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Caderno - Direito Penal II (Daniela Portugal)

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Renata de Andrade Tinoco
Direito Penal II
2017.2 – T3A
DIREITO PENAL II
PROFESSORA: DANIELA PORTUGALProvas:
19/09
21/11
TEORIA DO DELITO
CRIME x DELITO x CONTRAVENÇÃO PENAL
A Infração Penal é um gênero que comporta duas espécies: Crimes e Contravenções. Aqui no Brasil, crimes e delitos são sinônimos. Nós adotamos um conceito bipartido de infração penal. 
A diferença entre crimes e contravenções não está na essência jurídica delas, mas sim na consequência jurídicas de cada uma delas. Crimes ou delitos têm como consequência jurídica pena de reclusão ou de detenção. Já as contravenções penais têm como consequência jurídica pena de prisão simples. 
- Crimes ou delitos – Pena de Reclusão ou Detenção; 
- Contravenções – Pena de Prisão Simples;
Uma pena de reclusão admite como regime inicial as três espécies que são previstas em lei: fechado, semiaberto ou aberto. O regime inicial de uma pena de detenção, no entanto, só comporta as espécies semiaberta ou aberta (Na detenção cabe regressão para regime fechado). 
Ao analisar a pena de prisão simples, o regime de cumprimento de pena que é praticado é o semiaberto ou aberto. Não há possibilidade de regressão nessa espécie punitiva, já que é uma pena cumprida sem rigores penitenciários. 
CONCEITO DE CRIME 
O conceito de Crime pode ser definido a partir de várias perspectivas, sejam elas legal, formal, material, analítico. 
O conceito legal de crime encontra-se em uma lei, mais especificamente a Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-lei n. 2.848/40): art. 1º “Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”. 
O conceito formal de crime é dado pelo critério da subsunção (enquadramento à redação de um tipo incriminador); o conceito material de crime leva em consideração a lesão a um bem jurídico; já o conceito analítico é o conceito estratificado de crime. 
CONCEITO ANLÍTICO (ESTRATIFICADO DE CRIME) 
O conceito analítico ou estratificado de crime tem por objetivo decompor a estrutura do crime em partes menores. Dentro desse conceito analítico existe uma divergência doutrinaria, para a teoria bipartida: crime = fato típico + ilicitude (antijuricidade); para a teoria tripartida: crime = fato típico + ilicitude (antijuridicidade) + culpabilidade; a teoria quadripartida: crime = fato típico + ilicitude (antijuridicidade) + culpabilidade + punibilidade.
Observações
Hoje prevalece o conceito tripartido;
O conceito bipartido ainda é forte no Brasil, influenciou redação do Código Penal, é adotado por Damasio, Mirabeti, Dotti e Delmanto, que consideram culpabilidade mero pressuposto de aplicação da pena;
O conceito quadripartido foi sustentador por Mezger e Basileu Garcia.
CRIME: CONCEITO ANALÍTICO TRIPARTIDO
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
	CULPABILIDADE
	
Conduta
Resultado
Nexo de Causalidade
Tipicidade
	Não estar em:
Estado de Necessidade
Legítima Defesa
Estrito Cumprimento de um Dever Legal
Não estar no Exercício Regular de um Direito
	
Imputabilidade
Potencial Consciência da Ilicitude
Exigibilidade de Conduta Diversa
	
