Buscar

10 - Fred Didier (Aula LFG)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LFG – PROCESSO CIVIL – Aula 10 –� Prof. Fredie Didier – Intensivo I – 08/04/2009
	
As hipóteses de cabimento de nomeação do curador especial estão previstas no art. 9º, do CPC:
“Art. 9º  O juiz dará curador especial:
        	I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;”
	Se o incapaz não tem representante, o ideal é que você nomeie o representante dele, o tutor dele, o curador dele. Se você consegue isso, ele passa a ter representante e está resolvido o problema. Só que às vezes não dá tempo de fazer isso. Às vezes não dá tempo de você entrar com uma ação para nomear o tutor, o curador. Aí o juiz nomeia um curador especial que, como expliquei pra vocês, é um representante só para o processo. Se o incapaz não tem representante, o juiz pode nomear um curador especial para representá-lo só naquele processo.
	E também quando o incapaz está brigando com o seu representante. Ele tem representante, mas está em conflito com ele. Eu já vi dois casos interessantes sobre isso. O primeiro é o seguinte: o guri entrou com investigação de paternidade representado pela mãe. Depois a mãe desistiu da investigação de paternidade. Ora, a mãe é representante do guri, desistir disso é meio estranho. O que o juiz fez? Entendeu que a mãe, representante, estava contra os interesses do incapaz, e nomeou ao incapaz naquele processo um curador especial. O outro caso é o seguinte: o inventário é representado pelo inventariante, que era a viúva. O espólio é representado pelo inventariante que é a viúva. Olha o que ela fez: entrou com uma ação contra o espólio, ou seja, entrou com uma ação contra alguém que ela representa. O espólio estava em conflito com o representante. Aí o juiz teve que nomear curador especial para o espólio.
	 “II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa”.
	Réu preso é, para o processo civil, alguém que não tem capacidade processual plena. O réu preso é considerado alguém que não consegue se defender sozinho. É preciso nomear a ele curador especial.
	É preciso nomear também curador especial ao réu revel citado por edital ou com hora certa. Se o réu foi revel, tendo sido citado por edital ou por hora certa, nomeia-se curador especial. A razão de ser aqui é simples. Citação por edital e por hora certa são citações fictas. Não se sabe, verdadeiramente, se o cara foi citado. Se o sujeito recebeu a citação. Se ele foi revel, você fica na insegurança. Para proteger o réu revel citado por edital ou por hora certa, o juiz nomeia curador especial para fazer a defesa dele.
	Observem que é réu preso e réu revel citado por edital ou por hora certa. Ou seja, não é réu revel preso. Cuidado com essa pegadinha. O réu preso, revel ou não, tem curador especial. A doutrina critica muito isso. Diz que não tem sentido dizer que todo réu preso merece curador especial. Paulo Maluf ficou preso 45 dias. Ele merece curador especial? É até estranho. Ele é preso e nomeia um defensor público para ser curador especial dele? Então, quando se fala em réu preso, leia-se réu preso com dificuldade de se defender, porque senão fica uma situação esdrúxula.
Capacidade Processual das Pessoas Casadas
	Eu disse que as pessoas casadas, embora sejam capazes civelmente, sofrem algumas restrições em sua capacidade processual. Essas restrições estão previstas no art. 10, do CPC, que tem, além do caput, dois parágrafos. São três dispositivos. Convém separar cada um no caderno porque são bem diferentes entre si. Os três cuidam das restrições à capacidade processual das pessoas casadas, mas são bem diferentes. O caput diz respeito ao polo ativo:
“Art. 10.  O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.”
Se o cônjuge quiser propor uma ação real imobiliária tem que ter o consentimento do outro. O consentimento pode vir por qualquer forma. É livre. Percebam bem: pedir o consentimento de minha esposa, não significa que ela tenha que ir comigo. Os dois não precisam ir juntos. O caput do art. 10 não cuida de litisconsórcio necessário ativo. Isso é um erro que vocês costumam cometer. Eu tenho uma filha de 5 anos, quando fizer 15, ela vai se dirigir a mim e vai dizer: “quero sair com meus amigos”. Se eu autorizo, isso significa que tenho que ir com ela? Não. Pedir consentimento não significa que os dois tenham que ir juntos. Pedir consentimento é: posso ir? Pode! Então eu vou. Vou sozinho. Podem ir em litisconsórcio? Podem, só que é facultativo, e não necessário. Essa regra decorre do direito civil. O Código Civil determina isso e desde 1916 já determinava isso. O CPC apenas reproduziu. Não é novidade. É decorrência da legislação de direito material, que já existia desde 1916.
