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ENG A49 – Isostática 7. Esforços solicitantes Até agora, na análise de estruturas, consideramos forças externas e internas em função do elemento ou conjunto de elementos estudado. Mas, em cada elemento sob ação de forças também ocorrem esforços entre as múltiplas partículas que os compõem. Esses são chamados esforços solicitantes. Podem ser: tração/compressão, corte, flexão, torção Esforços internos em membros de estruturas A barra AB está em equilíbrio sob ação de F e – F. Se seccionamos a barra em um ponto qualquer C, cada uma das partes está em equilíbrio com os diagramas mostrados ao lado. As forças no ponto C são as que mantinham unidas as partes AC e CB. Essas forças são os esforços solicitantes na seção C. Todas as seções da barra AB estão submetidas a uma tração F. B C - F A F C A F - F C F - F B O elemento estrutural abaixo está submetido a apenas duas forças mas, não sendo uma barra reta, as forças que o mantêm em equilíbrio (P e –P) provocam momentos em relação às seções do mesmo, com exceção de A e C. Se o seccionarmos em D, precisaremos dos sistemas forças binários mostrados para equilibrar cada uma das duas partes. F é um esforço normal à seção, no caso, uma tração. A força V tende a cortar a barra ABC em D e é chamada força cortante. O momento do binário, M, tende a fletir a barra e é chamado momento fletor. Na estrutura abaixo, já analisada, tanto a estrutura toda como cada uma das barras que a compõem estão em equilíbrio sob ação das forças representadas. J Seccionando-se o elemento ABCD em J, precisamos dos sistemas força-binário representados na seção para que cada uma das partes esteja em equilíbrio. Aqui temos, também, um esforço normal (F), uma força cortante (V) e um momento fletor (M). Determine as forças internas (a) no membro ACF no ponto J e (b) no membro BCD em K. SOLUÇÃO: • Determine as reações e forças nas conexões de cada membro. :0 EM 0m8.4m6.3N2400 FN1800F Considere toda a estrutura como um corpo livre: 7- 7 Considere o membro BCD como corpo-livre: :0 BM 0m4.2m6.3N2400 yCN3600yC :0 CM 0m4.2m2.1N2400 yBN1200yB :0 xF 0 xx CB Considere o membro ABE como corpo-livre: :0 AM 0m4.2 xB 0xB :0xF 0 xx AB 0xA :0yF 0N600 yy BA N1800yA Do membro BCD: :0 xF 0 xx CB 0xC • Corte o membro ACF em J. As forças internas em J são representadas por um sistema força-binário equivalente. Considere o corpo-livre AJ: :0 JM 0m2.1N1800 MmN2160 M • Corte o membro BCD em K. Determine o sistema força-binário equivalente às forças internas em K. Considere o corpo-livre BK: :0 KM 0m5.1N1200 M mN1800 M :0 xF 0F :0 yF 0N1200 V N1200V Vigas Vigas são elementos estruturais projetados para suportarem cargas transversais a seus eixos ao longo de sua extensão. Em geral, são barras prismáticas longas e retas, freqüentemente, com seção transversal constante. As cargas podem ser concentradas, distribuídas ou associações dessas. Na maior parte das vezes as cargas são perpendiculares ao eixo da viga, provocando esforços internos de cisalhamento (corte) e flexão. Se as cargas forem inclinadas em relação ao eixo da viga provocarão também esforços normais. Tipos de carregamento P2 P1 Cargas concentradas q Carga distribuída P2 P1 q Associação das duas P2 P1 q Nas três primeiras vigas os esforços internos são de cisalhamento e flexão. Na quarta, também há esforço de compressão entre a força inclinada e o apoio à esquerda. Classificação de vigas quanto ao sistema de apoio • As vigas são estaticamente determinadas se as reações de apoio envolverem somente três incógnitas. Caso contrário, as reações são estaticamente indeterminadas. Força cortante e momento fletor em uma viga • Deseja-se determinar o momento fletor e a força cortante no ponto C da viga. • Determine as reações de apoio. • Corte a viga em C e desenhe o diagrama de corpo