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1 HOMOLOGIA PLANA PROJEÇÕES COTADAS Paulo Sérgio Brunner Rabello Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ex-Professor da Universidade Federal Fluminense Livre-Docente em Construção Civil Especializado em Geometria e Representação Gráfica Rio de Janeiro, 2011 2 3 Primeira Parte HOMOLOGIA PLANA 4 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS Dois pontos são ditos correspondentes quando estão contidos num mesmo raio projetivo que parte de um centro de projeções. Deste modo pode-se inferir que duas figuras são correspondentes quando há correspondência respectiva entre todos os pontos de uma e da outra. figura 01-a Para que duas retas sejam correspondentes basta que dois quaisquer de seus pontos sejam, respectivamente correspondentes. 5 figura 01-b Uma correspondência é biunívoca quando a cada ponto de uma figura corresponde um, e somente um, ponto da outra. A equação y = 3x + 1 representa, algebricamente, uma correspondência biunívoca uma vez que, para cada valor de x existe somente um valor de y, e vice-versa. Já na equação y = x² + 1, a cada valor de x corresponde um só valor de y, mas a recíproca não é verdadeira e a correspondência não é biunívoca. Um exemplo clássico é a correspondência entre uma circunferência e uma reta. Quando o centro de projeções (ou centro projetivo) está sobre a circunferência, a correspondência é biunívoca. Se o centro projetivo não estiver sobre a circunferência, não existirá biunivocidade e a correspondência é chamada simples. figura 02-a figura 02-b Quando duas figuras estão associadas por uma correspondência biunívoca são então chamadas homólogas. 6 2 – TEOREMA DE DESARGUES Se dois triângulos são homólogos, as retas que unem os vértices correspondentes se interceptam num mesmo ponto e os prolongamentos dos lados correspondentes se interceptam sobre uma mesma reta. A demonstração desse teorema só é possível quando os triângulos não são coplanares. figura 03 Sejam: (O) : centro projetivo ABC: triângulo contido no plano () A’ B’ C’ : triângulo homólogo de ABC, contido no plano () 7 e : interseção de () com () Demonstração: A’ A e B’ B são coplanares, logo se interceptam num mesmo ponto (O). A’ A e C’ C também são coplanares e se interceptam também no ponto (O). Conclui-se então que A’ A, B’ B e C’ C se interceptam em (O). AB e A’ B’, obviamente são coplanares também, mas AB pertence a () e A’ B’, pertence a (). Logo AB e A’ B’ se interceptam num ponto M da reta e, interseção de () como (). Por raciocínio análogo, conclui-se que os pontos N (interseção de AC com A’ C’) e P (interseção de BC com B’ C’) pertencem também à reta e. 3 - HOMOLOGIA Aplicando as conclusões de Desargues aos conceitos anteriormente vistos sobre correspondências, pode-se definir homologia como sendo a transformação geométrica que estabelece uma correspondência biunívoca entre pontos e pontos, retas e retas de duas figuras de modo que dois pontos correspondentes estejam alinhados com um ponto fixo e duas retas correspondentes se interceptem sobre uma mesma reta. O ponto fixo é chamado centro de homologia e à reta que contém os pontos comuns das retas homólogas chama-se eixo de homologia. Os pontos, retas e planos que estabelecem uma homologia entra duas figuras são chamados elementos da homologia. 8 figura 04 Do sistema homológico da figura destacam-se os seguintes elementos: O : centro de homologia ( ) : geometral, plano horizontal que contém a figura objetiva AB (Q) : quadro, plano perpendicular a (), que contém a figura A’ B’, homóloga de AB (N) : plano neutro, também perpendicular a (), que contém o centro de homologia (H) : plano do horizonte, paralelo a (), que também contém o centro de homologia e : eixo de homologia, interseção de (Q) e () 9 l 1 : reta limite 1, interseção de (H) com (Q) l 2 : reta limite 2, interseção de () com (N) n : linha neutra, interseção de (H) com (N) Observando-se atentamente a figura dada, verifica-se que: 1) Se prolongamos AB, indefinidamente, no sentido de B para A, A’ se deslocará sobre o suporte A’ B’, no sentido de B’ para A’ até encontrar l1, no ponto L1. Como AB, A’ B’, (O) e L1 são coplanares e OL1 pertence ao plano (H), paralelo a (), L1 será paralela ao suporte AB. Concluímos então que L1 é o lugar geométrico dos pontos homólogos dos pontos impróprios da reta que contém AB. Por extensão do raciocínio, concluímos também que a reta limite l1 é o lugar geométricos dos pontos impróprios de todas as retas que pertencem ao geometral. A distância de (O) a l, mede o afastamento do centro de homologia em relação ao quadro. 