Buscar

Capítulo 6 PORTO semiologia - Anamnese

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Anamnese 
Rayana Turra Damo – Medicina Unioeste- FB 
 
 Significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados à doença e ao paciente. 
 É uma entrevista e o instrumento de que nos valemos é a palavra falada (em situações especiais se utiliza libras, 
escrita ou um tradutor). 
 É uma conversa com o paciente, entretanto tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, é a 
reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com uma situação anormal 
na vida do paciente. 
 É um instrumento para a triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e preocupações. Além disso, 
registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo espaço para a promoção de saúde. 
 É a parte mais difícil do método clinico, mas também é a mais importante. 
 Seu aprendizado é lento, já que as pessoas apresentam individualidades que exige ao médico flexibilidade na 
conduta e capacidade de adaptação. 
 Uma das principais características do método clínico é justamente sua flexibilidade. Contudo na fase inicial de 
aprendizagem é melhor procurar esgotar as questões durante a anamnese. 
 
É a parte mais importante da medicina, por que: 
1. É o núcleo em torno do qual se desenvolve a relação médico-paciente (principal pilar do trabalho médico). 
2. É cada vez mais evidente que o progresso tecnológico somente é bem utilizado se o lado humano da medicina é 
preservado. 
 
Anamnese bem feita: acompanha-se de decisões diagnosticas e terapêuticas corretas. 
Anamnese mal feita: desencadeia uma série de consequências negativas que não podem ser compensadas com 
exames complementares. 
 
Progresso tecnológico X Anamnese 
 O progresso tecnológico não elimina a entrevista. 
 Pode-se afirmar que uma das principais causas da perda de qualidade do trabalho médico é a redução do 
tempo dedicado à anamnese. 
 O aproveitamento racional das avançadas técnicas depende cada vez mais da anamnese, uma vez que a escolha 
do exame adequado entre tantos disponíveis é fruto de um raciocínio crítico apoiado à anamnese. 
 
Possibilidades e objetivos da anamnese: 
1. Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente. 
2. Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam seu 
processo saúde-doença. 
3. Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do paciente. 
4. Avaliar, de maneira detalhada, os sintomas de cada sistema corporal. 
5. Registrar e desenvolver práticas de promoção à saúde. 
6. Avaliar estado de saúde do passado e do presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e 
ambientais que influenciam seu processo saúde-doença. 
7. Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais. 
 
 
Condução da anamnese: 
1. O médico deve deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência, 
limitando-se a ouvi-lo (psicanalista). 
2. Anamnese dirigida: o médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente 
(exige rigor técnico e cuidado na sua execução). 
3. Inicialmente o médico deixa o paciente relatar suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais 
objetivo. 
 
- Qualquer que seja a técnica empregada, os dados coletados devem ser elaborados, ou seja, uma boa 
anamnese é o que se retém do relato feito pelo paciente depois de ter passado por uma analise critica, com 
intuito de estabelecer o significado exato das expressões usadas e a coerência das correlações estabelecidas. 
 
- A história clínica não é um simples registro de conversa, mas sim é resultado de uma conversa com objetivo 
explicito. 
 
- Uma entrevista de boa qualidade deve contar com um médico interessado no que o paciente tem a dizer e ao 
mesmo tempo deve demonstrar compreensão e desejo de ser útil. 
 
- Determinados pacientes (adeptos a internet e revistas científicas) tendem a tomar a condução da anamnese, 
respondendo apenas as perguntas que lhes interessam, questionando o médico, levantando questões à todo 
momento, interpretando os sintomas, emitindo opiniões sobre exames, diagnostico e tratamento. Diante disso 
médico tem que retornas a entrevista de maneira habilidosa e não assumir nenhuma atitude hostil. 
 
 
Tempo dedicado à anamnese: 
Não se pode estabelecer limites rígidos, ou seja, não há tempo determinado. 
Aproveita-se o momento de execução do exame físico para novas indagações (alguns dados se tornam mais 
claros). 
 Estudantes que estão fazendo sua iniciação clínica: gastam horas para entrevistar o paciente, pois são obrigados 
a seguir roteiros longos e preestabelecidos. 
 Doenças agudas ou de início recente: 10 minutos (apresentam poucos sintomas). 
 Doenças de longa duração: 30 a 60 min (apresentam sintomatologia variada). 
 