livre para AC e CB. Convenciona-se que o sentido positivo para o sistema força-binário interno é como mostrado. • A partir das condições de equilíbrio, determine M e V ou M’ e V’. Obs. O livro passa a usar V’ e M’ ao invés de –V e – M para evitar confusão com a convenção estabelecida para os sentidos positivo e negativo dos esforços internos. Observe que, apesar dos sentidos opostos em AC e BC ambos são considerados positivos. Equações de equilíbrio ∑ Fy = RA - P1 - w1.L1 - V = 0 V = RA - P1 - w1.L1 L1 L2 Considerando o trecho AC ∑ MC = - MC + MC + MC + M = 0 M = MC - MC - MC w1.L1 P1 RA RA P1 w1.L1 Considerando o trecho CB ∑ Fy = V’ - P2 - P3 - w2.L2 + RB = 0 V’ = P2 + P3 + w2.L2 - RB ∑ MC = -M’ - MC - MC - MC + MC = 0 M’ = MC - MC - MC -MC w2.L2 P2 P3 RB RB P2 P3 w2.L2 Cálculo direto Observe que a força cortante em uma seção é igual à resultante das forças de cada lado da seção: V = RA - P1 - w1.L1 ou V’ = P2 + P3 + w2.L2 - RB Da mesma forma, o momento fletor em uma seção é o momento resultante à esquerda ou à direita desta: M = MC - MC - MC ou M’ = MC - MC - MC -MC RB P2 P3 w2.L2 RA P1 w1.L1 Para atender à convenção de sinais: Se o momento resultante na seção, das forças aplicadas à esquerda desta, for no sentido horário, o momento fletor é positivo. Se for no sentido anti horário, o momento fletor é negativo. Analisando-se pelo lado direito da seção vale a situação inversa. O momento fletor é positivo se o momento resultante à direita for no sentido anti horário. É negativo se o momento resultante à direita for no sentido horário. A força cortante também é positiva se o momento resultante à direita da seção for no sentido horário (para que isso ocorra, a resultante das forças à esquerda precisa ser orientada para cima). O cortante é negativo, no caso contrário. Vale a mesma regra para o lado direito da seção. Nesse caso, para que o momento resultante das forças à direita da seção seja no sentido horário, a resultante das forças à direita precisa ser orientada para baixo. Um modo prático de determinar os sinais dos esforços é relacionando-os à deformação associada da viga Para o momento fletor O momento fletor é positivo quando provoca tração na face inferior da viga e compressão na face superior. É o caso das vigas simplesmente apoiadas como a representada ao lado. q A viga se deforma como representado. (Evidentemente, a deformação está exagerada para que fique visível o que se quer mostrar.) Há um esforço de tração na face inferior e de compressão na face superior. O momento fletor é negativo quando provoca tração na face superior e compressão na face inferior da viga, como na viga em balanço. q A deformação exagerada ao lado destaca as forças de tração e compressão nas faces superior e inferior da viga, respectivamente. S1 Para a força cortante Cortante positivo Efeito das forças externas na seção C C Cortante negativo Efeito das forças externas na seção Convenção dos sinais dos esforços nas seções Negativo Positivo Esforço normal ( N ) Força cortante ( V ) Momento Fletor ( M ) Exemplo: Determinar o momentofletor e a força cortante nos pontos C e D da viga P1= 60 kN q = 4kN/m P2= 40 kN A C D 1,0 1,0 3,0 2,0 (m) 1,5 0,5 3,5 (m) B Ex. 7.5; 7.15; 7.21 Diagramas de momento fletor e força cortante Os esforços internos podem ser expresso por equações. As representações gráficas das funções obtidas são os diagramas dos esforços. As forças cortantes positivas são representadas acima do eixo e as negativas, abaixo. Nos Estados Unidos os diagramas de momento fletor são traçados da mesma forma: momentos positivos representados acima do eixo e negativos abaixo. O livro traça diagramas assim. No Brasil, a tradição é representar os momentos fletores associados às faces tracionadas das vigas. Assim, como de acordo com a convenção estabelecida, os momentos fletores positivos