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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I Processo de esvaziamento em regime não estacionário Acadêmicos: Gabriel Girotto Zanutto RA 112431 Pedro Henrique Siscato RA 117082 Victor Hugo Lopes Benedito RA 118234 Turma: 216/03 Professora: Isabela Dancini Pontes MARINGÁ, 07 DE FEVEREIRO DE 2023. 1. Introdução O processo de esvaziamento em regime não estacionário refere-se ao fluxo de fluido em um recipiente através de uma abertura, onde as características de pressão e velocidade do fluido mudam com o tempo. Em comparação com o escoamento estacionário, no qual as pressões e velocidades são constantes em cada ponto imóvel no espaço, o esvaziamento em regime não estacionário é caracterizado por uma variação contínua da pressão e da velocidade ao longo do tempo [1]. Este tipo de escoamento é comum em situações onde o volume de fluido no recipiente está diminuindo, como no esvaziamento de um tanque através de uma torneira. A dinâmica deste tipo de escoamento é influenciada por diversos fatores, como a taxa de esvaziamento, o tamanho da abertura de saída, a viscosidade do fluido e a gravidade. A compreensão do processo de esvaziamento em regime não estacionário é crucial para aplicações práticas, tais como a medição precisa da taxa de fluxo de fluido, bem como a previsão da variação da pressão e da velocidade ao longo do tempo [1]. Para a análise deste tipo de escoamento, são usadas equações diferenciais que descrevem as relações entre as características do fluido e as variáveis relevantes, como o tempo e a posição. Além disso, experimentos de laboratório são frequentemente realizados para verificar e validar as previsões teóricas. A pesquisa neste campo é uma área ativa de estudo e desenvolvimento, com aplicações em diversas áreas, como a indústria, a agricultura e a saúde [2]. 2. Objetivos Determinar a variação na energia e na massa de um gás contido em um vaso de pressão, quando o mesmo é liberado para o ambiente em duas situações distintas: adiabaticamente, com auxílio de um isolante térmico, e não adiabaticamente. 3. Revisão bibliográfica Quando o conteúdo de um vaso de pressão é liberado, ocorre um esvaziamento em regime não permanente e causa um desequilíbrio em seu interior. Este equilíbrio pode ser reestabelecido de duas formas: O equilíbrio termodinâmico da substância contida dentro do cilindro, ou o equilíbrio térmico do cilindro com o ambiente. Isto ocorre porque o escoamento do gás causa uma alteração na temperatura, que por sua vez provoca uma alteração no equilíbrio termodinâmico do cilindro, uma vez que este equilíbrio é dependente da temperatura. Para a análise envolvida no experimento, será considerado apenas o volume ocupado pelo fluido (no estado líquido e gasoso) como volume de controle, efetuando um balanço de energia neste volume de controle. Eq. 1 Durante o processo de esvaziamento, nenhuma massa entra no volume de controle e não existe nenhum trabalho de eixo envolvido, resultando em simplificações. Além disso, podemos desconsiderar variações na energia cinética e potencial no volume de controle, uma vez que estas não sofrem variações no decorrer do esvaziamento. Com isso, podemos obter a Eq. 2. Eq. 2 3.1. Esvaziamento adiabático: Como cilindro envolto em um isolante térmico, pode-se admitir que nenhum calor é trocado entre o cilindro e a vizinhança. Neste caso então Q=0. Com essa simplificação, podemos então integrar a equação com relação a t. Eq. 3 Aqui é importante notar o que os subscritos representam. 1 – Condições iniciais; 2 – Condições no fim da expansão (instante anterior ao fechamento da válvula); 3 – Estado final (após o cilindro alcançar o equilíbrio térmico e termodinâmico). A partir da Eq. 3, como não há troca térmica envolvendo o cilindro, U2 =U3 e supondo que m2=m3, temos que: Eq. 4 Como a queda de pressão entre o estado 1 e o estado 2 é pequena, a entalpia do vapor de saída do tanque (H0) pode ser considerada constante e é aproximada por: Eq. 5 A massa que sai do volume de controle (msai) é dada pela diferença entre a massa inicial e a massa final do tanque. Ou seja: Desta forma, podemos então retornar para a Eq. 4 substituindo os valores e fazendo as devidas simplificações. Com isso obtemos a Eq. 6. Eq. 6 3.2. Esvaziamento