 
Erros na anamnese: 
1. A pressa é o defeito de técnica mais grosseiro que se pode cometer. 
2. O espírito preconcebido é outro erro técnico a ser evitado, porque pode ser uma tendência natural do 
examinador originada principalmente por um interesse por determinada enfermidade. 
3. A falta de conhecimento sobre os sintomas da doença limita a possibilidade de se obter uma anamnese 
completa. 
 
 
Diagnóstico X Anamnese: 
 A anamnese é o fator isolado mais importante para se chegar a um diagnostico, mas seu valor prático não se 
restringe à elaboração do diagnostico. 
 Há muitas doenças que cujos diagnósticos são feitos exclusivamente pela história, ou seja, dados da anamnese. 
 A terapêutica somática só pode ser planejada se for fundamentada por conhecimentos a partir da anamnese, 
uma vez que todo paciente apresenta particularidades que podem ser decisivas na escolha do recurso 
terapêutico. 
 
 
Semiotécnica da na anamnese: 
 A anamnese se inicia com perguntas do tipo: O que o senhor está sentindo? Qual é o seu problema? 
 A execução da anamnese parece ser fácil, entretanto não é bem assim. 
 Não basta pedir ao paciente que relate sua historia e anotá-la. Há muitos pacientes que tem dificuldade para 
falar e precisam de incentivo, já outros tem mais interesse em relatar as circunstancias e os acontecimentos 
paralelos do que narrar seus padecimentos. 
 O paciente não é obrigado a saber como deve relatar suas queixas, mas sim o médico é quem precisa saber 
como obtê-las. 
 As respostas dos pacientes geralmente nos coloca diante de um sintoma, desde que o médico consiga entender 
claramente o que o paciente quis expressar. 
 A informação é fornecida pelo paciente através de uma linguagem comum, cabendo ao médico encontrar o 
nome cientifico correspondente. 
 
A semiotécnica baseia-se na utilização de uma ou mais das seguintes técnicas: 
1. Apoio: afirmações de apoio despertam segurança no paciente, além de encorajá-lo a prosseguir seu relato de 
alguma situação difícil. 
Ex: “Eu compreendo”. 
2. Facilitação: o médico pode facilitar o relato do paciente por meio de sua postura, ações ou palavras. 
Ex: gesto de balançar a cabeça levemente (demonstra ao paciente que ele esta sendo compreendido). 
3. Reflexão: é muito semelhante à facilitação e consiste na repetição das palavras que o médico considerar mais 
significativas durante o relato do paciente. 
4. Esclarecimento: é diferente de reflexão, uma vez que o médico procura definir de maneira mais clara o que o 
paciente está relatando. 
Ex: paciente se refere à tontura, então médico tenta definir qual significado (vertigens? Sensação 
desagradável?). 
5. Confrontação: mostrar ao paciente algo acerca de suas palavras ou comportamentos. 
Ex: Você diz que está tudo bem, mas por que está com lágrimas nos olhos? 
6. Interpretação: médico faz uma observação a partir do que vai notando no relato/comportamento do paciente. 
Ex: você parece preocupado com os laudosdas radiografias que me trouxe. 
7. Respostas empáticas: intervenção do médico mostrando compreensão e aceitação sobre algo relatado ao 
paciente, pode ser por meio de palavras, gestos ou atitudes. 
Ex: colocar a mão sobre o braço do paciente ou oferecer um lenço caso o paciente esteja chorando. 
8. Silêncio: há momentos na entrevista que o médico deve ficar calado, principalmente quando o paciente se 
emociona ou chora. 
 
Elementos componentes da anamnese:
 
 
1- Identificação: 
 É o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e coletivos. 
 É importante para iniciar o relacionamento com o paciente e para confecção de fichários e arquivos do 
paciente. 
 Além do interesse clinico, também são dados relevantes dos pontos de vista pericial, sanitário e médico-
trabalhista. 
 A data da anamnese é sempre importante e quando as condições clínicas se modificam muito rapidamente, 
convém acrescentar a hora. 
 