2) Pelo teorema de Desargues, o encontro dos suportes de AB e A’ B’ se dá sobre o eixo de homologia (e), no ponto M. Se prolongarmos, agora, A’ B’, no sentido de A’ para B’, B se deslocará sobre o suporte AB, encontrará B’ em (H) e segue até interceptar l2 em L2. Como AB, A’ B’, M, (O) e L2 são coplanares e OL2 pertence ao plano (N), paralelo a (Q), OL2 será paralelo ao suporte A’ B’. Concluímos então L2 é o lugar geométrico dos pontos homólogos dos pontos impróprios da reta que contém A’ B’. Ainda por extensão de raciocínio, concluímos também que a reta limite l 2 é o lugar geométrico dos pontos impróprios de todas as retas que pertencem ao quadro. A distância de (O) a l 2, mede a altura de centro de homologia em relação ao geometral. 3) A figura formada pelos pontos O,L1, M e L2 é um paralelogramo, logo OL1 = ML2 e M L1 = L2O. 10 4 – CONSTRUÇÃO DA HOMOLOGIA Tomam-se a reta limite 1 (l 1), e o eixo de homologia e como eixos de rotação. Gira-se o plano (H) (plano do horizonte) em torno de l 1 no sentido trigonométrico até que (H) se confunda com o quadro (Q). Gira-se o geometral (), em torno de e, também no sentido trigonométrico, até que () se confunda com o quadro (Q). figura 05 Com estas operações é possível trabalhar com as homologias no plano do quadro que, em última análise é a própria épura do sistema homológico em questão. Como pode ser observado a correspondência entre A e A’, bem como entre B e B’ á mantida após o rebatimento. Também o paralelogramo definido por O,L 1, M e L2 fica bem evidenciado. O conhecimento, portanto, dessas propriedades permite a resolução de qualquer problema de homologia e, especialmente, fundamenta o estudo da perspectiva cônica. 11 5 – PROBLEMAS FUNDAMENTAIS 5.1 – Dados os pontos homólogos A e A’, o centro de homologia O, e o eixo de homologia e, determinar as retas limites l 1 e l 2. figura 06-a - escolhe-se um ponto M, arbitrário, sobre e; - une-se A e A’ a M; - por O traça-se paralela a AM até encontrar o prolongamento de MA’ no ponto L1; - por L1, traça-se paralela a e, determinando l 1; - por O, traça-se paralela a A’M até encontrar o prolongamento de AM no ponto L2; - por L2 traça-se paralela a e, determinando l 2. 5.2 – Dados o centro de homologia O, o ponto A do geometral, o eixo de homologia e e a reta limite ?1, determinar A’ homólogo de A. 12 figura 06-b - escolhe-se um ponto L1, arbitrário, sobre l; - une-seO a L1; - por A traça-se uma paralela a OL, determinando M sobre e; - liga-se M a L1, determinando A’ sobre o raio AO. 13 5.3 – Dados o centro de homologia O, o eixo de homologia e e a reta limite l 1, determinar a reta limite l 2. - como a distância d entre 0 e l 1 é igual à distância entre e e l 2, basta traçar uma paralela a e com distância d. figura 07-a 5.4 – Dados o centro de homologia O, o eixo de homologia e, a reta limite l 1, um ponto A’ sobre l 1 e outro ponto B’, determinar A e B, homólogos de A’ e B’. 14 figura 07-b - liga-se A’ a B’ até encontrar M sobre e; - por M traça-se paralela a OA’; - como A’ está sobre l 1 seu homólogo é o ponto impróprio A do raio OA’; - liga-se 0 a B’ prolongando até encontrar MA, determinando B, homólogo de B’. 6 – CASOS PARTICULARES Um sistema homológico é geral quando todos os seus elementos são próprios. Na realidade os elementos mais importantes numa homologia são o seu centro e o eixo. Quando um, outro, ou ambos são impróprios, estamos diante dos casos particulares de homologia. 15 6.1 – AFINIDADE Ocorre quando o centro de homologia é impróprio e o eixo é próprio. Neste caso o eixo de homologia é chamado eixo de afinidade. Chama-se razão de afinidade à relação entre as distâncias dos pontos homólogos ao eixo de homologia: K = Aao / A’Ao = BBo / B’Bo = Cco / C’Co A relação acima é demonstrada pelo teorema de Thales. figura 08-a Se a direção dos raios projetantes é perpendicular ao eixo de homologia, diz-se que a afinidade é ortogonal. 