	 v*. Consentimento do ofendido
*não tem previsão legal
	
*Todos os itens da tabela devem ser preenchidos, caso o contrário, não haverá crime
FATO TÍPICO
CONDUTA
CONCEITO
Acompanhando a ideia do Finalismo Penal, a conduta é um comportamento humano, comissivo ou omissivo, livre e consciente direcionado a um determinado fim - isso, aqui, é o conceito de ação finalística, de comportamento finalístico. É um conceito estabelecido pelo Finalismo Penal, onde, dentro dessa lógica a conduta vai estar vinculada a essa ideia de que do agir finalístico, do agir direcionado a uma determinada finalidade. Tal conceito aplica-se tranquilamente tanto para crimes dolosos (onde há a intenção) quanto para crimes culposos (onde não há a intenção de produzir o resultado lesivo). 
**Como aplicar o conceito finalístico para crimes culposos, se neles não há a intenção de dano? Bom, obviamente, pelo que se conclui, nesses casos, realmente não há a intenção de produzir o resultado lesivo, contudo, há uma intencionalidade por detrás da ação. ainda que não a que acaba ocorrendo. Por exemplo: um sujeito pode estar limpando um revólver e ele disparar contra outrem, sem sua intenção. Bom existia ação finalística? Existia, a de limpar a arma. Aqui, nesse estágio, ainda estamos avaliando a conduta e não dolo e culpa (esses dois últimos, respectivamente, virão em uma outra análise), então, o primeiro passo é entender a conduta humana como um comportamento finalístico, sempre voltada a um querer. Esse querer só será avaliado depois. 
Então, existirá sempre na conduta um comportamento humano finalístico, não importa se o crime fora doloso ou culposo. A diferença é que no crime doloso a finalidade em si já é criminosa, enquanto, no culposo, a finalidade é lícita, mas, o resultado não - há, realmente, essa incongruência entre o que se quer e o que se causa nos tipos culposos. 
** Quando o agente faz alguma coisa que estava proibido, fala-se em crime comissivo; quando deixa de fazer alguma coisa a que estava obrigado, temos um crime omissivo. 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA
A ideia de conduta para o Direito Penal envolve a vontade de coordenar os movimentos que se externalizam ou não e é justamente isso que nos leva a compreender quando é que nós não teremos conduta. São essas as situações onde há exclusão da conduta (nessas três situações nem se discute dolo e culpa, simplesmente não haverá conduta. E, se não haverá conduta, não haverá crime, isto é, o sujeito não responderá por nada, pelo menos em matéria penal): 
FORÇA IRRESISTÍVEL: Natureza ou Física ("coação física irresistível/vis absoluta").
Natureza
Ex. Indivíduo numa trilha. Tromba d’água arrasta o indivíduo que se choca em outra pessoa, provocando nela lesões corporais. Não há possibilidade de denúncia por lesão corporal, dolosa ou culposa.
Física (“Coação Física Irresistível”) – Somente se pune o autor da coação.
Ex.: Dani quer lesionar Beatriz. Ela empurra Mateus e ele cai sobre Beatriz. As lesões corporais sofridas por Beatriz não são imputáveis, culposa ou dolosamente, a Mateus. Dani pode ser denunciada. 
Ex.: Dani coloca uma arma na mão de Vitória para que as digitais de Vitória ficassem na arma e a pólvora ficasse na mão dela. Dani aperta a mão de Vitória para que a arma dispare e mate Isabel. 
ATO DE INCONSCIÊNCIA: Sonambulismo e a Hipnose.
ATO REFLEXO: Atos onde o movimento corpóreo ou a sua ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente do sistema nervoso, sem a possiblidade de intervenção da vontade, como ocorre no caso da epilepsia.
**Como provar que o réu se enquadra nos requisitos para exclusão de conduta? As provas são por meio de testemunho, perícia, prova documental e, se não houver provas suficientes, o que sabemos é que, em tese, a dúvida beneficia o réu. 
Não haverá conduta quando, primeiro, estivermos falando em força irresistível, ou seja, uma força contra a qual não se pode resistir/vencer. Tal força poderá se originar da natureza ou de alguma outra ação humana (onde somente se pune, em tese, o autor da coação/ autor mediato - art. 22 do CP). 
Ex.: Seu corpo é arrastado por uma tromba d'água em uma trilha e esse corpo se lança contra outrem provando-lhe lesões corporais, não há como tipificar tal comportamento. 
Ex.: Imaginemos que Carla queira lesionar Beatriz e para isso empurra Matheus, para que ele derrube Beatriz. Bom, para a lesão que Matheus infringiu em Beatriz não haverá tipificação culposa ou dolosa, simplesmente não houve conduta, ele fora levado por uma força física irresistível, contudo, Carla poderá ser punida por uma ação culposa ou dolosa, conforme se sentencie acerca de suas intenções; em alguns casos, essa compreensão pode valerpara situações de trânsito onde o carro se projeta após uma batida e, com certeza, valerá para casos onde o assassino force a vítima a tirar. 
** Quem atua obrigado por uma força irresistível não age voluntariamente, ou seja, não é dono do ato material praticado, não passando de mero instrumento realizador da vontade do coautor. 
** Há uma diferença entre força física irresistível e força moral irresistível. Embora, em ambos os casos, não haja crime, é necessário fundamentar ambos os casos. No caso da física trata-se de uma coação material, física e no, da moral irresistível, moral trata-se de uma coação moral, psicológica e, no tocante a conduta, no primeiro caso há exclusão da conduta (se exclui conduta, se exclui fato típico) e, no segundo, exclusão da exigibilidade de conduta diversa (nesse caso, se exclui culpabilidade). 
	COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL
	COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL
	NÃO HÁ CRIME
	NÃO HÁ CRIME
	MATERIAL, FÍSICA
	MORAL, PSICOLÓGICA
	EXCLUI CONDUTA
	EXCLUSÃO DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
	EXCLUI FATO TÍPICO
	EXCLUI CULPABILIDADE
Ex.: Um sujeito armado chantageia Mariana para que ela atire em Gabriela ou, então, quem morrerá será ela. Caso Mariana venha a atirar em Gabriela, excluirá-se a culpabilidade tendo em vista a coação moral, psicológica, no entendimento de que se trata de uma conduta viciada. 
Em segundo lugar, como causa de exclusão, temos o ato de inconsciência que se trata de um ato que é produto do insconsciente. Os casos prescritos são o sonambulismo e a hipnose (indo para um campo muito mais polêmico, fale-se em um ato de violência sob a incorporação de uma entidade; inclusive, já houve, na justiça brasileira, a admissão de carta psicografada como prova em alguns casos). 
** Em termos jurídico-penais, consciência, na lição de Zaffaroni, "é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas". Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado de estado de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. A doutrina tem catalogado como exemplos daquilo que chama de estado de inconsciência o sonambulismo, a embriaguez letárgica, a hipnose etc. Como, nesses casos, os atos praticados não são orientados pela vontade, consequentemente, não podem ser considerados ações penalmente relevantes (Tratado de Direito Penal, Cezar Roberto Bitencourt; página 301). 
** A embriaguez letárgica, de regra, tem sido analisada como excludente de culpabilidade, mais especialmente da imputabilidade, como transtorno mental transitório. No entanto, a embriaguez letárgica constitui o grau máximo da embriaguez, sendo impossível qualquer resquício da existência da vontade e, por essa razão, além de levar em conta que sem vontade não há ação, Cezar Roberto Bitencourt defende na 22ª edição de seu livro "Tratado de Direito Penal" que essa solução é absolutamente equivocada. Ainda segundo a obra de Bitencourt, o posicionamento sobre essa questão tem sérias consequências práticas: sendo admitida como excludente da ação, impedirá a configuração da participação stricto sensu (teoria da acessorialidade limitada) e da responsabilidade civil, afastando, por conseguinte, todos os efeitos jurídicos-penais decorrentes de uma ação ilícita. Contudo, nos estados de inconsciência, se o agente se coloca voluntariamente nessa condição, para delinquir, responderá normalmente pelo ato praticado, segundo o princípio da actio libera in causa. 
** Enfim, ainda segundo a obra "Tratado de Direito Penal", o conceito da ação, na concepção finalista, cumpre uma função limitadora, excluindo todo o movimento corporal ou toda a atividade passiva (omissiva)que não respondam ao conceito de ação ou omissão, que ficam excluídos do âmbito do Direito Penal. 
Outra causa de exclusão é o ato reflexo, um impulso orgânico onde não se há controle algum, à exemplo da epilepsia. 
Ex.: No caso da Epilepsia, se você for tentar por o dedo na língua da pessoa, a descarga de força é tão grande que ela pode vir a arrancar o seu dedo e, nesse caso, o Direito Penais não vê tal lesão como proveniente de uma conduta criminosa - o certo é virá-la de lado. 
** No entanto, segundo a 22ª edição da obra "Tratado de Direito Penal", como sustenta Muñoz Conde, os atos em curto-circuito e as reações explosivas (crime de ímpeto) não se confundem com movimentos reflexos, pois nele existem vontade, ainda que de maneira fugaz, podendo o réu recorrer a outros argumentos que não sejam os de exclusão de conduta. 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA
PREVISÃO LEGAL
Quando falamos em tal tema, estamos diante de um assunto que para países de tradição romanogermânica (do Civil Law) é um tema relativamente mais novo, enquanto que os países de tradição anglosaxônica (do Common Law) já trabalham e já admitem a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica há muito mais tempo, justamente porque o Direito dentro desses modelos de ordenamento jurídico é construído dia a dia. Então, quando o julgador, do Common Law, se depara com o caso em que houve a prática criminosa, mas que há ali, no meio de tal prática, um ente coletivo e não se é possível identificar quem desse ente praticou a ação, ele denuncia a empresa (isso sempre fora admitido nos países onde o Direito tem origem anglosaxônica). 
** No Common Law o direito se revela pelos costumes e pela jurisdição, é um direito misto, costumeiro e jurisprudencial, é um direito coordenado pelos precedentes: stare decisis et nonquieta movere, que de acordo com Peter Colin significa ”‘stand by preceding decisions’: principle that courts must abide by precedents set by judments made in higher courts” (https://jus.com.br/artigos/ 22816/o-sistema-do-common-law). 
** O sistema de Civil Law é baseado na ideia de legalidade, ou seja, o Estado só pode agir dentro da lei. 
Nos países onde o direito tem origem romano-germânica, de Civil Law, (e o Brasil é mais ou menos um país de Civil Law, por mais que saibamos que ele incorpore a tradição romano-germânica de forma integral) sempre houve um resistência muito grande em se trabalhar com a responsabilização penal da Pessoa Jurídica, porque toda a legislação desses países é montada pensando em homens. 
Quando examinamos a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica, mais especificamente no ordenamento jurídico brasileiro, o primeiro ponto de debate que já se apresenta para nós é a existência ou não de uma previsão legal. E, nesse ponto, temos três dispositivos importantíssimos para analisarmos: os artigos 225, parágrafo 3º, e 173, parágrafo 5º, da Constituição Federal de 1988 e a Lei 9.605 de 1998. 
- Art. 225, parágrafo 3º, da CF/88: "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados"; aqui, tem quem diga que admite-se a responsabilização penal da Pessoa Jurídica e há quem diga o oposto, fato é que a lei traz o seguinte: "...sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas". Ocorre que há quem diga que ambas as sanções podem recair sobre ambas as pessoas e há quem diga que sanções penais são para Pessoa Física e as administrativas seriam para as Pessoas Jurídicas. 
- Art. 173, parágrafo 5º, da CF/88: "A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular"; Aqui, temos "... sujeitando-a ás punições compatíveis com a sua natureza" e tal previsão também causa divergências, pois há quem diga que sanção penal é totalmente compatível a natureza da Pessoa Jurídica e a quem diga que não. 
Ambos os dispositivos constitucionais sempre acarretaram polêmica, mas, veja que tratam-se de normas de eficácia limitadae, portanto, só ganham corpo, só produzem efeitos caso venham a ser pormenorizados por uma norma infraconstitucional, isto é, dependem de uma norma infraconstitucional que os regulamentem para que eles possam vir a produzir efeitos. Então, apenas deixaram no ar uma possibilidade de responsabilização penal da Pessoa Jurídica, contudo, dez anos depois, em 1998, ingressou em nosso mundo jurídico a Lei 9.605, Lei dos Crimes Ambientais, e, tal lei, sem duvida alguma consagrou a responsabilização penal da Pessoa Jurídica pela prática de crime ambiental. 
- Lei 9.605/98: Ocorre que, ainda hoje, a Doutrina discute a constitucionalidade ou não dessa lei. Bom, vale lembrar que para os nossos Tribunais Superiores ela é tida como constitucional. Outro elemento importante é que, por essa lei, somente se admite responsabilidade penal de Pessoa Jurídica enquanto sujeito ativo de crime ambiental. Já na sujeição passiva, a Pessoa Jurídica pode sofrer qualquer crime compatível com sua natureza (furto, estelionato, etc.) - disso, surge um grande debate: o legislador poderá prever responsabilidade penal da pessoa jurídica apenas a danos ao meio ambiente ou também para todo e qualquer crime como, por exemplo, contra o consumidor, desde que haja previsão legal.
REQUISITOS
Para analisar requisito, vale observar o artigo 3º da Lei dos Crimes Ambientais: "As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade". 
A infração penal cometida precisa, tem como requisito, que o crime tenha sido realizado por Decisão do responsável legal, pelo responsável contratual ou por órgão colegiado e, além disso há um segundo requisito, que é cumulativo, que tal decisão tenha sido no interesse ou benefício da Pessoa Jurídica. 
Ex.: Vamos supor que Dani é dona de uma madeira e as deliberações dela não são feitas por um órgão colegiado, ela é a única dona, e vamos supor que ela explore eucalipto em uma fazenda e um funcionário resolva, sem consultá-la, com o intuito de alcançar as metas de vendas da empresa, devastar uma região da área delimitada pela lei ambiental como de reserva legal e entregue a madeira para a empresa e, que como as demais madeiras, essa madeira seja vendida. Não se é possível denunciar, nesse caso, levando em conta que Daniela não decidiu pelo cometimento do ilícito; vamos supor que houvesse sido uma decisão do representante legal, foi um decisão do órgão colegiado da empresa, mas só gerou benefício para ele próprio, digamos que para montar a casa dele, também não se é possível denunciar a madeireira, pois o crime não foi cometido no interesse da empresa e nem se converteu em benefício para a empresa (os requisitos são, portanto, necessariamente, cumulativos). 
A partir dessa decisão, não se pode afastar a análise do artigo 3º, parágrafo único, da mesma lei: "A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato". 
- Possibilidades de denúncia: Pessoa Jurídica ( só se denuncia a Pessoa Jurídica quando não se é possível apurar efetivamente a autoria do crime; mas há, hoje, infelizmente, a prática corrupta, por debaixo dos panos, de só se denunciar a Pessoa Jurídica em troca de benefícios), Pessoa Física (será ela denunciada sozinha quando, por exemplo, se perceber que ela agiu em seu interesse próprio ou até mesmo quando ficar claro que ela agiu em interesse da Pessoa Jurídica, mas agiu sem estar respaldada por uma decisão do colegiado ou do representante legal da empresa) ou ambas (o ideal). 
O STJ lia esse dispositivo legal da seguinte forma: " O parágrafo único afirma que só se é possível denunciar a Pessoa Jurídica, se a Pessoa Física também for denunciada" e, com isso, o STJ institui um sistema da obrigatoriedade de denunciar ambas as pessoas, o que complicava muito, pois, antes, logo como a lei surgiu ninguém interpretava do mesmo modo que o STJ, cada um interpretava de um jeito e aí o Ministério Público, por vezes, denunciava só a Pessoa Jurídica ou, então, só a Física ou, então, ambas. Só que quando todos esses processos chegaram no STJ, o Tribunal fez tal afirmação supracitada e, a partir desse momento, todos aqueles processos que se encontravam no STJ foram declarados nulos por inépcia, defeito, na denúncia. 
Tal acontecimento, claro, gerou grande confusão e um recurso fora enviado ao STF e, só veio a ter solução em 2013, quando o Superior Tribunal Federal firmou posicionamento referente a possibilidade denuncia de ambas as pessoas ou de apenas uma delas, cabe ao Ministério Público avaliar o que será mais correto em cada caso. Após o posicionamento do STF, o STJ voltou atrás e reconheceu a possibilidade de se denunciar só a Pessoa Jurídica. 
Obs.: dupla imputação ou concurso necessário - Os Tribunais trabalhavam com o sistema da dupla imputação, exigindo para a denúncia da Pessoa Jurídica que as Pessoas Físicas responsáveis também fossem obrigatoriamente denunciadas. Esse entendimento fora modificado, não mais se trabalhando com concurso necessário (STJ info. 566 de 2015; STF info. 714 de 2013). 
** Crime de concurso necessário: Delito cuja ação impõe a participação de mais de uma pessoa. A infração penal só se configura com o número de agentes mencionados no tipo.
ARGUMENTAÇÕES UTILIZADAS NO DEBATE DO REFERIDO TEMA
	ARGUMENTOS FAVORÁVEIS
	ARGUMENTOS CONTRÁRIOS
	
