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Anamnese Rayana Turra Damo – Medicina Unioeste- FB Significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados à doença e ao paciente. É uma entrevista e o instrumento de que nos valemos é a palavra falada (em situações especiais se utiliza libras, escrita ou um tradutor). É uma conversa com o paciente, entretanto tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, é a reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com uma situação anormal na vida do paciente. É um instrumento para a triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e preocupações. Além disso, registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo espaço para a promoção de saúde. É a parte mais difícil do método clinico, mas também é a mais importante. Seu aprendizado é lento, já que as pessoas apresentam individualidades que exige ao médico flexibilidade na conduta e capacidade de adaptação. Uma das principais características do método clínico é justamente sua flexibilidade. Contudo na fase inicial de aprendizagem é melhor procurar esgotar as questões durante a anamnese. É a parte mais importante da medicina, por que: 1. É o núcleo em torno do qual se desenvolve a relação médico-paciente (principal pilar do trabalho médico). 2. É cada vez mais evidente que o progresso tecnológico somente é bem utilizado se o lado humano da medicina é preservado. Anamnese bem feita: acompanha-se de decisões diagnosticas e terapêuticas corretas. Anamnese mal feita: desencadeia uma série de consequências negativas que não podem ser compensadas com exames complementares. Progresso tecnológico X Anamnese O progresso tecnológico não elimina a entrevista. Pode-se afirmar que uma das principais causas da perda de qualidade do trabalho médico é a redução do tempo dedicado à anamnese. O aproveitamento racional das avançadas técnicas depende cada vez mais da anamnese, uma vez que a escolha do exame adequado entre tantos disponíveis é fruto de um raciocínio crítico apoiado à anamnese. Possibilidades e objetivos da anamnese: 1. Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente. 2. Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam seu processo saúde-doença. 3. Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do paciente. 4. Avaliar, de maneira detalhada, os sintomas de cada sistema corporal. 5. Registrar e desenvolver práticas de promoção à saúde. 6. Avaliar estado de saúde do passado e do presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença. 7. Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais. Condução da anamnese: 1. O médico deve deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo (psicanalista). 2. Anamnese dirigida: o médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente (exige rigor técnico e cuidado na sua execução). 3. Inicialmente o médico deixa o paciente relatar suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. - Qualquer que seja a técnica empregada, os dados coletados devem ser elaborados, ou seja, uma boa anamnese é o que se retém do relato feito pelo paciente depois de ter passado por uma analise critica, com intuito de estabelecer o significado exato das expressões usadas e a coerência das correlações estabelecidas. - A história clínica não é um simples registro de conversa, mas sim é resultado de uma conversa com objetivo explicito. - Uma entrevista de boa qualidade deve contar com um médico interessado no que o paciente tem a dizer e ao mesmo tempo deve demonstrar compreensão e desejo de ser útil. - Determinados pacientes (adeptos a internet e revistas científicas) tendem a tomar a condução da anamnese, respondendo apenas as perguntas que lhes interessam, questionando o médico, levantando questões à todo momento, interpretando os sintomas, emitindo opiniões sobre exames, diagnostico e tratamento. Diante disso médico tem que retornas a entrevista de maneira habilidosa e não assumir nenhuma atitude hostil. Tempo dedicado à anamnese: Não se pode estabelecer limites rígidos, ou seja, não há tempo determinado. Aproveita-se o momento de execução do exame físico para novas indagações (alguns dados se tornam mais claros). Estudantes que estão fazendo sua iniciação clínica: gastam horas para entrevistar o paciente, pois são obrigados a seguir roteiros longos e preestabelecidos. Doenças agudas ou de início recente: 10 minutos (apresentam poucos sintomas). Doenças de longa duração: 30 a 60 min (apresentam sintomatologia variada). Erros na anamnese: 1. A pressa é o defeito de técnica mais grosseiro que se pode cometer. 