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Medicina Grega

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1 
 
Josivan Gomes de Lima 
 
IInnttrroodduuççããoo 
 
 medicina grega é uma das mais importantes na história da medicina, pois, com 
Hipócrates e outros, é nela em que se vai basear durante vários séculos a 
medicina oriental. Estudando detalhadamente tal medicina, podemos observar 
momentos diferentes aonde as características vão modificando paulatinamente, bem 
como seus personagens. 
 
O primeiro período é baseado na mitologia, onde deuses e semideuses são 
importantes e podem proteger ou castigar, interferindo diretamente nas doenças e 
curas. Posteriormente, seis séculos a.C., os filósofos são os primeiros a dissociar a 
medicina da magia, aproximando-a mais da filosofia. Os médicos filósofos são comuns 
neste período. No terceiro momento, na Ilha de Kos, surge a medicina hipocrát ica, 
baseada nos humores corporais (bile negra, bile amarela, fleugma e sangue). Um 
desequilíbrio nestes humores seria a causa do aparecimento das diversas doenças e 
os tratamentos consistiam de trazer de volta tal equilíbrio. O quarto período consiste 
da medicina pós-hipocrática na qual os médicos seguiam aqueles ensinamentos 
deixados por escrito no corpos hippoccraticum. A Escola de Alexandria é o grande 
centro de tal medicina. 
A 
 
 2 
 
Período Personagens Doenças Data 
Mitológico Deuses e 
semideuses 
Castigos dos 
Deuses 
Antes do século VI a.C. 
Filosófico Alcmeon, 
Empédocles 
Explicar as causas Séculos VII e VI a.C. 
Hipocrático Hipócrates Humores corporais Hipócrates 460-370 a.C. 
Pós-hipocrático Escolas 
Galeno 
Humores corporais 
 
MMoommeennttooss HHiissttóórriiccooss 
Medicina mitológica. Este primeiro período da medicina grega tem resquícios ainda da 
medicina primitiva pré-técnica, onde as doenças decorrem de castigos dos deuses. 
Baseia-se na religião primitiva grega que se utiliza de cerimônias mágicas, sacrifícios 
de animais e venerações. Os deuses vão tomando forma física humana, bem como 
características específicas relacionadas a sentimentos e até defeitos. 
 
 
Apolo e Coronis 
 
Apolo seria o deus fundador da medicina 
e considerado o médico dos deuses. 
Artemis, sua irmã, tinha poderes de curar, 
principalmente em relação às mulheres. 
Afrodite, deusa da beleza e do amor, 
concebida da espuma do mar, tinha papel 
relativo à sexualidade feminina. Hera, 
esposa de Zeus, assegurava a proteção 
das mulheres grávidas. 
 
 
 3 
Mas é na figura de Asclépio (Esculápio, para os romanos) que a medicina deste 
período mais se baseia. Ele não era um deus, mas sim um semideus, pois era filho de 
Apolo e Coronis. Por volta de 1260 a.C., na região de Tessália, fronteira com a 
Macedônia, Coronis era uma belíssima jovem que impressionou e encantou o deus 
Apolo, filho de Zeus. Apolo, apaixonado por Coronis, a engravidou. Mas ela temia que 
Apolo, sendo um deus, a abandonasse e preferiu se casar com Ischys. 
Um corvo branco foi o responsável por 
dar a má notícia a Apolo, que o puniu 
tornando todos os corvos negros. 
Também por punição, ele mesmo 
matou Ischys, mas não tendo coragem 
de matar Coronis, sua amada, preferiu 
pedir a Artemis, sua irmã, que o 
fizesse. Ao ver o corpo de Coronis em 
chamas, Apolo ainda tem tempo de 
retirar do ventre seu filho Asclépio (é a 
primeira cesariana relatada na história 
da medicina!), que, por ser filho de uma 
humana e um deus, é considerado um 
semideus. 
 
