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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Disciplina de Melhoramento Animal BOVINOS DE LEITE Anelise Ramos Ana Paula Bohrer Isadora Longhi Juliano Alves Roberta Zorzi Caxias do Sul, 01 de Dezembro de 2014 Melhoramento Genético em Gado Leiteiro O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e cresce a uma taxa anual de 4%. É seguro afirmar que os ganhos de produtividade são basicamente, da adoção de tecnologias que melhoram a eficiência do uso dos fatores de produção. Os melhoramentos na genética de nossos rebanhos leiteiros, na alimentação e na saúde animal, tiveram importantes participações nesta evolução. No melhoramento genético, houve nos últimos anos aumento da participação das raças Europeias na composição dos rebanhos, hoje em alguns estados predominantemente mestiço Holandês x Zebu, assim como a evolução no melhoramento do Zebu para leite, particularmente o Gir e o Guzerá. O objetivo primeiro do melhoramento genético, em gado leiteiro, é aumentar a eficiência da produção de leite. Pouco adianta melhorar a alimentação, por meio de pastagens bem manejadas e suplementação concentrada e mineral, se o rebanho não possuir potencial genético capaz de responder a esse investimento. O cruzamento é uma alternativa para alcançar esse objetivo. Cada característica é, em parte, herdada dos pais, mas também é influenciada por outros fatores. Por exemplo, uma vaca pode ter habilidade genética para produção de leite; porém, sua produção será reduzida em consequência de nutrição inadequada, parto complicado, período seco curto, mastite. Portanto, a produção de leite é influenciada pela constituição genética do animal e por fatores ligados ao seu ambiente e manejo. O valor genético de um animal pode ser calculado separadamente para cada característica e depende de medidas tomadas no próprio, nos parentes e outros animais com eles relacionados. Seleção O melhoramento do rebanho começa pela escolha do tipo de gado apropriado para a fazenda. A escolha da raça ou cruzamento pode ser considerada como um processo de seleção entre populações( LERNER, 1964). Os cruzamentos entre as raças de origens diferentes, visando-se obter animais mestiços ou "cruzados", é a maneira recomendada para aumentar a tolerância às condições ambientais adversas, aliando-se à rusticidade dos animais já adaptados às condições ambientais da região, e para agregar características favoráveis da outra raça, por exemplo, quantidade e percentual de gordura do leite. É conveniente incluir no critério de seleção, apenas as características indicadoras de maior eficiência econômica e que apresentam suficiente variação genética ( medida pela herdabilidade) para garantir ganhos nas próximas gerações. As características que mais influenciam a receita são a produção de leite e o percentual de gordura, sendo elas incluídas no teste de progênie. As características relacionadas com a eficiência reprodutiva tem grande importância econômica, porém apresentam herdabilidade baixa. Fora a produção de leite acumulada durante toda a vida do animal, a característica de maior importância na determinação do lucro obtido por vaca é a duração da sua vida útil. A permanência da vaca no rebanho depende muito da sua produção de leite, desta forma a seleção pela produção de leite melhora indiretamente a longevidade. Como a seleção pela produção pode ser feita já na primeira lactação e a seleção por longevidade somente após várias lactações, o intervalo entre gerações é muito menor quando a seleção pela produção. A produção de leite na primeira lactação deve receber maior ênfase na seleção. Antes de introduzir animais melhoradores, porém, o criador deve, inicialmente, verificar a qualidade do seu rebanho, principalmente das matrizes e fazer uma seleção na própria fazenda. Avaliação dos Touros A melhor maneira de selecionar um reprodutor é por intermédio dos seus valores genéticos e, hoje, o melhor índice é a diferença esperada na progênie ou descendência (DEP). Há DEP para todas as características, ou seja, produção em várias idades, habilidade materna, pesos etc. Trabalhos realizados apontam que a circunferência escrotal do touro influencia na produção de leite de suas filhas. Avaliação das Matrizes Para vacas, priorizar a produção individual (no balde) e, se possível, o período de lactação (próximo dos 305 dias). Para novilhas ou bezerras, ver a produção das mães e avós, a origem (linhagem) e a produção do pai, por meio das filhas. Checar a fertilidade, a saúde e o temperamento dócil. O corpo deve ser compatível com a raça ou cruzamento. Também deve ter