O Direito precisa se atualizar à nova realidade
	Tal crime, o de fraude societária, já é antigo e para tal crime já existe a despersonalização da pessoa jurídica, no âmbito civil, e o intuito do Direito Penal de justamente considerar a Pessoa Jurídica seria um caminho na contramão da história; outros ramos mais experientes do Direito já tutelam o tem
	
Não exclui a responsabilização das Pessoas Físicas
	Ainda que não exclua a punição de pessoas físicas, a responsabilização penal da Pessoa Jurídica impulsiona um modelo simbólico de punição; sabe-se que por experiência prática que quando se inicia um processo de crime ambiental alguma "cabeça irá rolar" e quando se inicia um processo criminal para alguma cabeça rolar e aquele processo se conclui com alguma condenação isso resfria os ânimos sociais, até porque um cidadão leigo não saberá a diferença, por exemplo, quando Marcelo Odebrecht estiver sendo ouvido, se ele está sendo ouvido à titulo de Pessoa Física ou representante legal da Pessoa Jurídica Odebrecht Construtora, então, de alguma maneira você impulsiona um modelo simbólico de responsabilização penal - é um antro de impunidade que de alguma maneira é consagrado, reconhecido pelo próprio Direito, sobretudo quando você admite que somente que a Pessoa Jurídica seja responsabilizada e, se a pessoa física quem mandou for encontrada, ótimo. Então, de alguma maneira você legitima um modelo simbólico de responsabilização e em vez de se punir mais, pune menos
	