Asclépio com seu bastão. 
Apolo delega ao centauro Quíron a educação de Asclépio que aprende muito 
facilmente caça e a arte de curar. Conhecia o poder curativo de ervas e realizava 
cirurgias, chegando até mesmo trazer à vida os mortos. Não somente Asclépio está 
diretamente relacionado com a medicina desta época, mas também vários membros 
de sua família. Ele se casa com Epione (deusa da anestesia) e tem várias filhas e 
filhos: Machaon (deus da cirurgia), Podaleirus (diagnóstico clínico), Panacea (deusa 
da cura), Telésforo (deus da convalescença), Áceso (deusa dos cuidados e da 
enfermagem), Iaso, Aglea (deusa da boa forma) e Higea (deusa da prevenção das 
doenças – de onde vem o termo higiene). 
Hades, soberano do reino dos mortos, vendo que Asclépio está curando muitas 
pessoas e despovoando seu reino, reclama a Zeus tal ousadia. Este, percebendo que 
as muitas curas realizadas por Asclépio poderiam por em perigo a ordem do mundo, 
fulmina-o com um raio. Tal morte serviu para aumentar mais ainda a fama de Asclépio, 
 
 4 
disseminando seu culto não só na Grécia, mas em várias outras regiões na Europa, 
África e Oriente. Os asclepiones eram templos dedicados ao culto de Asclépio e foram 
os precursores dos hospitais atuais. Neles, médicos-sacerdotes, chamados de 
asclepíades, tratavam os doentes. Passaram a ficar mais famosos por volta de 420 
a.C., quando os atenienses invocaram com sucesso Asclépio para afastar a peste que 
os acometia. 
Asclépio estava então ligado à 
terapêutica, enquanto que Higeia, sua 
filha, à prevenção. Na entrada dos 
asclepiones havia uma área para se 
lavar e purificar e fazer oferendas. Na 
sala seguinte (abaton), ficava-se em 
silêncio e concentração e, através dos 
sonhos, Asclépio aparecia (incubatio) e 
curava ou revelava (enkoimesis) 
instruções que deveriam ser seguidas 
para se obter a cura. 
 
Asclepiones – abaton.
Ao acordar de manhã, relatavam-se os sonhos aos sacerdotes que os interpretavam e 
complementavam as instruções terapêuticas que deveriam ser seguidas literalmente 
para ser curado. Caso tal objetivo não fosse alcançado, a culpa era do doente que não 
seguira adequadamente as instruções. Todo o ambiente era propício à auto-sugestão 
e até pessoas com boa saúde iam aos templos para se manterem saudáveis. Era uma 
medicina mágica e psicológica, não havendo evoluções significativas em relação a 
possíveis medicamentos neste período. Mais de 300 asclepiones foram construídos e, 
posteriormente, com o cristianismo, foram utilizados como igrejas cristãs. 
O poeta grego Homero citou Asclépio em sua obra “Ilíadas”: “primeiro a palavra, 
depois a erva e por último a faca”. Homero viveu no século VIII a.C. e analisando suas 
obras, principalmente Odisseia e Ilíadas, detectam-se princípios que norteavam a 
medicina naquela época: as doenças eram a expressão de uma punição divina, uma 
cólera dos deuses e somente eles conheciam os segredos para se alcançar a cura, 
apesar dos homens terem alguns conhecimentos anatômicos que poderiam tratar 
certas lesões, bem como utilizar algumas plantas para curar. Homero descreve, em 
 
