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TÉCNICAS CIRURGICAS INTRODUÇÃO A cirurgia é uma especialidade médica caracterizada por procedimentos invasivos executados, que conforme metodização técnica, que representam um método terapêutico ou diagnóstico. Apesar de constantemente utilizarmos o termo operação como sinônimo para cirurgia, existe uma diferença, pois operação significa o ato cirúrgico propriamente dito, ou seja, manobras técnicas utilizadas para executar o ato operatório. CLASSIFICAÇÃO DA CIRÚRGIA A cirurgia pode ser classificada quanto ao: • Campo de Ação ➢ Geral ➢ Especial – cardíaca, oftálmica, ortopédica, oncológica e neurológica. • Finalidade da Cirurgia ➢ Diagnóstica; ➢ Curativa; ➢ Conveniência; ➢ Experimental; ➢ Estética. • Tipo de Sangramento ➢ Cruenta – sangra muito ➢ Incruenta – não sangra quase nada. • Tempo Cirúrgico ➢ Eletiva – pode ser agendada; ➢ Urgente – com até 2 dias de sobrevida; ➢ Emergencial – se não fizer no momento o animal vem a óbito. • Presença de Microrganismos: ➢ Asséptica – limpa ➢ Séptica/Contaminada – com pus e outras secreções, sendo necessário entrar com antibiótico, e ter cuidado para não deixar extravasar conteúdo do TGI. ➢ Potencialmente séptica – no caso da bexiga que corre o risco de extravasar conteúdo. • Risco de morte ➢ Leve – tranquilo mas pode ter risco de intercorrências ➢ Moderado ➢ Grave – alto risco de morte. *sempre prevenir o proprietário, avisando o risco de morte. NOMENCLATURA A nomenclatura agrega elementos referindo-se à palavra primitiva, e oferecendo um novo significado: • Centese – punção • Tomia – incisão • Rafia – sutura • Ectomia – retirada • Stomia – fistulização com a superfície da pele ou de outro órgão. • Plastia – reconstrução • Pexia – fixação • Clise – fechamento ou lavagem • Dese – fusão ou mobilização • Lise – dissolução • Stasia – detenção ou parada • Tripsia – esmagamento • Síntese – sutura • Clase – fraturar • Scopia – visualização Os epônimos representam a utilização de nomes próprios para designar um procedimento ou instrumento: • Operação de Wertheim – histerectomia para remoção de tumor • Pinça de Bakey • Cirurgia de Billroth *os sinônimos são termos médicos com grafias diferentes e o mesmo significado, por exemplo, enxerto autólogo ou autoenxerto. Há também termos híbridos que são compostos por palavras que empregam elementos de procedências linguísticas diferentes, como por exemplo, na palavra apendicite (latim – appendice; grego - itis). EQUIPE CIRÚRGICA A equipe cirúrgica básica constitui-se por: • Cirurgião – tem grande responsabilidade sobre o procedimento, devendo manter o equilíbrio emocional, incentivar e promover um bom ambiente para a equipe. ➢ Funções: ▪ Liderar equipe; ▪ Avaliar paciente; ▪ Possuir conhecimentos das disciplinas básicas (anatomia, fisiologia, farmacologia, semiologia, clínica e radiologia), além de conhecimentos profundos em técnicas cirúrgicas; ▪ Ser hábil; ▪ Saber conduzir os períodos pré, trans e pós-operatórios, tanto em condições normais quanto patológicas; ▪ Tomar decisões necessárias durante procedimento operatório. • Anestesista ➢ Funções: ▪ Monitorar o paciente (funções vitais); ▪ Prevenir choque e suprimir dor; ▪ Trabalhar em harmonia com o cirurgião; • Auxiliar ou assistente ➢ Funções ▪ Saber efetuar o procedimento realizado (capaz de substituir o cirurgião); ▪ Proporcionar, afastamento de órgãos, hemostasia, manipular instrumentais e tecidos; ▪ Auxiliar no pré e no pós-operatório. • Instrumentador ➢ Funções ▪ Escolher material específico para a cirurgia; ▪ Dispor mesa, campo cirúrgico e material da cirurgia; ▪ Entregar instrumentos para o cirurgião de maneira correta; ▪ Conservar campo operatório limpo e em ordem; ▪ Antecipar pedidos do cirurgião; ▪ Responsável pelos materiais retirados para exame; ▪ Realizar curativo na ferida cirúrgica; ▪ Separar instrumental perfurantes e cortantes, evitando acidentes; • Volante – é responsável pela sala de operações ➢ Funções: ▪ Auxiliar instrumentador caso necessite de material não previsto; ▪ Organizar gama de equipamentos e monitorar paciente; ▪ Organizar curativos, medicações e soluções; ▪ Auxiliar anestesista; ▪ Ajudar equipe antes e durante a cirurgia nos cuidados com o paciente. *o número de membros varia conforme a cirurgia realizada. *há também o perfusionista, profissão relativamente nova, ligada à cirurgia cardíaca. As responsabilidades de cada membro da equipe devem ser bem definidas, estabelecendo regras de conduta, seguidas com cuidados e executadas de forma estrita, assegurando assim um procedimento cirúrgico seguro e eficaz. São exigidas dos profissionais que atuam num ambiente cirúrgico: • Atenção constante; • Técnicas específicas; • Agilidade; • Concentração no procedimento. PRINCÍPIOS DA ASSEPSIA CIRÚRGICA Técnica Asséptica Métodos e práticas praticados para evitar a contaminação cirúrgica. Inclui o preparo adequado das instalações, do ambiente, do instrumental e da equipe. • Microrganismos: ➢ Exógenos – presentes no ar, instrumentais, equipe ou paciente. ➢ Endógenos – presentes no próprio paciente. • Esterilização – destruição de todos os microrganismos (bactérias, vírus, fungos e esporos), pode ser feita no pano de campo, aventais, instrumental e luvas. ➢ Métodos de esterilização: ✓ Físicos ▪ Estufa (seco) - 160°C por 2 horas ou 180°C por 1 hora. ▪ Autoclave (vapor) – 132-134°C por 10-25min ou 121°C por 15-30min. ▪ Radiação ionozação com cobalto 60 – restrito a uso comercial, feito em fios de sutura, luvas e pano de campo. ✓ Químicos ▪ Óxido de etileno (gás) – altera o DNA de microrganismos, usado em instrumentos e óticas. A esterilização é potencializada pelo vapor e a umidade. ▪ Glutaraldeído 2% (frio) – não é corrosível, sendo ideal para lentes opticas. Seu efeito depende do tempo de imersão – 20-25°C por 10min (desinfecção); ou por 10 horas (esterilização) ▪ Formaldeído – pastilhas ou esponjas com formol que promove coagulação de proteínas, garantindo uma desinfecção em 30 minutos; e uma esterilização em 10 horas. Utilizado em material cirúrgico e panos. • Desinfecção – Não mata esporos, causando apenas a destruição da maior parte dos microrganismos patogênicos presentes em objetos (piso, mesa cirúrgica e calha). Para desinfecção são utilizados álcool etílico e isopropílico, hipoclorito, iodoforos e glutaraldeídos. ➢ Desinfetante ideal – atóxico, solúvel em água, que não apresenta diminuição do poder na presença de proteínas e sabões. ➢ Hipoclorito e compostos liberadores de cloro – irrita pele, mucosas