso parece mais verdadeiro á medida que voltamos nos séculos, e nesse particular, o aparecimento do próprio capitalismo é uma poderosa influência coordenadora.
O desenvolvimento do capitalismo através das fases principais de sua história se ligou essencialmente á transformação técnica que afeta o caráter da produção e por esse motivo os capitalistas ligados a cada nova fase tenderam a ser, pelo menos inicialmente, uma camada diferente de capitalistas com relação a aqueles que tinham aplicado seu capital no tipo mais antigo de produção.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisarmos o capitalismo, sua origem e formação, observamos mudanças que vieram junto do surgimento de uma classe de comerciantes e artesãos que viviam à margem da unidade feudal. A então burguesia medieval, ou classe dominante, implantou uma nova configuração à economia europeia na qual a busca pelo lucro e a circulação de bens a serem comercializados em diferentes regiões ganharam maior espaço.
A prática comercial experimentada imprimiu uma nova lógica econômica em que o comerciante substituiu o valor de uso das mercadorias pelo seu valor de troca. Isso fez com que a economia começasse a se basear em cima de quantias que determinavam numericamente o valor de cada mercadoria. Dessa maneira, o comerciante deixou de julgar o valor das mercadorias tendo como base sua utilidade e demanda, para calcular custos e lucros a serem convertidos em uma determinada quantia monetária.
Com esse processo de monetarização, o comerciante passou a trabalhar tendo como fim máximo a obtenção de lucros e o acúmulo de capitais. Essa prática exigiu uma constante demanda pela expansão do comércio e, assim, nos fins da Idade Média, incitou a crescente classe comerciante burguesa a apoiar a formação de Estados Nacionais. 
Essas transformações que marcaram a passagem da Idade Média para a Idade Moderna incentivaram o nascimento do chamado capitalismo mercantil e das grandes navegações. Nesse contexto, os Estados Nacionais incentivaram a descoberta e o domínio de novas áreas de exploração econômica por meio do processo de colonização. 
Logo, podemos entender o quanto o processo para se chegar ao capitalismo, e esse modo de produção em si nos proporcionou, e nos proporciona chegar até hoje. Desde os tempos antigos, evoluímos gradativamente e crescemos em decorrência a esse processo, que de certo modo, sempre se esteve presente em nossas vidas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, P. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense,1987.
BARAN, P.; SWEEZY, Paul. Capitalismo monopolista. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1974.
DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
DOBB & outros. A transição do feudalismo para o capitalismo: um debate. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
MARX, Karl. O Capital. V.1. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
SWEEZY, Paul. Teoria do Desenvolvimento Capitalista. São Paulo: Abril Cultural, 1938.
SWEEZY & outros. A transição do feudalismo ao capitalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
 
 
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