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RESUMO EM TÓPICOS DO TEXTO I – NUTRIÇÃO, INFLAMAÇÃO E ENFERMIDADE. NUTRIÇÃO, INFLAMAÇÃO E ENFERMIDADE A inflamação: indicador de enfermidade e lesão. O papel inflamação como um fator de risco para diversas enfermidades crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, câncer e diabetes tem sido estudado e descrito. Esforços têm sido feitos para identificar os fatores dietéticos que promovem ou inibem o processo inflamatório, influenciando no risco e na gravidade de doenças. TIPOS DE INFLAMAÇÃO Há interações entre sistemas de imunidade inata e adaptativa que combatem infecções e protegem o organismo para combater infecções e dessa forma agem juntos protegendo o corpo de doenças. Inflamação Aguda Resposta psicológica comparativamente de curta duração para lesão, irritação ou infecção. Os processos psicológicos responsáveis pela por essa inflamação causam vermelhidão, inchaço, febre e dor ao local afetado. Quanto aos sintomas físicos, há a criação novas células e a síntese da matriz de colágeno ,gerando a cicatrização de tecidos lesionados. A inflamação crônica Resposta psicológica de longa duração para um ou mais fatores, como exposição a toxinas ambientais e infecção microbial. Ativada quando os mecanismos da inflamação aguda falham em deter a infecção. Inflamação crônica é uma falha do sistema imunológico corporal em manter o estado homeostático. Se não tratada, causa danos as células e leva a sintomas clínicos de doenças. TIPOS DE IMUNIDADE Imunidade Inata Resposta imediata para lesões localizadas ou para invasões de agentes infecciosos. Duração e potência limitadas. O sistema imunológico inato desencadeia imunidade adaptativa , quando há sobrecarga. Primeira linha de defesa do corpo. Inicia quando a proteína sensor, inflamassoma, detecta uma substância tóxica e estimula os macrófagos a atacar as células nocivas. Macrófagos sintetizam receptores do tipo Toll(tipo de proteína regulatória) que ativam diversos mecanismos no processo inflamatório, incluindo a produção linfócitos 'naturalmente assassinos'; o fator nuclear kappa B (NF-kB), esse regula respostas imunológicas; e citocinas , que são proteínas envolvidas na sinalização celular. Imunidade Adaptativa Age quando imunidade inata falha em combater infecções. Respostas altamente especializadas para antígenos específicos. Dois tipos Imunidade Adaptativa: Humoral e Mediada por Células Imunidade Humoral: os linfócitos B, produzidos pela medula óssea, criam anticorpos em resposta à presença de antígenos. Imunidade Mediada por Células: os linfócitos T reconhecem fragmentos de peptídeos na superfície das células antígenas que podem escapar da detecção feita pelos linfócitos B. Tanto os linfócitos B quanto os T podem se dividir e se desenvolver em células efetoras as quais detectam e destroem células infectadas. Produz células de memória que reagem exposições de antígenos específicos. INFLAMAÇÃO E ENFERMIDADE Se o forem ineficientes a inflamação prolongada pode resultar em enfermidade. A transformação da inflamação crônica em abrange diversas vias biológicas. O funcionamento adequado da célula é prejudicado quando processos inflamatórios repetidos geram inúmeras respostas defensivas como a proliferação de leucócitos, angiogênese, reações oxidativas ,facilitando assim o surgimento de doenças. PROCESSOS INFLAMATÓRIOS O desenvolvimento da enfermidade depende do local da resposta inflamatória. Os principais fatores que geram as doenças podem variar mas a patologia que liga a inflamação crônica ao surgimento das mesmas, é marcada pelos mesmos processos. PRODUÇÃO ACELERADA DE CITOCINAS Citocinas Pequenos peptídeos que atuam como sistemas sinalizadores dentro do corpo e afetam muitos processos biológicos. São as principais agentes no combate a infecções , pois facilitam a comunicação entre os sistemas imunológicos inato e adaptativo. . Citocinas proinflamatórias, como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF- alpha), são lançadas como respostas defensivas a infecção e trauma. Citocinas anti-inflamatórias,tem