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Pacientes em Cuidados Paliativos Internados na uti daniela

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Pacientes em Cuidados Paliativos Internados na UTI: A Importância do Fisioterapeuta e da Equipe Multidisciplinar no enfretamento de doenças que ameacem a vida.
INTRODUÇÃO
O câncer está sendo visto como a doença do século podendo se tornar a causa de maior mortalidade de indivíduos no mundo (VARELLA et al., 2014).
Estudos revelam que aproximadamente 52% das internações nas Unidades de Terapia Intensiva correspondem à pacientes geriátricos, sendo as principais causas definidas de mortalidade entre os idosos brasileiros: as doenças do aparelho circulatório (35%), as neoplasias (19%) e as doenças respiratórias (9%), o que representa cerca de 60% do total de óbitos em ambos os sexos (SCHEIN, CESAR, 2010). 
Apesar dos progressos no âmbito da saúde ainda existem fatores que contribuem para incurabilidade de doenças oncológicas, fato este que justifica a inserção dos cuidados paliativos no tratamento dos pacientes para uma melhor qualidade de vida (REIS, MAZZAIA, 2009).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Cuidados Paliativos como uma abordagem que tem o enfoque principal de tratamento a melhoria da qualidade de vida de
pacientes e familiares, frente a patologias ameaçadoras à vida, mediante prevenção e tratamento precoces dos sintomas e do sofrimento físico, psíquico, espiritual e social. Quando abordado na terapia intensiva, os cuidados paliativos são serviços prestados a todos os doentes criticamente enfermos com risco de vida e com sintomas que comprometam a qualidade de vida (MATSUMOTO, 2009).
A orientação a esses cuidados essenciais pode e deve ser oferecido aos indivíduos sem possibilidades terapêuticas de cura e aos seus familiares, em instituições de saúde bem como em sua residência (SILVA, HORTALE 2006).
Sendo assim, é de extrema importância a integralização dos cuidados paliativos como uma filosofia de cuidado também na UTI, justificada por ser um direito do paciente e dever da equipe multidisciplinar de saúde, com o objetivo de prestar uma assistência integral e holística, preservando sua autonomia, dignidade e garantindo o seu bem estar. (SILVA ET. AL 2013)
Na verdade os cuidados paliativos no seu objetivo não é possibilitar a cura, mas isso não implica dizer que não se pode melhorar o estado do paciente, uma vez que poderá melhorar a qualidade de vida em sua finitude, com mais conforto e dignidade (BARROS, et al., 2013).
O profissional fisioterapeuta atua nos cuidados paliativos principalmente de forma preventiva, a fim de evitar complicações, sendo esse um profissional dotado de conhecimento e recursos, que além de contribuir com o aspecto psicossocial, devolvendo ao paciente dignidade, autoestima e oferecendo maiores habilidades para amenizar sintomas, aumentando sua autonomia para atividades de vida diárias. (MARCUCCI et al., 2005, pp. 67-77). 
Dessa forma, a Portaria nº 2.439/GM, que trata da Política Nacional de Atenção Oncológica, determina que os cuidados contemplem os níveis da atenção básica à atenção especializada de média e alta complexidade de atendimento, para que ocorram ações de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. Determina que a assistência seja organizada em níveis de hierarquia, com estabelecimento de fluxos de referência e contra referência, garantindo acesso e atendimento integral. Enfatiza a necessidade de especializar os recursos humanos e promover a educação permanente dos profissionais envolvidos com a implementação e implantação da Política de Atenção Oncológica (BRASIL, 2005).
Assim, este trabalho justifica-se por abordar a participação do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar de saúde quando existe a necessidade da abordagem paliativa em pacientes admitidos nas Unidades de Terapia Intensiva. 
