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prova de antropologia

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Sabe-se que o etnocentrismo é uma forma de olhar o mundo a partir de sua própria sociedade e a idéia de relativismo cultural como seu oposto. No entanto não podemos afirmar que o relativismo por si mesmo é a melhor forma de ver o mundo. Por quê?R: Embora o relativismo cultural seja uma resposta interessante ao etnocentrismo, ele não deve ser tomado como única atitude possível. Há que ser cauteloso com a idéia de relativismo, assim como etnocentrismo, quando utilizado em casos extremos, pode chegar a justificar atrocidades usando como desculpa a idéia de que “eles fazem isso porque a cultura deles é assim”.
Qual o principal problema em pensar a humanidade como constituída por três grandes estágios de desenvolvimento (selvageria, barbárie e civilização)? R: Muito embora os evolucionistas tenham tido o mérito de pensar a humanidade em termos de sua unidade, a idéia de um desenvolvimento histórico e linear traz problemas sérios para o entendimento da diferença. Em primeiro lugar desconsidera que as sociedades são plurais e, portanto, possuem histórias e desenvolvimento presentes em uma lógica cultural própria. Em segundo, a idéia de desenvolvimento linear da sociedade remete a uma perspectiva etnocêntrica, ou seja, pautada nos valores do pesquisador. O problema é que a idéia de história linear não alcança uma perspectiva verdadeiramente.
O surgimento da Antropologia foi marcado pelo estudo das sociedades ditas primitivas, ou seja, estudava-se sociedades distantes do pesquisador. Com o tempo foi desenvolvido um interesse de pesquisar também a sociedade do pesquisador. Atualmente a antropologia pesquisa realidades muito próximas à realidade diária do antropólogo, como torcidas de futebol, processos políticos e até mesmo o cotidiano de cientistas. Como explicar esse leque diverso de atuação do antropólogo? Com base no que foi estudado sobre a antropologia e sobre o método etnográfico faça uma breve reflexão sobre o assunto.R: A grande ferramenta da antropologia é o método etnográfico: a produção de aproximações e distanciamentos da realidade do pesquisador e da realidade observada. Os movimentos do trabalho de campo descritos por Roberto Cardoso de Oliveira (ver, ouvir e escrever) permitem ao etnógrafo observar diferentes grupos, até mesmo aqueles mais próximos, desde que, ele tenha um olhar distanciado.
Tendo como base a teoria de Roberto da Matta sobre o Brasil, discorra sobre a existência no Código Penal brasileiro que prevê prisão especial para pessoas com curso superior.R: A prisão especial só é possível em um regime desigual, hierárquico, onde cada um ocupa seu lugar na sociedade. A prisão especial não é reservada a todos, mas aqueles que desfrutam de uma posição privilegiada dentro da sociedade, neste caso, o maior nível de escolaridade.
O termo mulato é uma categoria ambígua e contraditória: ao mesmo tempo em que é utilizada e divulgada comercialmente pelos meios de comunicação em massa, seu uso é criticado pelos militantes dos movimentos negros. Com base nas teorias raciais e na idéia de democracia racial brasileira, faca uma breve reflexão sobre o termo mulato.R: No sistema racial brasileiro há uma classificação racial gradual que vai do branco ao negro do branco ao índio. Neste sentido, o mulato seria uma categoria intermediária. Celebrado pela grande mídia, a idéia de mulato reforça a ideologia de integração das raças ou de democracia racial brasileiro. Nem sempre o mulato foi celebrado: nas teorias raciais do começo do século o mulato representava uma degenerescência do brasileiro, um ser hibrido que evocava o pior da raça branca da raça negra. Com o passar do tempo, a valorização de atributos culturais formadores das três raças, a imagem do mulato passou a ser representada como símbolo da brasilidade e de uma cultura genuína. O movimento negro, como se sabe, associa elementos históricos e culturais,reforçando o contexto histórico em que a categoria de mulato foi criada. Cabe ao movimento negro reconhecer a si mesmo como grupo minoritário e, ao criticar veementemente o uso da categoria mulata, denuncia a falsa democracia racial brasileira.
A partir da expressão “Você sabe com quem está falando”? Discuta a relação entre casa e rua.
R: No Brasil há uma tendência em transformar relações impessoais em pessoais, principalmente no mundo da rua, que, de saída é inóspito ao brasileiro. Em situações onde nos vemos frente a frente de uma situação impessoal (mundo da rua) muitas vezes procura-se por brechas para estabelecer relações pessoais. São estabelecidas algumas estratégias, como o famoso “você sabe com quem esta falando”?. Ao utilizar essa frase aciona-se ao mesmo tempo a ênfase nas distinções sociais; ou seja, uma posição privilegiada e, o fato desta pessoa está respaldada por uma rede de relações que a protege.