6.2 – HOMOTETIA Ocorre quando o centro de homologia é próprio e o eixo impróprio. Neste caso o centro de homologia é chamado centro de homotetia. Os triângulos ABC e A’ B’ C’ são semelhantes logo as razões entre os lados homólogos são iguais e determinam a razão de homotetia: K = AB / A’ B’ = BC / B’ C’ = AC / A’ C’ 16 figura 08-b 6.3 – TRANSLAÇÃO Ocorre quando tanto o centro como o eixo de homologia são impróprios Nesse caso as figuras são congruentes. figura 09-a 17 7 – TRANSFORMAÇÕES HOMOLÓGICAS 7.1 – POLÍGONOS Um polígono irregular pode ser homólogo de outro polígono qualquer de mesmo número de lados, desde que seja determinado o sistema homológico adequado em que o centro de homologia assume posição específica e determinada. Se qualquer polígono pode ser decomposto em triângulos, lembrando o teorema de Desargues, fica evidenciado porque polígonos homólogos tem, obrigatoriamente, o mesmo número de lados. 7.1.1 – Transformação de um quadrilátero qualquer num quadrado homólogo. Se o quadrilátero ABCD é homólogo de um quadrado A’ B’ C’ D’, seus lados paralelos quando prolongados determinarão a reta limite l 1. De fato, se AB é paralelo a CD, seus prolongamentos se encontrarão em L1. Sendo AD paralelo a BC, seus prolongamentos se encontrarão em L2. Ligando L1 a L2, tem-se a reta limite l 1. O eixo de homologia tem que ser paralelo a l 1. Por facilidade traçamos o eixo pelo ponto A, pois seu homólogo fica logo determinado. Sabe-se que OL1 será paralelo a MD’ C’, OL2 será paralelo a NB’ C’ e o ângulo D’ C’ B’ é reto. Sabe-se ainda que AB = BC = CD = DA. O problema consiste então em encontrar uma posição para o centro projetivo O tal que L1 OL2 seja um ângulo reto. Para tanto, determina-se o arco capaz de 90º em relação ao segmento L1L2. O arco em questão é o lugar geométrico dos pontos que “vêem” o segmento L1L2 sob ângulo de 90º. Qualquer posição de O sobre o arco C1 faz com que A’ B’ C’ D’ seja, pelo menos um retângulo. Falta determinar uma posição específica para que o polígono seja um quadrado. 18 Determinam-se então as diagonais do polígono ABCD. Liga- se L1 ao ponto de encontro dessas diagonais determinando os pontos E e F. Prolonga-se a diagonal AC até encontrar L3 em L1 . L, EF e L3AC são lados homólogos de um ângulo de 45º. Acha-se então o arco capaz de 45º em relação ao segmento L1L3. É o arco C2. A interseção de C1 e C2 define a posição de O. Agora sim, há condições de determinar o quadrado ABCD. Liga-se O a A1 B1 C e D. Por M traça-se uma paralela a OL1 e determina-se D’ sobre OD e C’ sobre OC. Por N traça-se uma paralela a OL2 e determina-se B’ sobre OB. O ponto A é ponto unido de A’. Unem-se os pontos A, B, C e D e temos o quadrado procurado. figura 09-b 19 7.1.2 – Transformação de um triângulo qualquer num triângulo equilátero. Se o triângulo ABC é homólogo do triângulo equilátero A’ B’ C’, então AC pode ser uma das diagonais de um paralelogramo ABCD que o divide em dois triângulos equiláteros iguais, ou seja, ABC e DBC. Construi-se então o paralelogramo ABCD e determinam-se a reta limite l1 e o eixo de homologia e de análogo ao exemplo anterior. Sabe-se que os ângulos BCA e ACD tem 60º. O centro de homologia O, neste caso, estará na interseção de arcos capazes de 60º, c1 e c2, sendo um em relação a L1L3 e outro em relação a L3L2. Une-se O a L1. Traçam-se os raios projetantes OB e OC. Por M, traça-se paralela a OL, determinando B’ sobre OB e C’ sobre OC. Ligando A’ B’ e C’, tem-se o triângulo equilátero pedido. 20 figura 10 7.2 – CIRCUNFERÊNCIA A transformada homológica da circunferência é sempre uma cônica. Quando a homologia é uma afinidade, a transformada de circunferência é uma elipse. Quando a homologia é uma homotetia ou uma translação, a transformada é outra circunferência (que pode ser considerada como uma cônica degenerada). Quando a homologia é cônica a transformada da circunferência pode ser elipse, hipérbole ou parábola. 21 7.2.1 – Construção da transformada homológica de uma circunferência conhecendo-se o eixo de homologia e, o centro da circunferência O, seu homólogo O, o raio da circunferência e a direção dos raios projetantes. Se é dada a direção dos raios projetantes a transformada é uma afinidade. O traçado de pontos da elipse é tarefa extremamente simples, bastando que se determinem os extremos homólogos de diâmetros da circunferência. Para determinar os eixos da elipse procede-se da seguinte forma: - traça-se a mediatriz do segmento OO’, determinando o ponto E sobre o eixo de homologia e; - com centro em E e raio EO ou EO’ traça-se uma circunferência que corta o eixo de homologia e nos pontos P e Q; - liga-se P a O e O’ determinando o diâmetro AB da circunferência, seu homólogo A’ B’ será o eixo maior da elipse; - liga-se Q a O e O’ determinando o diâmetro CD da circunferência, seu homólogo C’ D’ será o eixo menor da elipse. 