2. O espírito preconcebido é outro erro técnico a ser evitado, porque pode ser uma tendência natural do examinador originada principalmente por um interesse por determinada enfermidade. 3. A falta de conhecimento sobre os sintomas da doença limita a possibilidade de se obter uma anamnese completa. Diagnóstico X Anamnese: A anamnese é o fator isolado mais importante para se chegar a um diagnostico, mas seu valor prático não se restringe à elaboração do diagnostico. Há muitas doenças que cujos diagnósticos são feitos exclusivamente pela história, ou seja, dados da anamnese. A terapêutica somática só pode ser planejada se for fundamentada por conhecimentos a partir da anamnese, uma vez que todo paciente apresenta particularidades que podem ser decisivas na escolha do recurso terapêutico. Semiotécnica da na anamnese: A anamnese se inicia com perguntas do tipo: O que o senhor está sentindo? Qual é o seu problema? A execução da anamnese parece ser fácil, entretanto não é bem assim. Não basta pedir ao paciente que relate sua historia e anotá-la. Há muitos pacientes que tem dificuldade para falar e precisam de incentivo, já outros tem mais interesse em relatar as circunstancias e os acontecimentos paralelos do que narrar seus padecimentos. O paciente não é obrigado a saber como deve relatar suas queixas, mas sim o médico é quem precisa saber como obtê-las. As respostas dos pacientes geralmente nos coloca diante de um sintoma, desde que o médico consiga entender claramente o que o paciente quis expressar. A informação é fornecida pelo paciente através de uma linguagem comum, cabendo ao médico encontrar o nome cientifico correspondente. A semiotécnica baseia-se na utilização de uma ou mais das seguintes técnicas: 1. Apoio: afirmações de apoio despertam segurança no paciente, além de encorajá-lo a prosseguir seu relato de alguma situação difícil. Ex: “Eu compreendo”. 2. Facilitação: o médico pode facilitar o relato do paciente por meio de sua postura, ações ou palavras. Ex: gesto de balançar a cabeça levemente (demonstra ao paciente que ele esta sendo compreendido). 3. Reflexão: é muito semelhante à facilitação e consiste na repetição das palavras que o médico considerar mais significativas durante o relato do paciente. 4. Esclarecimento: é diferente de reflexão, uma vez que o médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando. Ex: paciente se refere à tontura, então médico tenta definir qual significado (vertigens? Sensação desagradável?). 5. Confrontação: mostrar ao paciente algo acerca de suas palavras ou comportamentos. Ex: Você diz que está tudo bem, mas por que está com lágrimas nos olhos? 6. Interpretação: médico faz uma observação a partir do que vai notando no relato/comportamento do paciente. Ex: você parece preocupado com os laudosdas radiografias que me trouxe. 7. Respostas empáticas: intervenção do médico mostrando compreensão e aceitação sobre algo relatado ao paciente, pode ser por meio de palavras, gestos ou atitudes. Ex: colocar a mão sobre o braço do paciente ou oferecer um lenço caso o paciente esteja chorando. 8. Silêncio: há momentos na entrevista que o médico deve ficar calado, principalmente quando o paciente se emociona ou chora. Elementos componentes da anamnese: 1- Identificação: É o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e coletivos. É importante para iniciar o relacionamento com o paciente e para confecção de fichários e arquivos do paciente. Além do interesse clinico, também são dados relevantes dos pontos de vista pericial, sanitário e médico- trabalhista. A data da anamnese é sempre importante e quando as condições clínicas se modificam muito rapidamente, convém acrescentar a hora. Elementos obrigatórios: a) Nome: importância de chamar o paciente pelo nome. b) Idade: cada grupo etário tem sua própria doença (importância para o raciocínio diagnóstico) e peculiaridades da relação médico paciente