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GINECOLOGIA Vol. 1 - Maria Victória Siebert de Oliveira CICLO MENSTRUAL, ANTICONCEPÇÃO, AMENORREIA E SOP CICLO MENSTRUAL Padrão normal: Duração: 21-35 dias (média 28 dias) < 21 dias = polimenorreia > 35 dias = amenorreia / SOP Fluxo: 2-6 dias Intensidade do fluxo: 20-60mL Fisiologia Hipotálamo (GnRH) padrão pulsátil que varia em frequência e amplitude Fase folicular: pulsos de alta frequência e baixa amplitude (antes da ovulação) Fase lútea: pulsos de baixa frequência e alta amplitude Adeno-hipófise: parte glandular da hipófise (gonadotrofinas: FSH e LH) Adenohipófise produz FSH, LH, TSH GH, ACTH e prolactina Neurohipófise NÃO produz nada, apenas secreta ocitocina e ADH, os quais são produzidos no hipotálamo Ovários (estrogênio e progesterona) Teca (diferenciação do estroma): androgênios LH ajuda na conversão: colesterol em androgênios (testosterona) Granulosa: conforme cada fase do ciclo produz preferencialmente: Fase folicular (fase 1) estrogênio e inibina B Fase lútea (fase 2) progesterona e inibina A FSH estimula aromatização: testosterona estrona + estradiol Útero (proliferação, secreção e menstruação) Esteroidogênese (teoria 2 células ( teca e granulosa) 2 gonadotrofinas( lhe é fsh)): colesterol é transformado em androgênio na teca pela ação do LH, e na granulosa por ação da aromatase com ajuda do FSH, este androgênio é transformado em estradiol. LH --> colesterol em androgenio (ocorre na teca) FSH--> androgenio em estradiol e estrona ( ocorre na granulosa pela ação da aromatize) A neuro hipófise não produz nenhum hormônio apenas secreta a ocitocina e o ADH *Prolactina não é estimulada pelo hipotálamo e sim inibida pela dopamina - se tenho tumor no hipotálamo vou ter um hipopituitarismo com aumento da prolactina. Logo, hipotálamo estimula a hipófise para liberar hormônios, EXCETO dopamina que inibe prolactina. Se algo interromper a circulação porata-hipofisária,causará então hipopituarismo com hiperprolactinemia TEORIA DAS 2 CÉLULAS / 2 GONADOTROFINAS Androgênios: precursor do estrogênio Colesterol: formador dos androgênios pela ação do LH na teca Colesterol LH Androstenediona ↔ Testosterona passa para a granulosa FSH age sobre os androgênios na granulosa pela ação da aromatase, que realiza aromatização: Androstenediona Testosterona Estrona ↔ Estradiol (estrogênio da menopausa) (estrogênio da menacme - vida reprodutiva) Divisão do ciclo Ciclo ovariano 3 fases: folicular, ovulatória (?) e lútea Fase folicular: crescimento folículos por ação FSH (começa ↑ no fim ciclo anterior) Recrutamento dos folículos até a ovulação FSH aumenta com regressão do corpo lúteo, ou seja, seu aumento ocorre no final do ciclo anterior (antes do 1° dia do ciclo atual) Seleção do folículo dominante: 1 folículo predominante (aumento dos receptores de FSH) que outros folículos atresia Atresia folicular é um processo contínuo, mesmo em uso de ACO, gestação e infância Folículo produz estrogênio causa pico e então temos um pico de LH (pronto para romper) liberador de óvulo Fase ovulatória (?) – existem alguns autores que não consideram a ovulação como fase Pico estradiol pico LH 32-36h após o início do aumento do LH 10-12h após pico máximo de LH Fase lútea (folículo roto) Produção de progesterona de forma predominante, mas ainda há produção de estrogênio Duração fixa de ± 14 dias logo, o que faz mudar o tamanho do ciclo (se é 21 ou 33) é a 1ª fase do ciclo tem mulher que recruta folículo mais rápido Sabe-se sempre que a ovulação ocorreu 14 dias antes do 1º dia da menstruação Ausência de hCG regressão corpo lúteo ↓ estrogênio, progesterona e inibina A ↑ pulsos de GnRh e ↑ FSH sinal para novo recrutamento Ciclo uterino Fase proliferativa ação do estrogênio (mitoses), crescimento do endométrio (proliferação) Fase secretora ação da progesterona, endométrio edemaciado e ocorre secreção Fase menstrual Muco cervical Fase folicular predomínio da ação do estrogênio Aspecto fino, filante Microscopia: com cristalização, aspecto arboriforme / em folha de samambaia Fase