e são corrosivos para metais. (10-30 min) ➢ Alcool etílico 70%/isopropílico 50-70% - recomendado para desinfecção e antissepsia (5- 10min). ➢ Compostos iodados – age sobre variação de pH, promovendo indução e oxidação de moléculas. Tem sua atividade reduzida em matéria orgânica, coram tecidos vivos e sistêmicos, utilizados como desinfetantes e antissépticos. (Ex.: PVPI – Polivilpirrolidona+iodo) • Antissepsia – destruição da maioria dos microrganismos patogênicos presentes no paciente. Refere-se à preparação cutânea, tanto do cirurgião quanto do paciente, para a cirurgia. Centro Cirúrgico • Sala de preparo anestésico e cirurgia – local adjacente ao centro cirúrgico, onde é preparado o paciente, fazendo MPA, tricotomia e cateterização. • Vestuário – pijama cirúrgico, propés, gorro e mascara • Área de paramentação – local adjacente à área cirúrgica, local para limpeza e desinfecção das mãos, antebraços e colocaçãodo avental e luvas cirúrgicas. • Sala Cirúrgica – precisa ser grande o suficiente para locomoção de pessoas, com superfícies livres de fácil limpeza. Os pisos, teto e outras superfícies não podem ser porosas, para não acumular microrganismos. Nesta sala deve ter o aparelho de anestesia, monitores, eletro bisturi, mesa cirúrgica e auxiliares, armário para os suprimentos cirúrgicos, e ar condicionado com filtros. Não pode haver janelas, as paredes e piso devem ter cantos arredondados, e as portas devem ficar fechadas. • Equipe cirúrgica – Não elevar as mãos acima do pescoço e abaixo da cintura, e sempre ter cuidado onde estiver encostando após paramentado. Não falar alto, não dar gargalhadas nem fazer comentários desagradáveis, não usar adornos (anéis, brincos e relógio), não comer ou beber, e sempre manter postura de equipe. • Instrumentador – a pinça de antissepsia não deverá voltar para a mesa de instrumental, separar todo o material perfurocortante utilizado ao final da cirurgia. Sempre que for utilizar álcool ou tintura de benjoin desligar o bisturi elétrico. • Área de recuperação pós-operatória – é uma sala adjacente à sala cirúrgica, com gaiolas individuais com aquecimento, equipamentos para situações de emergência. Consiste numa área calma, utilizada também para monitorizar os parâmetros. *Profilaxia de infecção – preparar a equipe cirúrgica, o paciente e a sala cirúrgica. Fatores que Determinam a Infecção Cirúrgica ✓ Quantidade de microrganismos; ✓ Coágulos, seroma e hematoma; ✓ Aporte sanguíneo deficiente; ✓ Conteúdo do trato gastrintestinal; ✓ Cirurgião – tempo e destreza; ✓ Corpos estranhos; ✓ Ferimentos traumáticos; ✓ Tratamento tardio. Classificação das Feridas Cirúrgicas • Limpa – atraumática, técnica apurada. • Limpa/contaminada – trato gastrintestinal sem derrame de fezes (pequena quebra técnica). • Contaminada – intestino com derrame de fezes (grande quebra de técnica). • Suja – pus. Paramentação Todas as pessoas, ao entrarem na sala de cirurgia, independente se há cirurgia ou não, devem estar trajadas usando pijama cirúrgico, gorro, máscara e propé. A roupa deve estar sempre limpa e passada, devendo a camisa ficar por baixo da calça, evitando contaminar o ambiente cirúrgico (descamação do corpo). A camisa deve ser de manga curta para possibilitar a antissepsia das mão e antebraço. O pijama cirúrgico não deve ser utilizado para outra atividade fora da sala de cirurgia, se for necessário sair, deve cobri-lo com um jaleco. A equipe cirúrgica é uma importante fonte de contaminação microbiana durante um procedimento cirúrgico. Para minimizar esta contaminação, a equipe deve seguir parâmetros rigorosos, como usar vestimentas cirúrgicas, fazer antissepsia das mãos e antebraços. A conversação e movimentação dentro da sala cirúrgica devem ser evitadas, minimizando a ocorrência de contaminação. O gorro deve cobrir todo o cabelo e os pelos do rosto, caso tenha cabeço volumoso utilizar touca; caso tenha barba e costeleta utilizar capuz. As mascaras devem cobrir a boca e o nariz, pois durante a cirurgia os profissionais falam, tossem, espirram, respiram. Na área cirúrgica é permitido o uso de sapatos confortáveis fechados, mas o uso de propés deve ser feito ao se entrar na primeira vez na área cirúrgica e também ao sair (contaminação hospitalar), colocando novos propés ao retornar. O avental cirúrgico deve ser estéril, formando uma barreira contra a dispersão de bactérias levadas com a descamação da pele, e também evita o contato com sangue e fluidos do paciente. Deve ter mangas que vão além dos dedos, com comprimento da altura do pescoço até os joelhos, faixa de ajuste nas costas. Preparação Cutânea Também chamada de escarificação cirúrgica, consiste numa escovação e antissepsia das mãos e antebraços, por todos da equipe, que deve ocorrer antes da colocação do avental e das luvas cirúrgicas. Os objetivos da escovação são: • Retirar sujidades e detritos; • Reduzir ou eliminar população bacteriana transitória da pele; • Reduzir parcialmente população bacteriana residente da pele (impossível eliminar); • Impedir por um tempo determinado a multiplicação dos microrganismos residentes. ➢ Clorexidine – se a cirurgia durar menos de 2 horas, inicio de ação rápido, largo espectro, bom viricida, eficaz na presença de material orgânico, excelente atividade persistente e residual, causa irritação cutânea mínima. ➢ Iodopovidona (PVPI) – se a cirurgia durar mais que duas horas, inicio de ação rápido, atividade reduzida na presença de material orgânico, requer no mínimo dois minutos de contato para destruir bactérias, tem amplo espectro e atividade contra esporos, não possui atividade residual, uso limitado pelo odor, manchas, irritação e corrosividade. • Método de Escarificação 1. Molhar as mãos e antebraços; 2. Realizar a desinquinação; 3. Fazer 20 movimentos de escovação por área cutânea: ✓ Unhas; ✓ Dorso da mão; ✓ Palma da mão ✓ Entre os dedos; ✓ Frente e verso do antebraço; ✓ Cotovelo. *Evite abrasões ou irritações cutâneas durante uma escovação excessiva e forçada, uma vez que estas lesões exporiam as bactérias residentes das camadas mais profundas da pele as superficiais, aumentando o risco de contaminação • Secagem – Utilizar os quadrantes da toalha, usando uma face+quadrante para cada região. Colocação de Luvas • Método fechado – as mãos ficam dentro dos aventais, segurar a luva esquerda com a mão esquerda, colocar dentro da luva, depois repetir com a mão direita. • Método Aberto – as mãos ficam para fora dos aventais, segurar a luva esquerda com a mão direita, colocar dentro da luva, repetir