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Análise de Stakeholders: um estudo exploratório José Pires de Araújo Júnior Administrador de Empresas Pós-graduado em Marketing, Mestrado em Gestão Empresarial, Mestrando em Estratégia. Professor da Faculdade Tecnologia Gráfica e da Pós-Graduação em Gestão da Inovadora da Empresa Gráfica. Resumo Este trabalho pretende investigar a análise de Stakeholders. Através de uma revisão bibliográfica, busca-se expor seus conceitos e classificações, além de expor algumas de suas potencialidades, limitações e metodologias. Paravra Chave: Stakehoders Introdução Os benefícios produzidos pela elaboração do panorama de negócios podem ser reconhecidos pela própria aplicação que se faz nos dias atuais, assim como pela notoriedade dos autores que circunscrevem seu referencial teórico. Porém, é consenso entre os estrategistas que as ferramentas clássicas de elaboração de panorama de negócios não atendem todas as suas expectativas. Pode-se citar a necessidade de informações e o mapeamento das relações-chaves, questões em destaque na descrição do processo de mapeamento do panorama de negócios em Ghemawat (1999), como freqüentes dificuldades para a elaboração do panorama, mas não sendo as únicas, abre-se a possibilidade de investigação sobre outras formas de análise. Day (1999) ainda aponta outras dificuldades, como a falta de uma orientação efetiva quanto a onde estabelecer as fronteiras no sentido de caracterizar os atores a serem considerados na análise, o fato de eventuais complementos não serem levados em consideração, a suposição implícita de que as forças atuantes no setor representam agentes que desempenham papéis bem-definidos e estáveis e as falhas na tentativa de capturar a complexidade dos setores emergentes nos quais as distinções entre clientes, fornecedores e competidores estão cada vez mais indefinidas, e onde as regras de associação são mutáveis. Muitos são os autores que criaram alternativas para as questões supracitadas, como Ghemawat (1999) e Brandenburger e Nalebuff (1995), porém ainda existe a necessidade de surgimento de novas propostas que aumentem a viabilidade da elaboração de um panorama. Este trabalho pretende, através de uma revisão bibliográfica, investigar conceitos chaves da análise de stakeholders procurando identificar suas potencialidades, limitações e metodologias, considerando que esta pode ser uma ferramenta que complete as análises tradicionais, podendo apresentar vantagens e, em alguns casos, além de tornar mais conveniente à elaboração do panorama de negócios, minimizar as dificuldades supra citadas. Em um primeiro momento, defini-se o que é stakeholder e, para tanto, são expostas às visões dos autores: Freeman e Reed (1983) Freeman (1988), Alkhafaji (1989), Thompson, Wartick e Smith (1991), Bowditch e Buono (1992) e Clarkson (1994). Em seguida, expõe-se diversas formas de classificação defendidas por Mitchel, Agle e Wood (1997), Wood (1990), Bethlem (2001). Por fim, justifica-se a utilização da análise de stakeholders com base em Mitroff e Linstone (1993) e Boaventura (2005) além de expor uma metodologia de análise a luz de Amaral (2000) e Boaventura e Fishmann (2003) O conceito e a classificação de Stakeholders Analisar os stakeholders é analisar o ambiente em que a empresa está inserida e avaliar a influência que os atores deste ambiente têm sobre a empresa e como eles podem interferir no meio ambiente em que a empresa se insere. Segundo Rowley (1997), a Teoria dos stakeholders está centrada basicamente em duas correntes relacionadas: 1) a definição do conceito de stakeholder; e 2) a classificação dos stakeholders em categorias que permitam um entendimento das suas relações individuais. Alguns conceitos de Stakeholder foram divididos por autores conforme nos mostra Quadros, G.A.S. de et all (2003). Figura 1- O Conceito de Stakeholder Autor Conceito de Stakeholder Freeman e Reed (1983) Aqueles grupos dos quais a organização é dependente para sua sobrevivência continuada. Freeman (1988) Qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela conquista dos objetivos de uma empresa. Por exemplo: acionistas, credores, gerentes, empregados, consumidores, fornecedores, comunidade local e o público em geral. Alkhafaji (1989) Grupos pelos quais a corporação é responsável. Thompson, Wartick e Smith (1991) Grupos que tenham relações com a organização. Bowditch e Buono (1992) Grupos ou pessoas identificáveis dos quais a organização depende para sobreviver: acionistas, funcionários, clientes, fornecedores e entidades governamentais. Clarkson (1994) Suportadores de risco voluntários ou