22 figura 11 Para traçar uma tangente por um ponto T’ da elipse, procede- se da seguinte forma: - Determina-se o ponto T da circunferência, homólogo de T’. - Traça-se por T a tangente t à circunferência e prolonga-se até encontrar To no eixo de homologia - Ligando To a T’ tem-se a tangente t’ procurada. Note-se que, ligando T’ a O’ e prolongando até o eixo de homologia, deverá encontrar no mesmo ponto P o prolongamento de TO 23 7.2.2 – Construção da transformada homológica de uma circunferência conhecendo-se o centro de homologia O, o centro da circunferência C, a reta limite l2 eixo de homologia e o raio da circunferência. 1º caso: A circunferência não tem ponto de contato com a reta limite. A transformada é uma elipse. figura 12 24 - Escolhe-se arbitrariamente um ponto L1 sobre l2 e por ele traçam-setangentes a circunferência nos pontos M e N; - Determinam-se os homólogos M’ e N’; - Prolonga-se MN até encontrar ?2 em L2; - Traçam-se por L2 novas tangentes à circunferência determinando os pontos P e Q; - Determinam-se os homólogos P’ e Q’ (notar que P, Q e L1 são colineares); - A interseção de MN com PQ é o ponto D, cujo homólogo D’ é o centro da elipse em que M’ N’ e P’ Q’ são diâmetros conjugados; - Outros pontos da elipse são simples de serem marcados, o que não foi feito para não congestionar a épura. 2º caso: A circunferência tem um ponto de contato com a reta limite. A transformada é uma parábola figura 13 25 Se o homólogo de F é ponto impróprio, OF é a direção homóloga do eixo da parábola. Sabe-se que a tangente à parábola no vértice é perpendicular ao seu eixo. O procedimento então é o seguinte: - Une-se O a F e por O traça-se uma perpendicular a OF até encontrar G em l 2; OG é a direção homológica da tangente à parábola no vértice; - Por G traça-se uma tangente ao círculo, no ponto V; - Une-se F e G a V e determinando p e t, respectivamente; - Determinam-se os homólogos V’, p’ e t’, respectivamente, vértice, eixo e tangente da parábola; - Outros pontos são facilmente determináveis, especialmente considerando que os pontos da curva são simétricos em relação ao eixo p da parábola. 3º caso: A circunferência tem dois pontos de contato com a reta limite. A transformada é uma hipérbole. figura 14 26 As tangentes à circunferência nos pontos M e N encontram-se em S. SM e SN são homológicas das assíntotas da hipérbole. Procede-se da seguinte forma: - Traçam-se as tangentes à circunferência pelos pontos M e N e prolongam-se os segmentos até que se encontrem em S, SM e SN encontrem o eixo de homologia e, respectivamente em Q e T; - Determinam-se as assíntotas da hipérbole traçando uma paralela a OM por Q e outra a ON por T; determinando S’ (notar que S, O e S’ são colineares); - A bissetriz do ângulo QS’T define o eixo b’ da hipérbole; - O encontro de b’ com o eixo de homologia e é o ponto U que ligado a S determina a corda da circunferência que é homóloga do eixo da hipérbole; - Os pontos V e V1 que SU determina na circunferência que é homóloga do eixo da hipérbole; - A hipérbole não está traçada para não congestionar a épura porém a forma de encontrar seus pontos é análoga aos casos anteriores. 7.2.3 – TANGENTES O traçado de tangentes por pontos da transformada em qualquer caso de homologia cônica é feita da mesma forma, ou seja: - Definido o ponto T’ da transformada, acha-se seu homólogo T na circunferência homóloga; - Traça-se a tangente à circunferência no ponto T, definindo a reta t; - Determina-se a reta t’, homóloga de t, que será a tangente da transformada no ponto desejado. 