com a outra mão. • Método com Assistência TEMPO CIRÚRGICO E SEUS INSTRUMENTAIS O cirurgião já entra no centro cirúrgico paramentado, é então distribuído o pano de campo, e os instrumentais. Os instrumentais utilizados na cirurgia são classificados de acordo com os tempos de cirurgia que são Diérese Tem a função de criar vias de acesso, que podem ser: • Cruentas – promove sangramento, como por exemplo, curetagem, debridamento, escarificação, exérese/ressecção, punção, incisão. • Incruentas - sem perda sanguínea ou com perda mínima, como por exemplo, arrancamento, divulsão, esmagamento linear, secção com busturi elétrico/laser, criocirurgia, diérese óssea. A incisão pode ser: • Simples ➢ Único sentido com único movimento ➢ Curva ou reta; ➢ Único plano – seja ele longitudinal, transversal ou oblíqua; ➢ Extensão – longa ou curta ➢ Profundidade – superficial ou profunda. • Composta – cirurgias oncológicas, onde combina incisões. Os instrumentos utilizados para a diérese são: • Bisturi – utilizados para realizar inscrições precisas nos tecidos, causando o mínimo de dano às estruturas adjacentes. A lâmina deve ser encaixada com auxílio de uma pinça de preenção. ➢ Cabo 3 – lâminas 10, 11, 15, mais delicadas. ➢ Cabo 4 – lâminas 22 e 24, menos delicadas. • Bisturi Elétrico – incisa e coagula ao mesmo tempo, promovendo um menor tempo cirúrgico e um menor sangramento. Possui dois tipos de sistemas: ➢ Monopolar – utiliza-se uma placa para puxar a energia, a caneta é acionada com um pedal, aumentando a temperatura, coagulando proteínas sem chamuscar. *plasma de argônio – isolante térmico usado em cima do feixe. *cuidado pois álcool é inflamável, depois da assepsia pulverizar clorexidine. ➢ Bipolar – não utiliza-se placa, sendo mais seguro pois coagula o local sem dissipar calor, além de substituir ligaduras vasculares (só ligar as pontas no vaso aberto). Um bom equipamento não gruda no vaso, sendo utilizado em neurocirurgia.*sempre limpar a ponteira no transcirúrgico • Laser Cirúrgico – mais utilizados são o de CO2 e o de iodo, emite uma raio, conseguindo cortar pele sem queimar musculatura (não aumenta temperatura). Não utiliza placas. • Trépano – lâmina circular similar ao punch, utilizado para biópsia óssea e trepanação, podendo ser acoplada a condutores manuais ou elétricos. É necessário utilizar um descartável, pois este instrumental, semelhante ao bisturi perde o corte. • Tesouras – existem diversos modelos, com diferentes finalidades, onde suas funções incluem cortar, dissecar, desbridar e divulsionar tecidos orgânicos, além de cortar fios cirúrgicos, gaze, borrachas, plásticos, etc. forma correta de segurar Existem dois tipos de lâminas: ➢ Curvas – mais manobrável, garantindo uma maior visualização, além de promover incisão em corte curvo, cortar fio sem traumatizar tecido (ponta pra cima) e dissecação; ➢ Retas – menos manobrável, interfere na visualização, mas facilita o corte retilíneo. A ponta da tesoura podem ser: ➢ Romba - redonda, não servido para perfurar ➢ Fina/afiada As tesouras cirúrgicas mais amplamente utilizadas em medicina veterinária são as: ➢ Tesoura de Metzenbaum – utilizada para corte e dissecção de tecidos mais delicados, amplamente utilizadas em cavidades e estruturas mais profundas. *perde o fio rápido se usada para cortar fios de sutura. ➢ Tesoura de Mayo – mais robustas que as anteriores, utilizadas para desbridar e cortar tecidos mais densos, como fáscias e músculos. ➢ Tesoura de Ponto (Spencer, Littauer) – uma extremidade da lâmina em gancho, utilizada para cortar pontos de sutura. ➢ Tesoura de Iris – mais precisas, utilizadas para estruturas menor ➢ Tesoura de Castroviejo - utilizada para cirurgias oftalmológicas Preensão Ato no qual ocorre a manipulação de estruturas, utilizando os seguintes instrumentos: • Pinças de campo – projetadas para pender panos à pele do paciente impedindo que deslizem no campo operatório durante o ato cirúrgico. São utilizadas também para fixar mangueiras de sucção, borrachas, cabos de eletrocautério, etc. Dentre as mais utilizadas temos: ➢ Pinça Backhaus – mais comuns, penetram na pele, devendo ser afiadas e sem farpas, indicadas para preensão de órgãos e tecidos. ➢ Pinça de Edna-Lorna – não penetrantes, não contaminando o campo cirúrgico quando movimentadas, indicadas para fixar equipamentos. • Pinças teciduais – destinadas a preensão de tecidos, podendo ser traumáticas ou atraumáticas. ➢ Pinça Allis - traumática, possuindo dentes na sua superfície de preensão, indicada para uso em tecido conjuntivo ou planos fasciais. ➢ Pinça de Babcock – menos traumática que a Allis, sendo que sua superfície de preensão tem pequenas estrias longitudinais. Hemostasia Ato no qual controla-se e previne-se sangramentos, utilizando os seguintes instrumentos: • Pinças Hemostáticas – podem ser retas ou curvas, previnem ou detém uma hemorragia, além de impedir uma circulação temporária de uma determinada região. Podem ser traumáticas (com ranhuras internamente) ou atraumáticas (lisas internamente) ➢ Pinça de Ronchester – pinça maior, usada para fazer hemostasia de grandes vasos. *algumas tem nomes diferentes, por terem estruturas especializadas, por exemplo dente de rato. ➢ Pinça de Halsted/Mosquito – pinça mais delicada, apresentando ranhuras transversais em toda a porção compressora, indicada para pinçar de vasos de menor calibre e reparo de fios. ➢ Pinça de Kelly – intermediaria entre a mosquito e a Rochester, com ranhuras transversais nos terços iniciais da garra, indicadas para pinçar vasos e fios calibrosos. ➢ Pinça de Crile – robusta, com ranhuras transversais, permitindo pinçar pedículos sem que eles deslizem. ➢ Pinça de Kocker – pinça de apreensão grande, com dente de rato na ponta. manuseio é semelhante ao das tesouras Auxiliar Ato no qual é exposto o campo operatório, utilizando os seguintes instrumentos: • Instrumental Auxiliar ➢ Pinças de dissecação (Adson ou Cushing) – auxiliam na manipulação de tecidos e diérese, variando de comprimento e formato de pontas. As com dentes de rato são utilizadas para preensão de tecidos mais densos como pele e aponeurose. Já as sem dentes apresentam ranhuras transversais para manipular tecidos delicados, como vasos, nervos e parede de vísceras. manuseio correto • Afastadores Manuais ➢ Afastadores de Farabeuf – mais utilizados, constituídos por lâmina metálica com extremidades dobradas, operados pelo auxiliar, indicados para afastar pele, subcutâneo e músculos superficiais. ➢ Afastadores de Hohmann – possui bico na extremidade, indicados