secretora predomínio da progesterona Aspecto espesso Microscopia: sem cristalização ANTICONCEPÇÃO Índice de Pearl: taxa de gravidez p/ cada 100 mulheres/ano (quanto menor, mais seguro) Escolha do método Indicação é individualizada: Facilidade de uso Reversibilidade Índice de Pearl Opções: métodos comportamentais, barreira, DIU, hormonais (sistêmicos), cirúrgicos Mecanismo de ação: Barreira física / espermicida Anovulação Alteração do muco / endométrio Contra-indicações critério de elegibilidade OMS: Categoria 1 = pode usar Categoria 2 = usar com cautela Categoria 3 = contraindicação relativa Categoria 4 = contraindicação absoluta Métodos comportamentais Baixa eficácia (NÃO devem ser usados – desaconselhar) Tabelinha, curva térmica, muco cervical - servem para prever a ovulação São mais utilizados para indicar quando gestar do que como anticoncepção Tentam prever ovulação Amenorreia da lactação 3 condições: amamentação exclusiva + paciente em amenorreia + até 6 meses Associar método de progesterona >6 semanas (até 6 meses) após 6 meses qualquer método (inclusive combinado) Método de barreira (condom) Baixa eficácia não usar como método contraceptivo Proteção para DST (parcial para HPV e Herpes) Índice de Pearl (uso típico): 18 (masculino) e 21 (feminino) – grande índice de falha (uso incorreto) Estimular uso de condom (proteção DST) juntamente com outro método mais eficaz SEMPRE associar ACO + condom Preservativo feminino confere maior área de proteção, por isso, maior eficácia Hormonais sistêmicos Somente Progesterona Progesterona + Estrogênio Minipílula Oral (ACO) Injetável trimestral Injetável mensal Implante subdérmico Adesivo Anel vaginal Só progesterona Minipílula – não é anovulatória Mecanismo de ação alteração do muco e atrofia de endométrio Uso ideal: amamentação (>6 semanas) ou perimenopausa (não se usa em mulheres jovens, pois não se confia na anovulação deste método) Injetável trimestral e implante subdérmico Mecanismo de ação alteração do muco, endométrio e anovulação Tomar cuidado na prova: Injeção trimestral de uso crônico perda de massa óssea (é reversível – usar pouco tempo 2-5 anos) Implante em pacientes obesas ↓ efetividade do método Implante subdérmico tem menor índice de Pearl (mais seguro que laqueadura e vasectomia) Contraindicações dos métodos de progesterona Cat. 3 (relativa) gravidez, tumor hepático, HAS grave, AVE, TVP, TEP Cat. 4 (absoluta) câncer de mama atual Estrogênio + progesterona: Mecanismo de ação: anovulação, alteração do muco, espessamento do endométrio, alteração da motilidade tubária Estrogênio inibe FSH Progesterona inibe LH Diminuem a eficácia do ACO: rifampicina, anticonvulsivantes e alguns antirretrovirais Benefício da contracepção combinado (não só ACO) diminui incidência de CA ovário e endométrio Contraindicações métodos combinados (Cat. 4 – absoluta): Amamentação <6 semanas pós-parto CA mama atual Fumo (≥15 cig/dia) em paciente > 35 anos Vasculopatias: IAM, HAS grave, DM com vasculopatia, TVP, TEP e AVE prévios ou atuais Enxaqueca com aura (independente da idade) DIU Cobre: Duração de 10 anos Ação irritativa, espermicida e inflamatória (reação corpo estranho) aumenta cólica e sangramento Evitar em pacientes com dismenorreia Progesterona: Duração de 5 anos (até 7 anos) Atrofia endometrial e espessamento do muco (ambiente hostil) NÃO SÃO ANOVULATÓRIOS Contraindicações (alterações intrauterinas) mioma submucoso, gravidez, distorção da cavidade, infecção uterina, Sangramento Uterino Anormal (SUA) inexplicado, CA colo e endométrio atuais Contraindicado entre 48h e 4 semanas pós-parto Nas primeiras 48 horas pós-parto pode qualquer DIU, mesmo se amamentando DIU + gravidez: Procurar gravidez ectópica Gravidez tópica: Fio visível retirar DIU (até 12 semanas) Fio não visível ouIG > 12 semanas manter DIU Questão de prova: paciente usuária de DIU grávida = ectópica (DIU não aumenta o risco absoluto de ectópica, porém a ação é apenas no útero, e como a paciente ovula, pode haver gestação ali) Método cirúrgico (laqueadura) Irreversível Indicação: > 25 anos