27 Segunda Parte PROJEÇÕES COTADAS 28 1.0 - DESCRIÇÃO DO MÉTODO O método das projeções cotadas foi idealizado por Fellipe Büache em meados do século XVIII com a finalidade precípua de executar o levantamento hidrográfico do canal da Mancha. Posteriormente, com o incremento das guerras napoleônicas, a utilização deste método foi estendida para usos militares e posteriormente aplicado em projetos de estradas, ferrovias e obras de terra. No método de Monge, a relação entre o valor da cota de um ponto e o do seu afastamento é limitada. Não é possível representar em épura as projeções de pontos em que haja disparidade considerável entre suas cotas e seus respectivos afastamentos. O método das projeções cotadas supre exatamente essa deficiência observada no método de Monge, embora a aplicação das operações fundamentais – projetar (por um ponto) e cortar (por um plano) – seja mantida. No método das projeções cotadas ou, simplesmente, em projeções cotadas, o centro projetivo é impróprio, as projeções são cilíndricas- ortogonais e só há um plano de projeção. Esse plano, suposto sempre horizontal, é chamado plano de comparação designado também por (). As cotas são indicadas algebricamente tornando desnecessária a existência de outro plano de projeção para “amarrar” as figuras do espaço. Figura 01 29 Da figura 01, depreende-se que: d{(A),A(a)} = a d{(B),B(b)} = b d{(C),C(c)} = c ------------------- d{(N),N(n)} = n Nos projetos em que é imprescindível conhecer a topografia do terreno onde será executada uma obra de engenharia, a aplicação desse método é insuperável. 2.0 - ESCALAS A utilização do método das projeções cotadas envolve, na prática, figuras de grandes dimensões fazendo com que sejam adotados critérios para relacionar as dimensões da figura representada com as dimensões da figura real (figura objetiva). Esta relação é chamada escala. Tem-se então que E = d / D. onde d é a dimensão de um elemento da figura representada graficamente e D é a dimensão do elemento correspondente da figura real. Exemplo: Se uma viga reta de 10 metros de comprimento é representada graficamente por um segmento retilíneo de 5 centímetros, a escala adotada foi: E = 5 cm/10 m ou E = 5 cm/1000 cm ou ainda E = 1/200 Isto significa que cada centímetro desenhado corresponde a 200 cm (ou 2 m) da figura real. 30 Quando a representação gráfica é menor que a figura real, trata-se de uma escala de redução, que é o caso mais geral nos projetos de engenharia. Em caso contrário trata-se de uma escala de ampliação. A representação gráfica de mecanismos de relógios de pulso é um exemplo de escala de ampliação. É costume adotar a indicação de escalas através de quocientes entre valores algébricos ou relações percentuais. Exemplo: Se na representação de um objeto adotou-se E = 1/25, pode- se escrever: E = 1/25 ou E = 1:25 ou ainda E = 4% As escalas podem ser também gráficas, bastando para isso que se indique no desenho a unidade gráfica adotada. Esse procedimento é comum nos mapas geográficos e nas cartas náuticas. Exemplo: figura 02 3.1 - ESTUDO DO PONTO 3.1 - REPRESENTAÇÃO Como a representação gráfica é feita apenas sobre um plano de projeção – sobre o plano de comparação, como já foi dito – a 31 representação de pontos em projeções cotadas é feita por letras maiúsculas com a indicação das respectivas cotas entre parênteses. A épura, nesse tipo de representação, é muito simples e não tem, obviamente, linha de terra. figura 03 Se o ponto está acima do plano de comparação, sua cota é positiva. Se estiver abaixo é negativa. Se o ponto pertencer ao plano de comparação, sua cota é nula. O plano de comparação é o lugar geométrico dos pontos de cota nula. 3.2 – DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS Dados dois pontos objetivos (A) e (B), determinar a distância d{(A), (B)} é determinar o comprimento do segmento de reta que une (A) e (B) sendo conhecidas as projeções A(a) e B(b). 32 figura 04 Para resolver o problema o procedimento inicial é rebater o plano vertical que contém os pontos (A), (B), A(a) e B(b) sobre um plano horizontal que pode ser o próprio plano de comparação, tal como mostrado na figura 04. Pela projeção de cada ponto, traçam-se perpendiculares ao segmento A(a) B(b). Sobre cada uma das perpendiculares marcam-se as grandezas das cotas respectivas, determinando os pontos A1 e B1, tais que A(a)A1 = a e B(b) B1 = b, respeitando o sinal de cada um. O segmento A1 B1 é pois a solução gráfica do problema. A solução também pode ser dada algebricamente:d = A1 B1 = d (A)(B) mas, d² = {A(a), B(b)}² + (b – a)², então, teremos: d = [{A (a), B (b)}² + (b – a)²]½ 33 figura 05 Se um dos pontos tem cota negativa, o procedimento é o mesmo, porém deve-se atentar para que o rebatimento dos pontos seja feito em lados distintos do segmento que une as projeções dos pontos. 