Direito Penal é diferente de prisão; a pena privativa de liberdade não é o único instrumento de tal ramo, portanto, há penas como a de multa e encerramento ou suspensão de atividades que são compatíveis a natureza da Pessoa Jurídica
	Por mais que se entenda que Direito Penal seja mais que prisão, é fato que todas as sanções aplicadas à pessoa jurídica que o Direito Penal oferta podem ser cíveis ou administrativas; o que reforça a lógica de que estamos diante de um modelo meramente simbólico de punição - eu só quero dizer que trata-se de um sanção penal, mas não precisaria ser
	Evita denúncias genéricas; antes, se denunciava todo o quadro societário de uma empresa genericamente, sem especificar o que cada um havia feito, e, agora, com a nova lei dos crimes ambientais, não é necessário ofertar denúncia a todos e, sim, só a empresa e, caso consiga-se encontrar, também pune-se as pessoas físicas responsáveis diretamente com o cometimento do ilícito
	Ainda que nãosejamos a favor da denúncia genérica, vale suscitar que a "intromissão" do Direito Penal resultaria em uma ofensa ao princípio de intranscendência das penas (imaginemos, por exemplo, que Danilo componha um órgão colegiado que esteja decidindo sobre interromper ou não as atividades da pessoa jurídica da empresa a qual ele está inserido no quadro societário, porque a barragem prestes a romper e ele vote favor, mas a maioria opte por seguir com as atividades. Se essa Pessoa Jurídica em virtude de alguma sanção criminal for extinta, devido ao caso, Danilo de alguma maneira estará sendo criminalmente penalizado, pois essa lógica da intranscência não compõe os Direitos Civil e Administrativo, mas compõe o Penal e Danilo ser punido de alguma maneira pelas ações da empresa, que ele fora contra, fere tal princípio de responsabilização) e o da ultima ratio (já que outros ramos do direito tutelam a causa, não há necessidade do Direito Penal. O Direito Penal deveria servir para punir as pessoas físicas, já que o Civil e o Administrativo vão estar trabalhando com desconsideração da pessoa jurídica e, eventualmente, até com responsabilidade objetiva daquela Pessoa Jurídica, o Penal terá que perseguir essas Pessoas Físicas, as responsáveis efetivamente pela fraude, para que elas sejam punidas, para que elas não venham abrir outra Pessoa Jurídica no outro dia, porque o que está bloqueado é o CNPJ, o CPF não**) e, também, seria incompatível com o conceito analítico de crime (um dos requisitos para a responsabilidade penal de alguém é a consciência e o que seria o desenvolvimento mental e a vontade de uma Pessoa Jurídica?)
** Por que não se pega o CPF de todas as pessoas do quadro societário? Porque a intranscendência que já está sendo violada na desconsideração em si, vai ser flagrantemente violada. Se alguém não responde individualmente a nenhum processo criminal, como poderá ser ela pessoalmente impedida de abrir outra empresa?!
Pesquisa: artigo de Romulo Moreira, sobre denuncia e sentença do caso Samarco.
Pesquisa: Como os tribunais brasileiros trabalham a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica de Direito Público? 
Outra questão pertinente envolvendo a responsabilidade penal das pessoas jurídicas é referente às pessoas jurídicas de direito público. Novamente, há divergência na doutrina, como se segue abaixo, dividindo-se em duas correntes distintas. 
1ª CORRENTE: Para NUCCI, PAULO AFONSO LEME MACHADO e outros doutrinadores, compreendem que a Lei de Crimes Ambientais não faz distinção quando menciona “pessoa jurídica”, ou seja, é possível a responsabilização penal das pessoas jurídica de direito público. 
2ª CORRENTE: Sérgio Salomão Schecaira e Vladimir Passos de Freitas compreendem que a responsabilidade penal por crimes ambientais não é aplicável às pessoas jurídicas de direito público, já que o Estado não pode punir a si próprio; a pessoa jurídica de direito público só pode perseguir fins lícitos, caso contrário a responsabilidade recairá sobre o administrador público, apenas; a pena de multa recairia sobre os contribuintes, já que o Estado seria o pagador; as penas restritivas de direito seriam inúteis, pois já é dever do Estado prestar serviços públicos.
RESULTADO
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao resultado podemos classificar os crimes em crimes materiais e crimes formais. 
CRIMES MATERIAIS
Somente se consumam com resultado naturalístico (um resultado perceptível, tangível, que altera a natureza das coisas, que você consegue ver concretamente o resultado, que se produz no mundo no ser; ex. se alguém furta algo, ainda que o proprietário do bem não veja o ato em seu momento, ele dará por falta desse) - todo crime que se consuma, produz efeitos resultado jurídico (o atingimento do bem jurídico; ex. no momento em que ocorre uma consumação, como no caso de um crime de homícidio, dois resultados são produzidos (um que se projeta no mundo do ser, o resultado naturalístico como o encerramento da atividade encefálica, e um que se projeta no mundo do dever-ser, um resultado jurídico que nesse caso atinge o bem jurídico vida). 
CRIMES FORMAIS 
Consumam-se com o resultado jurídico e o resultado naturalístico, se houver, é mero exaurimento (se o crime é considerado formal, o resultado naturalístico é dispensado, ou seja, o crime formal pode produzir ou não resultado naturalísitco, contudo, não precisa de tal para que sejam considerado crime - o resultado jurídico que irá definir o momento consumativo irá surgir antes e bastará); crimes de consumação antecipada (ex. O crime de extorsão, art. 158 do CP; vamos supor que o gerente de um banco recebe um ligação em que um criminoso ameaçava matar sua filha caso ele não transferisse o dinheiro para sua conta e ele transfere. Fato é que, sem nem contar com o crime que estaria sofrendo a filha do gerente, no momento em que o dinheiro fora transferido e houve a obtenção da vantagem econômica ocorreu a realização do resultado naturalísitco, contudo, tendo em vista a Súmula 96 do STJ, a consumação do fato se deu no momento em que se sucedeu entre a chantagem e a obtenção da vantagem econômica, ou seja, no momento do efetivo constragimento da vítima, no momento em que a vítima externaliza uma ação que demonstre estar disposta a ceder - aqui, há um atingimento do bem jurídico, ainda que o crime não venha a produzir resultado naturalísitco, pois o direito projeta tal dano no mundo do dever-ser; outro exemplo é o art. 159 do CP, a extorsão mediante sequestro, já que o sequestro já consuma o delito ainda que não tenha havido tempo para pedir o resgate; outro exemplo é a corrupção de menor).
** Crime formal admite tentativa, à exemplo do caso de extorsão se a provável vítima não demonstrar inclinação a agir de forma benevolente ao cometimento do crime (ex. a senhorinha que diz que não tem filhos e bate o telefone). 
Ex.: Crime de extorsão - Maria recebe um telefonema de um suposto sequestro da sua mãe e precisa depositar em uma determinada conta o valor de 10 mil reais. Sem saber se o sequestro era verdadeiro ou não, Maria entra em desespero e tenta entrar em contato com sua mãe pelo fixo da casa, pois o suposto sequestrador não permite que ela desligue o celular com o argumento de que fará algo com sua mãe. Dessa forma, Maria desce as escadas do apartamento mantendo contando com o sequestrador e vai até o banco para depositar o dinheiro na determinada conta, chegando lá, Maria deixa o celular ainda na chamada no seu colo, e vai falando com o atendente sobre o depósito, por conta do celular ainda estar na chamada, Maria escreve em um papel para o atendente contando-lhe o que estava acontecendo e o este então tenta ganhar tempo dizendo que o sistema está lento. Enquanto isso, o atendente pede para um dos seguranças do banco descobrir o telefone da academia onde Maria acredita que sua mãe possa estar para verificar se ela estava presente ou não, descobrindo no final que sua mãe estava sim na academia, e que o suposto sequestro era um golpe que por pouco não lhe causou danos materiais.
** A Doutrina menciona, ainda, o crime de mera conduta que se refere aos casos em que a própria prática do verbo descrito no tipo incriminador já representará a consumação, como o exemplo da violação de domicílio (art. 150 do CP: "entrar" ou "permanecer"). Discute-se doutrinariamente se tais espécies admitem tentativa. 
** Com o tempo percebe-se o tipo criminal a partir do verbo, por exemplo "matar" e "roubar" são resultados e, portanto, crimes materiais; "constranger para obter" é formal, já que fala de uma ação para obter resultado - contudo, há as excessões estabelecidas por súmulas. 
ITER CRIMINIS
O iter criminis é o itinerário, as fases, as etapas, do crime. Ele existe, é trabalhado, pensado, para crimes dolosos, contudo, nem todo crime doloso não irá necessariamente abrigar, reunir, todas essas fases (tanto que tem crimes que nem se consumam). 
COGITAÇÃO
É o pensamento, trata-se de uma fase exclusivamente mental; o momento em que o delinquente decide delinquir (só cogitar, obviamente,é um indiferente penal! O Direito é exterior). 
ATO PREPARATÓRIO 
Aqui, o agente já externaliza o seu pensamento através de uma conduta, sem, entretanto, iniciar a execução criminosa. Ele se cerca de meios que irão viabilizar a futura prática delitiva (em regra, não são puníveis os atos meramente preparatórios. Serão, entretanto, puníveis quando o legislador tiver dedicado especifica e expressamente tipo penal para eles; ex. porte de arma, atos preparatórios de terrorismo como a fabricação de bombas, associação criminosa**). 
** associação criminosa de três (3) ou mais pessoas para o cometimento de delitos em si já é crime. Fato é que, assim como para casos de porte de arma seguido de homicídio e demais casos, quando o crime transcende o ato preparatório e alcança a consumação ocorrerão ai dois crimes (aqui, a doutrina diverge quanto a absorção do ato preparatório; ex. porte de arma é absorvido, geralmente, em casos de homicídio e nos de furto não). 
Obs.: em regra, não são puníveis os atos meramente preparatórios. Serão, entretanto, puníveis quando o legislador tiver dedicado específica e expressamente um tipo penal para eles. Por exemplo, o porte ilegal de arma (é punível porque o legislador disse expressamente) e associação criminosa (é punível porque o legislador disse expressamente). É, em si, um comportamento criminoso.
Às vezes, absorve-se do ato preparatório, às vezes não.
ATO EXECUTÓRIO
Para a teoria objetivo formal o inicio da execução era caracterizado como sendo o momento em que o verbo nuclear do tipo incriminador era praticado. A partir da teoria do bem jurídico, já se menciona que a execução se inicia quando o agente causa um perigo concreto de lesão. A partir de uma execução até a consumação estamos diante de uma tentativa.
Ex.: Derramo gasolina em Maria, risco um fósforo. Para a teoria formal isso é um ato preparatório ou executório? Antes era considerado como ato preparatório por que ainda não exerceu o verbo nuclear “matar”, este só seria executório quando ateasse fogo a Maria. 
Hoje não consideramos mais esta teoria, já que consideramos a teoria do bem jurídico, em que se pode considerar alguns atos antecipados a efetivação do verbo nuclear, desde que esses atos possam demonstrar um perigo concreto ao bem jurídico.
CONSUMAÇÃO 
Se consuma com a produção do resultado, conforme seja o delito, material, formal ou de mera conduta. 
EXAURIMENTO 
Corresponde a tudo que se produz quando já consumado o delito e o agente persiste no comportamento lesivo. Em regra, trata-se de post factum impunível, podendo, no entanto, às vezes, figurar aumento de pena, qualificadora ou mesmo inauguração de um novo curso causal típico. 
Ex.: geralmente, atirar mais vezes após de matar é uma situação impunível, mas, ocultar o cadáver já configura a inauguração de um novo curso casual típico. 
Ex.: a obtenção de vantagem econômica na extorsão é exaurimento. Não é aumento de pena/qualificadora; autonomamente, é impunível. Pouco importa se ele obteve vantagem econômica, mas sim se o crime se consumou. Isso ocorre, a menos que o legislador fale expressamente. No crime de homicídio, por exemplo, a ocultação de cadáver agrava e é uma tipificação específica.