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente artigo fundamentou-se através de uma revisão de literatura de artigos publicados nas bases de dados The National Library of Medicine (NCBI), Scientific Electronic Library Online(SciELO) e Google Acadêmico, buscando artigos com abordagem sobre a importância do fisioterapeuta na atuação em cuidados paliativos e em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Por meio de uma busca eletrônica entre o período de 2005-2018. Foram excluídos artigos e revisões anteriores ao ano de 2005, artigos que foram publicados em língua espanhola, artigos que abordavam o cuidado paliativo em enfermarias e home care e artigos pagos para serem acessados. O uso dos descritores foram nos idiomas português e inglês sendo eles: fisioterapeuta (physiotherapist), “cuidados paliativos” (palliative care) e unidade de terapia intensiva (critical care). Como critérios para inclusão artigos que abordavam a atuação do fisioterapeuta na abordagem paliativa nas UTI’s, datados no período indicado e publicados nos idiomas português e inglês.
RESULTADOS
Foram identificados inicialmente 119 artigos, realizou-se uma etapa para verificar os artigos através de uma busca mais criteriosa, sendo selecionados 37 artigos. Para a revisão bibliográfica foram selecionados 13 artigos por possuírem relação com o tema abordado.
 Figura 1 - Fluxo do método de busca.
DISCUSSÃO
Através do presente estudo pode-se revelar a importância do fisioterapeuta e da equipe multidisciplinar nos cuidados paliativos de pacientes internatos nas UTI’s possuindo vínculo com estes pacientes.
Varella aponta que o câncer vem aumentando a cada dia e por diversos fatores como biológico e ambiental pode ser tornar a maior causa de mortes no cenário mundial. 
Assim, Schein e Cesar revelam em seu estudo que 19% das internações nas UTI são de pacientes afetados por neoplasias, o que faz reforçar mais a percepção da equipe multidisciplinar aos cuidados destes pacientes.
Os autores Reis e Mazzaia apontam que por mais avançada esteja a tecnologia e os avanços no âmbito médico, o câncer ainda tem suas particularidades e aumenta o índice de mortes devido em muitos casos da impossibilidade de cura. Surgindo assim a assistência paliativa, que segundo a OMS é um cuidado integral aos pacientes e familiares dando ao indivíduo maior autonomia, menor sofrimento e uma terminalidade com menos sintomas de dores.
Matsumoto em sua pesquisa relata o fato do cuidado ao paciente internado nas UTI’s com uma abordagem ampliada e multidimensional, visualizando o paciente na sua forma total respeitando os fatores biopsicossociais e espirituais. 
Nessa perspectiva o fortalecimento do trabalho em equipe multiprofissional é um pressuposto do Ministério da Saúde (2004) aplicado à humanização do cuidado. O processo de tomada de decisão e união da equipe é uma das dificuldades nos cuidados paliativos, e muito se deve ao preparo do profissional (Hilden et al., 2001).
Nessa abordagem a Política Nacional de Atenção Oncológica presta atenção em todos níveis de atenção aos pacientes acometidos por neoplasias, em todos níveis complexidade, fazendo com que o assistencialismo ocorra desde o diagnóstico até a perspectiva paliativa caso necessário.
Barros traz em sua escrita a filosofia paliativa, um dos princípios importantes para o tratamento ao paciente impossibilitado de cura, a dignidade. Fazendo conexão com seus dizeres Silva et. al enfatiza outros princípios como a autonomia e o seu bem estar, sendo estes primordiais para o paciente e seus familiares.
Marcucci et al. aponta que o fisioterapeuta tem uma função importante no controle da dor de pacientes sem possibilidade de cura, podendo utilizar métodos e recursos não invasivos exclusivos de sua profissão, que são imensamente úteis no controle da dor, fazendo com que sua atuação colabore com o tratamento multiprofissional, necessário para o atendimento desses pacientes, dentre os métodos analgésicos, há os recursos terapêuticos físicos e a terapia manual. A eletroestimulação traz resultados rápidos, no entanto esse alívio é variável entre os pacientes como relata Felício et al. 
Já Sampaio et el. aponta em seu estudo que o fisioterapeuta em seu ofício conduz compreende técnicasde alongamento, sendo estes de grande eficácia e pode ser utilizado com relativa facilidade e baixo custo, sempre com orientação de um fisioterapeuta ou fisiatra. A queixa de uma dor muscular pode ser devida à perda da flexibilidade, que leva a um encurtamento da musculatura. O alongamento mostra ser eficaz na diminuição da dor e na melhora de outros sintomas, como a ansiedade, em comparação ao condicionamento físico. 