ação contrárias das citocinas proinflamatórias e promovem cicatrização.São exemplos das anti- inflamatórias fator de crescimento transformador beta (TGF- beta) e a interleucina 10 (IL-10). Quando em níveis elevados as citocinas proinflamatórias são biomarcadores de inflamação. CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DOS REAGENTES DE FASE AGUDA O lançamento de citocinas na corrente sanguínea faz com que o fígado produza diversas de proteínas conhecidas como reagentes de fase aguda (APRs), os quais respondem a traumas e infecções, servindo como biomarcadores de inflamação. Durante a inflamação crônica, a concentração dos APRs no plasma cresce (APRs positivos) ou decresce (APRs negativos) no mínimo 25%, podendo chegar às vezes a 1000%. Exemplos de APRs positivos incluem a proteína reativa C (CRP) e serum amyloid A (SAA), enquanto os APRs negativos incluem albumina e a transferrina. ESTIMULO DE VIAS DE SINALIZAÇÃO INFLAMATÓRIAS Principal forma de comunicação corporal. Direciona e regula todas as atividades celulares. Costumam controlar mais de uma atividade e se comunicam entre si (crosstalk). Um exemplo é quando a via do monofosfato cíclico de adenosina (cyclic adenosine monophosphate) responde aos efeitos de diversos hormônios e neurotransmissores, ajudando a regular vários processos biológicos , como a glicogenólise, a lipogênese e as atividades de neurotransmissoes. A via de sinalização do NF-kB é exemplo de uma via de sinalização proinflamatória, a qual leva macrófagos e neutrófilos a responder a patógenos. BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS NA DOENÇA Obesidade Associado a distúrbios crônicos, incluindo doença cardiovascular, diabetes, hipertensão, síndrome metabólica e doença hepática gordurosa não alcoólica, assim como vários tipos de câncer. A inflamação abdominal está associada com inflamação crônica de baixa intensidade. Essa gordura faz as células adiposas crescerem e mudarem de forma, causando necrose e prejudicando as adipocinas. O tecido adiposo produz moléculas bioativas chamadas de adipocinas . As adipocinas tem efeitos como regularação da ingestão de comida, gasto energético, dentre outros. . Os macrófagos do tecido adiposo respondem ao aumento no número e na massa de adipócitos por meio do estímulo à secreção de citocinas pró- inflamatórias TNF-alpha, IL-6 e IL-1 beta, que mandam sinais ao fígado para produzir CRP (proteína C reativa) e iniciar a sinalização da resposta inflamatória. Comparados com indivíduos de peso normal, pessoas obesas saudáveis tem níveis maiores de citocinas pró-inflamatórias e CRP. Síndrome Metabólica Considerado fator de risco para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Ela é definida pela ocorrência de condições como obesidade abdominal, hiperinsulinemia, hiperglicemia, hipertensão, níveis baixos de HDL, e aumento de triglicerídeos. Marcada pela inflamação crônica resultando em altos níveis citocinas pró- inflamatórias circulantes TNF-alpha e IL-6 e elevados níveis séricos de CRP. Concentrações plasmáticas de CRP maiores do que 3mg por litro são um indicador independente de síndrome metabólica. Quando prolongada a inflamação crônica causada pela síndrome aumenta a resistência à insulina, tolerância à glicose e gera níveis anormais de lipídeos. Diabetes Acredita-se quea obesidade abdominal é a fonte da inflamação crônica que acompanha a diabetes tipo 2. É acompanhada pelo aumento nos níveis circulantes de citocinas pró- inflamatórias TNF-Alpha e IL-6, assim como pelo decréscimo nos níveis de citocinas antiinflamatóriass IL-10. Há a elevação de níveis plasmáticos de reagentes da fase aguda, como SAA e CRP. Aumenta os níveis de fibrinogênio. O efeito final dessas ações é hiperglicemia, aumento da resistência insulínica, aumento do risco de trombose e metabolismo anormal de lipoproteínas. Aterosclerose Antes se pensava que era um do acumulo de gordura nas paredes das artérias. Já na atualidade, sabe-se os processos inflamatórios são estão por trás do desenvolvimento das placas de ateroma Fumo, hipertensão e dietas