Prévia do material em texto
RESUMO - AULA DO DIA 30/06/2011 MODULO – PROCESSO DE CONHECIMENTO II (sexta aula) Professor Bernardo Pimentel Souza bernardopimentel@ufv.br RECURSOS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Ementa Introdução Princípios Princípio do Duplo Grau de Jurisdição Princípio da Colegialidade Princípio da Taxatividade Princípio da Singularidade Princípio do Esgotamento das Vias Recursais Princípio da Consumação Princípio da Dialeticidade Recurso Especial e Extraordinário Introdução A pedra de toque do recurso é que a impugnação se de no mesmo processo, todavia, há casos em que a impugnação, embora se de no mesmo processo, não se dá nos mesmos autos, a exemplo do Agravo por Instrumento. Assim, no conceito de recurso, é importante verificar se a relação processual perdurará no mesmo processo, sem se formar uma nova, pois neste caso não se tratará de recurso. “Todo recurso é um ato processual voluntário de impugnação das decisões, utilizado antes da preclusão e na mesma relação processual, apto a proporcionar ao recorrente resultado mais vantajoso, decorrente da reforma, da invalidação, do esclarecimento ou da integração da decisão” (Conclusão n. 24, aprovada na Faculdade de Direito da USP) Classificação: a primeira classificação distingue os recursos entre ordinários e extraordinários, tal classificação parte do objeto imediato visado: os recursos ordinários (Agravo de Instrumento, Apelação, Embargos Infringentes e Embargos de Declaração) tem por escopo a defesa de direito subjetivo, já os extraordinários buscam a defesa de direito objetivo (Recurso Especial, Recurso Extraordinário e os Embargos de Divergência). Por sua vez, sob outro prisma, os recursos ordinários são os que possuem efeito devolutivo amplo, devolvendo ao tribunal tanto questões de direito quanto de fato, já os recursos extraordinários seriam os que possuem efeito devolutivo limitado, devolvendo ao tribunal apenas as questões de direito, súmula 279 STF “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”, e 7 STJ “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”. Classificam-se, ainda, os recursos entre constitucionais e não constitucionais, sendo que os primeiros são os que estão previstos pela CF/88, art. 102, II e III e 105 II e III, os demais, denominados de recursos legais, são previstos pela legislação infraconstitucional. Sumula 19do TRF da 2° Região – “Não é cabível agravo regimental de decisão que examina a admissibilidade dos chamados recursos constitucionais - Re, Resp e Ro”. Direito intertemporal dos recursos: qual lei se aplica, a da data da prolação da decisão, a da intimação ou da interposição do recurso. Não existe preceito claro acerca da questão do direito intertemporal dos recursos, e nem está previsto no projeto de novo CPC. A corte especial do Superior Tribunal de Justiça assentou que se aplica a lei do momento da prolação da decisão: Embargos infringentes. Art. 530 do Código de Processo Civil. Alteração pela Lei nº 10.352/01. Direito intertemporal. Precedentes da Corte. 1. O recurso rege-se pela lei do tempo em que proferida a decisão, assim considerada nos órgãos colegiados a data da sessão de julgamento em que anunciado pelo Presidente o resultado, nos termos do art. 556 do Código de Processo Civil. É nesse momento que nasce o direito subjetivo à impugnação. 2. Embargos de divergência conhecidos e providos. (EREsp 649526/MG, Rel. MIN. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/06/2005, DJ 13/02/2006, p. 643) Princípios - Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: em razão da falibilidade humana tal princípio possibilita que a causa seja julgada por mais de um órgão, por tanto, em dois graus de jurisdição, sendo o segundo hierarquicamente superior ao primeiro. Indaga-se se o princípio do duplo grau de jurisdição é absoluto e se ele possui natureza constitucional. No ordenamento existem exceções ao princípio, como no caso em que o tribunal, por força do princípio da causa madura, acaba por julgar originariamente o processo e no caso de execução fiscal de alçada, em que não cabe recurso da sentença, art. 34 da LEF. Para a doutrina mais avisada o princípio do duplo grau de jurisdição possui natureza constitucional. Todavia, o Supremo Tribunal Federal assentou que: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ARTIGO 5°, PARÁGRAFOS 1° E 3°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04. GARANTIA QUE NÃO É ABSOLUTA E DEVE SE COMPATIBILIZAR COM AS EXCEÇÕES PREVISTAS NO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL. PRECEDENTE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. (...) 