para cirurgias ortopédicas, apoiando o bico sob o osso para exercer tração. Sua lâmina afasta a musculatura para baixo e para fora. ➢ Afastadores de Senn – possuem três dentes em uma das extremidades, e na outra uma lâmina perpendicular ao eixo longitudinal do afastador, servindo de apoio ao dedo. Utilizadas para afastar tecidos superficiais, como pele, subcutâneo e musculatura. • Afastadores Autoestáticos – se mantém estáveis após abertos, utilizados por cirurgiões que operam sozinhos, ou que necessitam da ajuda do auxiliar durante a execução da operação. ➢ Afastadores de Gosset – utilizado para afastar parede abdominal e musculos, apresentando duas hastes paralelas. ➢ Afastadores de Balfour – mais robusto que o Gosset, utilizado para separar paredes abdominais, também afasta as extremidades superior e inferior pela ação da lâmina central. ➢ Afastadores de Weitlaner – possuem pontas múltiplas em sua lâmina, com mecanismo de trava para manter as lâminas afastadas. ➢ Afastadores de Gelpi – pontas agudas anguladas, com porções esféricas nas extremidades, para limitar a profundidade de penetração. Síntese Ato no qual ocorre o fechamento dos tecidos seccionados, utilizando os seguintes instrumentos: • Porta Agulhas – variam de tamanho e modelo, a escolha depende do tamanho da agulha e o tipo de tecido a ser suturado. ➢ Porta Agulhas de Mayo-Hegar – um dos mais utilizados, sua lâmina é mais curta e mais larga, com ranhuras e algumas possuem fenda central. proporciona uma melhor preensão com uma durabilidade maior. ➢ Porta Agulhas de Olsen-Hegar – é ao mesmo tempo porta-agulha e tesoura, excelente para cirurgiões que operam sozinhos, diminuindo o tempo de sutura. A desvantagem é que pode ocorrer cortes do fio de sutura durante a realização do ponto. *Material cirúrgico do cabo dourado possui ponta de videa, aço muito forte, a proteção metálica e muito maior e é muito resistente. ➢ Porta Agulhas de Mathieu – não possui anéis digitais, sendo aberto por uma mola em forma de lâmina, possui travas nos finais das hastes. • Agulhas – descritas mais detalhadamente adiante. Especial Instrumentos com função peculiar, depende da especialidade cirúrgica, que são: • Pinças de antissepsia – hastes longas, encontradas em vários tamanhos podendo ser retas ou curvas. ➢ Pinça de Cheron – porção compressora em formato oval, com ranhuras transversais que auxiliam na preensão de gaze. ➢ Pinça de Foerster – formado de anel na extremidade de sua parte compressora. • Pinça de Tecidos ➢ Pinça Intestinal de Doyen – possui pequenos sulcos longitudinais, utilizada para preensão atraumática, em ressecções de segmentos do tubo digestivo, evita passagem de secreções para o campo operatório, promove hemostasia temporária, e também ajuda a posicionar segmentos durantes anastomoses intestinais • Instrumentos Ortopédicos ➢ Pinça de redução – utilizadaspara manter fragmentos ósseos na posição desejada rapidamente. ➢ Alicate cortador de osso ➢ Furadeira • Curetas – conchas com bordas afiadas, utiliza-se para coleta de materiais, raspagem de tecidos, e na neurocirurgia. • Ruginas – pinças com lâminas em formato de concha, utilizadas para remover ou fragmentar pedaços de ossos. ➢ Rugina de Kerrison – indicada para neurocirurgia e durante execução de descompressivas. • Serras – utilizadas para osteotomia ➢ Serra Manual ➢ Serra de Gigli • Osteótomos – uso em conjunto com martelo, mas tem risco maior de fraturas iatrogênicas. LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE INSTRUMENTAIS O material cirúrgico deve ser previamente lavado com água destilada e o lado amarelo da esponja (para não desgastar ou riscar), antes de ser esterilizado. Após o uso o instrumental deve ser lavado imediatamente, impedindo que sangue, tecidos e outros materiais sequem sobre os instrumentos. A esterilização pode ser feita utilizando: • Estufa – pouco utilizada, pois não garante boa esterilização, além de manchar os instrumentais, que ficam com aspecto de prata velha. • Autoclave – esteriliza utilizando vapor, sendo necessário utilizar: ➢ Caixa de Instrumentais – é furada pois precisa passar vapor por dentro para garantir a esterilização dos instrumentais. • Cuba de lavagem – enzimas destroem microrganismos • Lavadora Ultrassônica - vibração da água, quebrando o material orgânico. ORGANIZAÇÃO DA MESA CIRÚRGICA A posição dos instrumentos varia de acordo com o integrante da equipe: • Instrumentador – extremidade voltada para si; • Cirurgião – cabo voltado para si; • Auxiliar – cabo voltado para si. A disposição dos materiais irá variar de acordo com a posição do instrumentador, cirurgião, auxiliar e paciente, agrupando os instrumentais sempre em quadrantes: . FATORES QUE INFLUÊNCIAM A CICATRIZAÇÃO Dentre os fatores temos trauma cirúrgicos (super incisão), lesões que causam processos inflamatórios, e fatores ligados ao paciente como local, sistêmicos (nutrição) e obesidade. FIOS DE SUTURA Os fios de suturas são compostos por material de várias origens, que podem ser orgânicos ou sintéticos, apresentar configurações diferentes, e seu uso ser norteado de acordo com a sua indicação em diferentes situações e tecidos orgânicos. • Fio ideal ✓ Grande resistência a tração e torção; ✓ Calibre fino e regular; ✓ Mole, flexível e pouco elástico; ✓ Ausência de reação tecidual; ✓ Não alérgico, não cancerígeno e não capilar; ✓ Baixo custo; ✓ Fácil esterilização. Características Gerais Servem para a escolha do fio a ser utilizado em determinada situação, considerando ainda o tipo de tecido e condição no momento do uso, por exemplo, a presença de infecção, contaminação, isquemia e necrose. As características importantes são: • Flexibildiade do fio – capacidade de torção e diâmetro • Resistência à tração – tensão do nó é mensurada pela força exercida na sutura em “pounds” • Capilaridade – processo pelo qual o fluido e bactérias são levadas para dentro do interstício das fibras multifilamentosas. Não são utilizados em infecções e neoplasias. • Diâmetro – calibre do fio em milímetros, expresso comercialmente com uma numeração específica utilizando zeros (United States Phamacopeia): ➢ 5 (mais grosso), 4, 3, 2, 1, 2-0, 3-0, 4-0, 5-0, 6-0, 7-0, 8-0, 9-0, 10-0 (mais fino) Fios absorvíveis apresentam um calibre maior que os inabsorvíveis mesmo que a numeração seja idêntica. • Força tênsil – somatória de forças necessárias para romper o fio. • Fixação de nó – relacionada com o coeficiente de atrito do fio; • Elasticidade – capacidade de distensão do fio e seu retorno a forma