Agora vou falar uma pegadinha do mais alto gabarito: acontece que o Código Civil é de 1916, o CPC é de 1973 e o Código Civil novo é de 2002. O que foi que aconteceu? O Código Civil novo mudou o regramento que havia no Código de 1916 e esqueceram de mudar o art. 10, do CPC. Então, o que acontece? Hoje, o artigo 10, do CPC, tem que ser interpretado de acordo com o novo regramento do assunto que consta do Código Civil. E onde está esse regramento? No art. 1647, que diz o seguinte: Diz que esse consentimento não é mais exigido em caso de separação absoluta. Aí está a diferença. Antes o consentimento era exigido qualquer que fosse o regime de casamento. Agora, pelo art. 1647, do Código Civil novo, mudou:
“Art. 1.647. (...) nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta”: 
 
	Então, o art. 10 tem que ser interpretado conjuntamente como art. 1647, do CC. E aí vai a dica: vocês vejam que é uma dica na hora de uma prova. O art. 10 fala de pessoas casadas, ações reais e imobiliárias. Há uma tendência grande de que sempre que houver casamento e imóvel no meio, só se terá a coisa perfeita se os dois estiverem participando. Vai propor uma ação real imobiliária? Os dois têm que participar. Isso repercute no Código todo. Se penhora bem imóvel, o cônjuge tem que ser intimado. Isso, ao longo de toda legislação é assim. Tem imóvel no meio? É pessoa casada? Chama os dois para saber o que está acontecendo. Toda essa legislação que mistura imóvel e pessoas casadas foi alterada por esse dispositivo. A participação do outro cônjuge, envolvendo imóvel, está excluída se se tratar de regime de separação absoluta. Isso é uma novidade. O sistema todo mudou. Penhorou bem imóvel, vai intimar o outro cônjuge? Vai, salvo se o casamento for no regime de separação absoluta. Tudo isso mudou. É uma mudança silenciosa, mas que todo mundo sabe. Tem que ficar ligadíssimo com isso.
	E se o cônjuge se recusar a dar ou não pode dar o consentimento? Ou ele se recusa porque está de birra ou não pode dar porque está na guerra. O que fazer? O cônjuge que não foi autorizado, quer porque o outro não podia autorizar, quer porque não quis autorizar, vai ao juiz de família pedir o suprimento da outorga para mostrar, por exemplo, que a recusa não foi justa. O juiz, pois, pode suprir o consentimento (art. 11, do CPC e art. 1648, do Código Civil). 
	Se aplica à união estável essa inteligência? A lei não fala absolutamente nada. A questão é: É possível tratar por analogia? Há os que digam que sim (já que união estável é equiparada a casamento), e há os que digam que não, porque embora a união estável se assemelhe a uma família, é informal. Ela não tem documentação. Não há registro. E porque não há registro já que as próprias pessoas envolvidas não quiseram isso, fica difícil saber quando foi que começou a união estável, mas fica difícil precisar porque é uma época, um período (“foi pelo carnaval que a gente começou”), não tem uma data certa. E por isso traria uma insegurança muito grande se você exigir o consentimento na união estável. Então, esses são os dois aspectos: proteger a familial (no sentido de que aplica) e proteger a segurança jurídica (no sentido de que não se aplica).
	Meu ponto de vista:se houvesse nos autos notícia da união estável, eu mandava ouvir, para evitar problemas depois. Mas é um problema sem solução legislativa expressa. Há quem faça, para minimizar isso, como eu sugiro: para mim, atualmente, a pessoa que vive em união estável, tem que declarar isso na inicial: “Brasileiro, em união estável...”. 
	Imagine que o cônjuge proponha a ação sem o consentimento do outro cônjuge. Propôs indevidamente. Pergunto: pode o juiz indeferir a petição inicial por isso? Pode dizer que como não há consentimento nem admito a inicial? O juiz pode controlar ex officio a falta de consentimento? Essa eu reputo a pergunta mais difícil desse assunto, envolvendo pessoas casadas e processo. Por que? Porque a gente fica na cabeça com a idéia de que falta de pressuposto processual pode ser conhecida de ofício. Nesse caso, não pode. Isso é algo que diz respeito ao outro cônjuge. Isso é um problema do lar. O juiz não tem nada com o fato de o outro não ter autorizado. O juiz não pode, de ofício, não admitir a demanda. E como é que você sabe disso? Olhe para o art. 1649, do Código Civil:
“Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal”. 
	Ou seja, só o outro cônjuge, só o cônjuge preterido pode pedir que o juiz desconsidere uma demanda sem autorização. O que é que o juiz tem que fazer? Diante da falta de autorização, o juiz deve mandar intimar o outro cônjuge. E aí o outro cônjuge intimado diz o que está a fim de fazer. Terminamos o polo ativo, vamos agora para o polo passivo, que está no §1º, do art. 10. Esse artigo 10 é figurinha fácil em concurso. Por isso tem que estar exaurido. 
Nos casos previstos no § 1º, do art.10, o litisconsórcio tem que ser necessário. Aí, sim, é o caso do litisconsórcio necessário. Ambos os cônjuges têm que ser citados. Trata do litisconsórcio necessário passivo.
        	“§ 1º  Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações:  
I - que versem sobre direitos reais imobiliários;”
Mesma coisa, só que a ação que versa sobre direito real imobiliário no polo ativo exige o consentimento do outro. No polo passivo, ambos têm que ser citados. O cônjuge que queira propor uma ação real imobiliário exige o consentimento do outro. Agora, se a ação real imobiliária for proposta contra o cônjuge, ambos têm que ser citados.
       	“II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles”; 
	Se eu alego que o ato foi praticado por ambos os cônjuges por fato que diz respeito a ambos os cônjuges, tem que citar ambos. Aqui é o caso de responsabilidade civil por fato de terceiro, por fato da coisa e responsabilidade civil por ato próprio. A responsabilidade pode ser por ato ou por fato. Se a responsabilidade civil for por fato que diga respeito a ambos os cônjuges, ambos têm que ser citados. Se a responsabilidade civil diga respeito a ato praticado por ambos os cônjuges, ambos têm que ser citados. É um caso de litisconsórcio necessário em ação de responsabilidade civil.
        	“III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados;”
	O inciso III está revogado. É de um tempo que não é mais o nosso. Alguns textos de lei são “rinocerontes” (algo esquecido pela evolução e que foi ficando, ficando...). Esse inciso isso não existe mais. Como interpretar isso? É um dispositivo que foi completamente alterado pelo Código Civil novo. Se eu cobro dívidas contraídas por um cônjuge em benefício da família, ambos têm que ser citados. Se a dívida cobrada foi contraída para a economia doméstica, ambos têm que ser citados. E aí não importa quem contraiu. O dispositivo do Código Civil relacionado a este texto é o art. 1643.