ricas em gordura são fatores de risco cardiovascular. Esses fatores estimulam os endoteliócitos da artéria a secretar uma proteína de adesão que adere os leucócitos à parede do vaso. O depósito contínuo de leucócitos estimula a secreção de citocinas pró-inflamatórias fazem com que os macrófagos a englobem os lipídeos, formando a placa e o dano ao vaso, aumentando o risco de aneurisma, derrame até mesmo enfarto. Câncer Inflamação crônica, infecção e dano tecidual estão associados com um aumento do risco de vários tipos de câncer. Durante o processo normal de recuperação, os macrófagos ajudarão a combater a infecção e retornar à homeostase. Quando há o descontrole da atividade dos macrofagos nos processos inflamatórios eles se relacionam ao desenvolvimento de câncer. Os macrófagos geram substâncias que podem induzir à mutações levando ao desenvolvimento do câncer. Citocinas pró-inflamatórias como IL-1 e TNF- Alpha bloqueiam o reparo do DNA e promovem metástase e crescimento tumoral. Artrite reumatóide Doença autoimune marcada pelo crescimento desordenado do tecido sinovial nas juntas que leva à inflamação, dor e inflamação. Desenvolve-se quando proteoglicanas constituintes da cartilagem agem como antígenos, estimulando linfócitos T a produzirem várias citocinas proinflamatórias, como TNF-Alpha e IL-4, 5 e 6. A produção dessas citocinas leva à inchaço da junta, dor e eventual destruição da articulação. Nutrição e Inflamação Nutrientes têm um papel fundamental na promoção e no combate de processos inflamatórios. Nutrientes proinflamatórios A alta ingestão de calorias estimula o crescimento e a proliferação de células adiposas e gera obesidade abdominal, aumentando o risco de diabetes, síndrome metabólica e outras. O excesso de carboidratos, com alto índice glicêmico e ricos em açucare, foi relacionado às doenças crônicas como a obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2. O consumo de gorduras trans é um conhecido fator de risco para ataques cardíacos, também induzem resposta inflamatória no tecido cardíaco As gorduras saturadas são capazes de meio do estimular à produção de macrófagos e a secreção de citocinas proinflamatórias. O consumo de óleos ricos em ômega-6 e ácido linoleico subiram nas últimas Omega-6 é precursor de eicosanoides proinflamatórios. O ácido linoleico é convertido em ácido araquidônico pelo fígado que se transforma em prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. Essas moléculas têm efeitos negativos na agregação plaquetária, pressão sanguínea e função imunitária e estimulam a produção de citocinas proinflamatórias. Nutrientes antiinflamatórios Os ácidos graxos ômega-3, EPA e DHA, encontrados em peixes gordurosos e óleo de peixes suprimem a produção de eicosanoides proinflamatórios e estimulam a síntese de eicosanoides antiinflamatórios (lipoxinas) a partir do ácido araquidônico. O ômega-3 reduz a geração de citocinas proinflamatórias TNF-Alpha, IL- 1 beta, IL-6 e IL-8. Além disso, EPA e DHA podem ser convertidos em compostos chamados de resolvinas, que inibem a sinalização pró – inflamatória. Sementes de chia, nozes, óleo de canola e de linho são fontes de ômega-3 e ácido alpha linoleico (ALA). Embora o ALA tenha se mostrado promissor no combate ao processo inflamatório, EPA e DHA parecem eficazes em seu papel anti-inflamatório. Ácido ascórbico Conhecido como vitamina C, é antioxidante defende as células contra a peroxidação dos lipídios e expulsa espécies reativas de oxigênio e nitrogênio assim como hidroxilas, peróxidos, superóxidos, radicais nitróxido e peroxinitrito. Suporta fagocitose por macrófagos e estimula a atividade do linfócito “natural killer”, gerado durante a resposta imunitária inata A síntese de colágenos, vitamina C também reduz os danos nos locais inflamados do tecido. O consumo de vitamina C reduz significativamente o nível plasmático do pró- inflamatório das prostaglandinas e PCR. Níveis plasmáticos de vitamina C são inversamente relacionados com sintomas dos efeitos da dieta Mediterrânea na artrite reumatóide, e melhora função endotelial em um