34 figura 06 d = d1 + d2 = A1 O1 + O1 B1 d1 = [{A (a) O (o)}² + (-a)²]½ d2 = [{O (o) B (b)}² + b²]½ d = [{A (a) O (o)}² + a²]½ + [{O (o), B(b)}² + b²]½ Observando a figura pode-se afirmar também que: d = [{A (a) B (b)}² + (a + b)²] ½ 35 4.0 – ESTUDO DA RETA 4.1 - REPRESENTAÇÃO Uma reta fica definida quando se conhecem, pelo menos, dois de seus pontos. Assim, a representação de uma reta em projeções cotadas fica determinada quando são conhecidas as projeções de dois de seus pontos. Em épura, a projeção de uma reta é representada por um segmento retilíneo e identificada pelas projeções de dois de seus pontos ou por uma letra minúscula livre. s(5) figura 07 4.2 – POSIÇÕES DE UMA RETA EM RELAÇÃO AO PLANO DE COMPARAÇÃO Supondo uma reta (r) dada pelas projeções de dois de seus pontos A (a) e B (b), em relação ao plano de comparação (), a reta (r) pode estar: - inclinada (reta qualquer) : a b - paralela (reta horizontal) : a = b (inclusive a = b = O) - perpendicular (reta vertical) : A (a) B (b), onde a b 36 4.3 – PERTINÊNCIA DE PONTO A RETA Para que um ponto pertença a uma reta é condição necessária e suficiente que a projeção do ponto esteja sobre a projeção da reta e que a cota do ponto seja a mesma da reta onde as projeções de ambos são coincidentes. Para marcar um ponto sobre uma reta ou verificar se um ponto pertence a uma reta, basta que se rebata a reta sobre um plano horizontal e se encontre na reta a cota correspondente a do ponto em questão. Sendo dada uma reta (r) pelas projeções de seus pontos A(a) e B(b), verificar se um ponto (M) de cota m pertence a (r) ou encontrar em (r) um ponto (N) de cota n, são problemas que são resolvidos por operações semelhantes. Inicialmente rebate-se (r) sobre () fazendo de r o eixo de rebatimento, obtendo-se r1. Para saber se (M) pertence a (r) basta que se verifique em r1 se na posição de M (m) sobre r a cota de (r) é m. Para marcar um ponto (N) de cota n em (r), basta que se determine o ponto N1 de cota n em r1. Alçando N define-se a posição de N (n) em r. figura 08 37 Exemplo: Dada a reta (r) pelos seus pontos cotados A(1,5) e B(3,7), determinar o ponto (C) de cota c = 2,5, sabendo-se que d (A,B) = 7,5. A solução tanto pode ser gráfica como analítica. solução gráfica: un: metro esc: 1:100 figura 09 solução algébrica: O problema é resolvido quando se determina a posição de C (2,5) em relação a A(1,5) ou B(3,7). Da geometria elementar, temos: 38 d (A, C) / d (A, B) = (c-a) / (b-a) => d (A, C) = d (A, B) x (c-a) / (b-a) d (A,C) = (7,5 x 1,0) / 2,2 = 3,41m 4.4 – PONTOS DE COTA REDONDA São pontos da reta cujas cotas são números inteiros, tais como: A(3), B(7), C(0), D(103), E(-7), E(-43), etc. A marcação de pontos de cota redonda de uma reta nada mais é do que determinar, na projeção da reta, projeções de pontos de cota conhecida, conforme visto anteriormente. Exemplo: Determinar os pontos de cota redonda de uma reta (r) situados entre dois de seus pontos (A) e (B). dados: A (-1,3) B (3,4) d (A,B) = 8 39 figura 10 4.5 – DECLIVE E DECLIVIDADE Uma reta genérica forma com o plano de comparação – e com qualquer outro plano paralelo a ele – um ângulo () que, na verdade, é o ângulo que a reta objetiva faz com a sua própria projeção. figura 11 40 O ângulo () identifica o declive (ou inclinação) da reta. A diferença de cotas entre dois pontos conhecidos da reta é representado por h. A distância entre as projeções desses dois pontos representa-se por d. Da trigonometria temos: tg = h / d Da figura temos: h = n - m e d = d (M,N) Teremos, então que tg = (n – m) / d (M, N) Chama-se declividade de uma reta à tangente do ângulo () determinado pela reta objetiva e sua projeção. Designa-se a declividade por p. Quando a diferença entre as cotas de dois pontos é igual à unidade, ou seja, h = 1, a distância correspondente é chamada intervalo. Designa-se o intervalo por i. Logo, a declividade é o inverso do intervalo. Como a declividade é uma relação entre cota e distância, costuma-se indicá-la de outras formas: Exemplo: d = 1/4 ou d = 1 : 4 ou ainda d = 25% 4.6 – GRADUAÇÃO DE RETAS Graduar uma reta é determinar a sua escala de declive. Esta operação nada mais é do que marcar os pontos de cota redonda da reta que forem necessários para resolver o problema. O exemplo mostrado no item 4.4 é suficiente para tal. 41 4.7 – POSIÇÃO RELATIVA ENTRE RETAS Duas retas quaisquer do espaço – retas objetivas, portanto – podem admitir, ou não, um ponto comum. Se as retas admitem ponto comum elas são concorrentes. Se o ponto comum é um ponto próprio as retas são ditas concorrentes em próprio ou, simplesmente, concorrentes. Se o ponto comum é impróprio, as retas são ditas paralelas. Se as retas não admitem ponto comum entre elas são reversas. 