** circunstâncias de dosimetria de pena: art. 59 do CP.
CONSUMAÇÃO x TENTATIVA
Para a Teoria Objetivo-Formal, o início da execução era caracterizado como sendo o momento em que o verbo nuclear do tipo incriminador era praticado (tal teoria restringia demais o conceito de início e de execução, então, já fora superada). A partir da Teoria do Bem Jurídico, já se menciona que a execução se inicia quando o agente causa um perigo concreto de lesão ao bem jurídico (há uma perda de segurança e, portanto, algumas divergências; contudo, há essa expansão; não se faz necessário se limitar ao início do verbo nuclear, pode ser um pouco antes, desde que aquele gesto tenha de fato causado um risco concreto de lesão). É a partir do começo dos atos de execução que nós temos a tentativa criminosa. 
O crime se consuma com a produção do resultado conforme seja o delito (material, formal ou de mera conduta).
O Código Penal traz uma diferenciação de crimes consumados e tentados em seu artigo 14: 
I - Consumado: Conduta reúne todos os elementos da definição legal do tipo incriminador. 
II - Tentado: Iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
“(...)iniciada a execução (...)”: diferente de ato preparatório e de cogitação).
“(...) não se consuma (...)”: atenção para os crimes formais, que têm consumação antecipada.
“(...) alheias (...)”: é diferente da não consumação por vontade (Figura-se aí a desistência voluntária ou arrependimento. Não é configurado, quando se trata de vontade, conatus (tentativa).
 “(...) à vontade (...)”: só cabe tentativa para crimes dolosos.
Obs.: Tentativa é sinônimo de Conatus.
Obs.: Não é punível a tentativa de contravenção ; LCP, art. 4º. 
Obs.: Tentativa - natureza jurídica (causa de diminuição de pena; art. 14, parágrafo único): Ressalvados os casos em que o próprio legislador tipifica a tentativa como autônomo.***
Art. 14, parágrafo único: 
Pena de tentativa 
        Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
* O tipo penal trabalhado descreve a conduta consumada. 
* A diferença entre a tentativa e o crime consumado está na pena, não no tipo. 
* O MP diz, na denúncia, se é crime tentado ou consumado. Por isso que o advogado, ao receber uma causa, pergunta que tipo penal foi imputado após toda a argumentação presente na denúncia do MP.
Obs.: pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços - nota-se, aqui, que a distinção entre tentativa e consumação não está no tipo e, sim, na pena. 
*** A tentativa enquanto crime autônomo é hipótese rara, exemplo o artigo 352 do Código Penal, ocasião em que o acusado não fará jus à causa de diminuição. Note-se que o art. 14, inciso II e parágrafo único, funcionam como norma de extensão, viabilizando o enquadramento típico da forma tentada para os casos em que esta não se encontra expressamente tipificada. 
** Crimes com a palavra "tentar" assumem outro tipo incriminador. Ex.: Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. (FUGA. O tentar fugir é conduta típica). 
** Se Gustavo tenta furtar a Faculdade Baiana de Direito e ao ouvir a sirene larga todos os objetos e foge, para só depois descobrir que a sirene nem foi para ele, enquadra-se no contexto de tentativa imperfeita (a sirene foi uma circustância alheia a vontade - a forma subjetiva da tentativa imperfeita é quero concluir, mas não posso).
ESPÉCIES DE TENTATIVA
	TENTATIVA PERFEITA
	TENTATIVA IMPERFEITA
	AGENTE EXECUTA TODO O SEU PLANO
	AGENTE NÃO EXECUTA TUDO QUE PLANEJOU FAZER
	OCORRE AQUI A ESPÉCIE CHAMADA DE “CRIME FALHO”
	O AGENTE ENCONTRA UM OBSTÁCULO, POR ISSO A EXECUÇÃO É INTERROMPIDA
	TENTATIVA BRANCA
	TENTATIVA VERMELHA
	TENTATIVA INCRUENTA
	TENTATIVA CRUENTA
	HÁ PERIGO CONCRETO DE LESÃO
	HÁ PREIGO CONCRETO DE LESÃO
	NÃO HÁ UMA LESÃO PARCIAL AO BEM JURÍDICO
	HÁ UMA LESÃO PARCIAL AO BEM JURÍDICO
Branca 
Não se atinge o objeto material (pode ser pessoa ou coisa). 
Ex.: Sujeito tenta apedrejar uma loja, mas não consegue atirar forte o suficiente.
Vermelha 
O bem jurídico é atingido (pode ser pessoa ou coisa), mas não é lesado como pretendia.
Ex.: Sujeito atira em uma mulher para matar, mas ela conseguiu desviar e o tiro atingiu somente a orelha.
Exemplos Práticos: 
- Há uma cena no Poderoso Chefão em que Marlon está comprando em uma mercearia e passa um carro rival e dispara tiros contra ele, só que ele sobrevive: Trata-se de tentativa perfeita, trata-se de crime falho, pois o sujeito fez tudo o que desejava, contudo, o crime não se consumou. Trata-se também de uma tentativa vermelha, pois houvelesão, 
- Cena estilo Matrix onde o delinquente atira toda a sua munição e nenhum tiro atinge o alvo: Trata-se de Tentativa perfeita, crime falho, contudo, como não causou danos e, por essa razão, trata-se de tentativa branca.
- Situação onde o criminoso dispara apenas uma vez e acha ter acertado o alvo, que fingiu estar morto: É tentativa perfeita e branca. 
- Roleta russa: É tentativa perfeita; se matar é vermelha, senão é branca. 
Pesquisa: Qual a diferença entre tentativa idônea e inidônea. Qual a diferença entre tentativa inidônea e tentativa branca? Diferencie crime progressivo e progressão criminosa.
DESISTENCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz estão previstos no art. 15 do Código Penal e, a diferença entre eles, é muito mais doutrinária do que na prática dos tribunais. 
Na desistência voluntária ocorre o início da execução, todavia, o agente desiste de prosseguir de maneira voluntária e, em virtude disso, o crime não se consuma. Caracteriza-se por um não fazer (mais), ocorre durante a execução do autor e, como consequência, o agente acaba por responder somente pelos atos até então praticados em sua forma consumada - essa situação, em que o autor começa um ato com um propósito (matar a facadas) e abandona no meio do caminho (e responde por lesão; isto é, não ocorreu a consumação do crime em face da desistência, pois, se ocorresse o caso não caberia no conceito de desistência voluntária e o delinquente responderia por homicídio doloso consumado mesmo) ocorre muito no contexto da violência doméstica.
Ex.: Daniela começa a esfaquear Requião, mas pensa o porque de ta fazendo isso, e acaba mudando de idéia e vai embora. Requião não morre, então Daniela responderá por lesão corporal. Caso Maurício morra, Daniela responderá por Homicídio Doloso Consumado.
A diferença entre desistência voluntária e tentativa de homicídio é a mudança psíquica do agente. 
Já no cenário do arrependimento eficaz, iniciada a execução do delito o agente se arrepende voluntariamente e consegue impedir de maneira eficaz que o crime se consuma. Manifesta-se por meio de uma ação, ocorrendo após o autor executar seu plano (mas, antes, obviamente, da consumação). Como consequência só responderá pelos atos até então praticados; ex. Danilo quer matar Maurício a facadas e ao esfaquear arrepende-se de querer matar Maurício, então, resolve levá-lo ao hospital (daí só responde pela lesão corporal; se a vida de Maurício não for salva: homicídio doloso consumado - não cabe arrependimento eficaz). 
Ex.: Daniela começa a matar Maurício, desiste e leva Maurício para o hospital e responderá apenas por lesão corporal. Caso Maurício morra, Daniela responderá por Homicídio Doloso Consumado.
-> Tentativa de homicídio: responde-se tentativa de homicídio; ela pode ter esfaqueado ele, surgiu um obstáculo como sirenes de polícia, ela foi embora, ele não morreu. O crime só não se consumou pelo obstáculo, mas não por desistência dela. 
-> Homicídio doloso consumado: Requião sangrou até a morte; responde-se por homicídio. 
-> Desistência voluntária: o abandono gerou a não consumação do crime; Dani responderá por lesão corporal grave, gravíssima ou leve, que é menos gravoso que tentativa de homicídio. 
** Obrigatoriamente, em ambos os institutos, o crime não se consumou e, também em ambos os, o agente só responde pelos atos praticados. 
** Mais a frente veremos que esses casos irão gerar uma atenuação de pena. 
** Tais institutos só serão cabíveis no que conhecemos por crimes plurissubsistentes, ou seja, um delito cuja ação se compõe de vários atos e que, por essa razão, admitem tentativa, desistência voluntária, arrependimento eficaz.
	DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
	ARREPENDIMENTO EFICAZ
	INICIO DE EXECUÇÃO
	INÍCIO DE EXECUÇÃO
	DESISTE DE PROSSEGUIR
	ARREPENDE-SE
	VOLUNTARIEDADE
	VOLUNTARIEDADE
	NÃO CONSUMAÇÃO
	NÃO CONSUMAÇÃO (“EFICAZ”)
	NÃO FAZER (MAIS)
	FAZER
	DURANTE O PLANO DO AUTOR
	APÓS O PLANO DO AUTOR
	AGENTE SÓ RESPONDE PELOS ATOS ATÉ ENTÃO PRATICADOS
	AGENTE SÓ RESPODE PELOS ATOS ATÉ ENTÃPO PRATICADOS
Para o entendimento majoritário "voluntariamente" significa não ter sido forçado, nem física nem psicologicamente. Todavia, voluntariedade, não exige espontaneidade, isto é, que tenha partido do próprio sujeito (ele não precisa ter feito isso por um grande sentimento de nobreza, basta que ele tenha sido convencido ou se convencido de qualquer maneira) - ir embora por causa de alarme, cão de guarda etc., nos deixa diante de uma tentativa criminosa, há um empecilho psicológico; vejamos que n arrependimento eficaz e na desistência voluntária o pensamento é: "posso prosseguir, mas não quero" e, na tentativa, estamos diante do pensamento: "quero prosseguir, mas não posso".
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Previsto no art. 16 do Código Penal, somente é admitido para crimes sem violência ou grave ameaça a pessoa. Funcionando como causa de diminuição de pena, para os casos em que o agente repara o dano ou restitui a coisa voluntariamente, antes do recebimento da denúncia ou queixa. Ex.: furto, estelionato, apropriação inepta; isto é, o cara que rouba um carro e devolve o automóvel ou até mesmo o valor dele, ele responderá por furto, entretanto, ele terá a pena diminuída. 
** No furto, o crime é identificado quando o bem é tirado da esfera de vigilância da pessoa e, por essa razão, é muito difícil falar em desistência voluntária para esses casos.
Obs.: Embora não haja previsão legal expressa admite-se arrependimento posterior para crimes culposos com violência ou grave ameaça à pessoa. Conforme se extraí da interpretação, da exposição de motivos (que cria uma certa facilidade nesse contexto) do Código Penal. 
Obs.: A lei n.º 10.684/2003, em seu art. 9º e parágrafo 2º, autoriza a extinção da punibilidade nos crimes de sonegação tributária, mediante pagamento integral, a qualquer tempo, da dívida oriunda da sonegação***. 
*** A sonegação envolve fraude, como o uso da nota fria. 
** Em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento posterior. Isso porque, não houve violência na conduta, mas sim no resultado.
Pergunta: Emita parecer jurídico sobre todos os desdobramentos possíveis a partir da referida lei. 
Perda da coercitividade da imputação; 
Acaba até podendo servir de estímulo, como a chance de um suposto empréstimo (o sujeito sonega, lucra e depois paga a multa). 
A defensoria lançou a seguinte tese: ou se reconhece que a lei não procede para todos ou que ela procede para todos (e não só para crime tributários e, sim, para todos os crimes de patrimônio sem violência - um espécie de analogia in bonam partem). 
** O termo "analogia" significa aplicar a uma hipótese não regulada por lei, a legislação de um caso semelhante. Devese observar que não existe analogia de norma penal incriminadora – in malam partem. Utiliza-se analogia apenas para beneficiar o acusado – in bonam partem. A grosso modo analogia é a análise por semelhança. É aplicar a alguma hipótese não prevista em lei, lei relativa ao caso semelhante; ex.: o art. 128 do CP prevê as hipóteses legais de abortamento. A hipótese mais clássica é aquela em que a mulher é vitima é estupro e fica grávida. A lei, nesse caso, admite a manobra abortiva. Mas, o legislador impôs requisitos, quais sejam: que haja consentimento da gestante e seja realizado por médico. Isto é, não o abortamento não for realizado por médico, o agente que o praticou responderá pelo crime de aborto, ok? Mas imaginemos que Eva tenha ficado grávida em decorrência do estupro. E Eva mora em cidade longínqua que não há médico na região; há, apenas, uma parteira. Eva procura a parteira e esta realiza a manobra abortiva. Ocorre que a parteira responderá pelo crime de aborto, porque o legislador disse que tem de ser praticado apenas por médico. Para que não ocorra injustiça, teremos de fazer o uso da analogia, in bonam partem, para beneficiar a parteira. 
Pesquisa: Os tribunais admitem em algum caso a analogia in bonam partem paraextinguir a punibilidade em crimes patrimoniais não violentos? 
