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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA DETERMINAÇÃO DO CALOR LATENTE DE VAPORIZAÇÃO TOLEDO/PR 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA MATHEUS ALLAN MAIOR MATHEUS PIASECKI PEDRO VINICIUS DE SIQUEIRA THIAGO HENRIQUE JORIS DETERMINAÇÃO DO CALOR LATENTE DE VAPORIZAÇÃO TOLEDO/PR 2014 Relatório entregue como requisito parcial de avaliação da disciplina de Laboratório de Engenharia Química I do curso de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo. Prof. Me. Lucas Maycon Hoff Zeni. i RESUMO Uma substância pura é aquela que tem composição química invariável e homogênea, podendo existir em mais de uma fase. Uma mudança de fase de uma substância pura ocorre sem a variação da temperatura, mas com transferência de calor. O efeito térmico de vaporização de uma substância líquida é chamado de calor latente de vaporização, sendo importante a sua determinação dentro da indústria química dentro da questão energética. Nesta prática determinou-se experimentalmente a entalpia de vaporização de uma substância pura a partir da curva de pressão de vapor e do emprego das equações de Clapeyron e Claussius-Clapeyron. Com os resultados obtidos na prática de diferença de altura do manômetro, a temperatura e a pressão da bomba de vácuo, foi possível a construção de uma regressão linear para a equação de Antoine, quando o parâmetro C é nulo. Para o caso em que C não é nulo, utilizou-se uma regressão não-linear para determiná-lo. Os resultados encontrados foram satisfatórios, uma vez que os valores encontrados na literatura para a entalpia de vaporização estão dentro do intervalo de incerteza das medidas obtidas experimentalmente. Entretanto, os valores dos parâmetros de Antoine determinados apresentaram grande desvio relativo, causado provavelmente por limitações de software ou erros instrumentais ou de coleta de dados. ii ÍNDICE LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. iii LISTA DE TABELAS .............................................................................................. iv NOMENCLATURA .................................................................................................. v 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 1 2.1 Substância pura ............................................................................................ 1 2.2 Equilíbrio de Fase de uma Substância Pura ................................................. 2 2.3 Calor latente de vaporização de substâncias puras ...................................... 3 3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 5 3.1 Materiais empregados ................................................................................... 5 3.2 Metodologia aplicada..................................................................................... 6 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 7 4.1 Tratamento dos dados experimentais ........................................................... 7 4.2 Determinação dos parâmetros de Antoine com C=0 ..................................... 8 4.3 Determinação dos parâmetros de Antoine com C≠0 ..................................... 9 4.4 Determinação da entalpia de vaporização da acetona ................................ 10 4.4.1 Equação de Clapeyron ......................................................................... 10 4.4.2 Equação de Clausius-Clapeyron .......................................................... 12 4.4.3 Amostra 3 ............................................................................................. 12 5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 14 APÊNDICES .......................................................................................................... 15 Apêndice I – Equações para cálculo de incertezas propagadas ....................... 