o úbere grande, com ligamentos dianteiros e traseiros firmes, bem irrigados.O tamanho do teto também é critério de seleção devido a ordenha, tetos muito pequenos ou muito compridos prejudicam a colocação da ordenha, podendo causar lesões no úbere e prejuízos. Atentar aos aprumos também é fundamental. É importante observar também o estado sanitário do animal, notadamente, sinais de mastite, e providenciar um exame ginecológico completo. Efeitos do ambiente em bovinos leiteiros Segundo Ferreira (2011) a produtividade de leite nos trópicos sofre grande influência do clima, altas temperaturas, radiação excessiva e elevada umidade relativa do ar promovem nos bovinos uma diminuição no consumo de alimentos e propicia condições favoráveis a uma maior frequência de ecto e endo parasitas, principalmente nos animais geneticamente melhorados, que são mais suscetíveis ao estresse ambiental. Com temperatura média anual ficando acima dos 20°C e temperaturas máximas acima de 30°C, o Brasil apresenta dificuldades na manutenção de um ambiente térmico confortável para os bovinos. Conforme mostra a tabela 1, fica claro que proporcionar um ambiente adequado, é fundamental para o melhoramento na produção de leite. Tabela 1 - Valores de TCI (temperatura crítica inferior), ZCT (zona de conforto térmico) e TCS (temperatura crítica superior) para bovinos. Fase TCI (°C) ZCT (C°) TCS (°C) Recém-nascido 10 18 a 21 26 Europeu adulto -10 -1 a 16 27 Indiano adulto 0 10 a 27 35 Novilhas - 10 a 26 32 Vacas em lactação - 4 a 25 32 Durante o estresse provocado por altas temperaturas o consumo na alimentação pode ser reduzido em 20 a 30% dependendo da intensidade e duração do estresse, esse fator climático é um dos principais responsáveis pela diminuição na produção de leite. O estresse também compromete o desempenho reprodutivo nos bovinos, reduzindo a intensidade do cio e probabilidade de manterem a gestação. Pesquisas apontam 32°C uma temperatura crítica para vacas leiteiras, outras consideram 27°C uma temperatura crítica para a fase reprodutiva, podendo chegar a zero a taxa de concepção quando a temperatura ambiente permanecer elevada (FERREIRA, 2011). Ter conhecimento do comportamento dos animais tem grande importância no manejo e na detecção do estresse gerado pelo ambiente, sendo que as alterações comportamentais são a única indicação da presença do estresse, tornando necessário o ajuste ambiental. Algumas medidas podem ser adotadas para minimizar os efeitos do clima, como a disponibilidade de bebedouros para os animais todo o ano, fornecimento de sombreamento natural ou artificial (no plantio de árvores é importante optar por espécies que não tenham raízes expostas para não dificultar a locomoção e permanência dos animais na sombra). Quando não existirem rios ou lagoas na propriedade, podem ser feitas piscinas de resfriamento, essas piscinas, há algum tempo não eram recomendadas, pela associação com o aparecimento da mastite, mas pesquisas mostraram que a carga microbiana na água é muito menor para iniciar uma nova infecção na glândula mamária. Após a implantação de medidas que são satisfatórias, é evidente que o ambiente tem grande importância na produção de leite, assim como o melhoramento genético. O ambientetem que ser sempre levado em consideração na hora do planejamento das estratégias que serão adotadas para a produção leiteira. Principais raças leiteiras A melhor vaca leiteira é a que dá mais lucro para o produtor. Para ser um bom animal, ela deve ter uma boa produção de leite por dia e por toda a lactação, ter boa saúde e boa resistência, dar uma cria por ano além de produzir por muitos anos. Abaixo segue um quadro comparativo, com alguma das melhores raças para produção de leite (KIRCHOF, 2005). CARACTERÍSTICA HOLANDESA JERSEY PARDO SUÍÇA GIR Produção de leite XXXX XXX XXX X Gordura do leite XX XXX XX XXX Rusticidade X XX XX XXX Tolerância ao calor X XX XX XXX Tolerância ao frio XXX XXX XXX X Produção de carne XXX X XXX XX Docilidade XXX XXX XXX X Obs.: quanto mais sinais, melhor a característica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, Rony Antonio. Maior Produção com Melhor Ambiente: para Aves, Suínos e Bovinos. 2. ed. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 2011. 401 p. KIRCHOF, Breno. Bovinos de leite. Porto Alegre; EMATER/RS-ASCAR, 2005. 68p. (Coleção Aprendendo a Fazer Melhor, 7). PEIXOTO, Aristeu Mendes; MOURA, José Carlos de; FARIA, Vidal Pedroso de FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ.Bovinocultura leiteira: fundamentos da exploração racional. 3.ed. Piracicaba, SP: FEALQ, 2000. [12], 580 p. (Atualização em zootecnia ; 9)