4.7.1 – RETAS CONCORRENTES Quando duas retas são concorrentes, suas projeções são necessariamente concorrentes num ponto cuja cota será a mesma para as duas retas naquele ponto, independente da escala de declive de cada uma delas. A figura 12, a seguir, mostra exemplos de retas concorrentes. figura 12 4.7.2 – RETAS PARALELAS Quando duas retas são paralelas, suas projeções são necessariamente paralelas e suas escalas de declive, além de iguais, tem o mesmo sentido. 42 A figura 13, a seguir, mostra exemplos de retas paralelas figura 13 4.7.3 – RETAS REVERSAS Quando duas retas são reversas podem ocorrer os seguintes fatos: 1º) As projeções das retas concorrem num ponto. Nesta caso as retas tem cotas diferentes nesse ponto, tal como mostrado na figura 14. figura 14 2º) As projeções das retas são paralelas. Neste caso, as retas têm escalas de declive diferentes que, caso sejam iguais, terão sentido contrário, tal como visto na figura 15, a seguir. 43 figura 15 4.7.4 – RETAS PERPENDICULARES É um caso particular de concorrência de retas. Ocorre quando o ângulo entre elas é reto. Se uma das retas é horizontal, o ângulo reto se projeta em verdadeira grandeza e, independente das escalas de declive, as suas projeções são também perpendiculares. Se as retas são quaisquer, podem pertencer a um plano vertical ou a um plano qualquer. Em ambos os casos, será necessário rebater o plano que contém as retas sobre um plano horizontal para solucionar o problema. Sejam então dadas as projeções e a escala de declive de uma reta (r) e o problema seja determinar a projeção e a escala de declive de uma reta (s) perpendicular a (r) num ponto de cota conhecido, sabendo-se que (r) e (s) pertencem a um mesmo plano vertical. O procedimento é o seguinte: 1º) Rebate-se a reta (r) sobre um plano horizontal que pode ser o próprio plano de comparação; 2º) Marca-se a escala das cotas; 3º) Localiza-se o ponto P1 em r, e traça-se a perpendicular s, a r, por O1;44 4º) Na cota (p-1) traça-se uma paralela a r que corte r1 em R1 e o prolongamento de s1 em S1; 5º Traça-se por P1 uma perpendicular a r que corta o segmento R1S1 em Q1. figura 16 No triângulo R1P1S1 temos: tg = P1Q1 / R1Q1 tg = 1 / i r = p r tg = Q1S1 / P1Q1 tg = i s / 1 = 1 / ps Então, teremos: p r = 1 / ps Ou seja: a declividade de uma reta é o inverso da declividade de outra reta que lhe seja perpendicular. Se o plano das retas é um plano qualquer, o procedimento é semelhante mas este caso será visto após o estudo de planos. 45 5 – ESTUDO DO PLANO 5.1 – REPRESENTAÇÃO Em projeções cotadas um plano fica perfeitamente caracterizado por sua reta de maior declive. Sua representação é feita por dois segmentos retos paralelos, devidamente graduados. Normalmente, um dos segmentos é mais espesso que o outro, mas ambos devem estar bem próximos. figura 17 Como resultado de sua própria definição, as retas de maior declive de um plano são todas paralelas entre si e perpendiculares a todas as retas horizontais do plano considerado. A horizontal de cota nula será o traço do plano no plano de comparação. 46 figura 17 5.2 – DETERMINAÇÃO Da geometria elementar sabe-se que um plano fica determinado quando são conhecidos, pelo menos: - três pontos são colineares; - uma reta e um ponto que não lhe pertence; - duas retas concorrentes em ponto próprio ou impróprio. Um plano fica definido por uma de suas retas de maior declive e esta fica determinada quando se graduam, pelo menos, duas retas desse plano. Unindo-se os pontos de mesma cota de cada uma delas por segmentos retilíneos, obtém-se as horizontais do plano. 47 Qualquer perpendicular a essas horizontais será uma reta de maior declive desse plano, cuja graduação fica determinada pela cota de cada horizontal. 48 figuras 18-a e 18-b 5.3 – PERTINÊNCIA DE PONTO A PLANO Para que um ponto pertença a um plano, basta que o ponto pertença a uma reta desse ponto. No método das projeções cotadas, para que um ponto pertença a um plano, basta que o ponto pertença à horizontal do plano cuja cota é a mesma do ponto. A figura 19 mostra tal condição. 