*Crime impossível
Conceito
Situação prevista no art. 17 do CP, fale-se em crime impossível quando pela absoluta ineficácia do meio (inofensivo para o fim que se propõe; inócuo; isto é, que não oferece risco para o fim que se propõe, ou seja, um meio que utilizado a exaustão não irá ter o efeito proposto, como, a grosso modo, tentar envenenar com água) ou pela absoluta impropriedade do objeto (a noção de objeto está associada a pessoa/coisa sobre a qual recai a conduta; quando estamos diante de um objeto impróprio estamos diante de uma situação não há suporte fático para a incidência normativa; por exemplo, tentar "matar" uma pessoa morta é crime impossível de homícidio), é impossível consumar o resultado delitivo. 
** Analisamos a propriedade e a impropriedade, a eficácia e a ineficácia à luz do crime que se quer praticar. Ex.: tentar matar com arma de brinquedo é meio ineficaz, contudo, tentar usar a mesma arma para assustar em um assalto não. 
Ex.: meio ineficaz - Daniela quer envenenar Thais e se confunde nos fracos e coloca água ao invés de veneno no copo. Dessa forma, é impossível que Thais morra independente da quantidade de água que beba. 
Ex.: objeto inócuo - matar uma pessoa que já está morta. 
Obs.: Ineficácia do meio depende da situação que se quer atingir. 
A noção de eficácia ou inefic. / impropriedade ou prop. É dada à luz do crime que se quer praticar. É preciso analisar tais elementos conforme seja o resultado que se quer atingir.
Ex.: Arma de brinquedo. Para cometimento de homicídio, ela é INEFICAZ. Para cometimento de roubo/lesão, ela é EFICAZ. Depende da situação. 
Ex.: matar um morto. O fato de se ter um objeto absolutamente impróprio para o crime de homicídio não significa que não se possa praticar o crime de vilipêndio ao cadáver, afinal, o objeto do vilipêndio ao cadáver é o cadáver.
** Atenção: O legislador só considera impunível a conduta se a ineficácia ou a impropriedade forem absolutas. Se a não consumação se deveu a uma ineficácia ou impropriedade relativa/parcial a conduta será punível. Ex.: um veneno passado da validade seria um meio relativamente ineficaz. 
Ex.: arma quebrada porque não atira x arma que vezes atira, vezes não. Pode-se punir, aqui, por tentativa de homicídio.
Ex.: remédio abortivo passado da validade não é um meio absolutamente inócuo; configura tentativa de aborto; 
Ex.: tomo abortivo válido, perícia constata que o feto já estava morto = objeto impróprio = crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto. 
Ex.: vou abortar, tomo pílula de farinha = crime impossível pela absoluta ineficácia do meio. 
MEIO/OBJETO COMPLETAMENTE INEFICAZ/IMPRÓP. - CRIME IMPOSSÍVEL. 
MEIO/OBJETO RELATIVAMENTE INEFICAZ/IMPRÓP. - PUNÍVEL. 
VERTENTES DOUTRINÁRIAS
Existe uma questão que fica no ar quanto a essa situação: como deixar impune alguém que externou desejo criminoso. Para tal questão, se fazem presentes diversas vertentes doutrinárias:
Teoria subjetiva 
Só leva em conta a intenção - conduta sempre será punível, não trabalha com a perspectiva de crime impossível, isto é, se o sujeito pega uma arma e tenta matar, pouco interessa se está ela quebrada ou não. 
Ex.: Dani atira com arma de brinquedo. Já que a intenção dela era matar, ela vai ser punida.
Teoria objetiva pura 
Só leva em questão a ineficácia/impropriedade propostas e, para essa teoria, a conduta nunca será punível. 
Teoria objetiva temperada (a adotada pelo nosso ordenamento) 
Trata-se de uma teoria mista, considera tanto a intenção quanto a ineficácia/impropriedade. Adota o seguinte sentido: se a impropriedade/ineficácia forem absolutas é trabalhado o conceito de crime impossível, se elas são relativas já se leva em questão a intenção e o crime passa a ser punível. 
Caso prático: João namorava simultaneamente com Maria e Joana, sem que essas tivessem conhecimento da "bigamia" (entre aspas por não ser propriamente um casamento). Quando descobrem, ambas, tramam a morte de João, sem ajuste de vontades entre elas e mediante uso do mesmo veneno. Ambas, ofertam comida envenenada a João, que come e morre em seguida. As duas são denunciadas e confessam o envenenamento, todavia, a perícia descobre que uma delas usou veneno e a outra, talco (o vendedor passou a perna), contudo as duas afirmam para o juiz que envenenaram. Como resolver o caso?
Obs.: Considere que as duas compraram o veneno no mesmo lugar, que ele levou ambas as comidas e só comeu no trabalho e que não são coautoras. 
Na linha do in dubio pro reu, a dúvida geraria a inocentação de ambas (uma tese). 
Não há como imputá-las somente pela intenção, pois adotamos a teoria objetiva temperada. 
- Questões jurisprudenciais
Primeira questão: Conforme Súmula 145 do STF, o flagrante preparado pela autoridade policial é crime impossível. Tratando-se consequentemente de uma modalidade ilícita/ilegal de flagrante. Não vinculante.
Análise: No flagrante preparado quem induz a prática criminosa foi a própria autoridade policial (na época em que ela fora elaborada ainda não se admitia investigação pelo MP ou pelo próprio Juiz, mas, atualmente lê-se incluindo ambos) e, essa situação, em que o sujeito morde a isca do crime preparado, não irá estar praticando crime algum, já que a autoridade já elabora a situação de forma que aquele crime nunca se consuma efetivamente - tal modalidade não se confunde com fragrante esperado (em que a autoridade já sabe que o crime irá acontecer e, então, ela aguarda o início do delito para prender o sujeito em flagrante). Ex.: Dani é policial, prepara flagrante. Não vale. Mas, além do verbo vender, a lei traz consigo os verbos TRAZER CONSIGO, MANTER EM DEPÓSITO. O sujeito já estava guardando consigo, sendo que o policial preparou o verbo GUARDAR. Assim, o STJ admite esse flagrante como legal, lícito e legítimo, entendendo que a preparação do flagrante só torna o crime de tráfico impossível na modalidade venda.
** Se o flagrante for feito por uma pessoa física ele pode a vir se inimputável por prova ilícita.
	FLAGRANTE PREPARADO
	FLAGRANTE ESPERADO
	CRIME IMPOSSÍVEL
	CRIME POSSÍVEL
Pesquisa: O furto praticado em estabelecimentos comerciais monitorados com sistema de vigilância, pode em alguma hipótese ser considerado crime impossível? Como decidiu o STJ? 
Pesquisa: Flagrante preparado x ação controlada e Deep web.
Pesquisa: Qual a diferença entre crime impossível e delito putativo? 
NEXO DE CAUSALIDADE
CONCEITO
Irá conectar a conduta ao resultado; afigura-se como o eixo, como o vínculo. Isto é, demonstrar nexo causal significa comprovar que o resultado criminoso imputado ao agente efetivamente deriva da conduta por este praticada.
Ex.: Homem bate o caminhão e atropela uma senhora. Esta é levada para fazer a perícia e o laudo constata que as lesões que ela sofreu foram graves, mas datadas de mais ou menos 15 dias. Dessa forma, em juízo, a advogada questiona a senhora sobre a data constatada no laudo, já que, no mesmo dia do acidente ela havia sido encaminhada para o hospital, não fazendo sentido então a data constatada. Foi assim, que a senhora revelou que na verdade ela havia sido atropelada 15 dias antes e o motorista do carro não havia parado para prestar socorros, e ela não possuía dinheiro suficiente para arcar com as despesas médicas, e naquele dia ela estava andando pela rua e viu quando o acidente aconteceu, foi quando ela teve a ideia de deitar no chão e fingir que havia sido atropelada pelo motorista, para que assim ela pudesse receber os medicamentos necessários. Logo, nessa situação não houve nexo entre a conduta e o resultado, pois o acidente não havia gerado aquela vítima.
Demonstrar nexo causal significa comprovar que o resultado criminoso imputado ao agente efetivamente deriva da conduta por este praticada; 
Nexo é o vínculo que conecta conduta + resultado; é o eixo conector da conduta do denunciado/sujeito ao qual se imputa a atividade delitiva, de um lado e, por outro lado, o resultado criminoso.
TEORIAS
ODireito penal traz algumas teorias que buscam investigar o que é nexo de causalidade, considerando que nem sempre é fácil identificá-lo. 
CAUSALIDADE ADEQUADA
Para essa teoria, considera-se causa somente o evento suficientemente adequado/idôneo/apto a produzir o resultado desprezando-se os demais eventos. Estamos diante, aqui, de uma situação que o conceito de causa é bem restritivo: toma-se a causa e fim, por exemplo, 5 pessoas jogam gasolina em Henrique, mas toma-se como causa apenas quem ateou o fogo, já que jogar gasolina por si só não é suficiente para matar.
RELEVÂNCIA JURÍDICA
Elaborada por Mezger, tenta dar ao juiz uma margem de manobra um pouquinho maior. Considera-se causa todo o evento que foi relevante para a produção do resultado. O problema com essa teoria está na relevância, do que é ou não é relevante, e, portanto, traz certa insegurança.
Obs.: Essa teoria, no entanto é muito subjetiva, pois depende do que o juiz considera relevante.
Ex.: Uma mãe que deixa a janela aberta, sem saber que sua filha iria atear fogo
EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS
Trabalhamos, hoje, com essa teoria e ela encontra-se, inclusive, prevista no artigo 13º do Código Penal; tal teoria também pode ser chamada de Teoria da "Conditio sine qua non". Para essa teoria causa é a condição sem a qual não teria ocorrido o resultado tal qual ocorreu, ou seja, significa dizer que tudo que antecede e, de alguma maneira, com ele se relaciona equivale ao status de causa.
Análise a luz da teoria: 
* causa 
Fabiana acordou ----- tomou um suco ----- saiu de casa em seu horário atual ----- dirigiu pela Av. ACM ----- só que lá estava tendo obra ---- então, houve desvio (Transalvador fora a responsável por tal desvio) ---- ela se perdeu ---- ela se atrasou ---- correu (110 km/h) ---- avançou o sinal vermelho ----- e atropelou alguém que só estava naquele local, porque iria substituir um colega no trabalho ---- o sujeito morre. 
Verifica-se, aqui, o problema dessa teoria: é o regresso ad infinitum; tudo é causa e a correção dos problemas práticos que ela gera ocorre fora da Teoria**. A gente consegue amenizar o problema quando estudamos tipicidade, contudo, o ideal é que a própria teoria suprisse tudo (tanto que, hoje, ainda que sem previsão legal, a jurisprudência, a doutrina, já começa a trabalhar com a Teoria da Imputação Objetiva).
** No que diz respeito ao acolhimento da teoria da imputação objetiva pela jurisprudência brasileira, a decisão do STJ fora favorável (STJ, HC 46.525-MT, Quinta Turma, rel. Min. Arnaldo Esteves, j. 20.03.06). 
** A técnica utilizada por essa teoria para saber o que é e o que não é causa fora elaborado por um sueco chamado Thyrén, denominada de "juízo hipotético de eliminação" (segundo o qual suprime-se mental e hipoteticamente um dado evento e, se de alguma maneira, o resultado se altera, estamos diante de uma causa). O problema do regresso ao infinito seria corrigido na ocasião do exame da tipicidade subjetiva (dolo, intenção, e culpa, inobservância de um cuidado), portanto, fora do âmbito de estudo da Teoria do Nexo de Causalidade.
ESPÉCIES DE CAUSA
Falamos em concausas quando estamos diante vários fatores causais, que contribuiriam para um resultado e afim de consequências jurídicas se faz necessário a análise dessas múltiplas espécies. 
	ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
	RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
	NÃO POSSUEM UM VÍNCULO DE ORIGEM
	POSSUEM UM VÍNCULO ENTRE SI DESDE A ORIGEM
	SÃO, PORTANTO, COMPLETAMENTE AUTÔNOMAS
	NÃO SÃO AUTÔNOMAS, O RESULTADO DERIVA DE UMA SOMA DE ESFORÇOS, ISTO É, NÃO DERIVA-SE DE UMA OUTRA ISOLADAMENTE.
	E, POR SEREM COMPLETAMENTE AUTÔNOMAS ENTRE SI, TRABALHA-SE IDENTIFICANDO A CAUSA EFEITIVA
	COMO ESTÃO INTERCONECTADAS ENTRE SI, A TODAS ELAS SE IMPUTA CONJUNTAMENTE A CONSUMAÇÃO
	E À ESSA CAUSA EFETIVA SE IMPUTARÁ A CONSUMAÇÃO DELITIVA, ENQUANTO, AS DEMAIS, AO SEU TURNO, PODERÃO SOFRER NO MÁXIMO A IMPUTAÇÃO DE TENTATIVA
	