original; • Memória – capacidade de retornar a sua forma original, possibilitando desfazer o nó; • Pliabiliade – facilidade do cirurgião manusear o fio. • Coeficiente de atrito – capacidade do fio deslizar pelos tecidos, e também de desfazer os nós. • Reação Local capacidade de induzir reação tecidual, seja pelo material utilizado no fio, pelo trauma na passagem da agulha, ou pela isquemia provocada pela confecção do fio. Os fios cirúrgicos podem ser: • Monofilamentados – náilon • Multifilamentados – algodão e categute, que também pode ser: ➢ Torcidos ➢ Trançados (revestido ou não) Quanto a absorção temos fios: • Absorvíveis – fios estéreis, preparados com colágeno de tecidos de mamíferos ou polímeros sintéticos. • Não absorvíveis – não são biodegradáveis, sendo encapsulados por fibroblastos, permanecendo onde eles estão enterrados dentro dos tecidos. Quanto utilizado para fechar pele, deve ser removido no pós operatório. derivados de três fontes: ➢ Animal – seda trançada. ➢ Vegetal – linho torcido e algodão torcido ➢ Sintético – poliamida, polipropleno, , poliéster, aço, etc. A Escolha do Fio O cirurgião deve pautar a escolha do fio para uma determinada operação, considerado os diversos aspectos que podem interferir na cicatrização dos tecidos. Deve observar: • Estrutura e tensão necessária para o tecido; • Menor calibre compatível com a sutura; • Absorção, pois se desejamos que a tensão da sutura se mantenha por um maior tempo, optar pelo fio não absorvível; • Considerar processo inflamatório, necrose tecidual, contaminação e infecção; • Custo do fio; • Órgãos, presença de fluidos corporais (bexiga, vesícula biliar), pois fio não absorvível pode levar a precipitação de cistaloides, e formação de cálculos. Tipos de Fios • Categute – produzido a partir do colágeno de origem animal, sendo monofilamentar torcido, onde o simples é absorvido entre 5-7 dias e o cromado entre 15-20 dias. Indicado para tecidos de pouca resistência, ligadura de vasos sanguíneos e vias urinárias. Possui alta reação tecidual inflamatória, com absorção irregular (enzimas proteolíticas dos lisossomos) e baixa força tênsil sendo sujeito a deiscência; • Ácido Poliglicólico – é um fio absorvível sintético, multifilamentar, sendo absorvido entre 40 e 70 dias (hidrólise), possui boa pliabilidade. É um fio estável, com pouca reação inflamatória, baixa aderência bacteriana. É indicado para todos tecidos até infectados, mas não deve utilizar no pâncreas pois sofre ação da lipase e amilase, em neurocirurgias e cirurgias cardiovasculares. • Poliglactina 910 – semelhante ao anterior, mas é mais maleável devido ao fato de receber revestimento lubrificado, sendo contra indicado para oftalmologia, neurologia e cirurgia cardiovascular. • Poliglecaprona – sintético monofilamentar, absorvido por hidrólise entre 90 e 120 dias. Apresenta boa pliabilidade, forsa tênsil regular, baixa memória e pouca reação tecidual, sendo contraindicado para aponeurose, microcirurgia, neurologia, oftalmologia e cirurgia cardiovascular. • Polidioxonona – fio absorvível sintético (hidrólise, 180 dias), induz pequena reação tecidual, boa segurança no nó, pliabilidade razoável e baixa memória. Pode ser usado em cirurgia pancreática e tecidos infectados, tem alto custo. • Poligliconato – sintético, monofilamentar, absorvido por hidrólise entre 120 e 160 dias, podendo ser utilizado em todos os tecidos, apresentando a melhor força tênsil, e menor coeficiente de atrito, produzindo menor arrasto tecidual. Tem baixa memória, boa segurança dos nós e pliabilidade, baixa absorção de fluidos e baixa reação tecidual. • Seda – multifilamentar transado, não absorvível, originado do casulo da larva do bicho-da-seda. É de baixo custo, boa pliabilidade, baixa memória e boa força tênsil. Indicado para cirurgia gastrointestinal e ligaduras de vasos sanguíneos,mas não deve utilizar em sistema urinário e quando houver sensibilidade e alergia ao linho. • Algodão – não absorvível, multifilamentar torcido, apresentando boa pliabilidade e menor resistência que o fio de seda, podendo vir associado ao poliéster. Tem as mesmas indicações que a seda, no entanto apresenta intensa reação tecidual e tende a desfiar. Não deve ser usado em tecido infectado. • Linho – não absorvível, multifilamentar, que possui grande capilaridade e boa pliabilidade, aumentando sua resistência se for umedecido previamente. Possui reação tecidual tecidual elevada não devendo ser utilizado em tecidos infectados. Apresenta as mesmas vantagens e desvantagens que a seda e o algodão. • Náilon – não absorvível sintético, monofilamentar ou multifilamentar trançado. Induz pouca reação tecidual, tem alta memória, boa força tênsil, baixa capilaridade e coeficiente de atrito, sendo um fio inerte e pouco flexível, utilizado em diversos tecidos, mas não utilizar em tecidos que requerem manutenção permanente de força tênsil como as vias urinárias. • Polipropileno – não absorvível sintético e monofilamentar, apresentando baixa reação tecidual e coeficiente de atrito, boa plasticidade, alta memória, elasticidade baixa. É muito utilizado em anastomose vascular, não induzindo formação de trombos, além de ser um bom fio para sutura intradérmica, e para fixar próteses cardíacas (resistência tênsil estável). • Poliéster – não absorvível sintético multifilamentar trançado, podendo ser revestido, apresenta baixa reação tecidual, memória média, pouca segurança de nó, podendo ser usado para síntese de apneuroses. • Aço – não absorvível, mono ou multifilamentar, torcido ou trançado. Baixa flexibilidadeApresenta a maior força tensil e menor reação tecidual, baixa pliabildiade e pouca flexibilidade, podendo causar lesões teciduais e necrose. AGULHAS Várias formas e tamanhos estão disponíveis, e a seleção depende do tipo de tecido a ser suturado (penetrabilidade, densidade, elasticidade e espessura), da topografia da ferida (profundas ou estreitas) e das características da agulha que são: • Cilíndricas ou atraumáticas • Triangulares ou traumáticas • Curvatura: ✓ Curvas; ✓ Semicurvas ✓ Retas Fatores que Influenciam a Cicatrização ✓ Trauma cirúrgico; ✓ Paciente; ✓ Local; ✓ Problemas sistêmicos – diabetes mellitus, obesidade, uso de medicamentos e hipoproteinemia. SUTURAS União de estruturas com um ou mais pontos por fios, com o objetivo de alcançar a integridade da ferida, por meio de uma boa cicatrização. São classificadas quanto a: ➢ Profundidade ✓ Superficiais – abrange a pele e subcutâneo; ✓ Profundas – abaixo do plano aponeurotico. ➢ Planos anatômicos ✓ Por planos; ✓ Em massa; ✓ Mista. ➢ Fio usado ✓ Absorvível; ✓ Inabsorvível. ➢ Tipo de ponto ✓ Simples ✓ Contínuo ➢ Finalidade da sutura ✓ Hemostasia; ✓ Aproximação ou união; ✓ Sustentação; ✓ Estética. ➢ Espessura do tecido ✓ Perfurante total ✓ Perfurante parcial ➢ Sequência de ponto ✓ Separados – cada ponto um nó, são mais seguras, mas de lenta elaboração. ✓ Contínua – continuidade entre pontos, com nó inicial e final, pode estreitar o calibre das estruturas. ➢ Posição de bordas: ✓ Sutura de confrontamento – pele e nervos; ✓ Sutura invaginante – aplicada em vísceras ocas, como bexiga urinária e alça intestinal; ✓ Sutura de eversão – bordas ficam evertidas, feitas em suturas vasculares. Elaboração da Sutura As suturas devem ser elaboradas da direita para a esquerda, circulares no sentido anti-horário. Dentre elas podemos fazer as seguintes suturas: • Descontínuas ou em pontos separados – cada ponto um nó, sendo mais seguro evitando deiscência pois o afrouxamento de um ponto não interfere na sutura, embora tenha lenta confecção e gastar mais material. Lembrar de deixar os nós do lado da incisão cirúrgica evitando o acumulo de secreções, e instalação de processo infeccioso. ➢ Ponto simples – fácil e rápida, sendo uma das mais utilizadas. Também pode ser feita com o nó para o interior. ➢ Ponto em U vertical ou Donatti U – pode ser utilizada em pele e fígado ➢ Ponto em U horizontal ou Wolf – não oferece boa estética após a cicatrização, podendo ser utilizada em pele, hérnias, aponeuroses, ferimentos extensos na pele. ➢ Ponto em X horizontal ou Sultan – pode ser utilizada na linha média e fáscia muscular. VANTAGENS DESVANTAGENS Afrouxamento de um ponto não interfere na sutura Mais trabalhosa Menos corpos estranhos Mais demorada Menos tecidos isquêmicos • Contínuas – fazer primeiro um ponto simples, dando um nó inicial, não são cortadas a cada repasse nas bordas, fazendo outro nó no final da ferida. Tem alto risco de deiscência, pode estreitar o calibre das estruturas (glândulas e vasos). ➢ Contínua Simples – execução rápida e fácil ➢ Festonada – empregado quando se tem necessidade de uma sutura mais firme, com mais resistência. Utilizada em pele, fáscia muscular, vesícula urinária e estômago. ➢ Sutura com U contínuo ou barra grega. ➢ Sutura com U vertical superficial ou de Lambert – invaginante, podendo ser utilizada em vísceras ocas. ➢ Sutura com U profundo ou Donati ➢ Bolsa de Fumo – realizada em circulo, pra fechamento de orifícios naturais como ânus, evitando contaminação e saída de líquidos para o campo operatórios. ➢ Perfurante Parcial invaginante ou Cushing ➢ Perfurante total não invaginante ou Schimiden NÓ CIRÚRGICO Algumas regras devem ser seguidas para confeccionar nós cirúrgicos com segurança: • Optar por diâmetros menores, que tornam a ligadura mais segura; • Não apertar muito, evitando isquemia, mas também não deixar frouxo. • Não realizar semi-nó apenas para um único lado, pois ele fica deslizante; • Evitar realizar vários nós; Existem três tipos de técnica pra elaborar nós: 1. Manual – utilizar apenas as mãos 2. Instrumental – utiliza-se material cirúrgico 3. Mista- realizada com ambos. CIRURGIAS DO SISTEMA REPRODUTIVO E GENITAL Definições A indicação primária é para limitar a reprodução, mas também pode ser feita para aliviar a distocia, prevenir ou tratar tumores influenciados pelos hormônios reprodutivos, controlar certas doenças do trato reprodutivo (piometra, mastite, prostatites... ) e estabilizar doenças sistêmicas. Anatomia do Trato Reprodutivo Feminino Constituído por: • Ovários – junto a eles encontramos a artéria ovariana que é um ramo da aorta; a veia direita que drena para a veia cava, e a veia esquerda que drena para a veia renal. Topograficamente temos: ➢ Ovário direito – próximo ao pâncreas, sendo mais fácil de localizar. ➢ Ovário esquerdo – sobreposto ao baço (entre o intestino e o baço). • Tubas uterinas – artéria ovariana e uterina e as veias satélites. • Útero – artéria uterina e veia uterina. Anatomia do Trato Reprodutivo Masculino Constituido por: • Pênis – dividido em raiz, corpo e glande, composto por corpo cavernoso envolto pela túnica albugínea. • Próstata – envolve completamente o colo da bexiga e o início da uretra. As artérias prostáticas são originadas do ramo da artéria urogenital. • Escroto – bolsa membranosa com septo medial que aloja os testículos. • Testículos e anexos – os testículos, epidídimos, ductos deferentes e vasos são cobertos pela túnica vaginal parietal e visceral e a fáscia espermática. ORQUIECTOMIA Técnica Aberta Colocar o paciente em decúbito dorsal, verificar a presença dos testículos na bolsa escrotal. Depilar e preparar assepticamente o abdomecaudal e a face medial da coxa. Aplicar uma pressão no escroto para avançar um dos testículos o máximo possível para dentro da área pré-escrotal. Fazer uma incisão na pele e no tecido subcutâneo ao longo da rafe medial, por cima do testículo deslocado, continuando através da fáscia espermática para exteriorizar o testículo. Fazer uma incisão na túnica parietal vaginal sobre o testículo, mas não incisar a túnica albugínea pois isso pode expor o parênquima testicular. Colocar uma pinça hemostática na túnica vaginal, onde esta se liga ao epidídimo. Separe o ligamento digitalmente da cauda do epidídimo da túnica enquanto aplica tração com a pinça hemostática. Exteriorizar o testículo aplicando uma tração caudal e para fora, identificar o plexo pampiniforme e o ducto deferente, fazer a técnica das três pinças ao longo do cordão espermático. Pode ser feito uma transfixação para auxiliar o nó. Depois fazer síntese do subcutâneo e dermorrafia. Técnica Fechada Nesta não é feita incisão na túnica vaginal parietal. Fazer incisão cutânea pré-escrotal, exteriorizar o cordão espermático, e rebater a gordura e a fáscia da túnica com uma gaze. Tracionar o testículo enquanto os ligamentos fibrosos entre a túnica do cordão espermático e o escroto são rompidos. Executar a técnica das três pinças, e se preferir uma transfixação. Depois realizar o mesmo procedimento com o testículo contralateral. Fazer síntese do subcutâneo e dermorrafia. Criptorquidismo É uma falha congênita dos testículos, que consiste na ausência do deslocamento uni ou bilateral dos testículos da cavidade abdominal para o escroto. O testículo pode estar retido no tecido subcutâneo da área pré-escrotal, o abdome ou na área do anel inguinal. OVÁRIO-HISTERECTOMIA Acesso Medial Localizar a cicatriz umbilical, fazer incisão de 3-8cm caudal a ela, depende do tamanho do paciente. Com o auxiliar utilizando o afastador, identificar as estruturas segura pelo corno uterino, e fazer tração no ligamento. Após isso deve-se utilizar as três pinças para cortar o plexo vascular uterino da seguinte maneira: 1) Coloco as três pinças no plexo vascular; 2) Cortar vaso entre a primeira e a segunda, tirando o ovário e colocando-o na lateral. 