Elementos obrigatórios: 
a) Nome: importância de chamar o paciente pelo nome. 
b) Idade: cada grupo etário tem sua própria doença (importância para o raciocínio diagnóstico) e peculiaridades da 
relação médico paciente dependendo da faixa etária. 
c) Sexo/ gênero: importante no ponto de vista clínico, sendo que há enfermidades que só ocorrem em 
determinado sexo (hemofilia) e também o processo de adoecimento diferenciado no homem e na mulher, 
mesmo que a doença seja a mesma. 
d) Cor/ etnia: cor branca, cor parda, cor preta. 
Influencia no processo do adoecimento (anemia falciforme, hipertensão arterial, cânceres de pele). 
e) Estado civil 
f) Profissão e Local de trabalho: indagar não só sobre a ocupação atual, mas também as outras atividades 
exercidas em épocas anteriores. 
Em certas situações, existe uma relação direta entre o trabalho do indivíduo e a doença que o acometeu (doenças 
profissionais, acidentes de trabalho) ou em outras situações pode estar indiretamente relacionado à doença, ou 
seja, o ambiente ou trabalho executado pode envolver fatores que agravam uma afecção existente. 
g) Naturalidade: local de nascimento 
h) Procedência: residência anterior do paciente. 
É importante para o repasse financeiro municipal. 
i) Residência: importância relacionada com as doenças parasitárias e infecciosas (fatores climáticos, hidrográficos, 
de altitude e migratórios). 
j) Nome da mãe: importante para diferenciar pacientes homônimos. 
k) Nome do responsável, cuidador ou acompanhante: necessário para crianças, idosos, tutelados e incapazes para 
que se firme a relação de corresponsabilidade ética no processo de tratamento do paciente. 
l) Religião: importante para o planejamento terapêutico (hemotransfusão e não uso de carnes) e também para a 
relação médico-paciente. 
m) Filiação de órgãos/ instituições previdenciárias e planos de saúde: facilita o encaminhamento para exames 
complementares, outros especialistas ou mesmo hospitais para internação. 
 
 
2- Queixa principal: 
 Registra a queixa principal ou o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo se possível, as 
expressões por ele utilizadas (utilização de aspas). 
 É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou sintoma. 
 Não aceitar “rótulos diagnósticos” referidos à guisa de queixa principal, uma vez que nem sempre existe uma 
correspondência entre a nomenclatura leiga utilizada pelo paciente e o significado exato do termo científico. 
Salvo casos especiais em que é razoável o registro de uma diagnostico como queixa principal. 
 Nos casos em que a pessoa enumera vários motivos para procurar a assistência médica, pergunta-se o que a 
levou a procurar o atendimento medico ou o que mais incomoda no momento para se obter a queixa principal. 
 Quando o paciente chega ao medico encaminhado por outro colega ou instituição médica, no item 
correspondente à “queixa principal” registra-se de modo especial o motivo da consulta. 
 
 
 
 
3- História da doença atual (HDA): 
 É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o 
seu inicio até a data atual. 
 É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave para chegar ao diagnóstico. 
 Algumas são simples, curtas e com poucos sintomas, sendo facilmente dispostos em ordem cronológica. Já 
outras são longas, complexas e compostas de inúmeros sintomas, cujas inter-relações não são fáceis de se 
encontrar. 
 
 
 
a) Sintoma guia: 
 Sinal ou sintoma que permite recompor a HDA com mais facilidade e precisão (Ex: a febre na malária, as 
convulsões na epilepsia e o edema na síndrome nefrótica). 
 Nem sempre há um único sintoma guia para cada enfermidade. 
 Não é necessariamente o mais antigo, mas tal atributo deve ser levado em conta. 
 Não é obrigatório que seja a primeira queixa relatada. 
 Nem sempre é o sintoma mais realçado pelo paciente. 
 Não existe uma regra fixa para ser determinado, entretanto como orientação geral, deve-se escolher como o 
sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado pelo paciente ou simplesmente 
começar pelo relato de queixa principal. 
 
 
b) Época de inicio do sintoma-guia: 
 Utiliza-se a pergunta: Quando o senhor começou sentir isso? 
 Nem sempre o paciente vai lembrar de datas exatas, porém é indispensável o estabelecimento de uma época 
provável de inicio do sintoma. 
 Em doenças de inicio recente é fácil recordar os acontecimentos relacionados. Entretanto, em doenças de longa 
duração ou inicio insidioso tem-se maiores dificuldades, sendo necessário a utilização de certos artifícios 
(relacionar os sintomas a eventos como casamento, gravides, mudanças e acidentes). 
 
 
c) Evolução do sintoma-guia: 
 Constrói-se uma história clínica com base no modo como evoluem os sintomas. 
 Ao mesmo tempo, o medico estabelece as correlações e as inter-relações com outras queixas. 
 
OBS: Na confecção da anamnese deve-se obter uma historia clinica que tenha inicio, meio e fim. Além de ter um fio 
condutor e um sintoma-guia que serve como espinha dorsal, enquanto os outros sintomas se articulam com ele. 
 