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Exemplos práticos: 
Situação 01: João namorava simultaneamente com Maria e Joana, sem que essas tivessem conhecimento da "bigamia" (entre aspas por não ser propriamente um casamento). Quando descobrem, ambas, tramam a morte de João, sem ajuste de vontades entre elas e mediante uso do mesmo veneno. Ambas, ofertam comida envenenada a João, que come e morre em seguida. As duas são denunciadas e confessam o envenenamento, todavia, a perícia descobre que uma delas usou veneno e a outra talco (o vendedor passou a perna), contudo as duas afirmam para o juiz que envenenaram. Como resolver o caso? 
Obs.: Considere que as duas compraram o veneno no mesmo lugar, que ele levou ambas as comidas e só comeu no trabalho e que não são coautoras. 
Situação 02: O caso do Habibs, uma criança espancada pelo segurança do estabelecimento e morreu. Só que a perícia descobriu outros eventos causais para a análise: essa criança usou drogas e ela conseguiu fugir do segurança (o problema é que quando ela correu do segurança, por estar com os batimentos acelerados pelo uso das drogas, ela teve um infarto veio a falecer). É possível imputar essa morte a esse segurança. 
Situação 03: Um sujeito recebe voz de assalto e tem um infarte. É latrocínio? 
Situação 04: Duas pessoas querem matar uma pessoa sem que a outra saiba, ambos envenenam a água dessa pessoa e ela vem a falecer. Só que a perícia verifica que a conduta isolada de ambos não geraria a morte (o conteúdo mínimo para matar eram de três gotas e cada um colocou duas). Qual será a imputação?
Pesquisa: O sujeito recebe voz de assalto, se assusta, tem um infarto e morre. Vai ser latrocínio? Ou vai ser roubo sem imputar o resultado morte?
RELAÇÃO TEMPORAL ENTRE AS CONCAUSAS
É claro que momento é um conceito relativo, portanto, se eu tenho uma causa pré-existente é porque há outra superveniente, uma veio antes e a outra depois e que a tabela abaixo poderia ser respondida de outro modo, já que se levará em conta somente o evento causal que poderia deixar dúvida.
	MOMENTO DA CONCAUSA
	CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
	CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
	