3) Iniciar o nó abaixo da terceira pinça, mas não apertar; 4) Retirar a terceira para liberar tecido e depois apertar o nó. 5) Deixar o fio comprido e fazer teste da hemostasia para ver se extravasa sangue ao soltar a segunda pinça; 6) Pode ser feito uma transfixação acima do laço auxiliar o nó. Expor um ovário e depois buscar o outro corno uterino e fazer a técnica novamente. Por fim excisar o útero acima da cérvix. Acesso Lateral É um tipo de cirurgia comum em bovinos, equinos e animais silvestres, tem 0% de complicação cirúrgica, e o paciente não volta para tirar os pontos. • Vantagens ✓ Observar ferida a distância; ✓ Pode ser feita em animais com hiperplasia mamária ou lactação; ✓ Indicada para gatos e cadelas pré-púberes; ✓ Menor probabilidade de evisceração dos órgãos ou abertura espontânea da incisão. • Desvantagens ✓ Menor visualização da cavidade abdominal; ✓ Não tem uso em casos de piometra e distensão uterina; ✓ Longa curva de aprendizado; ✓ Difícil identificar previamente se o animal foi castrado. A técnica deve ser feita da seguinte maneira: 1. Colocar o animal em decúbito lateral esquerdo. 2. Após incisar a pele, terá três camadas musculares: ▪ Musculo obíquo externo; ▪ Músculo transverso do abdome; ▪ Músculo oblíquo interno. 3. Após atravessas estas camadas, a membrana branca indica o peritônio; 4. Utilizar gancho (esfera na ponta ) e identificar o corno direito *nesta técnica os ovários ficam próximos; *quanto mais quadrado o abdome, mais difícil de acessar os dois lados. 5. Utilizar tesoura de íris que é mais delicada. 6. Fazer hemostasia e corte do plexo vascular e também do corno uterino, utilizando a técnica das três pinças ou o bisturi elétrico bifásico. 7. Reposicionar estruturas, suturar o subcutâneo e fazer dermorrafia. • Complicações ✓ Em caso de hemorragia, terá baixa vizualização; ✓ Animais no cio; ✓ Uso de materiais de baixa qualidade. COMPLICAÇÕES DA OVÁRIO HISTERECTOMIA EM CADELAS E GATAS Síndrome do Ovário Remanescente É um distúrbio iatrogênico em cadelas e gatas caracterizado pelo retorno do estro após contracepção cirúrgica devido à presença de fragmento de tecido ovariano na cavidade abdominal. Frequentemente, o ovário remanescente está situado no pedículo ovariano direito, sobretudo devido a sua posição topográfica mais profunda e cranial em comparação ao ovário esquerdo. Os principais sinais clínicos de SOR em pequenos animais são cio e presença de edemaciamento/secreção vulvar/vaginal, especialmente em caninos. Piometra de Coto É o pedacinho do útero que permanece na cadela após a cirurgia da castração. Geralmente a piometra de coto acontece quando, na cirurgia de castração, os ovários não são completamente removidos, ficando parte(s) dele(s) dentro da fêmea. Em casos assim, a cirurgia é indicada não apenas para corrigir a piometra, mas também para a remoção completa dos vestígios dos ovários, que podem se transformar em tumores. CIRURGIAS DA CAVIDADE ORAL E OROFARINGE Anatomia Cirúrgica Cavidade oral - é dividida em vestíbulo e cavidade oral propriamente dita. Língua - é presa no assoalho da cavidade oral pelo frênulo lingual. Orofaringe – delimitada dorsalmente pelo palato mole e ventralmente pela raiz da língua. Tonsilas – encontram-se na parede lateral da orogaringe. A irrigação sanguínea desta região origina-se dos ramos das artérias carótidas comuns. As artérias palatinas maiores se anastomosam caudalmente aos incisivos ; já as menores entram no palato, caudal ao último molar e lateral a artéria palatina maior. *A infecção é rara e a cura rápida após a cirurgia, devido ao excelente fornecimento de sangue. *A mordedura favorece o animal a tirar os pontos. *É importante retirar os dentes decíduos, pois eles mudam a angulação do definitivo. FENDA PALATINA É um defeito congênito que consiste numa comunicação anômala entre a cavidade nasal e oral envolvendo o palato mole, palato duro, pré-maxila e/ou lábio. Alguns recém nascidos acometidos são incapazes de mamar efetivamente e morrem logo após o nascimento. Outros apresentam a cavidade nasal contaminada por saliva e alimento. Até que os animais acometidos estejam com idade suficiente para a cirurgia, deve-se introduzir o tubo de alimentação para manter um estado nutricional adequado e evitar pneumonia aspirativa. Fechamento de Defeitos no Palato Duro Existem dois procedimentos utilizados para reparar fendas secundárias: • Primeira técnica – deslizar abas bipediculadas e sobrepondo técnicas de retalhos, sua desvantagem é que o reparo não tem sustentação, ficando diretamente sobre o defeito. 1) Incisar margens do defeito e fazer incisões liberadaoras bilaterais ao longo das margens da arcada dentária; 2) Elevar camada mucoperióstica de ambos os lados com elevador periosteal; 3) Fazer aposição das margens da mucosa nasal ou do periósteo à margem do defeito com sutura simples descontínua (nós dentro da cavidade nasal). *utilizar agulha traumática, com linha absorvível ou inabsorvível. 4) Deslisar abas mucoperiósticas elevadas em todo o defeito e apor com suturas interrompidas simples. • Segunda técnica – técnica do “sanduíche” sobreposto, é vantajosa pois não posiciona o reparo sobre o defeito palatino. 