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DO PROCEDIMENTO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA E PRESCRIÇÃO

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DO PROCEDIMENTO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
O que é?
A liquidação de sentença é o método utilizado para apurar o valor líquido de uma obrigação reconhecida em sentença, a fim de viabilizar a execução forçada (nos casos de obrigação de fazer ou não fazer, por exemplo, a liquidação torna-se necessária apenas após a recusa ou a mora do devedor).
No entanto, o NCPC também prevê a liquidação para apurar, entre outros casos, o valor da indenização pelo dano processual na litigância de má-fé (§ 3º do art. 81, do NCPC), da indenização pelo prejuízo causado pela efetivação da tutela de urgência na ocorrência das hipóteses dos incisos do art. 302 do NCPC, e o valor da indenização pela hipoteca judiciária decorrente de sentença que resta reformada ou invalidada (art. 495, do NCPC).
Como se faz? Quais são os procedimentos?
Os procedimentos para a liquidação de sentença estão descritos no Código de Processo Civil nos artigos 509 a 512. A liquidação deve ser realizada antes do cumprimento de sentença ou da execução própria. É iniciada mediante requerimento, que tanto o credor quanto o devedor têm legitimidade para propor. Se a sentença não for totalmente líquida ou ilíquida, é permitido executar de imediato a parte líquida, promovendo a liquidação em autos apartados.
A sentença não é ilíquida se a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, de modo que também pode ser promovido o cumprimento da sentença de imediato. Para esses casos, o Novo CPC preveu a utilização de um software de atualização financeira desenvolvido e disponibilizado pelo CNJ.
Na liquidação não se rediscute o mérito do processo nem se modifica a sentença (§ 4º do art. 509). Pode ser realizada durante a pendência de recurso, desde que o requerente instrua o pedido com as peças pertinentes.
O recurso cabível de decisão em liquidação de sentença, em regra, é o agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único).
Quais as modalidades?
São duas: liquidação por arbitramento e pelo procedimento comum. Na primeira, o juiz determina apresentação de pareceres ou documentos às partes, podendo decidir de plano ou nomear perito. Já na liquidação pelo procedimento comum, a parte requerida será intimada para apresentar CONTESTAÇÃO no prazo de 15 dias, orientando-se no seguimento o processo pelo procedimento comum no CPC.
Compreende-se por liquidação de sentença a fixação ou a determinação em quantidade certa do valor da condenação determinada em decisão judicial que não se mostra líquida. Liquidar a sentença é completar o que nela falta, torná-la completa.
Segundo as palavras de Fredie Didier: “O objetivo da liquidação é, portanto, o de integrar a decisão liquidanda, chegando a uma solução acerca dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica individualizada, a fim de que essa decisão possa ser objeto de execução. Dessa forma, liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva pela qual se busca complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial. Como se trata de decisão proferida após atividade cognitiva, é possível que sobre ela recaia a autoridade da coisa julgada material”.
Nesse contexto, pode-se extrair que o procedimento de liquidação de sentença revela-se necessário toda vez que a decisão condenatória não revelar o quantum da prestação pecuniária ou a espécie de obrigação que a parte deve cumprir, ou seja, quanto o réu deve.
Dessa forma, sem isso, nem o credor tem meios de saber o que deve exigir e, correlatamente, nem o devedor sabe o que tem de cumprir. Por esse motivo, a liquidação de sentença destina-se à concretização do objeto da condenação.
O procedimento de liquidação de sentença não enseja nova discussão da lide já decidida, que deu origem à sentença ilíquida, mas tão-somente integrar o título judicial.
É considerada como sendo um simples incidente processual, não constituindo como processo autônomo, mas simples fase, eventualmente necessária para a prestação da tutela ressarcitória à parte, destinada a outorgar liquidez a condenação na sentença condenatória ilíquida.
Assim, salienta-se que a liquidação de sentença judicial mostra-se necessária nos casos de existência de sentença genérica, ou seja, naqueles casos em que verifica-se omissão em relação ao valor efetivamente devido pelo condenado, quando o tema for pertinente a correta satisfação do pedido pretendido.