provocam tração na face inferior da viga, são representados abaixo do eixo. Os negativos provocam tração na parte superior da viga e são representados acima do eixo. As funções são melhor compreendidas através de exemplos. O primeiro é o de uma viga bi apoiada com uma carga concentrada no meio do vão. P A L L/2 L/2 B As reações de apoio são RA = RB = P/2 Calculando-se a partir da esquerda da seção C, a força cortante na mesma é: VC = RA = P/2. A força cortante é constante entre as cargas concentradas. De acordo com a convenção de sinais, é positiva nesse trecho O momento fletor em C é: MC = RA . x = P. x/2. O momento fletor varia linearmente entre as cargas concentradas. P A C L L/2 L/2 B RA RB x D E As equações se mantêm até o ponto de aplicação da carga. Nesse ponto há descontinuidade das funções. Se tomarmos uma seção E, imediatamente à direita do ponto de aplicação da carga: VE = RA – P = P/2 – P = - P/2 No ponto de aplicação da carga o cortante tem uma variação brusca igual ao valor da mesma. De acordo com a convenção de sinais, passa a ser negativa. Esse valor se mantém até o apoio B. No meio da viga: MD = RA . x = (P/2). (L/2) = P.L/4 Na seção E: ME = RA . x - P . (x – L/2) = (P/2). x – P. x + P.L/2 ME = (P/2). (L – x) – continua variando linearmente mas muda a inclinação da reta. Imediatamente à esquerda do apoio B: O valor de V não se altera: VC = RA – P = P/2 – P = - P/2 M = RA .L – P. (L/2) = (P/2).L – P.(L/2) = 0 Diagramas dos esforços P/2 P/2 (+) (-) Força cortante Momento fletor P.L/4 Brasil Livro - EEUU P A C L L/2 L/2 B RA RB x P.L/4 Viga bi apoiada com carga distribuída uniforme q A B L Reações de apoio: RA = RB = (q.L)/2 q A B L RB RA C x A força cortante em uma seção qualquer C é: VC = RA – q. x = (q.L)/2 - q. x = q. (L/2 – x) A força cortante varia linearmente no trecho de carga distribuída uniforme. É positiva enquanto x ˂ L/2, igual a zero quando x = L/2 e negativa quando x > L/2. O momento fletor em C é: MC = RA. x – (q. x).(x/2) = (q.L/2). x – (q. x).(x/2) MC = (q/2) . (L.x – x 2) O momento fletor varia segundo uma parábola de segundo grau Diagrama de força cortante V = RA – q. x = q. (L/2 – x) Em A: x = 0 VA = RA = (q.L)/2 No meio do vão: x = L/2 V = q. (L/2 - L/2) = 0 Em B: x = L VB = q. (L/2 – L) = - (q.L)/2 VB = -RB L/2 L/2 q.L/2 (+) (-) q.L/2 q A B L RB RA C x Diagrama de momento fletor M = (q/2) . (L.x – x 2) Em A: x = 0 MA = 0 No meio do vão: x = L/2 M = (q/2) . [L.L/2 – (L/2) 2] M = (q. L 2)/8 Em B: x = L MB = (q/2) . (L.L – L 2) MB = 0 Livro - EEUU Brasil q A B L RB RA C x q. L 2/8 q. L 2/8 Viga em balanço com carga concentrada Reações de apoio RA = P MA = P.d Força cortante em uma seção C Até P: V = RA= P Adiante de P: V = RA- P = 0 Momento fletor em C Até P: M = - MA + P. x Para x = 0 M = - MA Para x = d M = 0 Para x > d M = -MA+P.d = 0 d P A d P A RA MA x C (+) P P.d P.d F. Cortante M. Fletor Brasil EEUU Viga em balanço com carga distribuída q A C l x RA q A C l x MA Reações de apoio RA = q.l MA = q.l.(l/2) = (q. l 2)/2 Força cortante em uma seção C Até B: V = RA- q. x Para x = 0 V = RA Para x ≥ l V = RA- q.l = 0 Momento fletor em C Até B: M = -MA+(q. x).x/2 = -MA+(q. x2)/2 Para x = 0 M = - MA Para x ≥ l M = 0 B (+) q.l As funções sofrem descontinuidade nas seções onde atuam forças ou binários. Portanto devem ser definidas para os intervalos entre esses. Exemplos: Trace os diagramas de força cortante e momento fletor para as duas vigas abaixo. 0,30m 0,80m 0,25m 0,10m 0,15m 2,00 kN 8,00 kN/m Relação entre carga, força cortante e momento fletor xwV xwVVVFy 0:0 D C x x CD dxwVV w dx dV • Relação entre carga e cortante: 2 2 1 0 2 :0 xwxVM x xwxVMMMMC • Relação entre cortante e momento fletor: D C x x CD dxVMM V dx dM Exemplos: 7.29 a 7.32; 7.34; 7.37; 7.41; 7.50; 7.64; 7.71; 7.81; 7.83
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