        	“IV – (Devem ser citados nas ações) que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges”. 
	
A ação que tenha por objeto ônus sobre imóveis exige litisconsórcio necessário. É a mesma história do inciso I: Envolve imóvel e tem cônjuge no polo passivo, cita os dois.
        	§ 2º  Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. 
	Vimos o caput e o caput fala do polo ativo, o § 1º que fala do polo passivo. O § 2º não cuida nem do polo ativo e nem do passivo. Cuida das ações possessórias, qualquer que seja. E aí, em ambos os polos, ativo e passivo. O que é ‘participação’ aqui? Participação, se for no polo ativo, se dá pelo consentimento. Se for no polo passivo, a participação se dá pelo litisconsórcio. Por isso o legislador usou a palavra ‘participação’ aí. Para designar, tanto o polo ativo, quanto o passivo. Ativo, consentimento; passivo, litisconsórcio.
	Tem um erro aí: um “s” a mais (ato por ambos praticados). Algumas editoras já apagam o ‘s’. Eu estou coordenando um grupo para fazer uma limpeza, corrigir essas sujeirinhas do Código, inclusive extirpar esse rinoceronte que é o inciso III.
	Terminamos capacidade processual. Agora falta o último pressuposto processual: capacidade postulatória.
	CAPACIDADE POSTULATÓRIA
	Alguns atos processuais exigem da parte uma capacidade técnica exigida além da capacidade processual. Essa capacidade técnica exigida para a prática de alguns atos processuais é a capacidade postulatória. E que atos processuais são esses? Os atos postulatórios, as postulações em juízo. Qualquer ato postulatório em juízo, exige da parte uma capacidade técnica que é a capacidade postulatória. 
	A capacidade postulatória é um atributo dos advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público. Eles têm capacidade postulatória, essa capacidade técnica. Os que não estão aí, não têm capacidade postulatória. Os leigos não têm, por isso têm que contratar advogados.
	Há, porém, situações excepcionais em que a lei confere ao leigo capacidade postulatória. É o caso dos Juizados Especiais, Justiça do Trabalho, habeas corpus, exemplos mais famosos. Outros exemplos: ação de alimentos. A ação de alimentos pode ser sem advogado apenas para pedir alimentos. O juiz, examina o pedido e dá os alimentos provisórios. Para continuar o processo, precisa de advogado. Mas só para pedir, não precisa. A lei de alimentos dispensa isso. Outro exemplo menos famoso é o seguinte: o Supremo entende que o Governador do Estado tem capacidade postulatória em ADI e ADC. Isso é jurisprudência. Outro exemplo importante: Lei Maria da Penha. A mulher que se alega vítima ou que alega ser vítima de violência doméstica ou familiar, ela pode demandar sem advogado. É a mesma coisa dos alimentos. Demanda sem advogado, pede uma medida de urgência e depois vai precisar de advogado. A mulher pode tomar providência ela mesma. Qualquer pessoa pode se proteger, basta saber se explicar. Tanto que a Lei Maria da Penha permite que essa postulação seja oral. Oral, perante a delegacia. Ela vai ao delegado e relata o abuso. O delegado recebe essa reclamação que pode gerar dois processos: um penal e um cível. O delegado remete o processo ao juiz cível, funcionando como uma espécie de serventuário. 
	Não é correto dizer que no Juizado se dispensa a capacidade postulatória. Não é isso. No Juizado se dispensa o advogado. Não é a capacidade postulatória que é dispensada. 
Eu quero que vocês aprendam a distinguir na capacidade postulatória duas situações muito diferentes:
Ato postulatório praticado por quem não é advogado. Essa é a primeira situação. E é rigorosamente uma situação de falta de capacidade postulatória. Foi praticado por quem não tinha capacidade postulatória. Ato praticado por quem não tem capacidade é ato nulo. Art. 4º, do Estatuto da Ordem. Essa é uma situação em que, rigorosamente, falta capacidade postulatória.
Ato praticado por advogado sem procuração.Aí o ato foi praticado por alguém que tem capacidade, mas que não foi contratado para isso. Rigorosamente o problema aqui não é a falta de capacidade postulatória, mas a falta de representação. Ele não foi constituído como representante. Qual é a natureza desse ato? É aí que entra uma situação bizarra, uma grande discussão sobre o assunto. Vejam o que diz o §único do art. 37:
“Parágrafo único.  Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.”
	Então, o CPC considera essa situação uma situação de inexistência. Vejam que situação esdrúxula. São atos inexistentes, mas que podem ser ratificados. O ato não existe. Ele não existe, mas pode ser ratificado, pode ser confirmado. Realmente, é um paradoxo. E tem mais: o ato não existe, mas o advogado responde por perdas e danos. É um nada que causa responsabilidade do advogado por perdas e danos. Aquela história de que o nada, nada causa, nesse ponto é subvertida. Esse dispositivo é uma excrescência teórica, uma bizarrice teórica, mas por conta desse texto muitos doutrinadores colocam a capacidade postulatória como pressuposto de existência e não de validade. O que é um grave erro! Não sei se vocês concordam comigo, porque essa situação, nem de capacidade postulatória se trata. Não é caso de falta de capacidade postulatória. O caso aqui é de falta de procuração. Só que a confusão é tão grande que alguns doutrinadores, assustados com esse dispositivo, colocam a capacidade postulatória como pressuposto de existência e aí misturam tudo. 