OU ≥ 2 filhos Quando? fora do parto, aborto (até 42 dias), > 60 dias entre a vontade e a cirurgia NÃO pode fazer junto com a cesárea Quando fazer durante parto? Risco de morte materna, patologia grave, cesariana de repetição Tem que ter a concepção do marido quando é casada Contracepção de emergência Ideal até 72h (mais eficaz), porém pode até 5 dias depois Mecanismo de ação altera ovulação (principal), espessamento do muco e alteração das trompas Levonorgestrel 1cp 1,5 mg dose única Mais eficaz e menos efeitos adversos Método Yuzpe (estrógeno + progesterona) 100mcg EE + 0,5mg LNG 12/12h 2x Muito efeito colateral DIU de cobre NÃO pode ser inserido se violência sexual (pode levar infecção) – não se usa mais AMENORREIA Introdução Tripé: estrogênio, progesterona e anatomia Genitália externa depende de ação androgênica ♀: SEM ação androgênica fica feminina ♂: possui di-hidrotestosterona masculiniza a genialia externa Genitália interna: Ducto de Muller (paramesonefro) origina a genitália interna da mulher útero, trompas e 2/3 superiores da vagina No homem, ocorre o crescimento do ducto de Wolf (mesonéfrico) e bloqueio do ducto de Muller pela ação do hormônio anti-mulleriano, o qual é produzido pelo testículo Homens com agenesia de testículo NÃO tem hormônio anti-mulleriano cresce útero, trompas e 2/3 da vagina Mulher não tem anti-mulleriano Problema em algum ponto do eixo: uterovaginal, ovariano, hipofisário ou hipotalâmico Compartimentos 1 = anatômico Compartimento 2 = ovariano Compartimento 3 = hipófise Compartimento 4 = hipotálamo Primária NUNCA menstruou 14 anos SEM menstruação e SEM caracteres sexuais 2° OU 16 anos SEM menstrução e COM caracteres sexuais 2° Caracteres sexuais secundários TPM Telarca, Pubarca (estirão de crescimento), Menstruação Investigação: Caracteres sexuais 2° presentes (ação estrogênica)? SIM = AVALIAÇÃO UTEROVAGINAL Causa anatômica (Síndrome de Meyer-Rocktanski) NÃO = dosar FSH e LH ↑LH ou FSH = causa ovariana solicitar cariótipo disgenesia gonadal é a causa mais comum (Síndrome de Turner) ↓LH ou FSH realizar teste do GnRH diferenciar causa hipotalâmica e hipofisária (idem secundária) DISGENESIA GODAL é a maior causa de amenorreia 1ª sem característica sexual secundária Criptomenorreia: paciente menstrua, mas não exterioriza (não visualiza) Secundária SEM menstruação por 6 meses ou 3 ciclos Investigação: Excluir gestação Beta-HCG Dosar TSH e prolactina hipotireoidismo e hiperprolactinemia Sempre excluir causa medicamentosa Causas de hiperprolactinemia: prolactina normal é até 20 Prolactinoma (PRL > 100/200): diagnóstico com RNM de sela túrcica e tratamento inicial é clínico / conservador (agonista dopaminérgico = cabergolina ou bromocriptina) Medicamentosa: metoclopramida, neurolépticos, tricíclicos, ranitidina, ACO Outras: gestação, hipotireoidismo, estimulação mamária, estresse Hipotireoidismo: também é causa de hiperprolactinemia (se for hipocalemia = tratar porque melhora a prolactina) Teste da progesterona: Avalia os níveis de estrogênio e trato de saída (se a anatomia está normal) Medroxiprogesterona 10mg por 5-10 dias (Provera) Espera até 7 dias para que ocorra o sangramento Houve sangramento causa é ANOVULAÇÃO Estrogênio e anatomia estão normais Uma das principais causas é SOP SEM sangramento: Estrogênio baixo? Lesão de endométrio? Obstrução de fluxo? continuar investigação (passo 4) Teste do estrogênio: Avalia endométrio e trato de saída (compartimento uterovaginal) Estrogênio 21 dias + progesterona 5 dias Houve sangramento: excluídas causas uterovaginais causa hormonal (ovário, hipófise ou hipotálamo) continuar investigação (passo 5) SEM sangramento alteração do trato de saída (causa anatômica) Dosagem de FSH se houve sangramento no passo 4 Causa ovariana ou central? FSH alto (>20) CAUSA OVARIANA FSH normal ou baixo (<5) causa hipofisária ou hipotalâmica (hipogonadismo hipogonadotrófico) continuar investigação (passo 6) Teste de estímulo do GnRH: Administrar um pulso de GnRH dosar FSH e LH Aumento de LH e/ou FSH HIPOTÁLAMO SEM alteração do LH e FSH HIPÓFISE