 5 
Odisseia, doenças e lesões de guerra e cita como, no Templo de Delphi, o oráculo 
recebia instruções para cicatrizar. 
Asclépio parece ter realmente existido, sendo um médico famoso por volta de 1200 
a.C. 
Medicina dos filósofos. Sucedendo esta medicina inicial mágico-religiosa, vem a 
democracia grega e os pensamentos de questionar e explorar novas ideias. 
Apareceram os filósofos estudiosos nos séculos VII e VI a.C., que não aceitavam 
simplesmente as doenças como castigo divino e procuravam explicar os 
acontecimentos, aplicando à fisiologia humana as leis da física e química então 
conhecidas. Basicamente são filósofos pré-socráticos de diferentes escolas (Éfeso, 
Mileto, Pitagórica, pluralista, etc.). Técnicas de dissecação e experimentações são 
utilizadas para obter os conhecimentos necessários. 
Tales de Mileto (625-547 a.C.) foi filósofo e matemático e afirmou que a água era o 
elemento fundamenta da vida. Pitágoras (570-480 a.C.) se instalou no sul da Itália, em 
Crotona (530 a.C.) onde fundou a escola pitagórica. Seu pupilo, Alcmeon de Crotona 
(535 a.C.), dizia quea doença era consequência do desequilíbrio de qualidades 
opostas como o frio e o quente, o úmido e o seco e o doce e o amargo. Realizou 
numerosas dissecações, fez a relação entre o cérebro e os órgãos sensoriais e 
estudou a origem do embrião. Empédocles de Agrigento (Agrigento, Sicília, 490-430 
a.C.) aproveitou o conhecimento de outros filósofos e desenvolveu a ideia de que as 
doenças eram decorrentes do desequilíbrio de quatro elementos “raízes”: água, fogo, 
ar e terra (Heráclito de Éfesos dizia que o fogo era o mais importante elemento). Esta 
ideia persistiu por muitos séculos e vários outros estudiosos posteriores utilizaram está 
suposição de desequilíbrio de elementos causando doenças (por exemplo, Hipócrates 
com os quatro humores). Foi o último filósofo grego a escrever em versos. Tinha uma 
oratória brilhante que fez com que Aristóteles posteriormente o designasse como pai 
da retórica. Demócrito (460-370 a.C.) é contemporâneo de Hipócrates; fez 
dissecações em animais e iniciou uma classificação de medicamentos. 
Medicina hipocrática. Se a passagem da medicina mágico-mitológica para a medicina 
dos filósofos já foi considerada uma evolução, a medicina hipocrática é a idade de 
ouro da medicina grega. Há uma quebra total da relação com a medicina mitológica 
uma vez que defende que as doenças têm causas naturais que podem ser estudadas 
e compreendidas. Várias escolas médicas são criadas, sendo as de Kos, Crotona, 
 
 6 
Agrigento, Rhodes e Knidos as principais. Nas escolas havia uma formação teórica, 
com um currículo mínimo de anatomia, semiologia, farmacologia e cirurgia, e prática 
itinerante (visitações). Quanto melhor era o médico, mais itinerante, fazendo sua 
prática médica de uma cidade para outra, geralmente em mercados. Até o ano de 300 
a.C., qualquer um poderia se intitular como médico e isso abria espaço para os 
curandeiros e charlatões. 
Hipócrates (460-377 a.C.) nasceu na 
ilha Jônica de Kos e era descendente 
de uma família de médicos 
asclepíades. Ele era o 62º descendente 
de Asclépio, tendo recebido sua 
formação do seu pai Heráclides e seu 
avô, Hipócrates I. Teve educação 
completa em filosofia, geometria, 
astronomia, lógica, medicina, etc. 
Após ser um médico itinerante no 
continente e fazer uma viagem de 
estudo ao Egito, ele retornou e fundou 
a escola de Kos na ilha do mesmo 
nome, em 440 a.C.. 
 
Hipócrates.
 
Aí, dois de seus filhos (Thessalus e Dracon) e seu futuro genro (Polybe) foram seus 
alunos. Hipócrates descreveu os quatro humores (sangue, fleugma, bile negra e bile 
amarela) e defendia que as doenças apareciam devido a uma perda da isonomia entre 
estes humores. O equilíbrio entre os humores era chamado de eucrasia, enquanto que 
se algum deles ficava em excesso, dizia-se discrasia. Ao contrário da medicina 
praticada na vizinha escola de Knidos que tratava o órgão doente, na escola de Kos se 
buscava o doente como um todo. A produção excessiva de um dos humores deixava o 
paciente susceptível às doenças, que decorriam de um desequilíbrio corporal como 
um todo e não somente do defeito em um órgão. Fatores intrínsecos (idade, fatores 
congênitos e raça) e extrínsecos (estações do ano, água, ar, ventos, alimentação, 
parasitas) eram determinantes para desencadear o desequilíbrio. Ao médico cabia 
auxiliar a natureza para recompor este equilíbrio. Era importante conhecer não 
somente o paciente, mas também o ambiente em que ele vivia para se detectar de 
uma forma mais ampla o desequilíbrio dos humores e trazê-lo de volta. Hipócrates foi 
 
 7 
um dos primeiros a identificar as epidemias e este era o título de um de seus livros. 
Ele defendia ainda que a matéria era composta por proporções diferentes dos quatro 
elementos raízes descritos por Empédocles (ar, terra, água e fogo). Para cada 
elemento, havia uma qualidade, um humor, um órgão e um temperamento específico 
que ajudava a identificar a susceptibilidade a determinada doença, bem como 
restabelecer o equilíbrio (Tabela 2). 
 