Trata-se de instituto que possibilita às partes a ao juiz uma tramitação menos burocrática do processo, em atenção aos casos em que a apuração de eventual quantum devido seria por demais dispendiosa, nada obstante, por exemplo, a incerteza do próprio direito posto em causa.
Assim, durante a fase de conhecimento a atenção dos envolvidos, principalmente no que tange à instrução probatória, residirá na procedência ou não do pedido posto em causa. Somente num segundo momento, e acaso concedido o pedido da parte, o valor será discutido.
A liquidação de sentença também encontrará aplicação diante de situações de ordem prática que impeçam o autor de quantificar o seu pedido.
Nessa hipótese, inviável negar a ele a propositura da demanda, possibilitando a formulação de pedido genérico que, acaso concedido, será depois quantificado, sem que daqui decorra a violação de qualquer garantia ao réu.
Todavia, deve-se atentar que em regra deve o autor da demanda formular pedido certo e determinado.
Assim, passada esta breve explanação, será abordada a seguir as hipóteses de cabimento do procedimento de liquidação de sentença, bem como as particularidades introduzidas pelo Código de Processo Civil de 2015.
Das Hipóteses de Cabimento e particularidades introduzidas pelo Novo CPC
Conforme já disposto no tópico anterior, a liquidação de sentença faz-se necessária nos casos em que não for possível a formulação de pedido certo e determinado, bem como nos casos em que a sentença condenatória ser ilíquida.
A obrigação ilíquida podia ser liquidada, de acordo com o CPC/72 por cálculo, por arbitramento ou por artigos. No CPC/15, passou a vigorar sob duas modalidades, as quais serão abordadas especificamente no próximo tópico.
 Se o órgão jurisdicional fixar a forma de liquidação de sentença condenatória, essa disposição não adquire qualidade de coisa julgada. Pode a obrigação, portanto, ser liquidada de outra maneira.
Das espécies e procedimentos de Liquidação de Sentença
Em relação às espécies de liquidação de sentença, o Código de Processo Civil de 2015, prevê a possibilidade do procedimento de liquidação de sentença por arbitramento e por meio do procedimento comum.
A liquidação por arbitramento encontra previsão no artigo 509, inciso I do CPC/15, a qual será realizada por meio de determinação sentencial ou quando exigido pela natureza objeto da liquidação.
Neste caso, nada mais é, do que a utilização da prova pericial no procedimento, ou seja, nos casos em que há a precisão de um perito. Caberá nos casos, conforme já referido, quando a sentença determina, quando as partes convencionarem ou quando a natureza objeto da liquidação assim o exigir. Diferentemente da liquidação pelo procedimento comum, neste caso, não serão necessários fatos novos, pois a perícia dirá respeito apenas de fatos já definidos.
A liquidação por arbitramento, em outras palavras, é aquela em que a apuração do elemento faltante para a completa definição da norma jurídica depende apenas da produção de uma prova pericial. (...). Por fim, deve-se proceder à liquidação por arbitramento, quando assim o exigir a natureza do objeto da liquidação, é dizer, quando a perícia mostra-se como meio idôneo.
Em relação a forma procedimental a ser adotada, a parte postula a liquidação por arbitramento, sendo nomeado perito pelo Juízo e fixado prazo para fins de entrega do laudo. Posteriormente, com o laudo, o juiz profere a decisão, declarando o valor da condenação ou individualizando o seu objeto. Se ao analisar o laudo, o Juiz verificar a necessidade de realização de nova prova pericial, assim será feita, sendo que em caso de estarem presentes os dadosnecessários para o convencimento do juízo, será dispensada a realização de nova perícia.
Logo, conforme exarado acima, sendo o magistrado o destinatário da prova, lhe é facultado determinar ou dispensar a produção de provas que entenda imprescindíveis ou inúteis ao deslinde da controvérsia, conforme se extrai dos artigos 130, 131 e 330 do Código de Processo Civil/73, atual correspondência nos artigos 370, 371 e 355 do CPC/15. 