involuntários. Fonte: G.A.S. de et all (2003). Existem diversas maneiras de classificação dos Stakeholders na literatura, pretende-se organizar algumas dessas classificações e mostrar de que maneira podem ser utilizadas. Figura 2 - Atributos para a identificação das diferentes classes de stakeholders Poder é a habilidade daqueles que possuem poder para fazer acontecer os resultados que desejam. Legitimidade é uma percepção generalizada ou uma suposição de que as ações de uma entidade são desejadas, próprias ou apropriadas dentro de algum sistema de normas, valores, crenças e definições, socialmente definidas. Urgência é como algo que dirige as ações e que é imperativo, porém duas condições devem ser observadas: percepção do tempo e importância do stakeholder. Fonte: Mitchel, Agle e Wood (1997) Esses autores tentam mostrar alguns atributos para a identificação das diferentes classes de stakeholders. Eles sugerem que as classes de stakeholders podem ser identificadas pela posse (real ou atribuída) de um, dois ou todos os três atributos descritos na figura 2. Neste contexto, o modelo dos stakeholders adotado neste estudo – conforme Mitchel, Agle & Wood (1997) – sugere que o comportamento estratégico é afetado por diversos grupos situados em seu ambiente e que as estratégias da organização devem buscar satisfazê-los da melhor maneira possível. Outrossim, para avaliar a importância dos stakeholders, esses autores estabelecem três premissas: 1) os gerentes, para alcançarem determinados objetivos, dão mais atenção a certas classes de stakeholders, de acordo com as circunstâncias; 2) a importância do stakeholders depende da percepção dos gerentes; e 3) as várias classes de stakeholders devem ser identificadas segundo a posse (real ou atribuída) de um, dois ou três dos seguintes atributos: poder legitimidade e urgência Quadros G.A.S. de et alli (2003). Para Wood (1990) os stakeholders são classificados de duas maneiras, os primários - proprietários, clientes, fornecedores empregados e a concorrência - e os secundários - governos internos, governos externos, mídia, comunidade, organizações sem fins lucrativos, analistas financeiros, instituições financeiras. Segundo Mitchell, Agle et al., existem sete tipos de stakeholders que são classificados, conforme a figura abaixo. Figura 3 – Os tipos de stakeholders de Mitchell, Agle et al.. Stakeholder Adormecido É aquele que tem poder para impor sua vontade na organização, porém não tem legitimidade ou urgência e assim seu poder fica em desuso, tendo ele pouca ou nenhuma interação com a empresa. Entretanto, a gestão deve conhecer stakeholder para monitorar seu potencial em conseguir um segundo atributo. Stakeholder Arbitrário É aquele que possui legitimidade, mas não tem poder de influenciar a empresa e nem alega urgência. A atenção que deve ser dada a essa parte interessada diz respeito à responsabilidade social corporativa, pois tendem a ser mais receptivos. Stakeholder Reivindicador Quandoo atributo mais importante na administração do stakeholder for urgência, ele é reivindicador. Sem poder e sem legitimidade, não devem atrapalhar tanto a empresa, porém devem ser monitorados quanto ao potencial de obterem um segundo atributo. Stakeholder Dominante É aquele que tem sua influência na empresa assegurada pelo poder e pela legitimidade. Espera e recebe muita atenção da empresa. Stakeholder Perigoso Quando há poder e urgência, porém não existe a legitimidade, o que existe é um stakeholder coercitivo e possivelmente violento para a organização, o que pode ser um perigo, literalmente Stakeholder Dependente É aquele que tem alegações com urgência e legitimidade, porém dependem do poder de um outro stakeholder para verem suas reivindicações sendo levadas em consideração. Stakeholder Definitivo Quando o stakeholder possui poder e legitimidade ele praticamente já se configura como definitivo. Quando além disso ele alega urgência, os gestores devem dar atenção imediata e priorizada a esse. Fonte: Mitchell, Agle et al. (1997, p. 874 tradução livre) Por fim, pode-se ainda citar Bethlem (2001: 153), que sugere uma classificação em duas modalidades. Sendo os internos - empregados, dirigentes e os acionistas, que na verdade estão na fronteira entre externos e internos – e externos Clientes, compradores ou consumidores, fornecedores, governo. Porque usar análise dos Stakeholders Segundo Boaventura (2005), há no meio acadêmico internacional uma área de pesquisa do futuro, conhecida como FS – Future Studies. Uma investigação dos métodos de análise do futuro encontrados na área de FS que podem ser úteis para o campo da estratégia empresarial aponta para