15 Apêndice II – Determinação do volume do líquido do sistema .......................... 15 Apêndice III – Determinação dos parâmetros da equação de Peng-Robinson . 15 ANEXO .................................................................................................................. 17 iii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Diagrama de fases para uma substância pura (Fonte: SMITH & VAN NESS, 2000) ...................................................................................................... 2 Figura 2: Módulo utilizado no procedimento. (VEIT, 2010) ................................ 6 Figura 3: Logaritmo da pressão de saturação em função do inverso da temperatura ........................................................................................................ 8 Figura 4: Ajuste não-linear de logaritmo da pressão de saturação em função da temperatura. ....................................................................................................... 9 Figura 5: Pressão de saturação em função da temperatura ............................ 11 iv LISTA DE TABELAS Tabela 1: Dados experimentais de variação de altura, pressão da bomba de vácuo e temperatura do sistema ............................................................................. 7 Tabela 2: Valores de pressão de saturação, logaritmo da pressão de saturação, temperatura em Kelvin e inverso da temperatura .................................................... 8 Tabela 3: Comparação entre os valores dos parâmetros de Antoine experimentais e encontrados na literatura ............................................................ 10 Tabela 4: Comparação entre valores de entalpia de vaporização experimentais e encontrados na literatura .................................................................................... 12 Tabela A: Propriedades termodinâmicas para a acetona ...................................... 17 v NOMENCLATURA Símbolo Descrição/Unidade Letras latinas T Temperatura (K) P Pressão (Pa) G Energia livre de Gibbs (J) V Volume molar (cm³/mol) S Entropia (J/K) H Entalpia (J) R Constante universal dos gases (Pa.m³/mol.K) Z Fator de compressibilidade A, B, C Parâmetros de Antoineg Aceleração da gravidade (m/s²) Δh Variação de altura manométrica (m) a, b, k Parâmetros de Peng-Robinson M Propriedade termodinâmica genérica Letras gregas α Parâmetro de Peng-Robinson ρ Densidade (kg/m³) ω Fator acêntrico Índices e sub-índices sat Referente ao estado de saturação LV Referente ao equilíbrio de fases líquido-vapor l Referente ao estado líquido v Referente ao estado vapor vap Referente ao processo de vaporização c Referente ao ponto crítico r Referente ao ponto relativo (ao ponto crítico) 1 1. INTRODUÇÃO. As quantidades de calor e trabalho necessárias para realizar processos industriais são calculadas a partir do conhecimento de propriedades termodinâmicas como a energia interna e a entalpia. Para fluidos, essas propriedades são frequentemente avaliadas a partir de medidas do volume molar como uma função da temperatura e da pressão, fornecendo relações pressão/volume/temperatura (PVT), as quais podem ser expressas matematicamente como equações de estado. A equação com menor grau de complexidade, para gases ideais, fornece o modelo mais simples do comportamento de fluidos, porém com pouca aplicação prática. Equações de estado também são mais aplicadas para a medição de fluidos e o dimensionamento de vasos e tubulações (SMITH e VAN NESS, 2000). No estudo da predição do equilíbrio de fases de misturas, dados de pressão de vapor e entalpia de vaporização são fundamentais para o desenvolvimento de novos equipamentos industriais, tais como aqueles que envolvem operações de destilação, arraste de gases e extração supercrítica (KEMME e KREPS, 1969). A pressão de vapor de uma substância pura é a pressão na qual podem coexistir as fases líquida e vapor