Tabela 2 – Humores e elementos de Hipócrates. 
Elementos Qualidades Humores Órgãos Idades Estação Temperamentos 
Ar Quente e 
úmido 
Sangue Coração Infância Primave
ra 
Sanguíneo 
Fogo Quente e 
seco 
Bile 
amarela 
Fígado, 
vesícula 
Juventude Verão Bilioso/ colérico 
Terra Fria e seca Bile negra Baço Maturidade Outono Melancólico 
Água Fria e úmida Fleugma/ 
pituíta 
Cérebro 
(hipófise) 
Velhice Inverno Fleumático 
 
Saúde e doença. Existia uma “força interna vital” que “cozinhava” os humores e os 
mantinham em equilíbrio. A saúde era decorrente da capacidade do organismo 
“temperar” os humores “crus”, não deixando que nenhum se acumulasse. Daí o termo 
“temperamento”. A doença vinha exatamente pelo fato de um humor “cru” se 
acumular. A doença, de acordo com Hipócrates, tinha fases evolutivas. Uma fase 
inicial de incubação (crueza – apepsia) onde o humor cru se acumulava. Outra fase 
crítica, aonde o corpo vai “cozer” (cocção) o humor em excesso. A terceira e última 
fase é a de resolução (crisis) que pode terminar de diferentes maneiras: cura 
(eliminação do humor em excesso), apóstase (transferência para outra parte do corpo 
e reinício da cocção), lise (melhora gradual) ou morte (paralisação da cocção e perda 
definitiva da “força interna vital”). 
Como um desequilíbrio na natureza causava a doença, somente a natureza poderia 
recuperar este equilíbrio e curar (“vis medicatrix naturae” ou o “poder curativo da 
 
 8 
natureza”). O médico hipocrático era apenas um auxiliar da natureza e utilizava dietas 
e medidas higiênicas para repor o equilíbrio e restabelecer a saúde. Como os humores 
eram separados no organismo através de método de cocção (digestão), a dieta tinha 
grande importância terapêutica. 
A partir de observações e experiências, foi escrito o “Corpus hipocraticum”. Era uma 
coleção composta de 60 livros que abordavam várias áreas da medicina, passando 
por deontologia (juramento), escritos anátomo fisiológicos, assuntos dietéticos, 
patologia geral (ares, águas, humores, dias críticos), patologia especial (epidemias), 
terapêutica, oftalmologia e ginecologia, obstetrícia, pediatria. Hoje se sabe que a 
maioria destes livros não foi escrita por Hipócrates, tendo sido redigida por médicos 
hipocráticos de outras escolas, principalmente de Knidos e Crotona. No primeiro livro, 
defendem-se fortemente os princípios éticos, evitando-se possíveis charlatões. Neste 
livro encontra-se o juramento que ainda é utilizado pelos médicos atualmente e que 
menciona o princípio do Primum non nocere (primeiro não fazer mal), Apolo, Asclépio 
e sua filhas. 
Exame do paciente. O exame do doente pelo médico hipocrático consistia de quatro 
etapas: 
- reconhecer os antecedentes da doença 
- procurar os sinais gerais da doença (febre, dispneia, problemas digestivos e de 
eliminação); 
- estudar os sinais locais; 
- exame metódico do paciente (observar os olhos, a posição no leito, a respiração, as 
feridas, o suor (poderia ser um sinal de resolução da doença), os hipocôndrios, o 
estado do sono, as fezes e a urina, o escarro e o pus, etc.). 
 