Sabe-se que, ao romper definitivamente com o evolucionismo, o funcionalismo estabeleceu duras críticas a este pensamento, em especial ao método. Uma das críticas do funcionalismo foi devido ao caráter comparativo e a chamada história conjectural. Quais os principais argumentos da crítica funcionalista?
R: Ao estabelecer o trabalho de campo como método por excelência do conhecimento antropológico, a perspectiva universalista como presente no evolucionismo foi abandonada. Interessava compreender o porquê as pessoas de uma sociedade fazem o que fazem, ou seja, qual o sentido de suas ações e instituições. Deste modo, tudo teria uma função e, como tal, só poderia ser compreendida em relação com outros elementos daquela sociedade. A idéia de isolar um determinado elemento para compará-los a elementos semelhantes de outras sociedades foi considerada análise especulativa da realidade, pois, havia uma resposta pronta: a superioridade da civilização européia. Outro aspecto é que o funcionalismo considera que a totalidade social deve ser compreendida tal como ocorre no momento em que foi estudada (observada). Funda-se a ideia de presente etnográfico, uma oposição clara a ideia de historia linear tratada pelo evolucionismo.
O estruturalismo não representou uma ruptura com o funcionalismo, ao contrário é possível identificar vários pontos convergentes entre as duas teorias, quais são eles? R: Estruturalismo e funcionalismo se assemelham em três aspectos principais; a ênfase na sincronia, ou seja, nos elementos e aspectos culturais daquela sociedade; a procura de compreender os fenômenos sociais como um todo; e a opção por uma visão sistêmica na qual as relações existentes entre as sociedades são enfatizadas.
Com base no que foi abordado sobre a pesquisa de campo e o papel do etnógrafo explique a seguinte frase. “A pesquisa de campo consiste em transformar a experiência subjetiva do etnógrafo em um dado objetivo sobre a realidade observada.”
R: A interpretação da sociedade é realizada a partir de um processo de imersão na sociedade do outro, realizado pelo antropólogo. A experiência da pesquisa de campo é solitária e depende da trajetória utilizada pelo etnógrafo ao longo de sua trajetória de pesquisa, portanto, abarca um nível de subjetividade. A transformação de uma experiência subjetiva em um dado objetivo remete as etapas da pesquisa de campo: observação, seleção de informações e sistematização da realidade. Ao concluir a pesquisa etnográfica o antropólogo deve afastar-se da sociedade estudada, produzindo um segundo distanciamento e, assim, observar os fatos de forma objetiva.
Por que o Kula (complexo de trocas trobriandesas), tratado por Malinowski, é um caso privilegiado para compreender diferentes aspectos desta sociedade?  
R: O kula, um sistema de trocas a princípio cerimonial, foi um elemento privilegiado para Malinowski compreender diferentes elementos da cultura trobriandesa: vida econômica, parentesco, religião, magia. Em outras palavras, a partir do kula Malinowski pode estabelecer as relações entre esses diferentes elementos.
A grande ferramenta da antropologia é o método etnográfico: a produção de aproximações e distanciamentos da realidade do pesquisador e da realidadeobservada. Os movimentos do trabalho de campo descritos por Roberto Cardoso de Oliveira (ver, ouvir e escrever) permitem ao etnógrafo observar diferentes grupos, até mesmo àqueles mais próximos, desde que, ele tenha um olhar distanciado.R: Antropólogos tem a tarefa de estudar culturas totalmente diferentes, estudar as diferenças de costumes e entender com funciona esta, o objetivo é tentar entender o ponto de vista das pessoas desta cultura diferente. Eles tem a necessidade de compreender os comportamentos, rituais e etc da sociedade em questão. Tentam extrair ao máximo o resultado do contato prolongado com os indivíduos em seu habitate natural, incluindo documentos, objetos pessoais, estrutura do local etc..
Por que Malinowski afirmava que a pesquisa etnográfica devia ser intensa promovendo uma imersão na realidade do outro?R: O tempo para a realização do trabalho deveria ser prolongado, somente assim o pesquisador
poderia se afastar dos conceitos e noções de sua própria sociedade; entender as múltiplas dimensões que compõem esta realidade;perceber as relações existentes entre diferentes instituições e esferas sociais. Ele acreditava que a análise antropológica deveria realizar de forma sincrônica, imediata e levando em conta fatores sociais, psicológicos e biológicos . Para ele o observador convive durante um longo período com a coletividade por ele estudada, no intuito de apreender toda a complexidade da cultura.

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