não adiabático: O experimento é repetido seguindo os mesmos passos, porém neste segundo momento o cilindro de gás é retirado do material isolante, permitindo a troca de calor do cilindro com a vizinhança. A troca térmica ocorre pois existe uma variação de energia associada à variação de massa no cilindro, retirando-se massa do cilindro, retira-se também energia, desta forma deverá existir uma transferência de calor para o cilindro para recuperar o equilíbrio. Neste caso, temos que Q ≠ 0 e integrando a Eq. 2 em relação a t temos: Pelas considerações anteriores, obtemos: Eq. 7 Neste caso, como haverá uma troca térmica, temos que U2 ≠ U3, e o calor trocado no processo a volume constante será: Eq. 8 Desta forma, retornando a Eq. 7 podemos fazer as substituições e simplificações necessárias. Eq. 9 Eq. 10 Com os dados coletados, podemos então dar início ao cálculo da energia interna e entalpia da mistura líquido-vapor no interior do cilindro. Para isso, devemos inicialmente calcular o volume específico. Eq. 11 Onde V é o volume do cilindro. Com o valor do volume específico, podemos calcular a fração de vapor no interior do tanque, a qual será utilizada para o cálculo da energia interna do fluido. Eq. 12 Onde: y1 = fração de vapor na condição 1; ⊽1liq= Volume específico do líquido na condição 1; ⊽1vap = Volume específico do vapor na condição 1. Com isso, podemos então efetuar o cálculo da energia interna do fluido na condição 1, de acordo com a Eq. 13. Eq. 13 4. Materiais ● Cilindro com gás refrigerante; ● Isopor; ● Balança; ● Câmera; ● Manômetro. 5. Métodos Inicialmente, foi medida a massa do cilindro vazio com as tampas das válvulas fechadas e registrado o volume e a área descritos no rótulo do tanque. Com estas informações, colocou-se o cilindro com gás refrigerante dentro da caixa de isopor e registrou-se a pressão inicial. A válvula foi aberta por 10 segundos e o processo foi filmado para avaliar a pressão final corretamente. Em seguida, retirou-se a caixa de isopor e esperou-se até que o sistema atingisse equilíbrio térmico entre o cilindro-refrigerante e o ambiente. Quando o equilíbrio foi alcançado, o cilindro foi pesado. O experimento foi repetido sem a caixa de isopor. Para ter uma melhor visualização, foi gravado o experimento para retirar os dados. 6. Resultados e discussões. No dia do experimento verificamos que: . Da apostila obtemos𝑇 𝑎𝑚𝑏 = 27 °𝐶 algumas informações sobre o cilindro: Tabela 1: Informações sobre o cilindro. Massa do cilindro vazio (kg) 2,650 Massa do aparelho (cilindro + acessórios) vazio (kg) 3,240 Área externa do cilindro (m2) 0,1597 Volume do cilindro (m3) 3,0898E-03 Fonte: Apostila. 6.4.1 Esvaziamento adiabático. Seguindo o procedimento experimental, pesamos a massa inicial do cilindro. Subtraindo dessa massa, a massa do aparelho, obtemos a massa inicial de gás refrigerante. Usamos um revestimento de isopor em volta do cilindro para isolá-lo. Então seguimos o procedimento, anotando os valores de pressão nos dois seguintes períodos: antes de abrir a válvula (período 1) e imediatamente depois de fechar a válvula (período 2). O volume específico de cada período foi calculado pela equação abaixo: ; Eq. 14𝑣 = 𝑚𝑉 volume do cilindro.𝑉 = Tabela 2: Massas, volumes específicos e pressões dos períodos do esvaziamento adiabático. Grandezas Período 1 Período 2 m (kg) 2,956 2,925 (m3/kg)𝑣 1,045E-03 1,056E-03 P (kgf/cm2) 6,100 5,650 P (kPa) 610 565 P (bar) 6,080 5,492 Fonte:Elaborado pelo autor. Pela Tabela A-13 da literatura (ÇENGEL, Y. A., 2013), obtemos os parâmetros de entalpia, volume específico e energia interna para as duas pressões, em cada respectivo período, utilizando do método da interpolação linear para valores não exatos: Tabela 3: Valores de entalpias, volumes específicos e energias internas obtidas em cada período no esvaziamento adiabático. Período 1 Período 2 hf (kJ/kg) 82,26 78,73 hg (kJ/kg) 262,7 261,4 vf (m3/kg) 8,205E-04 8,148E-04 vg(m3/kg) 3,376E-02 3,674E-02 uf (kJ/kg) 82,15 78,42 ug (kJ/kg) 242,1 240,8 Fonte: Elaborado pelo autor. Neste momento, utilizamos a Eq. 12 fundamentada anteriormente para obtermos a fração mássica de gás dentro do cilindro: Eq. 12𝑥 𝑔 = 𝑣 − 𝑣 𝑓 𝑣 𝑔 − 𝑣 𝑓 Em seguida, pela Eq. 13, calculamos as energias internas e entalpias para os dois estágios, com base na Tabela 3: ; Eq.13.a)ℎ = (1 − 𝑥 𝑔 ). ℎ 𝑓 + 𝑥 𝑔 . ℎ 𝑔 . Eq.13.b)𝑢 = (1 − 𝑥 𝑔 ). 