Assim, Kho Me. et al. apontam que pacientes internados em UTI’s sofrem por complicações provindas do imobilismo e fadiga, sendo um sintoma comum em pacientes sobre Cuidados Paliativos (CP), porém, com etiologia complexa por envolver aspectos físicos, psicológicos e sociais A fadiga é argumentada como associada à ansiedade, depressão, dor, dispneia, insônia, perda de apetite, náuseas e tonturas. É um sintoma importante na medida em que afeta a funcionalidade e reduz a qualidade de vida.
Diante deste contexto o objetivo do presente estudo consiste em verificar a repercussão e a importância dos cuidados paliativos na UTI’s bem como a relevância do fisioterapeuta nesse contexto multidisciplinar. Porém, ainda se faz necessário mais pesquisas relacionando a fisioterapia na abordagem paliativa nas UTI’s.
REFERÊNCIAS
VARELLA, D., BUZAID, A. C., MALUF, F. C. Vencer o câncer. São Paulo: Dendrix 2014.
Brasil Ministério Da Saúde; Instituto Nacional De Câncer José Alencar Gomes Da Silva; Instituto Ronald Mcdonald. Diagnóstico Precoce Do Câncer Na Criança E No Adolescente. Rio De Janeiro, 2009. Disponível Em: <Http://Ftp.Medicina.Ufmg.Br/Observaped/Eixo_Oncologiapediatrica/>. Acesso Em: 10 De Maio De 2018. 
SCHEIN LEC, CESAR JA. Perfil de idosos admitidos em unidades de terapia intensiva gerais em Rio Grande, RS: resultados de um estudo de demanda. Rev. bras. epidemiol. [Internet]. 2010 June [cited 2015May 29]; 13(2):289-301. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
REIS J, DIAS SP, MAZZAIA MC. A assistência da criança na atenção básica e sua relação com o diagnóstico tardio do câncer infantil. Rev Bras Ciênc Saúde. 2009;7(20):52-62
MATSUMOTO, Dy. Cuidados Paliativos: Conceito, fundamentos e princípios. In: MARINS, N. Manual de cuidados paliativos. Academia de Cuidados Paliativos [Internet]. 2009 Rio de Janeiro: Diagraphic. Available from: http://www.paliativo.org.br
SILVA CF, SOUZA DM, PEDREIRA LC, SANTOS MR, FAUSTINO TN. Concepções da equipe multiprofissional sobre a implementação dos cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva. Ciênc. Saúde coletiva [Internet]. 2013 Sep [cited 2015 June 01]; 18( 9 ): 2597- 2604. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
BARROS, N. C. B. et. al. Cuidados paliativos na UTI: compreensão, limites e possibilidades por enfermeiros. Rev. enferm. UFSM. João pessoa, PB, v. 2, p. 3, p. 630-640. 2012. Disponivel em: Acesso em: 30 abr. 2018
MARCUCCI, F. C. I. O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com câncer. Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 67-77.
Oliveira TCP, Souza SB. As atribuições e benefícios da fisioterapia no contexto hospitalar e sua contribuição para humanização da assistência. 2014 [acesso em 12 jul. 2015]. Disponível em: http://bit.ly/2e4y64m
Silva RCP, Hortale VA. Cuidados paliativos oncológicos: elementos para debate de diretrizes nessa área. Cad. Saúde Pública 2006; 22 (10): 2055- 2066
Felício ECS, Pereira EF, Gomes D. Cuidados paliativos e fisioterapia: reflexões atuais. CAD Centro Universitário São Camilo. 2006;12(2):87-91.
Sampaio LR, Moura CV, Resende MA. Recursos fisioterapêuticos no controle da dor oncologia: revisão da literatura. Rev Bras Cancerologia. 2005;51(4):339-46
Kho ME. et al. Feasibility and safety of in-bed cycling for physical rehabilitation in the intensive care unit. Journal of Critical Care. 2015; v.30, n.6, p.1419 e1-5.

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