dependendo da faixa etária. c) Sexo/ gênero: importante no ponto de vista clínico, sendo que há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo (hemofilia) e também o processo de adoecimento diferenciado no homem e na mulher, mesmo que a doença seja a mesma. d) Cor/ etnia: cor branca, cor parda, cor preta. Influencia no processo do adoecimento (anemia falciforme, hipertensão arterial, cânceres de pele). e) Estado civil f) Profissão e Local de trabalho: indagar não só sobre a ocupação atual, mas também as outras atividades exercidas em épocas anteriores. Em certas situações, existe uma relação direta entre o trabalho do indivíduo e a doença que o acometeu (doenças profissionais, acidentes de trabalho) ou em outras situações pode estar indiretamente relacionado à doença, ou seja, o ambiente ou trabalho executado pode envolver fatores que agravam uma afecção existente. g) Naturalidade: local de nascimento h) Procedência: residência anterior do paciente. É importante para o repasse financeiro municipal. i) Residência: importância relacionada com as doenças parasitárias e infecciosas (fatores climáticos, hidrográficos, de altitude e migratórios). j) Nome da mãe: importante para diferenciar pacientes homônimos. k) Nome do responsável, cuidador ou acompanhante: necessário para crianças, idosos, tutelados e incapazes para que se firme a relação de corresponsabilidade ética no processo de tratamento do paciente. l) Religião: importante para o planejamento terapêutico (hemotransfusão e não uso de carnes) e também para a relação médico-paciente. m) Filiação de órgãos/ instituições previdenciárias e planos de saúde: facilita o encaminhamento para exames complementares, outros especialistas ou mesmo hospitais para internação. 2- Queixa principal: Registra a queixa principal ou o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo se possível, as expressões por ele utilizadas (utilização de aspas). É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou sintoma. Não aceitar “rótulos diagnósticos” referidos à guisa de queixa principal, uma vez que nem sempre existe uma correspondência entre a nomenclatura leiga utilizada pelo paciente e o significado exato do termo científico. Salvo casos especiais em que é razoável o registro de uma diagnostico como queixa principal. Nos casos em que a pessoa enumera vários motivos para procurar a assistência médica, pergunta-se o que a levou a procurar o atendimento medico ou o que mais incomoda no momento para se obter a queixa principal. Quando o paciente chega ao medico encaminhado por outro colega ou instituição médica, no item correspondente à “queixa principal” registra-se de modo especial o motivo da consulta. 3- História da doença atual (HDA): É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu inicio até a data atual. É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave para chegar ao diagnóstico. Algumas são simples, curtas e com poucos sintomas, sendo facilmente dispostos em ordem cronológica. Já outras são longas, complexas e compostas de inúmeros sintomas, cujas inter-relações não são fáceis de se encontrar. a) Sintoma guia: Sinal ou sintoma que permite recompor a HDA com mais facilidade e precisão (Ex: a febre na malária, as convulsões na epilepsia e o edema na síndrome nefrótica). Nem sempre há um único sintoma guia para cada enfermidade. Não é necessariamente o mais antigo, mas tal atributo deve ser levado em conta. Não é obrigatório que seja a primeira queixa relatada. Nem sempre é o sintoma mais realçado pelo paciente. Não existe uma regra fixa para ser determinado, entretanto como orientação geral, deve-se escolher como o sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado pelo paciente ou simplesmente começar pelo relato de queixa principal. b) Época de inicio do sintoma-guia: Utiliza-se a pergunta: Quando o senhor começou sentir isso? Nem sempre o paciente vai lembrar de datas exatas, porém é indispensável o estabelecimento de uma época provável de inicio do sintoma. Em doenças de inicio recente é fácil recordar os acontecimentos relacionados. Entretanto, em doenças de longa duração ou inicio insidioso tem-se maiores dificuldades, sendo necessário a utilização de certos artifícios (relacionar os sintomas