Amenorreia da maratonista (exercício) hipotalâmica DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Hipotalâmicas: Tumores: craniofaringiomas Síndrome de Kallman: TRÍADE (amenorreia + anosmia + cegueira para cores) Estresse, anorexia, exercícios físicos alteração da pulsatilidade do GnRH Hipofisárias: Tumores: prolactinomas Síndrome de Sheehan: necrose hipofisária pós-parto (após sangramento intenso no puerpério necessidade de transfusão em alguns casos) sinais: agalactia (sem leite) Ovariana: Falência ovariana precoce (FOP): paciente < 40 anos com FSH >20 clínica de climatério/menopausa (folículos esgotados) Síndrome de Savage: resistência as gonadotrofinas no ovário causa de amenorreia primária ou secundária (tem folículos, porém eles não respondem) clínica de menopausa diferenciar de FOP através de biópsia ovariana Disgenesia gonadal: MAIOR causa de amenorreia primária sem característica sexual 2° Síndrome de Turner (45 X0): é + comum clínica: pescoço alado, tórax em escudo, estatura baixa, hipertelorismo Disgenesia com Y (mosaicismo) possuem testículo fibrosado (Ex: síndrome de Swyer – fenótipo feminino) RETIRAR A GÔNADA (risco de disgerminoma) Uterovaginais (causas anatômicas): Malformações Mullerianas: Síndrome de Roktansky (agenesia uterovaginal 46XX com vagina curta, fundo cego, agenesia de útero e trompas) Síndrome de Asherman: lesão endometrial (pós-curetagem, aborto induzido) diagnóstico por histeroscopia e tratamento com ressecção de aderências Hiperplasia adrenal congênita (HAC): principal causa de genitália ambígua na mulher ↑ Androgênios = masculiniza PROVA: principal causa de HAC é por deficiência de 21-hidroxilase **Síndrome de Morris = Pseudo-hermadrodistismo masculino Síndrome da insensibilidade aos androgênios Defeito de receptor androgênico em homens (46XY) Causa genitália externa feminina + testículo (diferenciar de Sd de Roktansky Síndrome de Roktansky Síndrome de Morris Agenesia Mulleriana Defeito no receptor de androgênio 46 XX (feminino) 46 XY (masculino) Clínica: amenorreia 1a, com caracter sexual 2°, sem útero, vagina curta e pelo normal Clínica: amenorreia 1a, mama pequena, sem útero, vagina curta, mas SEM pelos Tratamento: retirar gônada e alongar vagina Outras malformações mullerianas (Tipos de útero) Bicorno Septado diferenciar do bicorno por RNM ou USG 3D porque na histeroscopia os dois tem mesma imagem Unicorno Didelfo SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO (SOP) Sinônimo: Anovulação hiperandrogênica Diagnóstico de exclusão Afeta 5-10% das mulheres Endocrinopatia da mulher (causa ginecológica) mais comum SHBG - proteína transportadora de hormônio sexual está diminuída no SOP (é a proteína responsável por pegar a fração livre dos hormônios e conectar nas células da gônada) Resistência insulínica fígado faz queda na produção da SHBG aumento de estrogênio e androgênio (frações livres) Hiperandrogenismo + Anovulação Risco cardiovascular aumentado Laboratório para excluir outras doenças: TSH e prolactina (causas de irregularidade menstrual) 17-OH-progesterona (hiperplasia adrenal congênita = 17-OH-P < 200 exclui HAC) Cortisol (Sd de Cushing) Perfil laboratorial do SOP: testosterona total e livre, S-DHEA, androstenediona, LH, FSH, prolactina, SHBG Avaliar Síndrome Metabólica!!!!!! Diagnóstico 2 dos 3 critérios abaixo Ovários policísticos no USG (≥ 12 folículos de 2 a 9 mm ou ≥ 10cm3 ovário) Oligo ou anovulação Hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial) Tratamento: Atividade física + dieta + perdade peso (MEV) Avaliar objetivo da paciente (se quer ou não engravidar) Controle da insulina Metformina Tratar hirsutismo estético, ciproterona (progesterona mais anti-androgênica) Cuidar com uso da ciproterona e risco de trombose Controle de ciclo ACO ou progesterona (se não quer engravidar) Gestação: indutores de ovulação clomifeno Resistência insulínica Hiperandrogenismo Anovulação Clínica Acantose nigrans Acne, alopécia, hirsutismo Irregularidade menstrual e infertilidade
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