numa determinada temperatura, para caracterizar este tipo de sistema é necessário apenas uma coordenada. Por exemplo, se for conhecido a temperatura as demais propriedades do sistema estão fixas (entalpia, energia interna, entropia, pressão, etc.) (SMITH e VAN NESS, 2000). Esta prática teve como objetivo determinar experimentalmente a entalpia de vaporização de uma substância pura a partir da curva de pressão de vapor e do emprego das equações de Clapeyron e Clausius-Clapeyron. Também tem-se como objetivo determinar-se os parâmetros de Antoine para os dados experimentais por meio de ajustes linear e não-linear. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 2.1. Substância pura. Uma substância pura é aquela que tem composição química invariável e homogênea. Pode existir em mais de uma fase, mas a composição química é a mesma em todas as fases. Assim, água líquida, uma mistura de água líquida e vapor de água ou uma mistura de gelo e água líquida são todas substâncias puras, pois cada fase tem a mesma composição química. Por outro lado uma mistura de ar líquido e gasoso não é uma substância pura, pois a composição da fase liquida é diferente daquela da fase gasosa (SONNTAG et al., 2009). Além disso, as substâncias podem apresentar-se em diferentes fases, 2 dependendo das condições de pressão e de temperatura a que estão submetidas. 2.2. Equilíbrio de Fase de uma Substância Pura. As substâncias podem apresentar-se em diferentes fases, dependendo das condições de pressão e de temperatura a que estão submetidas. Apesar de serem três as principais (sólida, líquida e gasosa) uma substância pode apresentar várias fases diferentes dentro de uma principal. A fase de uma substância é caracterizada por possuir uma estrutura molecular homogênea através de toda a sua massa e por estar separada das outras fases por superfícies (fronteiras) bem definidas (OLIVEIRA, 2005). Essas fronteiras podem ser observadas em um diagrama P-T para uma substância pura, também chamado de diagrama de fases (Figura 1). Neste diagrama, a linha de sublimação separa a região do sólido da região do vapor, a linha de vaporização separa as regiões de líquido e de vapor e a linha de fusão separa a região de sólido da região de líquido. Estas três linhas encontram-se no ponto triplo, isto é o ponto de coexistência das três fases distintas. A linha de vaporização termina no ponto crítico, onde o líquido e o vapor se tornam distintos (SMITH et al, 2000). Figura 1: Diagrama de fases para uma substância pura (Fonte: SMITH & VAN NESS, 2000). 3 Observando a Figura 2, é possível perceber que se pode traçar um processo da região de líquido para a de gás sem cortar a fronteira bifásica (2- C), o que corresponde à curva A-B, manipulando-se a pressão e temperatura. A região existente com temperaturas e pressões superiores a Tc e Pc encontra-se delimitada por linhas tracejadas na Figura 1, essas linhas não representam transições de fases, sendo limites fixados pelos significados aceitos das palavras líquido e gás. Uma fase é geralmente considerada um líquido se ela puder ser vaporizada pela redução da pressão a uma temperatura constante. Uma fase é considerada um gás se ela puder ser condensada pela redução da temperatura a uma pressão constante. Como nenhum desses processos pode ser iniciado na região além das linhas tracejadas, ela é chamada região do fluido (SMITH et al, 2000). 2.3. Calor latente de vaporização de substâncias puras. Quando uma substância pura é liquefeita a partir do estado sólido ou vaporizada a partir do líquido a pressão constante, não ocorre variação de temperatura; contudo, o processo requer a transferência de certa quantidade finita de calor para a substância. Esses efeitos térmicos são chamados de calor latente de fusão e calor latente de vaporização.