Sobre o tema, destaca-se o entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, acerca da matéria:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROVA TESTEMUNHAL. DESNECESSIDADE NO CASO CONCRETO. No ordenamento jurídico pátrio vige o princípio do livre convencimento fundamentado do juiz. Assim, não é vedado ao magistrado, no exercício de seu poder instrutório, determinar  ou dispensar a produção das provas que entender, respectivamente, necessárias ou despiciendas ao deslinde da controvérsia. Caso em que a prova pretendida não se mostra necessária ao deslinde do feito. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70068240506, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Sérgio Scarparo, Julgado em 07/04/2016)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. LIQUIDAÇÃO DO JULGADO. I. Preliminares de não conhecimento do recurso afastadas. II. Na hipótese dos autos, tanto o perito quanto a juíza a quo foram assentes quanto à complexidade da matéria, devendo haver a liquidação do  julgado. III. Nestes termos, tendo a Magistrada determinado a liquidação do julgado por arbitramento, nos termos do art. 475-C, do CPC, há de se presumir pela correção do procedimento escolhido para a apuração do valor devido pela parte executada, ora agravante. IV. Descabe a aplicação da pena de litigância de má-fé à recorrente, pois ausente, no caso concreto, qualquer atitude desleal ou desonesta, não sendo o caso, portanto, de incidência das regras do art. 17, do CPC. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70060407475, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ergio Roque Menine, Julgado em 12/02/2015)
Ademais, importante trazer à colação o entendimento da disposição contida no artigo 510 do CPC/15, a qual dispõe sobre o procedimento da liquidação por arbitramento, conforme mencionado acima:
Art. 510.  Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial.
Nesta modalidade de liquidação não há contestação, sendo que a contestação caberá nos casos de liquidação pelo procedimento comum.
Em contrapartida, passando a análise da liquidação pelo procedimento comum, previsto no artigo 509, inciso II do CPC/15, antes chamada de “liquidação por artigos”, esta será adotada sempre que existir a necessidade de se provar e alegar fato novo, sendo este de importância comprovada por acontecimentos do mundo real, para fins de apuração da liquidação.
A liquidação pelo procedimento comum será necessária, quando para se determinar o valor da condenação, houver a necessidade de fato que tenha ocorrido após a sentença e que tenha relação direta com a determinação da obrigação nela constituída.
Em relação à forma procedimental, o requerente postula o pedido de liquidação, indicando os fatos a serem provados, como forma de servir de base para a liquidação e requer na forma de artigos. Posteriormente, o juiz intima o devedor a acompanhar a liquidação que será realizada por meio do procedimento comum.
Ademais, de acordo com a disposição contida no artigo 511 do CPC/15, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
Diferente da liquidação por arbitramento, neste caso, o dano terá de ser provado por quem o alega, pois a prova cabal do quantum devido de fato existe e o valor não necessita de arbitramento para se fazer presente.
Neste tipo de liquidação, o procedimento inicia-se do zero, o que pode gerar uma certa demora, para o credor que busca uma celeridade no recebimento da condenação.
Em relação a natureza procedimental, em ambos os casos não poderá ser ignorada. Em caso de prova pericial, por exemplo, tem-se que na liquidação por arbitramento, o laudo trará ao juiz os valores arbitrados pelo perito, com base em elementos inerentes a mensuração do dano. Na liquidação realizada por meio do procedimento comum, o perito deverá se ater aos fatos novos efetivamente trazidos ao conhecimento das partes e deles não poderá se distanciar.
O formalismo da liquidação pelo procedimento comum, tem por espinha dorsal o procedimento tradicional do processo de conhecimento. O procedimento comum é aplicável, aqui, no que couber. Vale dizer, havendo disposição especial no âmbito da liquidação, eventuais normas colidentes do procedimento comum não se aplicam.