os métodos de previsões e de cenários. A identificação dos stakeholders por si não leva a conclusões sobre o ambiente Mitroff e Linstine (1993:146), mas é possível identificar qual o ambiente em que a indústria está inserida e a partir daí identificar variáveis chaves para elaborar um estudo mais aprofundado sobre o ambiente da indústria e assim organizar a elaboração de seu panorama de negócios. Em indústria, onde a alta concorrência e os dados econômicos são pouco conhecidos, as metodologias tradicionais para o estudo e elaboração de estratégias ficam prejudicadas, podendo levar os estrategistas a erros na tomada de decisão, causando prejuízos econômicos e financeiros. A análise dos stakeholders pode ajudar os estrategistas a compreender o ambiente e assim viabilizar uma visão panorâmica de onde a indústria em questão está inserida. Ainda é possível criar cenários á partir dos stakeholders e identificar as variáveis chaves e tendências de futuro, a fim de criar subsídios para a decisão estratégica. Metodologia de Análise dos Stakeholders Partido do princípio de que os stakeholders são os interessados na indústria de alguma forma, é necessário como primeiro passo metodológico identificá-los e identificar quais são os seus interesses e influências. Segundo Amaral (2000) o modelo de stakeholders articula-se, segundo alguns elementos e focos que são pertinentes, tais como: a) os temas; b) os próprios dos stakeholders e c) as arenas. Definimos os stakeholders com grau de alinhamento entre grupos de interesses e os objetivos desses grupos. O modelo de análise dos stakeholders apresenta como vantagens a definição dos grupos de interesse pertinentes àquela indústria que está sendo abordada. Neste ponto é necessário um alinhamento dos stakeholders, para identificar seus interesses e grau de influência, Amaral (2000), sugere o seguinte questionário genérico: 1) Qual tema ou conjunto de temas? 2) Quais são os mais importantes stakeholders? 3) Qual o interesse de cada stakeholders e a respectiva intensidade? 4) Quais as reivindicações, demandas e contrapontos resultantes de cada interesse? 5) Quais as diferenças e semelhanças existentes entre os interessados e ou entre os stakeholders? 6) De que forma os stakeholders serão capazes de influenciar os temas? 7) De que forma a instituição influenciará os stakeholders? 8) Como estabelecer prioridades entre os interesses os stakeholders? 9) O que a instituição deve fazer? E o que a organização é capaz de fazer? Tendo alinhado os interesses e grau de influência dos stakeholders e tendo contextualizado o grau de influência de cada stakeholder inicia-se a entrevista com especialistas do setor industrial que está sendo analisado. Boaventura e Fischaann (2003) definem especialista como o individuo que tem especial conhecimento sobre o fenômeno em estudo e evidenciam a importância de identificar aqueles com notório conhecimento do ambiente em estudo e da seleção daqueles pertencentes a distintas categorias de stakeholders. Conclusão Muito embora a retomada dos conceitos de stakeholders seja recente no mundo da estratégia empresarial, ela permite aos estrategistas entender algumas variáveis que eram até então nebulosas na análise das indústrias, tornando-se um importante recurso na criação de subsídios para a tomada de decisão estratégica. Em mercados de alta concorrência e de baixo grau de informações a análise dos stakeholders merece destaque por ser uma ferramenta eficaz e extremamente conveniente, pois permite desenvolver o panorama de negócios além de identificar as variáveis-chaves para a elaboração de cenários. As dificuldades para sua aplicação giram entorno da necessidade de ter acesso a especialistas de diferentes classes de stakeholders. A não observância deste item torna-se não inviável, extremamente tendenciosa a análise. Por fim, tendo executado a investigação proposta, sugerem-se novos estudos que explorem outras metodologias e até mesmo as possíveis complementaridades entre a análise de stakeholders e a estratégia empresarial. Referências AMARAL, Erenilda Custódio dos Santos. Inteligência competitiva. Universidade Federal da Bahia – Instituto de Ciência da Informação, 2000. ALKHAFAJI, A. F.. A Stakeholder Approach to Corporate Governance. Managing in a Dynamic Environment. Westport, CT: Quorum Books, 1989. BOAVENTURA,João M.G. Desenvolvimento de um Método para Gerar as Variáveis- Chave de Cenários: um Ensaio no Setor Automação Comercial no Brasil. Anais do XXIX. Brasília: 2005. BOWDITCH, J .I., BUONO, A. F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992. 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