 
 
 
 
 
d) Esquema para analise de um sintoma: 
 
 
 
 
4- Interrogatório sintomático (IS): 
 Também denominada de anamnese especial ou revisão de sistemas. 
 É um complemento da história da doença atual, sendo assim quando bem feita a HDA deixa pouca coisa para o IS. 
 Documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas 
corporais. 
 É um elemento indispensável no conjunto do exame clínico, uma vez que o exame clínico só estará concluído 
quando o IS for adequadamente executado. 
 É a parte mais longa da anamnese. 
 
 
 
 
a) Importância: 
 Sua principal utilidade é permitir ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não 
tenham relação com a HDA. 
Ex: paciente com quadro sintomatológico na HDA de úlcera peptídica, no IS houve referencia de edema nos 
membros inferiores, alertando possível cirrose. 
 Ele também pode originar a suspeita diagnostica mais importante, principalmente por ser comum o paciente 
não relatar um ou vários sintomas durantes a HDA. 
Ex: paciente procura o médico com determinada queixa e na IS descobre diversos outros sintomas que o 
paciente não tinha dado tanta importância e que são essenciais para o diagnostico correto. 
 Avaliar as práticas de promoção de saúde: enquanto se avalia o estado de saúde passado e presente de cada 
sistema corporal, aproveita-se para promover a saúde, orientando e esclarecendo o paciente a prevenir 
doenças e evitar riscos à saúde. 
 
b) Como realizar uma boa IS na iniciação clinica: 
 Deve-se seguir um esquema rígido constituído de um conjunto de perguntas que correspondam a todos ossintomas indicativos de alterações dos vários aparelhos do organismo. 
 Deve-se registrar tanto os sintomas presentes quanto os negados pelo paciente. 
 Toda queixa deve ser objeto de investigação com base no esquema anterior proposto para analise de um 
sintoma. 
 A proposta de atender ao paciente de maneira holística inclui o conhecimento de todos sistemas corporais. 
 É necessário registrar o estado atual de todo o organismo para ter um parâmetro no caso de futuras queixas 
ou adoecimentos. 
 Atentar que muitas vezes o adoecimento de um sistema corporal tem correlação com outro sistema, e há 
necessidade de tal conhecimento para adequar a proposta terapêutica. 
 
 
c) Sistematização do interrogatório: 
 Não é fácil de ser realizada quando se tem como permanente preocupação uma visão global do paciente. 
 Pode ser simplificado ou adaptado à medida que se adquire experiência clinica. 
 Inicio é difícil tanto pela incompreensão dos termos utilizados pelo paciente quanto pela escassez de 
conhecimento clinico. 
 
1. Sintomas gerais: febre, astenia, alteração de peso, sudorese, calafrios, caibras. 
2. Pele e fâneros 
3. Cabeça e pescoço: crânio, face e pescoço; olhos; ouvidos; nariz e cavidades paranasais; cavidade bucal e anexos; 
faringe; laringe; tireoide e paratireoide; vasos e linfonodos. 
4. Tórax: parede torácica; mamas; traqueia, brônquios, pulmões e pleuras; diafragma e mediastino; coração e 
grandes vasos; esôfago. 
5. Abdome: parede abdominal; estômago; intestino delgado; cólon, reto e ânus; fígado e vias biliares; pâncreas. 
6. Sistema geniturinário: rins e vias urinárias; órgãos genitais femininos; órgãos genitais masculinos. 
7. Sistema hemolinfopoético 
8. Sistema endócrino: hipotálamo e hipófise; tireoide; paratireoides; suprarrenais; gônadas. 
9. Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades: coluna vertebral; ossos; articulações; bursas e tendões. 
10. Músculos 
11. Artérias, veias, linfáticos e microcirculação. 
12. Sistema Nervoso 
13. Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. 
 
 
 
 
5- Antecedentes pessoais e familiares: 
Não pode ser esquematizada rigidamente. 
 
a) Antecedentes pessoais: 
 Avaliação do estado de saúde do passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares 
que influenciam seu processo saúde-doença. 
 Essa avaliação costuma ser feita com mais facilidade em crianças e indivíduos de baixa idade. 
 As vezes, uma hipótese diagnostica leva o examinador uma indagação mais minuciosa de algum aspecto da 
vida pregressa. EX: cardiopatia congênita e a possível ocorrência de rubéola na mãe durante o primeiro trimestre 
da gravidez. 
 