Esse entendimento acabou repercutindo no STJ. Súmula 115:
“Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos.”
A súmula se vale do § único do art. 37. O que a doutrina que examina o tema mais profundamente diz? Primeiro, que o § único não tem nada a ver com falta de capacidade postulatória, conforme eu disse, e, segundo, que ato praticado por quem não tem procuração não é ato inexistente. Tanto é existente que pode ser ratificado. Ato praticado por alguém que não tem procuração é ato que existe. Ele só é ineficaz! E só é ineficaz em relação ao suposto representado. Ele existe, mas é ineficaz em relação ao suposto representado. Tanto é assim, que o suposto representado pode ratificá-lo. Tudo bem, eu não dei procuração, mas ele pode fazer o que fez. E quem regula isso, brilhantemente? O Código Civil, que é o ambiente propício para isso. Isso não é regra do CPC. É regra do direito material. Art. 662:
“Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar”. 
Esse artigo, que cuida do assunto, diz totalmente diferente do § único do art. 37 e diz de maneira correta. Por isso, me parece que o 662 revogou o § único, do art. 37. É texto expresso que cuida do mesmo assunto e é posterior. A súmula está aí e você tem que saber isso. Há pouquíssimo tempo atrás, uma assertiva dada como correta dizia que capacidade postulatória é pressuposto de existência, junto com jurisdição e capacidade de ser parte. Isso pode acontecer no concurso. Eu acho essa concepção bizarra. Eu preferia ficar calado, em vez de propagar bizarrice. Mas eu sei que, não obstante bizarra, ela pode cair em concurso. E você tem que estar preparado para o que der e vier. E você tem que colocar uma coisa na cabeça: Não existe uma resposta certa. Existem diversas concepções e a concepção correta é a do examinador. 
LITISCONSÓRCIO
	É um assunto dos mais importantes em tema de concurso e eu devo reconhecer que não é dos mais fáceis. Então, é fazer como ensinou Santo Agostinho: “Não oremos por fardos mais leves, mas por ombros mais fortes!”
CONCEITO
	Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos em um dos polos da relação processual. 
Há litisconsórcio quando houver uma pluralidade de sujeitos em um dos polos do processo. Me parece que o nosso problema não é com o conceito de litisconsórcio porque todo mundo sabe identificar quando vêem um. Quando há dois autores ou dois réus, é litisconsórcio. 
CLASSIFICAÇÃO
Sempre que a questão do concurso envolver classificação do litisconsórcio, sempre lembrar das quatro classificações. Você tem que dar ao litisconsórcio quatro adjetivos. O litisconsórcio pode ser: ativo, passivo, misto. Essa é a classificação mais simples. 
1.	1ª Classificação	
Litisconsórcio ATIVO – no polo passivo.
Litisconsórcio PASSIVO – no polo ativo.
Litisconsórcio MISTO – em ambos os polos.
2.	2ª Classificação
	
litisconsórcio INICIAL ou ORIGINÁRIO
É o litisconsórcio que se forma concomitantemente à formação do processo. O processo já nasce em litisconsórcio, quer porque várias pessoas pediram, quer porque contra várias pessoas foi formulado o pedido.
Litisconsórcio ULTERIOR ou SUPERVENIENTE
	É o litisconsórcio que se forma ao longo do processo. É o litisconsórcio que surgiu com o processo já em andamento. Isso não é bem visto. O ulterior não é um litisconsórcio bem-visto. Não deve ser estimulado, sob pena de gerar um furdunço muito grande, muitas mudanças subjetivas. Por isso, só cabe litisconsórcio ulterior em situações determinadas. E são três hipóteses de litisconsórcio ulterior:
Conexão – Pode decorrer da conexão, ou seja, a conexão reúne os processos e, ao reunir os processos, gera um litisconsórcio. O litisconsórcio surge em razão da reunião dos processos.
Sucessão – É outro fato gerador do litisconsórcio superveniente ou ulterior. Imagine que o réu morre. Em seu lugar entram seus herdeiros. Surge o litisconsórcio em razão da sucessão. Morreu um, em seu lugar entram os herdeiros.
Intervenção de terceiros – algumas intervenções de terceiro geram litisconsórcio superveniente, como é o caso do chamamento ao processo, como é o caso da denunciação da lide, como é o caso da assistência litisconsorcial, oposição. Todas são intervenção de terceiro que geram intervenção ulterior. Vamos estudar intervenção de terceiro na próxima aula. É um tema que vamos tentar facilitar. É um tema fácil. O que há é uma mitificação em torno do assunto. Intervenção de terceiro só cai de forma tranquila. Litisconsórcio, não. Só cai de forma difícil.
	Essas duas primeiras classificações são tranqüilas. As duas últimas é que são terríveis.
	
3.	3ª Classificação
Litisconsórcio SIMPLES
Litisconsórcio UNITÁRIO
Eu quero que vocês, nesse assunto, anotem por tópicos (vou usar letras). 
a)	“Esta é uma classificação do litisconsórcio de acordo com o direito material discutido.” 
Ou seja, se você quiser saber se é unitário ou simples, é preciso examinar o que está sendo discutido. Essa dica é imprescindível. Não há como saber se é unitário ou simples sem examinar o que está sendo discutido porque é aquilo que se discute em juízo que faz com que o litisconsórcio seja unitário, ou seja simples.