1) Incisar uma margem do defeito, separando a mucosa nasal e oral; 2) Elevar o mucoperiósteonesta margem aproximadamente 5mm; 3) No lado oposto criar uma aba rotativa suficientemente grande para cobrir o defeito; 4) Iniciar a incisão próxima e paralela a arcada dentária, criando um retalho de 2 a 4 mm maior que o defeito; 5) Fazer uma rotação da aba criada através do defeito, colocando a ponta da aba sobre a aba do lado oposto; 6) Realizar sutura de colchoeiro horizontal. FISTULA ORONASAL Defeitos palatais adquiridos, que consiste numa comunicação entre as cavidades nasal e oral, frequentemente causados por doenças dentárias, podendo resultar de trauma, complicação cirúrgica, radiação e tratamento hipertérmico de lesões orais. As técnicas utilizadas são: • Aposição direta – incisar ou debridar margem, elevar bastante as bordas para permitir aproximação sem tensão excessiva. Unir mucosas com suturas simples interrompidas. Reparo com retalho em camada simples – debridar a margem epitelial da fistula, incisar mucosa gengival e bucal para delinear uma aba 2-4mm maior que a fistula. Liberar mucosa até a aba poder ser avançada através do defeito sem tensão. E por fim suturar o retalho ao mucoperiósteo com padrão descontínuo. TRATAMENTO CIRÚRGICO RADICAL Mandibulectomia É a remoção de uma parte da mandíbula, que pode ser rostral – uni ou bilateral; ou uma hemimandibulectomia que pode ser caudal, total ou central. O paciente deve fazer a tricotomia da cavidade nasal e oral, e assepsia com clorexidine aquoso para não ressecar. Para esta cirurgia o paciente deve ser posicionado em decúbito lateral, utilizar serra gigli, osteótomo dentre outros, sempre evitando a área da raiz do dente canino (dificulta o corte). Maxilectomia É a remoção de uma parte da maxila, realizada para ressecação de neolplasia oral. As maxilectomias podem ser classificadas como rostral (uni ou bilateral), central (ou central bilateral) ou caudal (caudal bilateral). 1) Fazer tricotomia e assepsia da pele nasal e maxilar, posicionando o animal em decúbito dorsal (lesões da pré-maxila) ou decúbito lateral (lesões caudais a pré-maxila) 2) Cortar amassa e no mínimo 1-2cm de tecido mole normal e osso em todas as bordas; 3) Se a lesão se estender até o terceiro pré-molar, deve-se ressectar todos os dentes pré-molares e molares, devido a aversão da arcada dentária; 4) Na maxilectomia caudal remover uma porção arco zogomático e da órbita, se necessário para obter bordas limpas. 5) COMPLICAÇÕES CIRURGICAS ✓ Hemorragias; ✓ Dor; ✓ Deiscência; ✓ Infecções; ✓ Problemas dentários; ✓ Dificuldade de alimentação; ✓ Cicatrização. Mandibulectomias ✓ Instabilidade mandibular; ✓ Língua protusa. Maxilectomias ✓ Descargas nasais; ✓ Enfisema subcutâneo; ✓ Ulceração do lábio e “flap” ✓ Secreção ocular; ✓ Fistulas orais. CIRURGIAS DO OLHO O manejo cirúrgico é indicado no caso de traumas, glaucoma intratável, endoftalmite incontrolável, pan-oftalmite e neoplasias intraoculares. Os acessos podem ser: ✓ Subconjuntival ✓ Transpalpebral • Preparação do paciente - realizar Tricotomia da pele periorbitária e pálpebras, e antissepsia com clorexidine aquosa para não ressecar. Lavando a superfície ocular e saco conjuntival com Iodo Povidona (PVPI) diluído em solução salina 50%. Enucleação Procedimento cirúrgico orbital mais comum, realizado na prática de pequenos animais. Indicado no caso de danos irreparáveis na córnea ou intraocular, endoftalmite incontrolável, neoplasia intraocular, glaucoma intratável, proptose severa e uveíte intratável. • Subconjuntival • • Transpalpebral – tem como vantagem o confinamento superior da superfície ocular, a partir do local da cirurgia, importante quando há infecção ou neoplasia sobre a superfície. As desvantagens incluem o aumento do sangramento e uma maior tração do nervo óptico. 1) Suturar pálpebras fechadas com sutura descontínua simples; 2) Incisar circunferencialmente a camada da pele orbicular anterior da pálpebra; 3) A partir das incisões cutâneas iniciais, dissecar os tecidos subcutâneos com uma pequena tesoura de Metzenbaum curvada em torno do globo; 4) Cortar tendões do canto medial e lateral, para liberar áreas correspondentes; *não puxar o globo ou colocar qualquer tração, pois isto pode lesionar o quiasma optico e promover cegueira do outro olho. ANASPLASTIAS E CIRURGIAS RAPARADORAS DA PELE Chamamos de anaplastia o ato de reparar o tecido, unir bordos, transferir pele de locais distintos, seja por objetivo funcional ou estético (para o tutor). O planejamento é importante pois existe uma grande variedade de técnicas e associações. O cirurgião deve sempre conhecer o sistema vascular, da região a ser reparada, melhorando a cicatrização. Este tipo de cirurgia requer uma boa hemostasia, aproximação anatômica dos tecidos sem tensão, fechamento dos espaços mortos, e uso apropriado de fios de sutura e implantes. Suturas ✓ Donatti – longe, longe, perto, perto ✓ Captonada – distribui tensão nos captons ✓ Intradermica ✓ Suturas móveis – movimentam a pele através de um defeito , obloterar o espaço morto e distribuir a tensão sobre a superfície da ferida. ✓ Fases da Cicatrização • Inflamação – resposta protetora do tecido, iniciada por um dano, caracterizada por aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia, liberação de citocinas e fatores de crescimento, presença de células inflamatórias. • Debridamento – um exudato, composto de glóbulos brancos, tecido morto e fluidos, forma-se nos ferimentos durante esta fase. • Reparação – começa de 3-5 dias após a lesão, na qual ocorre proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno. É formado um tecido de granulação que deve ser rosado (saudável). • Maturação – nesta ocorre um aumento da força do ferimento, devido a uma reorientação das fibras colágenas, que são substituídas pelo tipo I. Linhas de Tensão São linhas formadas pela tração prediminante do tecido fibroso dentro da pele, que pode variar de acordo com a raça, conformação, sexo e idade. São importantes pois conhece-las favorece ao cirurgião, um bom aproveitamento da pele, melhorando a cicatrização, a estética, e diminuindo a probabilidade de deiscência. Para cada linha de tensão, deve-se eleger uma sutura, lembrando de suturar o subcutâneo divulsionado nas plastias evitando a formação de espaço morto. TÉCNICAS DE ANAPLASTIAS Incisões Simples ou Múltiplas Z plastia É uma incisão em forma de Z, feita a 3cm da ferida, promovendo um relaxamento da pele suficiente para o fechamento da mesma. O tecido deve ser divulsionado até a incisão em Z, depois é fechada a ferida, e por último é aplicado uma sutura de alivio de tensão e alterna os triângulos da incisão em Z antes de suturá-la. H plastia Usado para fechar grandes defeitos que tem pele móvel disponível em dois lados do mesmo. V-Y plastia Incisão de relaxamento que proporciona um Flap de avanço para cobrir uma ferida. Usado para fechar feridas crônicas e inelásticas, ou que podem distorcer estruturas adjacentes se fechadas sob tensão. É feita uma incisão em forma de V a cerca de 3cm da ferida, depois é divulsionada a pele e fechada a ferida. Por fim a incisão em V é fechada formando um Y. Retalho Pediculado ou ”Flap • Suprimento sanguíneo ✓ Randomizado ✓ Axial • Localização do Retalho ✓ Adjacente ao defeito ✓ À distancia o Diretos – um estágio para confecção outro para liberação o Indiretos • Tipo de Retalho ➢ Por avanço único ➢ Por rotação ➢ Portransposição
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