 9 
 
Opções terapêuticas. O tratamento era sempre baseado no oposto (para a fome, se 
comia; para a sede, se bebia; para a fadiga, se repousava). O produto da cocção era 
direcionado para o órgão específico (Tabela 2). Métodos de eliminação eram utilizados 
(purgação, vômito, flebotomias) e se não resolvia, usavam-se as medicações 
(plantas), deixando a cirurgia somente para última opção. A terapêutica se baseava 
em quatro regimes possíveis: 
- regime alimentar: comidas saudáveis, bebidas,ar, ginástica (exercício), passeios e 
descansos. Bebidas como leite, vinho, hidromel (fermentada a partir de água e mel), 
oximel (água, mel e vinagre) e cevada eram utilizadas. 
- farmacopeia: medicamentos utilizados eram feitos a partir de plantas e tinham efeitos 
purgantes (escamónea e heléboro), diuréticos (alho, cebola, melão, melancia, pepino), 
eméticos (heléboro branco, hissopo) ou soníferos (dormideira, mandrágora, 
meimendro e beladona). 
JURAMENTO DE HIPÓCRATES 
“Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Hígia, por Panaceia e por todos os Deuses e Deusas que acato este juramento e que o 
procurarei cumprir com todas as minhas forças físicas e intelectuais. Honrarei o professor que me ensinar esta arte como os meus 
próprios pais; partilharei com ele os alimentos e auxiliá-lo-ei nas suas carências. Estimarei os filhos dele como irmãos e, se 
quiserem aprender esta arte, ensiná-la-ei sem contrato ou remuneração. A partir de regras, lições e outros processos, ensinarei o 
conhecimento global da medicina, tanto aos meus filhos e aos daquele que me ensinar, como aos alunos abrangidos por contrato e 
por juramento médico, mas a mais ninguém. A vida que professar será para benefício dos doentes e para o meu próprio bem, 
nunca para prejuízo deles ou com malévolos propósitos. Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também 
não darei pessário abortivo às mulheres. Guardarei castidade e santidade na minha vida e na minha profissão. Operarei os que 
sofrem de cálculos, mas só em condições especiais; porém, permitirei que esta operação seja feita pelos praticantes nos 
cadáveres. Em todas as casas em que entrar, fá-lo-ei apenas para benefício dos doentes, evitando todo o mal voluntário e a 
corrupção, especialmente a sedução das mulheres, dos homens, das crianças e dos servos. Sobre aquilo que vir ou ouvir 
respeitante à vida dos doentes, no exercício da minha profissão ou fora dela, e que não convenha que seja divulgado, guardare i 
silêncio como um segredo religioso. Se eu respeitar este juramento e não o violar, serei digno de gozar de reputação entre os 
homens em todos os tempos; se o transgredir ou violar que me aconteça o contrário.” 
 
 10 
- cirurgia: eram muitas e consistiam de excisões de abscessos, hemorroidas, fístulas 
anais, tratamento de fraturas, etc. Utilizavam a mandrágora para a anestesia e como 
analgésico. Há um livro específico no corpo hippocraticum sobre cirurgia. 
- procedimentos físicos: banhos, compressas e sangrias. 
 Tais métodos foram empregados posteriormente pelos métodos pós-hipocráticos e 
influenciaram a medicina ocidental até o século XVIII. 
Medicina pós-hipocrática. Após a morte de Hipócrates em 377 a.C., as escolas rivais 
se fortalecem e nascem as seitas médicas. A escola dogmática era fiel aos 
ensinamentos de Hipócrates e foi fundada pelos filhos (Thessalos e Dracon) e gengo 
(Polybe) dele. Seus principais médicos foram: 
- Praxágoras de Cos (340 a.C.): estudou as modificações nos pulsos. Defendia que as 
artérias e as veias continham ar. 
- Aristóteles (384-322 a.C.): dissecou animais. Defendia que o coração era o centro da 
circulação, da alma e do pensamento. 
-Teofrasto (372-285 a.C.): era discípulo de Aristóteles. 
A escola empírica se opunha à dogmática e se interessava menos pelas causas das 
doenças e mais na sua resolução. Tinha princípios fundamentais a observação de 
dados de necropsia, a observação dos dados disponíveis e o princípio da analogia. 
 
CCoonncclluussõõeess.. 
A divisão didática dos vários períodos da história da medicina grega nos possibilita o 
melhor entendimento de como se desenvolveu a medicina neste país. Por vários 
séculos, durante toda a idade média, os ensinamentos de Hipócrates, valorizados pela 
exegese feita pelo médico Galeno. Ainda nos dias atuais, mesmo que ensinamentos 
relativos à anatomia e aos humores não sejam mais válidos, tendo apenas valor 
histórico, vários outros pontos são ainda atuais e podem ser empregados na medicina 
moderna. 
LLeeiittuurraa ccoommpplleemmeennttaarr ssuuggeerriiddaa 
1. B Halioua. Médicine grecque. In Histoire de la médicine; Elsevier Masson; 2009. p. 
33-51. 
2. Kelly K. The ancient greek and what they learned. In The history of medicine – 
early civilizations. 2009. p.88-105.

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