Concurso MP/BA: A pergunta foi assim: classifique o litisconsórcio abaixo de acordo com o direito material. Qual era a classificação que ele queria? Simples ou unitário. 
b)	“No litisconsórcio unitário, a decisão de mérito tem que ser a mesma para todos os litisconsortes”. 
Não há como não ser a mesma. Não há como resolver o direito material sem que essa solução seja a mesma para todos os litisconsortes. Por isso, o nome é litisconsórcio unitário. Embora seja litisconsórcio, embora haja muita gente, quatro, cinco, seis litisconsortes, embora sejam muitos, serão tratados como se fossem um só. É como se aquele grupo ali fosse uma coisa só porque a decisão vai ser a mesma para todos eles. E não vai ser assim porque o juiz quer, por opção do juiz, mas porque a natureza do direito material impõe isso. Então, olhe só: o litisconsórcio unitário não é o que parece ser. Ele não é o que parece ser. Porque quando você vê aquela galera, você vê logo uns dez, parece que é galera, mas na verdade, não é o que parece ser. Porque poderiam ser dois ou mil. Se o litisconsórcio é unitário, vão sertratados como se fosse um só. O tratamento que será dispensado a ele, vai ser o de uma pessoa só. É como se fosse uma unidade porque a decisão de mérito tem que ser a mesma para todo mundo. 
c)	“No litisconsórcio simples, a decisão de mérito pode ser diferente para todos os litisconsortes.”
	O direito material permite que a decisão de mérito possa ser diferente para todos os litisconsortes. Atenção com o que vou dizer agora: a simples possibilidade de a decisão ser diferente já torna o litisconsórcio simples. Se é possível (nunca se esqueçam disso) que o juiz dê decisões diferentes, o litisconsórcio é simples. E eu digo isso porque vocês têm uma tendência de nesse assunto raciocinar assim: “se eu fosse juiz, daria a mesma coisa para todo mundo”. Mas não é simples assim. O raciocínio tem que ser: “se eu fosse juiz e quisesse, a solução poderia ser diferente para cada um?” Se pode ser diferente, não é unitário. Unitário tem que ser a mesma decisão de mérito para todos. 
	O litisconsórcio simples é exatamente o que parece ser. Você vê aquela galera e é uma galera mesmo. A galera vai ser tratada como galera. São mil? Então são mil possíveis decisões diferentes. Se são 10 mil litisconsortes simples, há possibilidade de 10 mil decisões diferentes. 
O que eu disse até agora não é novidade porque é um conceito já bastante difundido. O problema está em saber quando o litisconsórcio é unitário e quando é simples. Para isso, eu desenvolvi um método: “Método Fredie Didier de identificação do litisconsórcio unitário.” 
(Fim da 1ª parte da aula)
“Método Fredie Didier de identificação do litisconsórcio unitário”
	Como é que se estrutura esse método para identificar o litisconsórcio unitário? você tem de fazer duas perguntas. Para vocês saberem se o litisconsórcio é unitário, terão que fazer duas perguntas, na ordem que eu disser (não pode alterar a ordem!):
	1)	“Os litisconsortes estão discutindo mais de uma relação jurídica?” - Se a resposta a essa primeira pergunta for qualquer numero acima de 1, o litisconsórcio é simples. Não tem erro. Se a quantidade de relação jurídica discutida for maior do que um, o litisconsórcio é simples. Os litisconsortes estão discutindo uma relação jurídica? Aí você tem dúvida. Mas se estiverem discutindo qualquer número acima disso, o litisconsórcio é simples. Você já sabe que é simples. Não precisa nem fazer a segunda pergunta. Se os litisconsortes estiverem discutindo mais de uma relação jurídica, é simples. Se não souber dizer, terá que ir para a segunda pergunta. E você só vai para a segunda pergunta se a primeira der um. 
	2)	“Essa única relação discutida é indivisível?” - Eu só estou discutindo uma relação jurídica. Se ela for indivisível, litisconsórcio unitário. Se é só uma relação jurídica que não pode ser repartida, fracionada, o litisconsórcio é unitário. Imagine dois sujeitos que estejam discutindo uma relação que não permite fracionamento, aí o litisconsórcio é unitário. Se for divisível essa única relação, o litisconsórcio é simples.
	Se você tiver a humildade de, na hora da prova, se fazer essas duas perguntas, não tem como errar. Mas tem que parar para responder. Os litisconsortes estão discutindo quantas relações jurídicas? Se for uma, tem que fazer a segunda pergunta. Se for mais de uma, o litisconsórcio é simples. Acabou a discussão. 
	Alguns exemplos:
Várias pessoas se litisconsorciam para pedir reajustes em suas contas de FGTS. Pergunta: Unitário ou simples? Eles estão discutindo mais de uma relação jurídica? Sim. É litisconsórcio simples. Nem precisa ir para a segunda pergunta. “você pode ficar pensando assim: mas todo mundo vai ganhar ou todo mundo vai perder, então é unitário...” Não é assim! Eu já falei, não é assim! Vejam, por exemplo, que um desses sujeitos pode fazer um acordo com a CEF. Outro, não. Isso revela que a decisão pode ser diferente e se pode ser diferente, cada um vai discutir a sua relação jurídica. E se cada um vai discutir a sua relação jurídica, há várias relações jurídicas discutidas. Não há dúvida sobre isso. Esse é um clássico concursal. No concurso, ao invés de aparecer litisconsórcio para o ajuste do FTGS, poderá aparecer: litisconsórcio para não pagar tributo, para ter reajuste de benefício previdenciário, litisconsórcio para ter reajuste no salário, litisconsórcio para ser indenizado por um banco. É litisconsórcio, cada um com sua relação. É simples, sim. Qual é a dica que esse exemplo nos dá? Que litisconsórcio envolvendo causas repetitivas é sempre um litisconsórcio simples.