A parte interessada pode requerer ainda a liquidação da obrigação ainda que a sentença condenatória se encontre sujeita à apelação com efeito suspensivo, situação denominada por alguns doutrinadores como “liquidação provisória”.
O que a interposição de recurso com efeito suspensivo obsta é a obtenção da tutela ressarcitória, isto é, a realização de direito de crédito estampado na sentença.
Nesse ponto, de acordo com a disposição contida no artigo 512 do CPC/15, o procedimento será realizado em autos apartados, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com as cópias processuais pertinentes.
Note-se que a modalidade eleita vai possibilitar a análise minuciosa de documentos para apurar o montante devido, já que, considerando o elevado valor em discussão, em muitos casos, onde se faz necessária à liquidação, eventual elaboração de cálculo sem a devida observância de critérios contábeis, pode culminar no ilícito enriquecimento sem causa de qualquer uma das partes
Assim, conclui-se este ponto, bem como os estudos sobre o procedimento de liquidação de sentença tratado neste artigo.
Dos Honorários Advocatícios em fase de liquidação
Em relação a possibilidade ou não de fixação de honorários advocatícios, na fase de liquidação de sentença, discussão essa presente em vários julgados dos principais Tribunais, o Código de Processo Civil de 2015, não resolveu essa questão.
No que pese, a disposição contida no §1º do artigo 85 do CPC/15, que trata acerca da fixação dos honorários em cada uma das fases processuais, verifica-se que não consta a fase de liquidação de sentença. Nesse ponto, colaciona-se o dispositivo abaixo:
Art. 85.  A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 1º. São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
Verifica-se que o aludido artigo, faz menção apenas a reconvenção, cumprimento de sentença, execução e nos recursos interpostos, sendo omisso no ponto atinente a liquidação.
Historicamente, a posição majoritária dos Tribunais vem se não conceder honorários advocatícios em fase de liquidação. Esse entendimento seria no sentido de que uma nova condenação em honorários acarretaria em bis in idem, visto que na ocasião da prolação da sentença na ação principal, já houve o arbitramento de honorários. Ainda, outro entendimento exarado pelo Egrégio STJ, nas decisões que tratam sobre o assunto, seria de que o procedimento de liquidação por arbitramento, por exemplo, teria por finalidade apenas tornar líquida a obrigação, não havendo portanto, vencedor ou vencido.
No Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o entendimento majoritário é de que o procedimento de liquidação tem por finalidade, complementar a decisão lançada na fase cognitiva, não se tratando de um novo processo. Nesse sentido, convêm colacionar, os precedentes abaixo:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO.NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. AÇÃO COLETIVA. ABRANGÊNCIA NACIONAL DA DECISÃO. (...). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INVIABILIDADE. Mostra-se inviável a fixação de honorários advocatícios na fase de liquidação de sentença, já que se trata de mero incidente, cabendo somente a condenação ao pagamento de custas processuais, em atenção ao disposto no § 1º do art. 20 do Código de Processo Civil. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO.” (Agravo de Instrumento Nº 70053658118, Vigésima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Maraschin dos Santos, Julgado em 29/05/2013). g.n.
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. CADERNETA DE POUPANÇA. AÇÃO COLETIVA DE CONSUMO. IDEC. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. (...). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Descabe a condenação em honorários na fase de liquidação de sentença, porquanto mero incidente para apuração do quantum condenatório. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO.” (Agravo de Instrumento Nº 70053721759, Vigésima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Torres Hermann, Julgado em 29/05/2013).
Assim, extrai-se do teor dos precedentes acima que a liquidação de sentença é um procedimento preparatório da execução por título judicial, onde não se discute a qualidade da condenação, mas a quantidade. É considerado como um simples complemento da sentença condenatória, que visa tornar líquida a sentença. Nesse aspecto, visando a liquidação da sentença apurar o valor da condenação, não caberia novos honorários advocatícios.