(SMITH et al., 2000) Em todos os processos deste tipo observa-se a coexistência de duas fases, e o estado do sistema está determinado pela especificação de apenas uma coordenada intensiva. Assim, o calor latente correspondente a uma mudança de fase é uma função somente da temperatura, e relaciona-se às outras propriedades do sistema por uma equação termodinâmica exata (equação de Clapeyron). Considerando que se tenha um líquido puro em equilíbrio com o seu vapor a uma temperatura T e pressão de vapor , quando causada a vaporização de uma quantidade infinitesimal do líquido, a T e P constantes, o número de mols n é constante ( ), para isto é preciso que a energia Livre de Gibbs molar (ou específica) do vapor seja idêntica à do líquido, pois essa é a grandeza termodinâmica empregada para representar o equilíbrio de fases. Generalizando, para duas fases L e V de uma espécie pura coexistindo em equilíbrio, tem-se a igualdade representada pela Equação 1. (1) Se a temperatura em um sistema bifásico for alterada, então a pressão também terá de variar de acordo com a relação entre a pressão de vapor e a temperatura, se as duas fases continuarem a coexistir em equilíbrio. Com isso, obtém-se uma nova igualdade, representada pela Equação 2. (2) 4 Como é uma relação fundamental entre propriedades dada pela equação geral para um fluido homogêneo com composição constante, em um sistema bifásico (L+V) para uma substância pura em equilíbrio têm-se as Equações 3 e 4 (SMITH et al, 2000). (3) (4) Substituindo-se na Equação 2 e fazendo-se os arranjos necessários, obtém-se a Equação 5. (5) As variações de entropia e de volume são variações que ocorrem quando uma quantidade unitária de uma espécie química pura é transferida da fase L para a fase V no equilíbrio T e P. Assim como , é uma relação fundamentalentre propriedades dada pela equação geral para um fluido homogêneo com composição constante, dada pela Equação 6. (6) Integrando a Equação 6 para essa mudança, é então fornecido o calor latente da transição de fase, Equação 7. (7) Substituindo-se na Equação 5, obtém-se a Equação 8a, conhecida como equação de Clapeyron. Para situações em que o vapor tem um comportamento próximo do gás ideal, onde Vv é muito maior que Vl, simplifica-se a equação 8a, obtendo-se a equação de Clausius-Clapeyron, Equação 8b. (8a) (8b) A equação de Clausius-Clapeyron relaciona diretamente o calor latente de vaporização à curva da pressão de vapor. Mais precisamente, ela mostra que é proporcional à inclinação de uma representação gráfica de 5 versus . As hipóteses nas quais a equação de Clausius-Clapeyron está baseada possuem validade aproximada somente a baixas pressões. Para o cálculo do volume na fase vapor das substâncias puras emprega- se a equação cúbica de estado de Peng-Robinson, representada pela Equação 9 (SANDLER, 1999). ( ) (9) Onde: (10) (11) [ ( )] (12) (13) Além disso, a equação de Antoine (Equação 14) é uma das mais utilizadas para representar a pressão de vapor em função da temperatura, cujos parâmetros são tabelados. (14) 3. MATERIAIS E MÉTODOS. 3.1. Materiais empregados. Os materiais utilizados neste experimento foram: Acetona P.A. (300 mL); Balão de três bocas; Manômetro de mercúrio; Banhos termostáticos; Bomba de vácuo; Termômetro digital; Proveta; Rolhas; 6 Mangueira de borracha; Serpentina de cobre; Duas réguas de tamanhos diferentes. 3.2. Metodologia aplicada. Neste procedimento de determinação do calor latente de vaporização, adicionou-se no balão de três bocas 300 ml de acetona, a qual mediu-se na proveta, e colocou-se o balão no banho termostático aquecido e mantido na temperatura de 70°C. Uma das bocas do balão estava conectada o manômetro de mercúrio em U, a segunda apresentava acoplado o termômetro digital e a última estava conectada a uma serpentina de cobre. Está serpentina de cobre encontrava-se imersa no outro banho termostático resfriado e mantido na temperatura de 0°C. Na serpentina a acetona era condensada, a