2. A Emenda Constitucional 45/04 atribuiu aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, desde que aprovados na forma prevista no § 3º do art. 5º da Constituição Federal, hierarquia constitucional. 3. Contudo, não obstante o fato de que o princípio do duplo grau de jurisdição previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos tenha sido internalizado no direito doméstico brasileiro, isto não significa que esse princípio revista-se de natureza absoluta. 4. A própria Constituição Federal estabelece exceções ao princípio do duplo grau de jurisdição. Não procede, assim, a tese de que a Emenda Constitucional 45/04 introduziu na Constituição uma nova modalidade de recurso inominado, de modo a conferir eficácia ao duplo grau de jurisdição. 5. Alegação de violação ao princípio da igualdade que se repele porque o agravante, na condição de magistrado, possui foro por prerrogativa de função e, por conseguinte, não pode ser equiparado aos demais cidadãos. O agravante foi julgado por 14 Desembargadores Federais que integram a Corte Especial do Tribunal Regional Federal e fez uso de rito processual que oferece possibilidade de defesa preliminar ao recebimento da denúncia, o que não ocorre, de regra, no rito comum ordinário a que são submetidas as demais pessoas. 6. Agravo regimental improvido. (AI 601832 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 17/03/2009, DJe-064 DIVULG 02-04-2009 PUBLIC 03-04-2009 EMENT VOL-02355-06 PP-01129 RSJADV jun., 2009, p. 34-38 RT v. 98, n. 885, 2009, p. 518-524) RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ARTIGO 108, INCISO II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - DESPROVIMENTO DO AGRAVO. Consoante a jurisprudência do Supremo, o inciso II do artigo 108 da Lei Fundamental não é norma instituidora de recurso. O dispositivo apenas define a competência para o julgamento daqueles criados pela lei processual. Nada impede a opção legislativa pela inviabilidade de inconformismo dirigido à segunda instância. (RE 460162 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 10/02/2009, DJe-048 DIVULG 12-03-2009 PUBLIC 13-03-2009 EMENT VOL-02352-06 PP-01062 RTJ VOL- 00209-03 PP-01364) EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 6.830/80. SUPERVENIÊNCIA DO ARTIGO 108, II, DA CB/88. REVOGAÇÃO TÁCITA. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTE. 1. Este Supremo Tribunal Federal já decidiu que o artigo 108, inciso II, da Constituição do Brasil, não revogou tacitamente o disposto do artigo 34 da Lei 6.830/80. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 710921 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 10/06/2008, DJe- 117 DIVULG 26-06-2008 PUBLIC 27-06-2008 EMENT VOL-02325-16 PP-03211) Assim, o STF entende que o princípio do duplo grau de jurisdição não é absoluto, posto que no caso do art. 34 da LEF não cabe apelação da sentença. Súmula 640 do STF – “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal dejuizado especial cível e criminal”. É o único caso de recurso extraordinário em que a causa sai do primeiro grau diretamente para o STF. - Princípio da Colegialidade: este princípio é pouco encontrado na doutrina, por tal princípio, os julgamentos nos tribunais devem ser realizados por órgão colegiado, ou, se houver decisão monocrática, deve ser flanqueado ao jurisdicionado o acesso ao colegiado. 1. (...) . 2. A competência deferida ao Relator para, monocraticamente, julgar recurso quando contrariar jurisprudência consolidada do Tribunal não derroga o princípio da colegialidade, que resulta preservado, no âmbito desta Corte, pelo cabimento do recurso de agravo das decisões singulares proferidas por seus Ministros. Não há que falar, portanto, em aplicação no caso do art. 102, § 3º, da Constituição, introduzido pela EC 45/2004, que trata do requisito da repercussão geral, sequer regulamentado. 