O Ministério Público propõe uma ação de anulação de casamento. É uma ação proposta contra ambos os cônjuges. O litisconsórcio aí é unitário ou simples? Unitário, porque não é possível anular para um e não anular para o outro. Daí, unitário. Qual é a dica que a gente extrai desse exemplo? É a seguinte: se a ação é constitutiva e há litisconsórcio, é unitário. Marca de olhos fechados. Eu posso pensar um caso de ação constitutiva com litisconsórcio simples? Posso, mas vou precisar pensar uns três minutos, mas é tão excepcional e tão fora da regra, que não vale a pena. Seria uma hipótese esdrúxula.
Imagine o caso do condômino. A gente já viu que cada condômino pode, sozinho, ir a juízo defender o condomínio. Imaginem que eles, condôminos, vão em litisconsórcio. Repare que vai ser um litisconsórcio entre co-titulares de um direito. Unitário ou simples? Unitário porque, no caso é indivisível. Se for divisível o bem, o litisconsórcio será simples. A dica é o exemplo: Se há cotitulares do mesmo direito em litisconsórcio será unitário se for indivisível e será simples se for divisível.
Caso das ações coletivas. Nas ações coletivas, há vários legitimados. Ministério Público e uma associação podem propor uma ação coletiva. Reparem que são vários legitimados extraordinários, a propor ação coletiva. Se eles se litisconsorciarem, se houver litisconsórcio entre os legitimados extraordinários para as ações coletivas, que litisconsórcio será esse? Unitário ou simples? O direito em jogo é um direito coletivo. Direito coletivo é divisível? Os direitos coletivos são sempre indivisíveis. Portanto, o litisconsórcio nas ações coletivas é sempre unitário. Litisconsórcio entre legitimados para ação coletiva é um litisconsórcio unitário. A dica aqui é a seguinte? Se o litisconsórcio envolve dois legitimados extraordinários, fique esperto:o caso é de unitário!
Guri e MP se litisconsorciam em uma ação de alimentos. Unitário ou simples? Unitário! Vocês têm que pensar. Não há como o juiz dar uma pensão de alimentos para o guri e o MP ter outra. A dica que esse exemplos nos dá é a seguinte: litisconsórcio entre o legitimado ordinário e o legitimado extraordinário é sempre unitário. Não há exceção.
Dois credores solidários se litisconsorciam para cobrar o crédito solidário. Unitário ou simples? Simples. Por que? Se envolve solidariedade, que é uma pergunta muito frequente em concurso, a solidariedade implica unitariedade? Porque a solidariedade é uma obrigação só, ela é una, de forma que à primeira pergunta, a resposta é sim, ou seja, a discussão envolve uma relação jurídica apenas (discutem a mesma relação). Daí, ser preciso fazer a segunda pergunta: A obrigação solidária é divisível ou indivisível? Ambas discutem a mesma relação. Mas para saber se é unitária, eu preciso saber se a obrigação solidária é divisível ou indivisível. Depende. Pode ser divisível ou indivisível. É aí que a gente erra. Se você tem a obrigação solidária de entregar dinheiro, é divisível; mas se for obrigação solidária de entregar um cavalo, é indivisível. A pergunta é a seguinte: a solidariedade implica unitariedade? Depende. É isso que eu quero que vocês aprendam. 
	O fato de o litisconsórcio ser unitário ou simples, faz com que o tratamento processual dele seja diferente. A unitariedade e a simplicidade fazem com que o tratamento dado ao litisconsórcio mude, seja um ou seja outro. Veja como tem lógica: se o litisconsórcio é unitário, todos têm que ser tratados como se fossemum só, uniformemente. Se o litisconsórcio é unitário. como a decisão unitária tem que ser a mesma para todos, todos têm que ser tratados uniformemente. Então, você vai tratar todo mundo igual. No simples, não. Como a decisão pode ser diferente, cada um que se vire no litisconsórcio simples, cada um que cuide da sua vida. 
	Pequena digressão:
	Há uma classificação doutrinária dos atos das partes que, nesse momento é muito importante e que já caiu (essa classificação) em concurso algumas vezes. Essa classificação divide os atos das partes em condutas determinantes e condutas alternativas.
	Conduta determinante – (Fixem bem esse conceito): É a conduta que coloca a parte em situação de desvantagem. Por que o nome conduta determinante? Porque a conduta determinante determina uma situação de desvantagem, leva a uma situação de desvantagem. Exemplo: confissão, renúncia, não recorrer, não contestar, desistir. Todas são condutas determinantes. 
	Conduta alternativa – O que é uma conduta alternativa? É uma conduta que a parte toma para melhorar a sua situação. Aqui é o contrário. A parte pratica o ato para dar uma guaribada em sua situação. E por que alternativa? Porque pode ser que não aconteça. Pode ser que não determine o resultado favorável. Eu ajo para melhorar minha situação. Exemplo: recorrer, contestar, alegar, fazer prova. Todas são alternativas. 
	Aferidas as diferenças entre as duas condutas, vejam as três regras básicas que vocês não podem esquecer:
1ª Regra básica – Conduta determinante de um litisconsórcio não prejudica o outro. Para isso não tem exceção. Agora, presta atenção: No caso do litisconsórcio unitário, uma conduta determinante só pode produzir efeito, só é eficaz se todos acreditarem. Se todos não recorrerem, se todos desistirem, se todos renunciarem. Porque se um só desistir, não adiantou nada. O processo vai prosseguir, afinal, é unitário. No unitário, a conduta determinante só é eficaz se praticada por todos os litisconsortes. Já no simples, a conduta determinante prejudica quem praticou. Não prejudica os outros. Quem a praticou fica prejudicado. No simples, aquele que não recorreu, se deu mal. 