Todavia, paira uma dúvida, pois como a liquidação pelo procedimento comum, seria realizada por meio de um processo autônomo, em autos apartados, respeitando as regras que conduzem o procedimento comum, não seriam cabíveis honorários advocatícios?
Ao meu ver, caberiam, tendo em vista que o caráter contencioso que o procedimento de liquidação, disposto no artigo 509, inciso II do CPC/15, induz as partes. Em um processo autônomo, onde haverá necessidade de contestar, impugnar o laudo, possibilidade de apelar da sentença de liquidação, respeitando todos os trâmites, devem ser fixados honorários.
Na vigência do CPC/73 a jurisprudência do STJ mostrava-se “vacilante” em reconhecer o cabimento de honorários quando do julgamento da liquidação, tendendo a afirmar o cabimento na liquidação “por artigos” (atual liquidação pelo procedimento comum)e o descabimento na liquidação “por arbitramento”.
O CPC/15 no entanto, silenciou a respeito, salvo no tocante à hipótese de liquidação em face da Fazenda Pública[11] (pois o art. 85, §4º, II, do CPC/15 parece sugerir uma única fixação de honorários pela “fase” de conhecimento e pela “fase” de liquidação).
Parece mais razoável reconhecer a necessidade de fixar nova e diferente verba se a liquidação assumiu caráter contencioso e se pode detectar uma parte vencedora e uma vencida, devendo o percentual ser fixado pelo juiz sobre a diferença entre as pretensões dos litigantes.
Prescrição Intercorrente no Processo de Execução
Inicialmente, antes de analisar a prescrição intercorrente especificamente no processo de execução, faz-se mister conceituar a prescrição intercorrente:
Ocorre a prescrição intercorrente quando durante o transcurso do tempo do processo, o autor permanece inerte, desencadeando a paralisação do processo. O objetivo principal é impedir que lides se perpetuem no tempo, garantindo a cima de tudo a segurança jurídica na relação processual.
Tal modalidade, agora expressamente prevista no Código de Processo Civil, era tema de debates, que por muitas vezes concluíram que pela sua inexistência, visto sua inobservância no antigo código.
Alvim define prescrição intercorrente como “aquela que se verifica pela inércia continuada e ininterrupta no curso do processo por seguimento temporal superior àquele em que ocorre a prescrição em dada hipótese”.
No tocante a aplicação da prescrição intercorrente no processo de execução, cabe enfatizar que se configura quando há o ajuizamento da execução – com título executivo, exigível, líquido e certo, porém o credor ao invés de manter-se ativo no processo e atos processuais, permanece inerte, durante um lapso temporal considerável, isto é, equivalente ao da prescrição no direito material.
Como citado anteriormente, a orientação existente em relação ao prazo prescricional é equivalente ao prazo da prescrição da ação – Súmula 150 do Supremo Tribunal Federal, isto porque o Código de Processo Civil não menciona prazo especifico.
De acordo com o exposto, faz-se necessário demonstrar sua aplicação, assim sendo, as jurisprudências abaixo concretizadas:
“EMENTA: I – APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCESSO POR TER SE OPERADO A PRESCRIÇÃO. II – DEMANDA ANTERIOR LEI COMPLEMENTAR 118/05. INTERRUPÇÃO QUE SE DARIA APENAS COM A CITAÇÃO DO EXECUTADO. CITAÇÃO REALIZADA EM 14/07/2007. PRESCRIÇÃO PROCESSUAL DOS TRIBUTOS NO EXERCÍCIO DE 2001 E 2002 CONSUMADO. III - EXECUÇÃO QUE TRAMITOU POR MAIS DE 12 ANOS SEM A LOCALIZAÇÃO DE BENS PASSÍVEIS DE PENHORA. OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. FEITO QUE NÃO PODE SER ETERNIZADO. IV – A REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS, SEM RESULTADO PRÁTICO AO PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL, NÃO POSSUI A FACULDADE DE OBSTAR O TRANSCURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL INTERCORRENTE. PRECEDENTE DO STJ. V – ENTENDIMENTO DISPOSTO NA SÚMULA 106 DO STJ QUE É INAPLICÁVEL AO CASO. V – RECURSO NÃO PROVIDO”. (TJPR, AC 1.668.110-4, Relator Des. Jorge de Oliveira Vargas, J.E. 29/08/2017).