Fisiológicos: gestação e nascimento; desenvolvimento psicomotor e neural; desenvolvimento sexual.
 
 
Patológicos: doenças sofridas; alergia; cirurgias, traumatismo; transfusões sanguíneas; historia obstétrica; vacinas e 
medicamentos em uso. 
 
 
 
 
 
 
b) Antecedentes familiares: 
 Menção ao estado de saúde de pais, irmãos, cônjuge (se for casado) e filhos (se tiver). Também não 
esquecer dos avós, tios e primos maternos e paternos. 
 Se tiver algum doente na família, esclarecer natureza da doença. 
 Em caso de falecimento, indagar causa do óbito e a idade em que ocorreu. 
 Perguntar sobre a existência de enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão arterial, câncer, doenças 
alérgicas, doença arterial coronariana, AVC, dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes (doenças com caráter 
familiar). 
 Atentar se o paciente é portador de uma doença de caráter hereditário (anemia falciforme, hemofilia, rins 
policísticos) para então recorrer a investigação genética. 
 
 
6- Hábitos e estilo de vida: 
Item amplo e heterogêneo. 
Alguns hábitos são ocultados pelos pacientes e familiares, portanto uma afirmativa ou uma negativa sem 
explicações não significa necessariamente a verdade. 
 
a) Alimentação: 
 Pode ser uma avaliação qualitativa quanto quantitativa. 
 Induz o paciente a discriminar sua alimentação habitual, especificando o tipo e a quantidade dos alimentos 
ingeridos (anamnese alimentar). 
 Questionar o consumo de alimentos a base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, bem como agua e 
outros líquidos. 
 
Exemplos de conclusões mais frequentes: 
- alimentação quantitativa e qualitativa adequada. 
- reduzida ingesta de fibras. 
- insuficiente consumo de proteínas, com alimentação a base de carboidratos. 
- consumo de calorias acima das necessidades. 
- alimentação com alto teor de gordura. 
- reduzida ingesta de frutas e verduras. 
- insuficiente consumo de proteínas sem aumento compensador da ingestão de carboidratos. 
- reduzida ingesta de carboidratos. 
- reduzido consumo de gorduras. 
- alimentação puramente vegetariana. 
- alimentação láctea exclusiva. 
 
b) Ocupação atual e ocupações anteriores: 
 Obter informações sobre a natureza do trabalho desempenhado, com que substancias entra em contato, 
quais as características do meio ambiente e qual o grau de ajustamento ao trabalho. 
 Os dados relacionados com esse item costumam ser chamados historia ocupacional. 
 
c) Atividades físicas: 
 Grande relação entre algumas enfermidades e à execução de exercícios físicos. 
 Dizem respeito tanto ao trabalho quanto à pratica de esportes. 
Questionar: 
- tipo de exercício físico. 
- frequência. 
- duração. 
- tempo de pratica. 
 
Classificação: 
- pessoas sedentárias 
- pessoas que exercem atividades físicas moderadas 
- pessoas que exercem atividades físicas intensas e constantes. 
- pessoas que exercem atividades físicas ocasionais. 
 
 
 
d) Consumo de tabaco: 
 Por ser socialmente aceito, não costuma ser negado pelo paciente, exceto em casos que tenha sido proibido 
de fumar. 
 Apresenta diversos efeitos nocivos à saúde do indivíduo 
 
Questionar: 
- tipo (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha). 
- quantidade. 
- frequência. 
- duração do vício. 
- abstinência (já tentou parar de fumar). 
 
e) Consumo de bebidas alcóolicas: 
 É socialmente aceita, porém muitas vezes é omitida ou minimizada pelo paciente. 
 Tem efeitos deletérios graves sobre determinados órgãos, além de ser uma doença de fundo psicossocial. 
 Binge drinking/heavy drinking: consumo de 5 ou mais doses em uma única ocasião para homens ou 
consumo de 4 ou mais doses em uma única ocasião para mulheres, pelo menos uma vez nas ultimas duas semanas. 
Esse tipo de padrão de consumo expõe o bebedor a situações de riscos. 
Questionar: 
- tipo de bebida; 
- quantidade habitualmente ingerida; 
- frequência; 
- duração do vício; 
- abstinência (já tentou parar de beber). 
 