2ª Regra básica – Conduta alternativa de um litisconsórcio unitário aproveita o outro. Se um litisconsórcio unitário recorre, aproveita aos demais porque conduta alternativa de litisconsórcio unitário beneficia todos porque todos são tratados como se fossem um só. 
3ª Regra básica – Conduta alternativa de litisconsórcio simples não beneficia o outro. Cada um que se vire. Há uma ponderação a ser feita nesta terceira regra. Existe um princípio, chamado princípio da comunhão da prova. E diz que a prova produzida pertence ao processo e não a quem a produziu. Pelo princípio da comunhão da prova, a prova que foi produzida no processo passa a pertencer ao processo como um todo. Se o litisconsórcio simples produz uma prova, qualquer sujeito processual se beneficia disso. Por que? Porque se o litisconsórcio simples produz a prova, a prova vai para os autos e entra na comunidade do processo e a comunidade inteira pode se valer dela. Produzir prova, embora seja uma conduta alternativa, qualquer um vai poder se beneficiar porque a prova produzida pertence ao processo.
	Vamos ao CPC:
		“Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.”
	Eu lhes pergunto: Esse dispositivo se aplica literalmente? Sempre! Os litisconsortes sempre são considerados litigantes distintos. E quanto aos atos e omissões de um não prejudicarem e nem beneficiam os outros, é sempre assim? Não. No caso do litisconsórcio unitário, os atos de um beneficiam os outros. Então, o art. 48 não pode ser aplicado literalmente a todas as espécies de litisconsórcio. 
	À época do Código de 1939, a doutrina costumava dividir o litisconsórcio de acordo com a causa que justificava o litisconsórcio. E essa causa era o grau de vínculo que os litisconsortes mantinham entre si. Isso era usado para classificar os litisconsórcios. E aí surgiu, à época, uma divisão do litisconsórcio em 
litisconsórcio por comunhão, 
litisconsórcio em razão da conexão e 
litisconsórcio em razão da afinidade. 	
Eles diziam que o litisconsórcio podia surgir em razão da comunhão dos litisconsórcios (quer dizer, os litisconsortes comungavam de uma mesma situação, faziam parte de uma mesma situação, comungavam do mesmo interesse). Quando eles tivessem interesses diversos, mas ligados entre si, amarrados, haveria um litisconsórcio por conexão. E se eles tivessem interesses diversos, parecidos, mas não ligados entre si, seria por afinidade. Aquele exemplo que eu dei, do FGTS e disse que pode ser aplicado poupança, previdenciário, etc., ali é caso clássico de litisconsórcio por afinidade. O litisconsórcio por afinidade é o litisconsórcio das causas repetitivas. O litisconsórcio por afinidade é sempre simples. E os outros? Não tem como estabelecer regra. Podem ser simples ou unitários. Apenas o litisconsórcio por afinidade é simples (sem exceção). 
	Pode vir no concurso com essa terminologia. À época do CPC de 1939, vejam que situação esdrúxula, o réu tinha o direito de recusar o litisconsórcio por afinidade ativo. O réu tinha o direito de dizer o seguinte: não aceito ser processado por essa galera. Não aceito. Eu não aceito a formação do litisconsórcio por afinidade. Por isso, se dizia o seguinte: o litisconsórcio por afinidade era recusável. E alguns doutrinadores chamavam esse litisconsórcio recusável, que era o por afinidade, de litisconsórcio facultativo impróprio. 
	O tempo passa, chegamos em 1973 e a previsão de recusa desaparece. Muitos dizem: morreu o litisconsórcio facultativo impróprio, o litisconsórcio recusável. A previsão de o réu poder opor-se ao litisconsórcio recusável desapareceu. Não obstante, o fato de o CPC manter essa organização. Nosso CPC atual mantém essa organização: litisconsórcio por comunhão, por conexão e por afinidade. Um resquício da época. Tudo no art. 46, do CPC. O inciso I trata do litisconsórcio por comunhão. O art. 46, II e III, por conexão. O art. 46, IV, litisconsórcio por afinidade. Por isso essa terminologia ainda é usada nos livros. É que o art. 46 continua fazendo referência a esses três níveis de vínculo entre os litisconsortes: comunhão, conexão e afinidade. 
	O que aconteceu entre 1973 e 1994? Esse período coincide com a divulgação do movimento de acesso à justiça, que pregava a idéia de que a justiça tinha que ser de todos. Até então, poucos sabiam que podiam ir ao Judiciário, o que fazer lá e o que pedir. Era um local que pertencia aos ricos. Um marco disso é o Juizado Especial. A primeira lei dos Juizados é de 1984. As pessoas começaram a se estimular. Muita gente passou a demandar, numa época histórica que começam as lesões de massa (todo mundo é lesado pela previdência, é todo mundo que acessa a internet, é todo mundo que tem acesso à telefonia, etc.). Todo mundo passa a ter problemas muito parecidos. O que começou a surgir? Litisconsórcio de multidão no pólo ativo. Multidão no polo ativo (600, 700 pessoas), nunca existiu na história. Surgiu esse problema que até então não existia. Litisconsórcio de galera, de multidão. Não havia livro que previsse uma coisa dessa. 