PRÉ-EXISTENTE
	SITUAÇÃO A (A RESPONDE POR TENTATIVA)
	SITUAÇÃO D (A RESPONDE PELO CRIME, HOMÍCIDO DOLOSO, CONSUMADO
	
CONCOMITANTE
	SITUAÇÃO B (A RESPONDE POR TENTATIVA)
	SITUAÇÃO E (A RESPONDE PELO CRIME, HOMÍCIDO DOLOSO, CONSUMADO)
	
SUPERVENIENTE
	
SITUAÇÃO C (A RESPONDE POR TENTATIVA)
	SITUAÇÃO F (A RESPONDE PODE POR CRIME CONSUMADO, MAS, EM OUTRAS SITUAÇÕES, PODERIA TER RESPONDIDO POR TENTATIVA)
Situação A: A atira em B, ainda viva, com a intenção de matar, sem o conhecimento de que minutos antes B havia tomado um veneno. B morre e a perícia constata que a morte de B se deu por envenenamento - quando analisamos o tiro e o envenenamento notamos que são concausas absolutamente independentes. A responde por que crime? Pela tentativa de homícidio. 
Situação B: A e C, sem ajuste prévio, decidem coincidentemente matar B e simultaneamente atiram contra este. O tiro de A tocou no pé e o tiro que C disparou atingiu a cabeça. A perícia constata que o tiro que efetivamente matou foi o na cabeça. Portanto, C responde por homícidio doloso consumado e A? Por tentativa de homicídio. 
Situação C: A envenenou B e B, sem saber que estava envenenado, comete suicídio. E a perícia constata que a causa da morte fora o suicídio, por que crime A responde? Tentativa de homicídio. 
Situação D: B é hemofílico (tem dificuldades de coagulação) e A sabe disso. Então, A dispara contra B um tiro na perna, um tiro que jamais mataria uma pessoa comum (mas, A atirou com vontade de matar) e B morre. Por que crime A responde? 
Situação E: A e C combinam matar B e sincronizam os relógios. Disparam na mesma hora contra o abdômen de B e B morre de hemorragia, em virtude do sangramento. A responde por que crime? Homícidio consumado e C também. 
O Código penal só explica as concusas supervinentes, porque poderia gerar dúvida, no artigo 13º, parágrafo 1º, do CP. 
CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 13 
Oresultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Superveniência de causa independente 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
** "o por si só" causa muitos erros. O que o artigo quer dizer é que se a causa superveniente rompeu o nexo de causalidade o agente responderá por tentativa e, caso não, caso o liame causal tenha permanecido íntegro, ele respondera pelo crime consumado; para responder tais situações é necessário ter em mente os desdobramentos causais comuns/prováveis/razoáveis, por exemplo o sujeito que recebe um tiro vai ser internado, pode passar por cirurgia. 
Situação F: A atira em B com intenção de matar, mas B sobrevive e é levado em uma ambulância. Só que a caminho do hospital a ambulância cai do viaduto e explode, matando todos que estavam no veículo, inclusive B. Por qual crime A responde? Bom, a ambulância sofrer um acidente é possível, mas não é razoável (está fora de uma linha probabilística natural) e, por essa razão, houve uma ruptura do nexo causal e A responderá por tentativa de homicídio (mas, se ocorresse um simples engarrafamento e o sujeito não suportasse, A responderia por homicídio doloso consumado) - se só B morresse no acidente, poderia se sustentar a possibilidade de não ter havido ruptura de nexo, necessitando um análise do porquê da morte de B.
Se não tivesse ocorrido acidente e B morresse por infecção hospitalar: A responderia por crime doloso consumado, já que a possibilidade é razoável. 
Se não tivesse ocorrido o acidente e a bala ficasse alojada no pescoço e esse sujeito fosse levado à cirurgia. Só que na cirurgia B tem sua artéria atingida e morre: Não há ruptura do nexo, A responde por crime doloso consumado, já que riscos (pequenos erros médicos e infecções - o erro da enfermeira que trocou vaselina por soro obviamente não está incluso na ceara de pequenos erros médicos) são possíveis.
OMISSÃO COMO CAUSA OU OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE
Os causalistas vinculavam a ideia de causa mediante uma ação, ou seja, dentro de uma realidade de causa e efeito. Eles não trabalhavam com a possibilidade de uma consequência a partir do não fazer. É a partir do Neokantista a partir da valoração do comportamento omissivo que essa realidade passa a mudar. 
Vejamos a noção de omissivo e comissivo para a doutrina: 
Omissivo: Não fazer; conduta negativa 
Comissivo: Fazer; conduta ativa 
Em regra, só se é possível falar que alguém cometeu um crime quando ela praticou ativamente alguma coisa, contudo, excepcionalmente, poderemos tratar a omissão como causa: 
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS
O tipo incriminador, aqui, descreve um não fazer (descreve, portanto, uma omissão) e, esse tipo penal, é enquadrado, a subsunção é dada, perante uma conduta omissiva - aqui a subsunção é "perfeita", pura e simples (o núcleo verbal já condiz com um não fazer): o tipo penal diz: "Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória" (artigo 269 do CP/40) e ele deixa de denunciar.
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO 
Neles o tipo penal/incriminador é comissivo, ou seja, descreve uma ação, só que tal tipo incriminador, que descreve uma ação, estará se subsumindo a uma conduta omissiva (o encaixe não é perfeito). Para que exista subsunção é preciso que o sujeito ativo/omitente seja garantidor, já que essa omissão do garantidor é o que chamaremos de omissão penalmente relevante (que está referida justamente no artigo 13, parágrafo 2º, do CP/40) - exemplo: todos os tipos penais comissivos, quando são alvos de um causar por meio de nada agir por um garantidor. Um bom exemplo é o de um policial (sujeito garantidor) assistir alguém matar ou subtrair objeto por meio de relevante ou grave ameaça de outrem e não fazer nada ou, até mesmo, o pai que não alimenta o filho; o tipo penal a ser enquadrado é o tipo comissivo, mesmo que a conduta seja omissiva. 
Art.13 
O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
O sujeito garantidor: Ou seja, a omissão será penalmente relevante quando o garantidor (aquele que devia e podia agir) descumpre indevidamente o seu dever de garante. Nesse caso, causará o resultado comissivamente descrito por meio de uma omissão (nexo de não impedimento; termo mais técnico e preciso que "de causalidade" nesses casos), devendo ser penalmente responsabilizado como se tivesse ativamente causado o resultado que, quando podia, não impediu. 
Para se estar diante de um garantidor se faz necessário da cumulação de dois requisitos: o sujeito devia agir (§ 2º, alíneas a, b e c, do CP/40; segue abaixo) e poderia agir (o Código não conceitua, mas, ninguém pode ser obrigado a fazer o impossível; tal impossível também está no contexto de valoração - contudo, o garantidor é obrigado a agir mesmo que haja risco pessoal; o bombeiro não pode se recusar a entrar em uma casa por medo de se queimar, contudo, se o incêndio tomar proporções homéricas e o prédio estiver para desabar, situação em que ele provavelmente irá morrer, nada dele será cobrado).
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
** A mulher tem autorização de causar um abortamento omissivo (não tomar medicamento algum para o feto não morrer), tal permissão vem do Direito Civil; o que se busca, hoje, é a possibilidade da participação ativa. 
** A garantia está relacionada a capacidade,contanto, a noção de capacidade do Direito Penal é completamente diferente do Direito Civil. 
** Profissionais (médicos, policiais, salva vidas, bombeiros, babás, vigilante, guarda costas, etc.) fora do horário de serviço, a priori , não são sujeito garantidores, todavia, a matéria até hoje não é pacificada e, inclusive, até hoje muitos policiais em seus cursos de formação costumam ser educados para serem policiais 24 horas por dia; dentre as diversas linhas de solução para tais situações vale destacar a linha teórica que sustenta o mantimento do status de garante mesmo para além do horário de serviço nas situações onde o profissional esteja ostentando a função que desempenha (por exemplo, se um policial fardado, fora do horário de serviço, entrar em um ônibus e utiliza de sua prerrogativa profissional de não pagar a passagem, e presenciar um assalto, dentro de suas capacidades, pois ele pode estar desarmado, ele deve desempenhar seu papel). 
** Um médico, por exemplo, fora do horário de serviço, pode negar atendimento em um avião, contudo, pode tranquilamente sofrer uma sanção administrativa de seu Conselho tendo em vista o seu juramento. 
** Majoritariamente se entende que a omissão imprópria pode funcionar a título de dolo ou título de culpa, conforme sejam as características do caso concreto.
Questão prática: Mariana é uma salva vidas e durante o serviço conversava distraidamente com Renata, banhista. Somente Renata percebe quando Ned Stark começa a se afogar, sobrevindo a morte do banhista. Renata e Mariana são denunciadas por homicídio sob o crime descrito no artigo 135 do CP, acertou o promotor? Justifique. 
Para Renata, omissão de socorro (já que ela não era garantidora; ela responde propriamente por omissão de socorro, pois o ilícito cometido é descreve o tipo penal), e para Mariana homicídio culposo omissivo impróprio (já que ela é garantidora, então, ela responde pelo resultado como se tivesse efetivamente causado na modalidade omissiva imprópria- se ela visse seria doloso). 
** homicídio impróprio = comissivo por omissão. 
Questão de Garantidor: Policial trabalhando disfarçado no tráfico. Um grupo de 15 traficantes assassina brutalmente uma pessoa. O policial não fez nada. Quando o caso é descoberto, tanto os traficantes quanto o policial, são denunciados pelo crime de homicídio, na modalidade comissiva imprópria. O MP acertou na denúncia? 
Nessa situação extrema nada poderia ser exigido do policial.
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
Antes, havia a teoria da Equivalência dos antecedentes causais/”Teoria da Conditio sine qua non” (ARTIGO 13/CP) , a qual prevê que causa é a condição sem a qual não teria ocorrido o resultado tal qual ocorreu. O problema dessa teoria é o regresso ad infinitum (ao infinito). A técnica utilizada nessa teoria para saber o que é e o que não é causa é desenvolvida por um autor sueco chamado Thyrén, denominada Juízo Hipotético de Eliminação, segundo a qual suprime-se mental e hipoteticamente um dado evento e, se de alguma maneira, o resultado se altera, estamos diante de uma causa. O problema do regresso ao infinito seria corrigido na ocasião do exame da tipicidade subjetiva (dolo e culpa), portanto, fora do âmbito de estudo da teoria do nexo de causalidade.
Por ser fora do âmbito da teoria de nexo de causalidade, a teoria é insatisfatória. Assim, surgiu a necessidade de uma teoria que delimitasse o alcance desse Artigo 13. Essa teoria não pertence originariamente à Claus Roxin, ele a edita, em verdade, para suprir as necessidades existentes. 
Nesse contexto, imputação significa aplicar um resultado de algo à alguém. Paulo Queiroz diz que ao que pede o nome, a teoria não nasce para imputar um resultado, mas para delimitar o alcance da imputação desse resultado, já que a Teoria da Conditio sine qua non considera muita coisa como causa. 
CONCEITO
Para essa teoria, o resultado de uma ação humana só pode ser objetivamente imputada ao seu autor, quando a sua atuação tenha criado, em relação ao bem-jurídico protegido, uma situação de risco (ou perigo) juridicamente proibido, e que tal risco se tenha materializado em um resultado típico. Tem como objetivo criar filtros/obstáculos, situações nas quais não se pode imputar o tipo penal ao agente, ou seja, não se pune ações que não criam ou incrementam algum risco de lesão ao bem-jurídico. 
Essa teoria trabalha com riscos juridicamente proibidos ou permitidos; a vida em sociedade implica a prática de riscos e a tutela de todos os riscos pelo Direito engessaria a vida em sociedade. Então, segundo Roxin, essa teoria tutelaria somente os riscos juridicamente proibidos. 
** Aqui impedimos as chamadas imputações das chamadas ações neutras, que Greco define como ações que não são juridicamente proibidas, mas que contribuem para um fato ilícito. 
PRINCÍPIOS DOS RISCOS
• Diminuição de risco: Ações que visam diminuir riscos não podem ser imputadas como ações típicas, como, por exemplo, o caso do Psicólogo conta aos pais que adolescente que ele pretende se suicidar. Ao psicólogo não será imputado a violação de sigilo, visto que ele pretendeu impedir um risco maior. 
Ex.: psicólogo que conta aos pais de alguém que este quer cometer suicídio
Ex.: Criança que está na janela e a babá grita “cuidado”, e nesse momento a criança se assusta e cai da janela. Nesse exemplo, a babá não poderá ser imputada.
• Risco Juridicamente Irrelevante: Ações que não criam uma possibilidade objetiva de lesão, isto é, ações que não situações adequadas do resultado não são objetivamente imputáveis; por exemplo, se uma mulher, com a finalidade de matar o marido compra várias passagens a fim que o avião caia, e aí o avião realmente caí e o sujeito falecesse. O crime de homicídio não poderá a ela ser imputado, pois ela não ofertou ao cônjuge um risco juridicamente proibido.
Ex.: Mulher que compra várias passagens com o intuito de uma dessas viagens o avião cair e o marido morrer. Nesse exemplo, não poderá ser imputado sobre a mulher o crime de homicídio, caso em uma das viagens o avião caia e o marido morra, pois o código penal não tutela sobre isso (compra das passagens). 
• Aumento de Risco: Tem em vista a resolução dos casos em que o autor foi além do risco permitido, causou um resultado, mas, não se sabe se a ação correta o tê-lo-ia evitado (comportamento alternativo conforme o direito)
Ex.: O dono de um fábrica de pincéis não esterilizou seus pincéis e os trabalhadores daquela fábrica foram infectados por bactéria gravíssima. Contudo, a perícia constatou que mesmo que os pincéis houvessem sido esterilizados, os funcionários seriam infectado, portanto, não teria como imputar o dono de fábrica supracitado. Isto é, o autor fora além do risco permitido, mas a ele não poderia ser imputado um crime.
• Fim de Proteção da Norma: Aqueles resultados que não se encontram no âmbito de proteção da norma de cuidado não imputáveis a quem lhes causou. Aqui, se enquadram as consequências secundárias de um delito; exemplo: a mãe que recebe a notícia do falecimento de seu filho e enfarta. O assassino só responderá pelo homicídio do filho (seria diferente se ele tivesse conhecimento que essa mãe possuísse alguma doença cardíaca ou se ela tratasse de uma idosa debilitada).
Ex.: Mãe que recebe notícia que o filho foi assassinado e diante disso vem a morrer de parada cardíaca. O sujeito que matou o filho responderá por homicídio do filho, mas não pela morte da mãe. 
** Caso o suposto delito "pare" em um desses filtros, exclui-se-á tipicidade.
Pesquisa: A autocolocação em perigo é conduta punível para o Direito Penal? Em que medida difere da heterocolocação em perigo consentida? 
TIPICIDADE
EVOLUÇÃO DA TEORIA DO TIPO PENAL
TEORIA CASUAL (LISZT, BELING, RADBRUCH)
Trabalhava o conceito de crime a partir de uma lógica de causa e efeito. Estruturava o conceito de crime a partir de uma concepção naturalista que dividia o crime em duas partes: objetiva e subjetiva (objetiva: tipicidade e ilicitude; subjetiva: culpabilidade). O tipo é puramente objetivo, criticando-se a teoria por não explicar a figura da tentativa. A tipicidade é neutra e puramente descritiva. 
 Objetiva subjetivo/psicológico
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
	CULPABILIDADE
	CONDUTA
	-
	IMPUTABILIDADE
	
RESULTADO
	
-
	DOLO NORMATIVO (CONSCIENCIA DA ILICITUDE) – “dolus malus”
	NEXO CAUSAL
	-
	CULPA
	TIPICIDADE OBJETIVA
	-
	
Como se estruturava para o causalismo a teoria do delito? Quais as contribuições do causalismo?
A tipicidade era puramente neutra; tinha-se os conceitos de conduta, resultado, nexo de causalidade e a tipicidade, sendo a última exclusivamente objetiva. 
A culpabilidade era composta pelos conceitos de imputabilidade, dolo normativo (agrega como elemento essencial a consciência da ilicitude) e culpa. Os elementos subjetivos, ou seja, elementos de vontade estavam situados na culpabilidade.	
Quando analisamos a tipicidade objetiva, precisamos entender o que é tipicidade. Analisando um tipo penal, mais especificamente um tipo incriminador, ele trará uma descrição típica. 
Ex.: Crime de dano: danificar coisa a alheia; o crime de dano é um tipo incriminador. 	
As peças que compõem a narrativa, a descrição fática do crime de dano é o que chamamos de elementares do tipo. São as palavras que compõem o crime (danificar/coisa/alheia); discute-se o conceito de cada uma dessas palavras.	 
O tipo é o molde. A tipicidade é esse enquadramento, é a subsunção. Quando um tipo penal se enquadra numa conduta humana, estamos diante de uma conduta típica. 	
De acordo com o causalismo, pouco importa se você teve vontade de produzir esse resultado, importa se a conduta se enquadrou no tipo penal ou não. Não importa a intenção ou vontade do agente. Analisavam apenas aspectos objetivos.	
A análise dúplice (vontade e conduta) vem bem depois.	
Ex.: dei um tiro em alguém, o tiro pegou na parede, eu sou

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