Questionário CAGE para reconhecimento de pacientes que fazem uso abusivo de bebidas alcóolicas: 
- necessidade de diminuir (cult down) o consumo de bebidas alcóolicas. 
- sentir-se incomodado (annoyed) por criticas à bebida. 
- sensação de culpa (guilty) ao beber. 
- necessidade de beber no inicio da manha para abrir os olhos (eye-opener). 
 
 
 
f) Uso de anabolizantes e anfetaminas: 
 Podem causas dependência e causar prejuízos a saúde. 
 Alguns sedativos podem causar dependência e portanto devem ser investigados. 
 
g) Consumo de drogas ilícitas: 
 Incluem: maconha, cocaína, heroína, ecstasy, LSD, crack, oxi, chá de cogumelo e inalantes. 
 A investigação clinica a respeito disso não é fácil e o médico deve integrar informações provenientes de 
todas as fontes disponíveis. 
 
Questionar: 
- tipo de droga; 
- quantidade habitualmente ingerida; 
- frequência; 
- duração do vício; 
- abstinência. 
 
7- Condições socioeconômicas e culturais: 
Avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa e crenças espirituais, bem como 
condições de moradia e grau de escolaridade. 
 
a) Habitação: 
Não deve ser vista como fatoisolado, uma vez que ela está inserida em um meio ecológico do qual faz parte. 
 
Questionar: 
- condições de moradia: casa ou apartamento; casa de alvenaria ou não; quantidade de cômodos; se conta com 
saneamento básico e coleta de lixo; se abriga animais domésticos; se tem contato com pessoas ou animais doentes 
(onde, quando e duração). 
- condições do ambiente: se tem poluição de ar, sonora ou visual; desmatamentos e queimadas; alterações 
climáticas; inundações; temporais; terremotos. 
 
 
b) Condições socioeconômicas: 
 Se houver necessidade de mais informações que não estejam contidas na identificação do paciente, indaga-
se sobre: rendimento mensal; situação profissional; se há dependência econômica de parentes ou instituições. 
 É importante conhecer as possibilidades econômicas do paciente, principalmente sua capacidade financeira 
para comprar medicamentos, uma vez que aa incapacidade de adquirir os remédios é uma das mais frequentes 
causas do abandono do tratamento. 
 
 
c) Condições culturais: 
 Abrange: grau de escolaridade; religiosidade; tradições; crenças; mitos; medicina popular; comportamentos; 
hábitos alimentares. 
 Devem ser respeitadas. 
 
d) Vida conjugal e relacionamento familiar: 
 Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmão e entre cônjuges. 
 É um tópico bastante difícil para o estudante. 
 
 
 
Anamnese em pediatria: 
 A particularidade mais marcante reside no fato de obtenção de informações ser feita por intermédio da mãe ou 
outro familiar. Às vezes a informante é a babá ou outra pessoa que convive mais com a criança. 
 Alguns pais e avós tem a mania de interpretar as manifestações infantis ao invés de relatá-las objetivamente. 
 Deve ser totalmente dirigida. 
 Durante a entrevista se deve observar o comportamento da mãe. 
 
Anamnese em psiquiatria: 
Apresenta diversas peculiaridades que precisam ser conhecidas pelos médicos. 
 
Exame clínico e relação médico paciente: 
 A relação médico-paciente apresenta um componente cultural que não depende do que o médico faz e outro 
componente que está estritamente ligado à própria ação do médico que é fruto de como a anamnese é feita. 
 O exame clínico é a principal oportunidade para estabelecer as bases do aprendizado da relação médico- 
paciente. 
 É importante que o estudante descubra seu lado humano, com possibilidades e limitações. 
 O trabalho médico não se resume apenas em trabalho técnico. 
 A aprendizagem verdadeira do método clínico é indissociável da aprendizagem da relação médico-paciente. 
 A relação médico paciente continua dependendo das palavras, gestos, do olhar, ouvir, da compreensão e da 
presença. 
 A relação médico-paciente é uma relação interpessoal na qual a condição de medico e a doença a fazem 
particular e diferente. 
 
 
Considerações finais: 
- Em hospitais universitários os prontuários costumam ser bem detalhados (se assemelham ao proposto). Já em 
postos de saúde e fichas clínicas, os prontuários são mais simples contendo somente os dados essenciais do exame 
no paciente. 
- É indispensável a realização de histórias clínicas com maior abrangência possível, não importando o tempo e o 
esforço. O domínio clínico depende do primeiro momento, sendo que as adaptações feitas mais tardiamente não 
prejudicam a correta aplicação do método.

Continue navegando