estudo clínico de indivíduos com hipertensão. Vitamina E Forma mais comum na dieta é alfa- e gama- tocoferol. Encontrada em sementes, nozes e óleos vegetais são fontes de gama tocoferol, enquanto suplementos comumente contêm alfa tocoferol. Alfa- e gama- tocoferol têm atividades biológicas diferentes. Alfa- tocoferol expulsa radicais livres e previne a oxidação lipídica. Inibe a liberação de citocinas pró-inflamatórias e reduz níveis de PCR. Gama- tocoferol diminui atividade pró-inflamatória NF-Kb e TNF- alfa e inibe a síntese de prostaglandinas. . Alfa tocoferol diminui significativamente níveis circulantes de gama- tocoferol, diminuindo suas propriedades antiinflamatórias. Alfa- e gama- tocoferol podem ter efeitos sinérgicos sobre inflamação. Polifenóis Esses compostos aromáticos são encontrados em frutas, vegetais, entre outros. São dividos em flavonoides e lignanas. Muitos polifenóis mostram potentes efeitos antiinflamatórios. Estudos prospectivos sugerem que polifenóis inibem enzimas envolvidas em prostaglandinas e síntese de leucotrieno, evitando a formação de radicais livres, diminuindo a produção de citocinas pró-inflamatórias. Flavonóides Flavanones naringerina e hesperidina. Flavanóis :miricetina, kaempferol. Quercetina. Flavonas luteolina. Apigenina. Catequinas. Antocianinas. Ácidos fenólicos (ácido cafeico, ácido gálico e ácido ferúlico) são encontrados no café, azeite, chá, grãos, amendoins e bagas. Lignana Lignanas (secoisolariciresinol e matairesinol) são encontradas principalmente em sementes de linhaça. O polifenol resveratrol, classificado como estilbenoide, é encontrado em vinho tinto e bagas. Prebióticos e probióticos Prebióticos São não digeríveis, não absorvíveis, são substâncias que podem ser fermentadas por bactérias no intestino, promovendo o crescimento da microflora desejável. Inclui oligofrutose e inulina, um tipo de fibra dietética. Inulina é um aditivo em muitos alimentos preparados comercialmente e vendido como um suplemento dietético. Presente em chicórias, alcachofras de Jerusalém e cebolas. Testes clínicos têm ratificado os efeitos antiinflamatórios. Lactentes e crianças com diarréia tiveram melhoras quando dada inulina suplementar. Probióticos São como “microorganismos vivos”, se utilizados em quantidades adequadas, são saudáveis. . São bactérias classificadas principalmente como lactobacilos ou bifidobactérias; ambos fazem parte da flora intestinal e podem fermentar lactose. Encontrados em alimentos lácteos cultivados como iogurte. Há estudos e investigação no seu uso para melhora na atividade inflamatória em enfermidades como a doença de Crohn. Comidas antiinflamatórias Diversos alimentos e dietas são eficazes no combate aos processos inflamatórios subjacentes associados à doença crônica. Uma dieta rica em frutas e vegetais é eficaz contra inflamação crônica. Esses contêm vitaminas, minerais, fibras e polifenóis Um estudo mostrou que indivíduos que consumiam mais frutas e vegetais tinham níveis plasmáticos bem mais baixos de pró inflamatória PCR, IL-6 E TNF-alfa assim como diminuição dos biomarcadores de estresse oxidativo. De acordo com estudos, a dieta Mediterrânica mostra-se eficaz na redução de níveis plasmáticos de biomarcadores pró inflamatórios, incluindo moléculas de adesão endotelial, PCR, TNF-alfa e NF-kB.Nessa dieta , há o consumo de vegetais , peixe e a azeite. Fibra alta, alimentos de baixo IG parecem ter um efeito benéfico em biomarcadores inflamatórios. Alimentos integrais contêm farelos intactos e componentes germinativos, que são fontes de fibra, fitoquímicos, vitaminas e minerais. Esses podem ajudar redução da inflamação associada com síndrome metabólica, diabetes e doenças cardiovasculares. Perda de peso é conhecida por ter efeitos benéficos na síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e outras condições crônicas. Direções futuras Evidências que apoiam o papel da dieta tanto na promoção como no impedimento dos processos inflamatórios estão aumentando. Pesquisas adicionais são necessárias para identificar os efeitos independentes e interativos