qual era levada até o kitassato que continha chumaços de algodão e estava conectado na bomba de vácuo. A pressão da bomba de vácuo era negativa e estava sendo variada a cada medida. Montou-se o módulo de acordo com o esquema da Figura 2. Figura 2: Módulo utilizado no procedimento. (VEIT, 2010) A seguir, realizou-se o seguinte procedimento. Primeiramente regulou-se a pressão na bomba de vácuo em 400 mmHg, e regulou-se as temperaturas dos banhos termostáticos, 70°C e 0°C. Ligou-se a bomba de vácuo e adicionou-se o balão no banho termostático. No termômetro acompanhou-se a variação da temperatura, quando a mesma tornou-se constante, anotou-se a 7 temperatura e mediu-se a diferença de altura no manômetro. Realizou-se esse procedimento mais seis vezes, diminuindo 20 mmHg na bomba de vácuo até chegar em 280 mmHg. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO. 4.1. Tratamento dos dados experimentais. Coletou-se durante o experimento dados de variação de altura manométrica e temperatura do sistema, sendo estes expostos na Tabela 1, contendo também a pressão da bomba de vácuo. A partir da variação de altura manométrica medida, determinou-se a pressão manométrica a partir da equação (15), com o cálculo demonstrado para a medição 1. A densidade do mercúrio à 25ºC é 13579 kg/m³ (PERRY, 1980), e a aceleração da gravidade é de 9,81 m/s². O erro propagado é determinado pela equação (A) do Apêndice I. (15) Determinou-se, então, a pressão de saturação, que é a diferença entre a pressão atmosférica e a pressão manométrica. Também calculou-se o logaritmo natural da pressão manométrica, a temperatura do sistema em Kelvin, e o inverso da temperatura, expressando os valores determinados na Tabela 2. Tabela 1: Dados experimentais de variação de altura, pressão da bomba de vácuo e temperatura do sistema. Medição Pressão da bomba de vácuo (mmHg) Variação de altura manométrica (± 5x10-4 m) Temperatura (± 0,05 ºC) 1 400 0,307 36,5 2 380 0,271 42,2 3 360 0,251 44,1 4 340 0,235 45,2 5 320 0,201 46,2 6 300 0,186 46,9 7 280 0,166 47,9 8 Tabela 2: Valores de pressão de saturação, logaritmo da pressão de saturação, temperatura em Kelvin e inverso da temperatura. Mediçã o Pressão de saturação (± 66,60 Pa) Logaritmo da pressão de saturação Temperatura (± 0,05 K) Inverso da temperatura 1 60429,53 11,00923 309,7 0,003229 2 65225,09 11,0856 315,4 0,003171 3 67889,29 11,12563 317,3 0,003152 4 70020,65 11,15655 318,4 0,003141 5 74549,79 11,21922 319,4 0,003131 6 76547,94 11,24567 320,1 0,003125 7 79212,14 11,27988 321,1 0,003115 4.2. Determinação dos parâmetros de Antoine com C=0. Com os dados da Tabela 2, plotou-se o gráfico de logaritmo da pressão de saturação em função do inverso da temperatura, fazendo-se um ajuste linear conforme mostrado na Figura 3. Figura 3: Logaritmo da pressão de saturação em função do inverso da temperatura. O ponto da medição 1 foi excluído do ajuste linear por apresentar um desvio muito grande do ajuste. Comparou-se, então, a equação do ajuste linear 9 com a equação de Antoine (14), considerando-se o parâmetro C igual a zero. Dessa forma, determinou-se os parâmetros A e B para a equação de Antoine. A = 22,564 ± 4,84% B = 3624,975 ± 9,86% O parâmetro C pode ser considerado como nulo em uma região estreita de temperatura, geralmente entre o ponto triplo e o ponto de ebulição à condições normais de temperatura e pressão. 4.3. Determinação dos parâmetros de Antoine com C≠0. Com os dados de logaritmo da pressão de saturação e temperatura do sistema, plotou-se um gráfico e fez-se um ajuste não-linear, utilizando-se para isso o software OriginPro 8.5.1, buscando-se um ajuste semelhante à equação (14), que descreve a equação de Antoine. O gráfico com o ajuste feito está mostrado na Figura 4. Figura 4: Ajuste não-linear de logaritmo da pressão de saturação em função da temperatura. Novamente, o ponto 1 foi descartado por apresentar um grande desvio do ajuste. Obteve-se, então, os parâmetros A, B e C da equação de Antoine. 