A letra da lei (“prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”) é a orientação aplicada a jurisprudências.
Entretanto o Superior Tribunal Federal evidencia que para configurar essa modalidade de prescrição é necessário previa intimação do credor dos autos para dar andamento o feito. A tão citada intimação remete a possível extinção do processo por abandono da causa, com prazo estipulado de 30 dias.
Vale ressaltar que conforme corrente majoritária, é de caráter essencial tal intimação, isto porque não há dispositivo legal que esclareça e configure a declaração de oficio pelo juiz.
Trazendo ao primeiro plano a jurisprudência citada a cima, o relator justificou a correta sentença proferida argumentando que a falta de bens penhoráveis acarreta a eternização das ações de execução, o que, de forma alguma compactua a ideia e finalidade da justiça.
“APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXECUÇÃO QUE PERDURA INEFICAZ POR APROXIMADAMENTE DOZE ANOS. DILIGÊNCIAS QUE SE MOSTRAM INEFICAZES NÃO SUSPENDEM NEM INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO. SENTENÇA ANTIDA. EXTINÇÃO CORRETA. RECURSO DESPROVIDO. A atual compreensão jurisprudencial é no sentido de que a prescrição intercorrente deve ser reconhecida quando a execução se prolonga por período acima do prazo quinquenal, sem terem sido encontrados bens para a satisfação do crédito, circunstância que vulnera o contido no art. 5º, inc. LXXVII, DA CF, que foi introduzido pela EC 45/04, inserindo no âmbito constitucional o princípio da razoável duração do processo. “. (TJPR, AC 1.715.394-5, Relator Juiz Subst. em 2º Grau Fernando César Zeni, J.E. 29/08/2017).
“APELAÇÃO CÍVEL – EXECUÇÃO FISCAL – TAXAS – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE – FAZENDA PÚBLICA QUE PERMANECEU ABSOLUTAMENTE INERTE NOS AUTOS POR APROXIMADAMENTE 14 ANOS – DESÍDIA COMPROVADA – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE CARACTERIZADA – MANUTENÇÃO INTEGRAL DA SENTENÇA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. ”. (TJPR, AC 1.716.565-8, Relator Des. Rubens Oliveira Fontoura, J.E. 29/08/2017).
É possível aferir das decisões citadas que cada caso concreto possui diferentes fundamentações e motivos causadores da aplicação do instituto da prescrição intercorrente, porém, dentre os aspectos semelhantes, está a verificação da inercia do credor – fato este indispensável para a configuração da modalidade de prescrição.
“APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO. SENTENÇA QUE EXTINGUIU O FEITO COM FUNDAMENTO NA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. DILIGÊNCIAS INFRUTÍFERAS DURANTE O CURSO DA DEMANDA.SUSPENSÃO DO PROCESSO E ARQUIVAMENTO DOS AUTOS. INÉRCIA DO DEMANDANTE. PROCESSO QUE ESTÁ EM CURSO DESDE A DÉCADA DE 70. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 106 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RAZOABILIDADE. CRÉDITO QUE NÃO PODE SE TORNAR ETERNO E IMPRESCRITÍVEL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE VERIFICADA. PAGAMENTOS DE CUSTAS PELO ENTE ESTADUAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. DISPENSA DO CRÉDITO QUE SE DEU APÓS A SUA PRESCRIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.”. (TJPR, AC 1.706.085-2, Relator Des. Abraham Lincoln Calixto, J.E. 29/08/2017).
Evidente tornou-se o fato de que se transcorrido o prazo de prescrição do direito material, maior a probabilidade de ser declarada a prescrição intercorrente e o processo seja extinto, visto que os prazos estão relacionados, conforme súmula anteriormente citada.