dos alimentos e nutrientes e para avaliar o papel protetor dos suplementos no combate à inflamação. Recomendações clínicas Diversas estratégias dietéticas eficazes para redução da inflamação crônica e do risco de doenças. Há indivíduos com doenças crônicas que se sentem sobrecarregados quanto à mudança de estilo de vida exigida. Alguns pacientes podem estar alheios quanto à importância da dieta Nutricionistas podem enfatizar, a seus pacientes, a importância das mudanças e da dieta para melhora nos quadros de infecção. Incentivar pacientes a aumentar sua ingestão de frutas, legumes , opções mais saudáveis e reduzir e alimentos carregados com gorduras trans e saturadas. É importante para nutricionistas enfatizar os benefícios e concentrar-se em metas personalizadas e na fixação de objetivos possíveis ajudando seus pacientes fazerem mudanças de dietas duradouras que irão combater a inflamação e aumentar a saúde global. Dez (10) maneiras que alimentos podem reduzir inflamação A alimentação adequada pode reduzir a inflamação e melhorar a saúde Aumentar o consumo de frutas e legumes Objetivo de comer quatro ou cinco porções Cozinhar com azeite tanto quanto possível Antioxidantes Lanche com nozes ao invés de batatas fritas Fornecem fibras Minerais Antioxidantes Ácidos graxos benéficos para o coração Coma um cereal de grãos integrais Aveia Coma peixe gordo Salmão Ácidos graxos ômega 3 Coma menos fast foods. Substitua batatas brancas por batatas doces. têm muitas Reduza bebidas açucaradas Coma mais lentilhas e feijão. Fontes de proteínas Substitui carne vermelha nas refeições 10 Munch* em chocolate escuro e framboesas frescas Antioxidantes RESUMO DO TEXTO II -- REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL EM DIFERENTES ESTADOS TÉRMICOS: ÊNFASE NA ANAPIREXIA INTRODUÇÃO Temperatura tem grande influencia na fisiologia animal. A manutenção temperatura corporal (Tc) é indispensável afeta parâmetros fisiológicos e bioquímicos . A maioria das espécies endotérmicas – mamíferos e aves – praticamente não altera sua Tc diante de uma ampla faixa de flutuação da temperatura ambiente (Ta), por meio de mecanismos termorreguladores autonômicos e comportamentais. Os mecanismos termorreguladores autonômicos permitem que o organismo evite variações em sua Tc mesmo que a Ta sofra grandes alterações. Entre esses mecanismos estão os de ganho (conservação e produção) e os de perda de energia na forma de calor (Branco e col., 2005). A conservação de energia térmica se dá por vasoconstrição periférica e piloereção. Tremor pode resultar na produção de energia térmica. Vasodilatação periférica, sudorese são mecanismos de perda de energia térmica. O mecanismo termorregulador está relacionado ao contato com superfícies mais quentes ou frias ou à procura por ambientes com temperaturas de conforto, que facilitem ou evitem a troca de calor entre o animal e o ambiente. Atualmente, tem-se observado um grande avanço no entendimento dos mecanismos neurais envolvidos na termorregulação, especialmente de mamíferos e em estados fisiopatológicos como febre e anapirexia. Desse modo, nessa revisão serão abordados alguns aspectos do controle da Tc pelo sistema nervoso central (SNC), além da apresentação dos 5 estados térmicos descritos até o momento. Ainda, uma sessão será destinada à anapirexia, um estado térmico ainda pouco conhecido, mas que tem despertado o interesse dos pesquisadores devido ao seu potencial terapêutico. PAPEL DO HIPOTÁLAMO NA REGULAÇÃO DA TC Os mecanismos termorreguladores são controlados pelo SNC, em uma região chamada área pré-óptica do hipotálamo anterior (APO), localizada na transição entre o diencéfalo e o telencéfalo de vertebrados. A APO contém neurônios sensíveis ao calor (C), que aumentam sua atividade com o aumento da temperatura, inibindo mecanismos de ganho e ativando mecanismos de perda de energia sob a forma de calor. O modelo atual de mecanismo neuronial hipotalâmico de regulação da Tc sugere que os neurônios C aumentem sua frequência de disparos com o aumento da Tc. Diante de uma elevação da Ta ou Tc, quando