a eventos como casamento, gravides, mudanças e acidentes). c) Evolução do sintoma-guia: Constrói-se uma história clínica com base no modo como evoluem os sintomas. Ao mesmo tempo, o medico estabelece as correlações e as inter-relações com outras queixas. OBS: Na confecção da anamnese deve-se obter uma historia clinica que tenha inicio, meio e fim. Além de ter um fio condutor e um sintoma-guia que serve como espinha dorsal, enquanto os outros sintomas se articulam com ele. d) Esquema para analise de um sintoma: 4- Interrogatório sintomático (IS): Também denominada de anamnese especial ou revisão de sistemas. É um complemento da história da doença atual, sendo assim quando bem feita a HDA deixa pouca coisa para o IS. Documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. É um elemento indispensável no conjunto do exame clínico, uma vez que o exame clínico só estará concluído quando o IS for adequadamente executado. É a parte mais longa da anamnese. a) Importância: Sua principal utilidade é permitir ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não tenham relação com a HDA. Ex: paciente com quadro sintomatológico na HDA de úlcera peptídica, no IS houve referencia de edema nos membros inferiores, alertando possível cirrose. Ele também pode originar a suspeita diagnostica mais importante, principalmente por ser comum o paciente não relatar um ou vários sintomas durantes a HDA. Ex: paciente procura o médico com determinada queixa e na IS descobre diversos outros sintomas que o paciente não tinha dado tanta importância e que são essenciais para o diagnostico correto. Avaliar as práticas de promoção de saúde: enquanto se avalia o estado de saúde passado e presente de cada sistema corporal, aproveita-se para promover a saúde, orientando e esclarecendo o paciente a prevenir doenças e evitar riscos à saúde. b) Como realizar uma boa IS na iniciação clinica: Deve-se seguir um esquema rígido constituído de um conjunto de perguntas que correspondam a todos ossintomas indicativos de alterações dos vários aparelhos do organismo. Deve-se registrar tanto os sintomas presentes quanto os negados pelo paciente. Toda queixa deve ser objeto de investigação com base no esquema anterior proposto para analise de um sintoma. A proposta de atender ao paciente de maneira holística inclui o conhecimento de todos sistemas corporais. É necessário registrar o estado atual de todo o organismo para ter um parâmetro no caso de futuras queixas ou adoecimentos. Atentar que muitas vezes o adoecimento de um sistema corporal tem correlação com outro sistema, e há necessidade de tal conhecimento para adequar a proposta terapêutica. c) Sistematização do interrogatório: Não é fácil de ser realizada quando se tem como permanente preocupação uma visão global do paciente. Pode ser simplificado ou adaptado à medida que se adquire experiência clinica. Inicio é difícil tanto pela incompreensão dos termos utilizados pelo paciente quanto pela escassez de conhecimento clinico. 1. Sintomas gerais: febre, astenia, alteração de peso, sudorese, calafrios, caibras. 2. Pele e fâneros 3. Cabeça e pescoço: crânio, face e pescoço; olhos; ouvidos; nariz e cavidades paranasais; cavidade bucal e anexos; faringe; laringe; tireoide e paratireoide; vasos e linfonodos. 4. Tórax: parede torácica; mamas; traqueia, brônquios, pulmões e pleuras; diafragma e mediastino; coração e grandes vasos; esôfago. 5. Abdome: parede abdominal; estômago; intestino delgado; cólon, reto e ânus; fígado e vias biliares; pâncreas. 6. Sistema geniturinário: rins e vias urinárias; órgãos genitais femininos; órgãos genitais masculinos. 7. Sistema hemolinfopoético 8. Sistema endócrino: hipotálamo e hipófise; tireoide; paratireoides; suprarrenais; gônadas. 9. Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades: coluna vertebral; ossos; articulações; bursas e tendões. 10. Músculos 11. Artérias, veias, linfáticos e microcirculação. 12. Sistema Nervoso 13. Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. 