Ademais, conforme jurisprudências, a previsão de inércia está estipulada por tempo razoável.
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ICMS. AJUIZAMENTO DA AÇÃO EM 1977, PORTANTO, ANTES DA LC N. 118/2005. CITAÇÃO DO DEVEDOR QUE PROVOCARIA A INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. CITAÇÃO NÃO REALIZADA. FEITO QUE PERMANECEU ARQUIVADO, NA FORMA DO ART. 40, DA LEF, POR MAIS DE 30 (TRINTA) ANOS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE VERIFICADA. IMPULSO OFICIAL. PRINCÍPIO RELATIVIZADO. ÔNUS DO EXEQUENTE “DE ACOMPANHAR O PROCESSO E PROMOVER ATOS TENDENTES À BUSCA DA SATISFAÇÃO DE SEU CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE DE SE BENEFICIAR DE SUA PRÓPRIA INÉRCIA. INEXISTÊNCIA DE CULPA EXCLUSIVA DO PODER JUDICIÁRIO NA DEMORA DA TRAMITAÇÃO. SÚMULA 106 DO STJ. INAPLICÁVEL NA ESPÉCIE. CONDENAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA AO PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. CUSTAS DEVIDAS. APELAÇÃO CÍVEL NÃO PROVIDA. “. (TJPR, AC N. 1712729-6, Relator Des. Salvatore Antonio Astuti. J.E. 29/08/2017).
Apesar de frisado a necessidade de intimação anterior ao feito, a decisão acima desconfigura a intimação do exequente, se fundamentando na ideia de que não houve a devida impulsão do processo.
Há jurisprudências que concretizam a ideia de que as partes que não observarem pressupostos, ficam à mercê dos efeitos de seus atos, como por exemplo estar sujeito ao efeito da prescrição intercorrente.
No mesmo sentido a doutrina majoritária e a jurisprudência pronunciaram-se no sentido de que é cabível a aplicação de prescrição intercorrente nas execuções fiscais.
Por fim, vale esclarecer mais uma vez que a prescrição intercorrente consiste na extinção de uma ação, que decorre da inércia injustificada do credor, durante um lapso temporal considerável.
Com o objetivo de pacificar litígios, surge a expressa configuração de tal modalidade, objetivando a cessação de execuções eternas e imprescritíveis, de forma a diminuir consideravelmente o número de processos parados em nosso sistema judiciário pela inércia do executado.
A PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO NOVO CPC
Toda a discussão acerca da aplicação da prescrição intercorrente acabou com a chegada do Novo Código de Processo Civil - Lei nº 13.105, de 16 de Março de 2015.
O NCPC/15 surge com uma característica clara, adequar ao máximo o instrumento processual civil com a constituição, a era do “constitucionalizar”, como menciona Wambier et al.. (2015, p.50):
O de ‘constitucionalizar’ o processo: o legislador deixa claro, a cada passo, que o NCPC/15 se insere num universo normativo mais amplo em que, no topo, está a Constituição Federal, à luz de que todos os dispositivos do Código devem ser compreendidos.
Ratificando o posicionamento supra, o NCPC/15, logo em seu art. 1º, traz como norma geral que:
Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da Republica Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.
Tendo em vista os objetivos lançados ao NCPC/15, principalmente, a harmonização com a Constituição Federal (princípios) e a tentativa de solução dos problemas de momento, o novo código trouxe, expressamente, a possibilidade de aplicação da prescrição intercorrente em seu artigo 921, inciso III, do NCPC/15, que trata das causas de suspensão do processo de execução.
Art. 921. Suspende-se a execução:
I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução;
III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis;
V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição.
§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3º Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis.
§ 4º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente.
§ 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.
Inicialmente, o texto reafirma que a aplicação da prescrição intercorrente se dará do lapso e inércia temporal por parte do exequente.
Com isso, mantem-se a estrutura até aqui levantada. O exequente propõe execução de um título extrajudicial ou cumprimento de sentença, visando o recebimento de um crédito e, sendo infrutífera a busca por bens penhoráveis, tem como solução, a suspensão do feito.
A novidade trazida pelo novo código, sana a divergência a respeito do prazo em que o feito ficará suspenso, pelo menos, inicialmente. O código estabelece que, deferida a suspensão do feito por falta de bens, o processo será suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, sendo que nesse período se suspenderá o prazo da prescrição.
Cumpre salientar, que o método para a aplicação da prescrição é contrário ao entendimento que o Superior Tribunal de Justiça adotava com o CPC/73, como ressalta Teresa Wambier, et al. (2015, p.51):
Trata-se de tendência contrária àquela admitida pelo STJ que tem o entendimento segundo o qual, ‘estando suspensa a execução, em razão da ausência de bens penhoráveis, não corre o prazo prescricional, ainda que se trate de prescrição intercorrente’.
Transcorrido o prazo supracitado, não sendo localizados bens ou não havendo a localização do executado (nova possibilidade trazida pelo NCPC) o juiz irá arquivar os autos, sendo possível seu desarquivamento quando localizado bens penhoráveis.
O marco inicial para a contagem da prescrição intercorrente começará a correr findo o prazo de suspensão de 1 (um) ano, conforme o § 4º do art. Citado alhures.
Contudo, não ficou estabelecido no corpo do artigo o prazo em que se consuma a prescrição intercorrente. Por isso, continuará se aplicando a Súmula 150 do STF, onde a consumação se dará no mesmo prazo da ação, ou seja, no caso de uma execução de dívida líquida (art. 206, § 5º, I, CC) o prazo para exercer a pretensão executória é de 5 anos, sendo este, também, o prazo da prescrição intercorrente, contados a partir do fim da suspensão por 1 (um) ano concedida.
Outra inovação é o tratamento expresso do instituto como causa de extinção da execução, prevista no art. 924, V.
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
[...]
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Portanto, consumada a prescrição intercorrente, a execução será extinta com resolução do mérito.
Insta salientar, com base no § 5º,do artt . Supra, o juiz poderá reconhecer, de ofício, a prescrição intercorrente, depois de ouvida as partes, seguido, também, pelo art. 10, do mesmo código.
Enfatiza-se que o modelo apresentado para a aplicação da prescrição intercorrente, é idêntico ao utilizado nas execuçõesfiscais regida pela Lei 6.830/80.
Nesse sentido Teresa Wambier, et al. (2015, p. 50), esclarecem que:
O NCPC aplicou por extensão o entendimento consolidado nas execuções fiscais, no sentido de que, na ausência de bens penhoráveis, suspende-se a execução fiscal por um período de um ano, findo o qual se arquivam os autos e passa a fluir normalmente o prazo prescricional (art. 40, Lei 830/70; Súmula 314 do STJ).
Outrossim, outra peculiaridade do NCPC/15 ocorre devido ao fato de que a prescrição intercorrente atingirá as execuções já em curso, tendo como termo inicial a data de vigência do Novo Código, conforme art. 1.056.
Art. 1.056. Considerar-se-á como termo inicial do prazo da prescrição prevista no art. 924, inciso V, inclusive para as execuções em curso, a data de vigência deste Código.
Cassio Scarpinella Bueno (2015, p. 566) comenta o artigo supra, ressaltando a introdução do artigo nas execuções já em curso:
Trata-se de regra salutar que merece ser prestigiada em nome da segurança jurídica e da pouca clareza de como o tema relativo à prescrição intercorrente merecia ser tratado no âmbito do CPC atual, à falta de disciplina clara como a dos parágrafos do art. 921.
Por fim, ressalta-se que, ainda que o NCPC traga as referidas regras apenas no Livro II, que versa sobre os processos de execução, o procedimento acima declinado é plenamente aplicável ao cumprimento de sentença, nos termos do art. 513 do NCPC/15, que estabelece: “cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código”.

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