3. Agravo regimental improvido. (AI 475064 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 14/02/2006, DJ 10-03-2006 PP-00049 EMENT VOL-02224-05 PP-00994) Todavia, tal princípio não é absoluto, comportando exceções, a exemplo do art. 527, parágrafo único. “A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar”. Não obstante, embora não caiba recurso para provocar a manifestação do colegiado, cabe mandado de segurança, consoante entendimento do STJ: PROCESSO CIVIL. CONVERSÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AGRAVO RETIDO. ATO JUDICIAL IRRECORRÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. CABIMENTO. 1. É cabível o mandado de segurança contra ato judicial que determina a conversão de agravo de instrumento em agravo retido. 2. (...). 3. Recurso provido. Segurança concedida para invalidar o ato que converteu o agravo de instrumento em agravo retido. (RMS 32204/BA, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 10/05/2011, DJe 17/05/2011) - Princípio da Taxatividade: os recursos devem obrigatoriamente estar previstos na legislação, sendo recursos apenas os estipulados pela Constituição e pela Legislação Federal. Assim, o pedido de reconsideração e a correição parcial não são recursos. O art. 496 do CPC traz o rol taxativo dos recursos, contudo, existem ainda recursos previstos na legislação extravagante, v.g., recurso inominado previsto no art. 43 da lei 9.099/90. Em contraposição, não são recursos, se constituindo sucedâneos recursais o recurso adesivo, o pedido de reconsideração, a correição parcial, a remessa necessária, o incidente de suspensão, a reclamação constitucional, o mandado de segurança, a cautelar originária, a uniformização de jurisprudência, o incidente de inconstitucionalidade e a ação rescisória. Questiona-se se o pedido de uniformização de jurisprudência nos juizados especiais, art. 14 da lei 10.259, seria recurso, o STJ considera tratar-se de recurso quando a divergência se der em face da jurisprudência do próprio STJ. No ordenamento pátrio existem 14 espécies de recursos, o que o professor considera um numero exagerado. Princípio da Singularidade/ Unicidade/ Unirrecorribilidade: postula que para cada decisão há um único recurso específico. Tal recurso também não é absoluto, pois toda decisão comportará um recurso específico, mas também os embargos de declaração. Interposto o recurso na pendência de embargos de declaração manejados pela parte contrária, a jurisprudência entende que é necessário que a parte recorrente ratifique o recurso interposto sob pena de não conhecimento. Súm. 418 do STJ – “É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação”. Outra exceção ao recurso da singularidade está prevista no sua. 126 do STJ – “É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário”. Assim no caso da súmula a parte deve manejar tanto recurso especial quanto recurso extraordinário. - Princípio do Esgotamento das Vias Recursais: só é possível interpor recurso para os tribunais superiores após esgotados os recursos cabíveis perante o juízo ou tribunal a quo. Sum. 281 do STF – “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”. Sum. 207 do STJ – “É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem”. Assim, só cabe recurso de natureza extraordinária quando não for cabível qualquer outro recurso de natureza ordinária. - Princípio da Consumação: consiste no exaurimento do direito subjetivo com a prática do ato processual, ainda que incompleto. Por conseguinte, o recurso deve estar perfeito, completo e acabado no ato da interposição. Dessa forma, o preparo deve ser comprovado no ato da interposição, mesmo que ele venha a ser realizado dentro do prazo recursal, súm. 19 do TJDFT – “o preparo do recurso há de ser comprovado no momento de sua interposição, ainda que remanesça parte do prazo para seu exercitamento, sob pena de deserção”. No caso dos recursos extraordinários, é necessário comprovar a tempestividade do mesmo se houve prorrogação do prazo em razão de feriado local. Súm. 385 do TST – “Cabe à parte comprovar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em que não haja expediente forense, que justifique a prorrogação do prazo recursal”. É possível, ainda, em exceção ao princípio da consumação, juntar em grau recursal documento novo, desde que tal documento tenha sido produzido ou a parte tenha tomado ciência dele após a decisão. Princípio da Dialeticidade: o recurso é um ato processual dialético, de modo que deve ser fundamentado, atacando diretamente a decisão hostilizada. Enunciado n. 4 do Primeiro Tribunal de Alçada de São Paulo: “não se conhece de apelação quando não é