10 A = 24,557 B = 5004,909 C = 55,725 Não obteve-se valores concretos das incertezas associadas aos parâmetros, uma vez que o ajuste foi realizado fazendo-se iterações até que os valores convergissem. A Tabela 3 faz a comparação dos parâmetros de Antoine obtidos experimentalmente com valores encontrados na literatura (PEIXOTO e GAMA, 2006). O desvio relativo foi determinado segundo a equação (B) do Apêndice I. Tabela 3: Comparação entre os valores dos parâmetros de Antoine experimentais e encontrados na literatura. Parâmetros Ajuste linear (C=0) Ajuste não linear(C≠0) Valores da literatura Desvio relativo do ajuste linear Desvio relativo do ajuste não- linear A 22,564 24,557 14,6363 0,5416 0,6778 B 3624,75 5004,909 2940,45 0,2327 0,7020 C - 55,725 -35,930 - 2,5509 Analisando-se a Tabela 3, percebe-se que ambos os valores, tanto para o ajuste linear quanto para o não linear, apresentam uma grande discrepância dos valores encontrados na literatura, chegando à apresentar 255% de desvio, no caso do parâmetro C. Tal discrepância pode estar relacionada ao método utilizado no software, o qual definiu os parâmetros por iterações até convergir, como também estar relacionada a erros na coleta dos dados ou na instrumentação. Pode-se perceber que, mesmo o ajuste linear produzindo resultados menos díspares do que o ajuste não linear, o mesmo não é adequado, uma vez que as condições de pressão e temperatura utilizadas no experimento não atendem às condições necessárias para se considerar o parâmetro C como nulo descritas anteriormente. 4.4. Determinação da entalpia de vaporização da acetona. 4.4.1. Equação de Clapeyron. Pode-se determinar a entalpia de vaporização da acetona por meio da equação de Clapeyron (8a). Para isso, primeiramente, plotou-se o gráfico de pressão de saturação em função da temperatura, expresso na Figura 5, aplicando-se um ajuste linear dos dados. 11 Figura 5: Pressão de saturação em função da temperatura. Determinou-se também a variação de volume durante a vaporização, por meio da relação ΔVvap = Vv – Vl. A Tabela A, presente no Anexo, indica os valores de temperatura e pressão no ponto crítico para a acetona, além do fator acêntrico. Para os cálculos, utilizou-se a temperatura média de 317,3 K e a pressão média de 70553,49 Pa. Determinou-se o volume do líquido pela equação (C) do Apêndice I. O Apêndice II demonstra os cálculos para a determinação do volume do líquido, encontrando-se um valor de 7,6 x10-5 m³/mol. A determinação do volume de vapor é feita pela equação de Peng- Robinson (9). Os cálculos para a determinação dos parâmetros a, b, α e k estão no Apêndice III, determinados a partir das equações (10-13) do Apêndice I. Uma vez que o fator de compressibilidade Z é determinado também pelo volume do vapor, aplicou-se o método de Newton-Raphson, com um chute inicial de Z = 1, até que o valor de Vv convergisse, determinando-se o valor. Vv = 3,654 x10-2 m³/mol Determinou-se, assim, a variação de volume durante a vaporização, ΔVvap = 3,6464 x10-2 m³/mol. Tendo-se ΔVvap, usando-se a temperatura média T = 317,3 K, determinou-se a entalpia de vaporização aplicando-se a equação (8a). O erro associado é determinado pela equação (D) do Apêndice I. 12 (8a) 4.4.2. Equação de Clausius-Clapeyron Uma vez que o volume de vapor é muito maior do que o volume de líquido, pode-se utilizar a equação de Clausius-Clapeyron (8b) para determinar- se a entalpia de vaporização. Para isso, utilizou-se a equação do ajuste linear entre logaritmo da pressão de saturação em função do inverso da temperatura. A incerteza associada foi determinada pela equação (E) do Apêndice I. O valor de R é de 8,314 J/mol.K. (8b) 4.4.3. Comparação entre os valores. A Tabela 4 compara os valores determinados de entalpia de vaporização com