49 figura 19 5.4 – PERTINÊNCIA DE RETA A PLANO Para que uma reta pertença a um plano basta que dois pontos da reta pertençam a esse plano. No método das projeções cotadas, tomam-se dois pontos quaisquer da reta de cotas conhecidas e verifica-se se pertencem ao plano, da mesma forma exposta em 4.3. As figuras 20-a e 20-b mostram tal condição. 50 figuras 20-a e 20-b 5.5 – POSIÇÃO RELATIVA ENTRE PLANOS Dois planos quaisquer do espaço – planos objetivos – admitem sempre uma reta comum. 51 Se a reta comum é própria os planos são concorrentes e a reta comum é chamada interseção dos dois planos ou ainda, o traço de um sobre o outro. Se a reta comum é imprópria os planos são paralelos. 5.5.1 – PLANOS CONCORRENTES / INTERSEÇÃO DE PLANOS A interseção de dois planos é uma reta cujos pontos pertencem simultaneamente aos dois planos. No caso de projeções cotadas, a reta de interseção de dois planos é determinada pelos pontos de interseção das horizontais de mesma cota de cada plano, como pode ser visto nas figuras 21-a e 21-b. 52 figuras 21-a e 21-b 5.5.2 – PLANOS PARALELOS Quando dois planos são paralelos suas retas de maior declive têm projeções paralelas e apresentam escalas de declive iguais e de mesmo sentido, tal como mostrados nas figuras 22-a e 22-b. 53 figuras 22-a e 22-b 5.6 – POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO Uma reta e um plano admitem sempre um ponto comum, próprio ou impróprio. Quando o ponto comum é próprio, a reta intercepta o plano nesse ponto que é também chamado traço da reta no plano. Quando o ponto é impróprio, a reta é paralela ao plano. 5.6.1 – TRAÇO DE RETA EM PLANO Para se determinar o traço de uma reta (r) num plano (), tal como mostrado na figura 23, adota-se o seguinte procedimento: 54 figura 23 1º) Determina-se uma reta (s), pertencente a () de projeção coincidente com r. Logo (s) e (r) estão num mesmo plano vertical. 2º) Rebate-se (s) e (r) sobre um plano horizontal (que pode ser o próprio plano de comparação) e determina-se o ponto O1 de interseção entre r1 e s1 que é o rebatimento do ponto de interseção de (r) com (). 3º) Alça-se o ponto O1, determinando O (o). 5.6.2 – RETA PERPENDICULAR A PLANO Para se determinar uma perpendicular (r) a um plano qualquer (), por um ponto (P), pertencente ou exterior ao plano, o procedimento mostrado na figura é o seguinte: 55 1º) Pela projeção do ponto (P), P (p), traça-se a projeção de uma reta (s), pertencente a () e paralela a sua reta de maior declive; 2º) Rebate-se o plano vertical determinado por (s) e (P) num plano horizontal – que pode ser o próprio plano de comparação – obtendo-se s1 e P1; 3º) Por P1 traça-se r, perpendicular a s1, graduando-a convenientemente, tal como visto em 4.7.4; 4º) Alçando r1 obtém-se r, projeção de (r) procurada. 56 figuras 24-a e 24-b 5.7 – ÂNGULO DE DUAS RETAS Quando duas retas são concorrentes num ponto próprio, o ponto de concorrência é o vértice dos ângulos que essas retas formam, admitindo-se sempre que o ângulo considerado é o menor deles. A maneira mais simples de determinar o ângulo de duas retas é rebater o seu plano sobre um plano horizontal, tomando como eixo do rebatimento uma reta horizontal desse plano horizontal. 57 figura 25 5.8 – ÂNGULO DE DOIS PLANOS O ângulo de dois planos é o ângulo formado pelos traços de um plano perpendicular à interseção dos dois planos. Em projeções cotadas, basta que seja determinada a interseção dos planos e por um ponto desta, sejam traçadas perpendiculares à interseção, uma de cada plano. O ângulo formado por essas perpendiculares é a solução do problema e é obtido conforme visto em 5.7. 58 BIBLIOGRAFIA Rodrigues, Álvaro José - Geometria Descritiva / Operações Fundamentais e Poliedros, Ao Livro Técnico, Rio de Janeiro, 5ª ed., 1961; Rangel, Alcyr Pinheiro – Projeções Cotadas, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 4ª edição, 1979; Rangel, Alcyr Pinheiro - Geometria Descritiva, SEDEGRA, Rio de Janeiro, 1959; Rangel, Alcyr Pinheiro - Dicionário de Matemática, texto datilografado pelo próprio autor; Rangel, Alcyr Pinheiro - Tópicos Extraídos de Palestras, Preleções e Publicações; Roubaudi, C. - Traité de Géométrie Descriptive, Masson et Cie., Paris, 9ª ed. 1948; Pegado, Luiz Porfírio da Motta - Curso de Geometria Descritiva, Typografia da Academia Real das Sciencias, Lisboa, 1899; Krylov, N.; Lobandyevsky, P; Men, S - Descriptive Geometry, Mir Publishers, Moscou, 2ª ed., 1974;