feita a exposição do direito e das razões do pedido de nova reforma”. Assim, as razões recursais devem ser específicas, diretas, frontais, conforme revela o axioma romano “appellatio generalis respectu cause non valet”. Sum. 284 do STF – “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”. Sum 182 do STJ – “É inviável o agravo do Art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada”. - Princípio da Personalidade: consiste na idéia segundo a qual o recurso é um ato autônomo, pessoal, assim, cada legitimado possui, singularmente, o direito de recorrer. Nesse sentido, por regra, o recurso só pode beneficiar o recorrente. O benefício do prazo recursal duplicado estampado no artigo 191 do CPC não subsiste quando há condenação apenas de um dos litisconsortes passivos com advogados diferentes. Sum. 641 do STF – “Não se conta em dobra o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido”. A problemática da dicotomia na recorribilidade em primeiro grau de jurisdição mediante apelação e agravo de instrumento: é uma tradição no direito brasileiro, proveniente do direito português, de que dependendo da natureza da decisão de primeiro grau caberá um recurso ou outro. A recorribilidade deixou de ser clara com a nova redação do §1° do art. 162 do CPC - “Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.” Assim, como há casos em que a decisão, embora importe em sentença, não coloca termo ao processo com relação a todos os litigantes, assim, a doutrina, entende que só será sentençase o juiz proferir decisão com base nos incisos do art. 267 ou 269 e esta decisão importar no encerramento de uma fase processual, o que é denominado de critério modular. TJMG – EMENTE - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DESPEJO - RECONVENÇÃO - CABIMENTO - CONEXÃO - CAUSA DE PEDIR REMOTA SÃO IDÊNTICAS. Da decisão que não admite a reconvenção o recurso cabível é o agravo de instrumento e não a apelação, visto tratar-se de decisão que não põe fim ao processo. Tendo em vista a identidade entre as causas de pedir remotas das ações, admissível a reconvenção em sede de ação de despejo. Agravo provido. Numeração Única: 0964292-74.2007.8.13.0231. Relator: Des.(a) MARCOS LINCOLN. Data da Publicação: 10/04/2008 Nesse sentido, o professor entende que essa dicotomia gera grandes dificuldades na prática e obsta à tutela do direito material no caso de interposição de recurso errado em que a jurisprudência trata como erro grosseiro não aplicando a fungibilidade, assim, ele sustenta que o novo CPC deve prever apenas uma espécie de recurso no juízo de primeiro grau. Recurso Especial e Extraordinário O recurso especial e o recurso extraordinário possuem a mesma origem, qual seja, o recurso extraordinário da constituição de 1891. Recurso Extraordinário: “Art. 102 da CF/88 Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”. Recurso Especial: “Art. 105 da CF/88. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;( c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”. Só cabe recurso especial e recurso extraordinário contra ato decisório jurisdicional: sum. 733 do STF - “Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios”, sum. 311 do STJ – “Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional”. Sum. 637 do STF “Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município”. Não cabe recurso especial contra decisão proferida por juiz de primeiro grau, até mesmo quando a decisão não é impugnável mediante recurso para tribunal de segundo grau, como na hipótese do art. 34 da LEF. Esta é uma diferença entre o especial e o extraordinário, consoante a sum. 640 do STF “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal”. Princípio do esgotamento - Súm 207 do STJ – “É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem”. Questiona-se se cabe recurso especial contra acórdão proferido em reexame necessário, sem que a pessoa jurídica de direito público condenada tenha apelado da sentença, a corte especial do STJ entende que cabe, pois a sucumbência é imposta efetivamente ao ente público pelo tribunal, já que a sentença não tem o condão de transitar em julgado. Prequestionamento: não basta a parte ter suscitado a questão federal, ainda que expressamente e à exaustão. Se a questão federal suscitada não foi decidida no julgado recorrido, não está satisfeita a exigência de prequestionamento. Súm. 211 do STJ – “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal "a quo". Todavia, o prequestionamento não está condicionado à menção expressa do preceito tido por violado. Indaga-se quando o prequestionamento se dá apenas no voto vencido, o STJ entende que nesse caso não h-a prequestionamento, Sum. 320 do STJ – “A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do prequestionamento”. Assim, é necessário se opor embargos de declaração para preencher o requisito do prequestionamento. Questão de leis locais e estaduais não podem ser discutidas no recurso especial, sendo que este comporta somente invocação de violação a lei federal, incluindo-se os tratados. O conceito de lei federal engloba também normas do poder legislativos e executivo com alcance em todo território nacional. De outro lado, as leis federais sob o prisma formal, mas que, na verdade, são materialmente locais, não ensejam recurso especial. Ofensa a regimento interno também não pode ser atacada por meio de recurso especial ou extraordinário. Sum. 7 do STJ – “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”. A valoração legal da prova pode ser suscitada em recurso especial, não se constituindo em questão de fato, pois o equivoco na aplicação dos preceitos legais que versam sobre provas configura erro de direito federal. Todavia, tal só se dá quando a lei afasta o princípio do livre convencimento fundamentado, privilegiando determinado meio de prova. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - AGRAVO REGIMENTAL - FUNÇÃO CONSTITUCIONAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - VALORAÇÃO E REAPRECIAÇÃO DE PROVA - INCIDÊNCIA DE ICMS NA IMPORTAÇÃO DE MERLUZA - MATÉRIA CONTROVERTIDA NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS - SÚMULA N. 07/STJ. 1 . Não é o Superior Tribunal de Justiça terceira instância, sendo sua função constitucional uniformizar a interpretação da legislação federal, preservando sua correta aplicação, motivo pelo qual o recurso especial reveste-se de tecnicidade, cujas hipóteses de admissibilidade estão previstas no art. 105, inciso III da CF/88, devendo ser observados os pressupostos recursais genéricos e específicos para sua admissão. 2. A valoração da prova refere-se ao valor jurídico desta, sua admissão ou não em face da lei que a disciplina, podendo ser ainda a contrariedade a princípio ou regra jurídica do campo probatório, questão unicamente de direito, passível de exame nesta Corte. 3. O reexame da prova implica a reapreciação dos elementos probatórios para concluir-se se eles foram ou não bem interpretados, constituindo matéria de fato, soberanamente decidida pelas instâncias ordinárias, insuscetível de revisão no recurso especial. 4 . As teses em torno da incidência de ICMS na importação de merluza de país signatário do GATT podem encontrar soluções diversas nesta Corte, em razão de não estar uniformizado, nas instâncias ordinárias, soberanas quanto ao exame da prova, o entendimento quanto à existência ou não de merluza ou similar desta em território nacional. 5 . Recurso especial que tece considerações a respeito de aspectos fáticos e probatórios, ensejando a aplicação da Súmula n. 07/STJ. 6 . Agravo regimental improvido. Sum. 400 do STF (Decisão que deu razoável interpretação à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso extraordinário pela letra "a" do Art. 101, III, da Constituição Federal) se aplica ao STJ? Não, pois a constituição adotou o verbo contrariar, o que permite discussão sobre todos os prismas, assim, pode se discutir qualquer interpretação da constituição ainda que razoável. (AGRAVO REGIMENTAL NO AG Nº 326.280 - SÃO PAULO (2000/0083353-3) - RELATOR : MIN. ELIANA CALMON,2000) Sum. 400 do STF (Decisão que deu razoável interpretação à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso extraordinário pela letra "a" do Art. 101, III, da Constituição Federal) se aplica ao STJ? Não, pois a constituição adotou o verbo contrariar, o que permite discussão sobre todos os prismas, assim, pode se discutir qualquer interpretação da constituição ainda que razoável. Para o cabimento de recurso especial não é necessária a repercussão geral. O projeto de NOVO CPC prevê a aplicação de tal instituto para o recurso especial, todavia para o professor seria inconstitucional, pois não se pode restringir a admissibilidade do recurso por meio de lei infraconstitucional.