valores encontrados na literatura (Wolfram-Alpha, 2014) (PEIXOTO e GAMA, 2006). Tabela 4: Comparação entre valores de entalpia de vaporização experimentais e encontrados na literatura. ΔHvap por Clapeyron(J/mol) ΔHvap por Clausius- Clapeyron (J/mol) Entalpia de vaporização (Wolfram-Alpha, 2014) (J/mol) Entalpia de vaporização (PEIXOTO e GAMA, 2006) (J/mol) 30138,042 ± 2896,414 29756,374 ± 3070,793 31885,92 29120,00 13 Percebe-se uma diferença entre os valores determinados por Clapeyron e por Clausius-Clapeyron de 1,2%, o que é um indicativo de que a simplificação da equação de Clapeyron é válida, e produz resultados precisos em relação à forma não-simplificada. Percebe-se também que os valores determinados estão próximo dos dois valores encontrados na literatura, apresentando discrepâncias menores que 7%, indicando que os valores determinados tem exatidão. O fato dos valores da literatura estarem dentro dos intervalos de incerteza calculados reforça a exatidão da entalpia de vaporização determinada. 5. CONCLUSÃO. A partir dos dados coletados, das considerações feitas e dos resultados discutidos, pode-se concluir que os objetivos foram atingidos com sucesso, determinando-se valores de entalpia de vaporização próximos dos valores encontrados na literatura. Os valores encontrados na literatura, em duas fontes diferentes, estão dentro dos intervalos de incerteza das medidas experimentais, indicando que os resultados são exatos. A baixa discrepância entre os dois valores, determinados por equações diferentes, indica que ambos os métodos são válidos para o sistema trabalhado. Entretanto, na determinação dos coeficientes de Antoine, os valores obtidos apresentaram grande discrepância em relação aos valores encontrados na literatura. Erros instrumentais e/ou experimentais, combinados com erros de software na determinação do ajuste, podem ter causado tais discrepâncias. Uma nova coleta de dados ou o uso de softwares mais específicos podem resolver o problema. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KEMME, R.H.; KREPS, S.I. Vapor pressure in Engineering. Journal Chemical Engineering Data, v.14, p.98, 1969. OLIVEIRA, M. J. Termodinâmica. 1ª edição, Editora da Física, 2005. PERRY, R.H.; GREEN, D.W. Perry's Chemical Engineers' Handbook, 7ª edição, Editora McGraw-Hill, 1997. SANDLER, S. Chemical and Engineering Thermodynamics. 3ª edição, Editora John Wiley & Sons, 1999. SMITH, J. M.; VAN NESS, H. C.; ABBOTT, M. M. Introdução a termodinâmica da Engenharia Química. 4ª edição, Editora LTC, 2000. VAN WYLEN, G.; SONNTAG, R.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da Termodinâmica. 7ª edição, Editora Edgard Blucher, 2009. VEIT, Márcia Teresinha. Apostila dos roteiros da disciplina de Laboratório de Engenharia Química I. Toledo, 2010. 15 APÊNDICES Apêndice I – Equações utilizadas em resultados e discussões. (A) | | (B) (C) ( ) (D) ( ( ) ) (E) Apêndice II – Determinação do volume de líquido do sistema. Pela Tabela A do Anexo, tem-se que Tc = 508,1 K, ZRA = 0,24494 e Pc = 4,7 MPa. Desse modo, tem-se que Tr = T/Tc = 0,624 Aplicando-se a equação (C), sabendo-se que R = 8,314 Pa.m³/mol.K, tem-se (C)Apêndice III – Determinação dos parâmetros da equação de Peng-Robinson. Tendo-se o fator acêntrico ω = 0,304 extraído da Tabela A do Anexo, determinou-se o parâmetro k pela equação (10). 16 (10) Com o parâmetro k, sabendo-se que a temperatura relativa Tr = 0,624, determinou-se o parâmetro α a partir da equação (11). ( ) (11) ( ) Os parâmetros a e b foram determinados pelas equações (12) e (13), respectivamente, tendo-se Tc = 508,1 K, R = 8,314 Pa.m³/mol.K e Pc = 4,7 MPa. (12) (13) 17 ANEXO Tabela A: Propriedades termodinâmicas para a acetona. Propriedade Valor Temperatura no ponto crítico 508,1 K Pressão no ponto crítico 4,7 MPa Fator acêntrico 0,304 Fonte: PERRY, 1980.
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