	O que acontecia? O Réu tinha 15 dias para se defender de uma demanda proposta por 600 pessoas. O que fizeram? Em 1994, tiveram que buscar de volta, ele, que havia sido assassinado dentro do CPC: o litisconsórcio facultativo impróprio, para resolver um problema do litisconsórcio multitudinário. Litisconsórcio de multidão, repito, é um problema do nosso tempo. Veio o legislador e resgatou o litisconsórcio facultativo impróprio: § único do art. 46:
	“Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo pararesposta, que recomeça da intimação da decisão. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)”
	Onde se lê litisconsórcio facultativo, leia-se litisconsórcio facultativo por afinidade. Qual é a peculiaridade neste dispositivo? A limitação tem que ser fundamentada. Não é mero capricho do réu. Só se justifica limitar se comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. 
	Agora, o juiz pode fazer de ofício, como tem feito. É uma regra que tem sido muito aplicada. Antigamente, o juiz não podia fazer de ofício. Tinha que ser provocado para isso. Agora pode fazer de ofício, mas também por provocação. E se for provocado pelo réu a fazer isso, vejam a pegadinha concursal: se o réu pede para que o juiz desmembre o litisconsórcio, esse pedido de desmembramento feito pelo réu interrompe o prazo de defesa que volta a correr a partir da decisão de desmembramento. Recentemente, caiu isso em concurso, mas o cara escreveu: “suspende”. 
	Pergunta de concurso para juiz em Rondônia (há uns cinco anos): “O que é litisconsórcio facultativo impróprio?” Resposta: Tudo começou no CPC de 39, que dividia o litisconsórcio em três; depois, 1973: mudanças econômicas e sociais, veio o litisconsórcio de multidão, que é o litisconsórcio de multidão, que é o litisconsórcio por afinidade, hipertrofiado, que tornou inviável a defesa do réu e o examinador teve que resgatar o antigo instituto, só que resgatou com algumas diferenças, com aprimoramentos: o juiz pode de ofício e tem que ter fundamentação específica.
	Vamos agora para a quarta classificação. É aqui que o bicho
	
4.	4ª Classificação
Litisconsórcio NECESSÁRIO
Litisconsórcio FACULTATIVO
	O próprio adjetivo já diz: necessário é aquele litisconsórcio cuja formação é obrigatória. Não há opção. Ele tem que ser formado. O facultativo, não. Ele se forma por opção dos litigantes. 
	A gente tem que saber quando ele é necessário porque se não for necessário é facultativo. Agora, todos prestando muita atenção: o CPC, no art. 47, estabelece os casos em que o litisconsórcio é necessário e estabelece dois casos: será necessário:
quando for unitário ou
por força de lei.
	O legislador disse: se é unitário, então é necessário. Regra geral. A lógica da lei é a seguinte: se a decisão tem que ser a mesma para todos, então, coloca todo mundo no processo. Esse é o sistema do código. Se é unitário, é necessário. 
	Mas o legislador, atento ao fato de que não pode pensar em tudo, disse que será necessário em situações específicas previstas em lei. Pode ser que a lei, aqui e acolá, exija o litisconsórcio. É o caso dos cônjuges, como vimos no início da aula.
	Grande dica: Se, para o Código, todo unitário é necessário, o litisconsórcio necessário por força de lei é simples. Vou explicar por quê: para que o legislador ia prever expressamente o litisconsórcio necessário se o caso fosse unitário? Não haveria motivo. Porque se é unitário ali, já seria necessário por força da regra geral. Para o legislador cuidar expressamente de uma situação, é porque é simples. Porque se fosse unitário, se aquela situação gerasse um litisconsórcio unitário, o legislador não precisaria cuidar dela expressamente. 
	É uma grande dica: Litisconsórcio necessário por força de lei é simples.
	Se você partir desse pressuposto, dificilmente vai errar. 
	Caso do usucapião de imóvel: litisconsórcio necessário por força de lei. Eu lhes pergunto: todo mundo prestando atenção na minha pergunta: “Todo necessário é unitário?” Resposta: Não! Existe necessário simples. Qual? Necessário simples por força de lei. Isso tem que constar do seu caderno.
	“Todo litisconsórcio simples é facultativo?” É a mesma pergunta! Eu coloquei de forma diferente para confundir. Todo litisconsórcio simples é facultativo? Não! Existe necessário simples. Isso cai demais! 
	Até aqui é fácil. Mas olhem: “Para o nosso CPC todo unitário é necessário.” para o Código no art. 47, todo unitário é necessário. Só que isso está completamente equivocado. E é este o ponto mais difícil do assunto. Porque aqui você vai ter que juntar unitário e necessário e vai ter que se contrapor a texto expresso do Código que diz que todo unitário é necessário. Basta ver os exemplos: Ação coletiva (MP e associação – unitário. É necessário? Não. Cada um pode propor sozinho). Então, existe unitário que não é necessário. Então, nem todo unitário é necessário. Isso está certíssimo. O mistério é descobrir quando o unitário não é necessário. Porque se você for aplicar o Código é muito fácil (se é unitário é necessário), só que você já viu um exemplo simples, banal que prova que nem todo unitário é necessário.
	Como saber? Eis a pergunta! Eu vou dizer a regra, mas só vou explicar na próxima aula. 
	É fácil saber quando o unitário não é necessário. Isso é fácil. Quando o unitário é ativo, ele é sempre facultativo. Sempre! Porque não existe litisconsórcio necessário ativo. Não existe necessário ativo. Como não existe litisconsórcio necessário ativo, todo unitário ativo é facultativo. Entendeu a lógica?
�����

Outros materiais