5- Antecedentes pessoais e familiares: Não pode ser esquematizada rigidamente. a) Antecedentes pessoais: Avaliação do estado de saúde do passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde-doença. Essa avaliação costuma ser feita com mais facilidade em crianças e indivíduos de baixa idade. As vezes, uma hipótese diagnostica leva o examinador uma indagação mais minuciosa de algum aspecto da vida pregressa. EX: cardiopatia congênita e a possível ocorrência de rubéola na mãe durante o primeiro trimestre da gravidez. Fisiológicos: gestação e nascimento; desenvolvimento psicomotor e neural; desenvolvimento sexual. Patológicos: doenças sofridas; alergia; cirurgias, traumatismo; transfusões sanguíneas; historia obstétrica; vacinas e medicamentos em uso. b) Antecedentes familiares: Menção ao estado de saúde de pais, irmãos, cônjuge (se for casado) e filhos (se tiver). Também não esquecer dos avós, tios e primos maternos e paternos. Se tiver algum doente na família, esclarecer natureza da doença. Em caso de falecimento, indagar causa do óbito e a idade em que ocorreu. Perguntar sobre a existência de enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão arterial, câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronariana, AVC, dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes (doenças com caráter familiar). Atentar se o paciente é portador de uma doença de caráter hereditário (anemia falciforme, hemofilia, rins policísticos) para então recorrer a investigação genética. 6- Hábitos e estilo de vida: Item amplo e heterogêneo. Alguns hábitos são ocultados pelos pacientes e familiares, portanto uma afirmativa ou uma negativa sem explicações não significa necessariamente a verdade. a) Alimentação: Pode ser uma avaliação qualitativa quanto quantitativa. Induz o paciente a discriminar sua alimentação habitual, especificando o tipo e a quantidade dos alimentos ingeridos (anamnese alimentar). Questionar o consumo de alimentos a base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, bem como agua e outros líquidos. Exemplos de conclusões mais frequentes: - alimentação quantitativa e qualitativa adequada. - reduzida ingesta de fibras. - insuficiente consumo de proteínas, com alimentação a base de carboidratos. - consumo de calorias acima das necessidades. - alimentação com alto teor de gordura. - reduzida ingesta de frutas e verduras. - insuficiente consumo de proteínas sem aumento compensador da ingestão de carboidratos. - reduzida ingesta de carboidratos. - reduzido consumo de gorduras. - alimentação puramente vegetariana. - alimentação láctea exclusiva. b) Ocupação atual e ocupações anteriores: Obter informações sobre a natureza do trabalho desempenhado, com que substancias entra em contato, quais as características do meio ambiente e qual o grau de ajustamento ao trabalho. Os dados relacionados com esse item costumam ser chamados historia ocupacional. c) Atividades físicas: Grande relação entre algumas enfermidades e à execução de exercícios físicos. Dizem respeito tanto ao trabalho quanto à pratica de esportes. Questionar: - tipo de exercício físico. - frequência. - duração. - tempo de pratica. Classificação: - pessoas sedentárias - pessoas que exercem atividades físicas moderadas - pessoas que exercem atividades físicas intensas e constantes. - pessoas que exercem atividades físicas ocasionais. d) Consumo de tabaco: Por ser socialmente aceito, não costuma ser negado pelo paciente, exceto em casos que tenha sido proibido de fumar. Apresenta diversos efeitos nocivos à saúde do indivíduo Questionar: - tipo (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha). - quantidade. - frequência. - duração do vício. - abstinência (já tentou parar de fumar). e) Consumo de bebidas alcóolicas: É socialmente aceita, porém muitas vezes é omitida ou minimizada pelo paciente. Tem efeitos deletérios graves sobre determinados órgãos, além de ser uma doença de fundo psicossocial. Binge drinking/heavy drinking: consumo de 5 ou mais doses em uma única ocasião para homens ou consumo de 4 ou mais doses em uma única ocasião para mulheres, pelo menos uma vez nas ultimas duas semanas. Esse tipo de padrão de consumo expõe o bebedor a situações de riscos. Questionar: - tipo de bebida; - quantidade habitualmente ingerida; - frequência; - duração do vício; - abstinência (já tentou parar de beber). Questionário CAGE para reconhecimento de pacientes que fazem uso abusivo de bebidas alcóolicas: - necessidade de diminuir (cult down) o consumo de bebidas alcóolicas. - sentir-se incomodado (annoyed) por criticas à bebida. - sensação de culpa (guilty) ao beber. - necessidade de beber no inicio da manha para abrir os olhos (eye-opener). f) Uso de anabolizantes e anfetaminas: Podem causas dependência e causar prejuízos a saúde. Alguns sedativos podem causar dependência e portanto devem ser investigados. g) Consumo de drogas ilícitas: Incluem: maconha, cocaína, heroína, ecstasy, LSD, crack, oxi, chá de cogumelo e inalantes. A investigação clinica a respeito disso não é fácil e o médico deve integrar informações provenientes de todas as fontes disponíveis. Questionar: - tipo de droga; - quantidade habitualmente ingerida; - frequência; - duração do vício; - abstinência. 7- Condições socioeconômicas e culturais: Avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa e crenças espirituais, bem como condições de moradia e grau de escolaridade. a) Habitação: Não deve ser vista como fatoisolado, uma vez que ela está inserida em um meio ecológico do qual faz parte. Questionar: - condições de moradia: casa ou apartamento; casa de alvenaria ou não; quantidade de cômodos; se conta com saneamento básico e coleta de lixo; se abriga animais domésticos; se tem contato com pessoas ou animais doentes (onde, quando e duração). - condições do ambiente: se tem poluição de ar, sonora ou visual; desmatamentos e queimadas; alterações climáticas; inundações; temporais; terremotos. b) Condições socioeconômicas: Se houver necessidade de mais informações que não estejam contidas na identificação do paciente, indaga- se sobre: rendimento mensal; situação profissional; se há dependência econômica de parentes ou instituições. É importante conhecer as possibilidades econômicas do paciente, principalmente sua capacidade financeira para comprar medicamentos, uma vez que aa incapacidade de adquirir os remédios é uma das mais frequentes causas do abandono do tratamento. c) Condições culturais: Abrange: grau de escolaridade; religiosidade; tradições; crenças; mitos; medicina popular; comportamentos; hábitos alimentares. Devem ser respeitadas. d) Vida conjugal e relacionamento familiar: Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmão e entre cônjuges. É um tópico bastante difícil para o estudante. Anamnese em pediatria: A particularidade mais marcante reside no fato de obtenção de informações ser feita por intermédio da mãe ou outro familiar. Às vezes a informante é a babá ou outra pessoa que convive mais com a criança. Alguns pais e avós tem a mania de interpretar as manifestações infantis ao invés de relatá-las objetivamente. Deve ser totalmente dirigida. Durante a entrevista se deve observar o comportamento da mãe. Anamnese em psiquiatria: Apresenta diversas peculiaridades que precisam ser conhecidas pelos médicos. Exame clínico e relação médico paciente: A relação médico-paciente apresenta um componente cultural que não depende do que o médico faz e outro componente que está estritamente ligado à própria ação do médico que é fruto de como a anamnese é feita. O exame clínico é a principal oportunidade para estabelecer as bases do aprendizado da relação médico- paciente. É importante que o estudante descubra seu lado humano, com possibilidades e limitações. O trabalho médico não se resume apenas em trabalho técnico. A aprendizagem verdadeira do método clínico é indissociável da aprendizagem da relação médico-paciente. A relação médico paciente continua dependendo das palavras, gestos, do olhar, ouvir, da compreensão e da presença. A relação médico-paciente é uma relação interpessoal na qual a condição de medico e a doença a fazem particular e diferente. Considerações finais: - Em hospitais universitários os prontuários costumam ser bem detalhados (se assemelham ao proposto). Já em postos de saúde e fichas clínicas, os prontuários são mais simples contendo somente os dados essenciais do exame no paciente. - É indispensável a realização de histórias clínicas com maior abrangência possível, não importando o tempo e o esforço. O domínio clínico depende do primeiro momento, sendo que as adaptações feitas mais tardiamente não prejudicam a correta aplicação do método.
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