os receptores cutâneos ou espinais sensíveis ao aumento de temperatura são ativados, a atividade dos C se sobrepõe causando estimulação da perda e inibição da produção de energia térmica levando à manutenção da Tc. Por outro lado, frente ao frio, quando os receptores cutâneos e/ou espinais de frio são ativados, há inibição da atividade dos C.Isso leva a redução de perda e aumento de produção de energia térmica com consequente manutenção da Tc. Considera-se que a APO exerça desta forma um importante papel integrador de todas as informações térmicas vindas das várias regiões do organismo, além de ser inerentemente sensível a alterações térmicas locais (Matsuda e col., 1992; Boulant, 1998). ESTADOS TÉRMICOS Eutermia:condição em que o animal (em repouso) apresenta a Tc típica da espécie, empregando ou não energia metabólica extra, isto é, além daquela já consumida pelo metabolismo basal. Hipertermia e Hipotermia são resultantes de falha do sistema termorregulador em manter o estado eutérmico . Hipertermia: aumento extremo da Ta e da Tc . Hipotermia: redução extrema. Febre: quando mecanismos de ganho de energia térmica elevam a Tc e representa uma alteração regulada. É uma reação fisiopatológica resultante, do contato com agentes infecciosos. A elevação da Tc traz aumento das funções do sistema imune e da sobrevivência. Anapirexia: queda regulada da Tc. Não se fatores como de baixa disponibilidade de água, alimento e/ou oxigênio, como durante períodos de estivação, hibernação, torpor, exposição a grandespodem induzir a anapirexia. ANAPIREXIA Tem benefícios da que refletem no aumento da sobrevida durante exposição à hipóxia. Induzida pela hipóxia (queda da pressão parcial de O2) . O oxigênio é indispensável para metabolismo oxidativo e para a síntese de ATP. Lesões celulares irreversíveis podem ser geradas se houver insuficiência deO2. Pode ser uma resposta adaptativa como no caso de alguns mamíferos por viverem em situações de hipóxia como na apneia. O organismo gera respostas adaptativas que causam menos danos como diminuição do consumo de oxigênio , sendo essa uma resposta adaptativa vantajosa. Sabe-se que a queda de Tc induzida por hipóxia é resultado de um decréscimo na produção de energia térmica e um aumento na perda desta por calor . A queda da Tc induzida pela hipóxia é um mecanismo regulado, e não uma ausência de controle por causa da baixa disponibilidade de oxigênio. Estudos evidenciam que a anapirexia não é uma falha no sistema termorregulador como a hipotermia. Em situações em que o O2 constitui um fator limitante, como hemorragia e anemia, é utilizada a técnica terapêutica de hipotermia forçada facilitando assim, a recuperação e o tratamento do paciente. A hipotermia forçada é benéfica, mas se mostra desvantajosa (diferentemente da anapirexia) devido ao aumento do gasto energético tornando necessário o uso de fármacos . Dopamina e Serotonina foram descritas como mediadores químicos da anapirexia induzida por hipóxia atuando na região anteroventral da APO (AVPO – sítio pré- óptico envolvido no desenvolvimento da anapirexia e da febre). Receptores kappa participam da indução da queda de Tc durante exposição à hipóxia e os receptores mi e delta estão envolvidos no retorno da Tc ao estado eutérmico após o término do estímulo hipóxico (Scarpellini e col, 2009). Anapirexia parece ser o resultado da ação de agentes químicos indutores e inibidores da queda de Tc, atuando no SNC. CONCLUSÃO Avanço tem sido notados a respeito dos mecanismos termorreguladores no mas ainda há muito que se pesquisar nesse campo, como as vias específicas (sensores, processamento central e efetores) envolvidas em cada estado térmico, inclusive na anapirexia. Quanto a anapirexia o estudo (Scarpellini e col., 2009) juntamente com os dados da literatura (revisado por Branco e col. 2006 e Bicego e col, 2007) indicam que a APO é uma região encefálica chave para a redução da Tc durante a exposição à hipóxia, onde atua uma combinação de agentes indutores e inibidores de tal resposta.
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