𝑢 𝑓 + 𝑥 𝑔 . 𝑢 𝑔 Tabela 4: Frações másicas de gás refrigerante dentro do cilindro no esvaziamento adiabático. Período 1 Período 2 xg 6,820E-03 6,771E-02 h (kJ/kg) 84,31 80,56 u (kJ/kg) 83,95 79,56 Fonte: Elaborado pelo autor. Para prosseguirmos com os cálculos, calculamos , ou , através da Eq.𝐻 𝑠𝑎𝑖 𝐻 0 5 ilustrada anteriormente na fundamentação teórica: Eq. 5𝐻 0 = 𝐻 1 𝑣𝑎𝑝 +𝐻 2 𝑣𝑎𝑝 2 = 262, 0 𝑘𝐽/𝑘𝑔 Finalmente, calculamos a massa no fim da expansão adiabática ,𝑚 2 utilizando a Eq. 6: 𝑚 2 = 𝑚 1 𝑈 1 − 𝐻 0 𝑈 2 − 𝐻 0 = 2, 899 𝑘𝑔 A fim de compararmos os valores real (que foi pesado) e teórico (calculado),, temos: 𝐷% = |𝑚 2,𝑟𝑒𝑎𝑙 −𝑚 2,𝑡𝑒𝑜 | 𝑚 2,𝑡𝑒𝑜 = 0, 90 % 6.4.2 Esvaziamento não-adiabático. A massa inicial desse experimento é a massa final do esvaziamento adiabático, visto que fizemos ele em seguida. Novamente subtraindo dessa massa, a massa do aparelho, obtemos a massa inicial de gás refrigerante. Com o objetivo de determinar sua massa após o esvaziamento não-adiabático de forma teórica, através dos balanços explícitos na revisão bibliográfica, anotamos suas pressões nos seguintes períodos: antes de abrir a válvula (período 1) e logo após fechar a válvula (período 2). Também pesamos o cilindro após o esvaziamento para podermos comparar a fidelidade dos resultados no fim do experimento. A tabela a seguir ilustra os valores obtidos: Tabela 5: Massas, volumes específicos e pressões dos períodos do esvaziamento não-adiabático. Grandezas Período 1 Período 2 m (kg) 2,925 2,469 (m3/kg)𝑣 1,056E-03 1,251E-03 P (kgf/cm2) 6,200 5,600 P (kPa) 620 560 P (bar) 6,080 5,492 Fonte: Elaborado pelo autor. A massa específica dos períodos foi calculada pela Eq. 14. Por meio da Tabela A-13 (ÇENGEL, Y. A., 2013), obtivemos as propriedades termodinâmicas do gás refrigerante nos dois estágios, novamente fazendo o método da interpolação linear para valores não exatos: Tabela 6: Valores de entalpias, volumes específicos e energias internas obtidas em cada período no esvaziamento não-adiabático. Período 1 Período 2 hf (kJ/kg) 83,01 78,33 hg (kJ/kg) 262,9 261,2 vf (m3/kg) 8,220E-04 8,142E-04 vg(m3/kg) 3,323E-02 3,678E-02 uf (kJ/kg) 82,79 77,98 ug (kJ/kg) 242,4 240,6 Fonte: Elaborado pelo autor. Então, utilizando a Eq. 12, adquirimos a fração mássica de vapor do gás refrigerante e pelas equações Eq. 13a) e Eq. 13b), calculamos as energias internas e entalpias nos dois períodos: Tabela 2: Frações másicas de gás refrigerante dentro do cilindro no esvaziamento não-adiabático. Período 1 Período 2 xg 7,225E-02 1,216E-02 h (kJ/kg) 84,31 80,56 u (kJ/kg) 83,95 78,79 Fonte: Elaborado pelo autor. Os valores calculados foram necessários para descobrirmos o valor da ,𝐻 𝑠𝑎𝑖 ou , através da Eq. 5:𝐻 0 𝐻 0 = 262, 1 𝑘𝐽/𝑘𝑔 Finalmente, conseguimos calcular a , por meio da Eq. 6:𝑚 2 𝑚 3 = 𝑚 2 𝐻 0 −𝑈 1 𝐻 0 −𝑈 2 = 2, 861 𝑘𝑔 Comparando o valor real (que foi pesado), com o valor obtido teoricamente, temos: 𝐷% = |𝑚 2,𝑟𝑒𝑎𝑙 −𝑚 2,𝑡𝑒𝑜 | 𝑚 2,𝑡𝑒𝑜 = 15, 89 % O desvio percentual do esvaziamento adiabático calculado foi extremamente baixo, evidenciando que a teoria condiz com a realidade e também que o experimento foi realizado perfeitamente. O desvio percentual do esvaziamento não-adiabático calculado destoou consideravelmente do valor real. Neste caso, a maior probabilidade de erro associado está na má leitura do manômetro, bem como no mau manuseio das válvulas do cilindro. 7. Conclusão Com base nos resultados obtidos pelo experimento de esvaziamento adiabático do cilindro de gás refrigerante, pode-se concluir que o processo ocorreu conforme o esperado e que as equações utilizadas para o cálculo das propriedades foram aplicadas corretamente. Além disso, a comparação dos resultados obtidos com os valores teóricos da literatura indica que o experimento foi bem-sucedido. Em resumo, os resultados obtidos apóiam a fundamentação teórica apresentada e permitem uma compreensão mais aprofundada do processo de esvaziamento adiabático do cilindro de gás refrigerante. 8. Referências [1] Universidade Estadual de Maringá. Apostila de Processo de Esvaziamento em Regime Estacionário e Não-estacionário. 2022. [2] ÇENGEL, Y. A. PROPERTY TABLES AND CHARTS (SI UNITS). 2013.
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