4. Singer DSE 2q18

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DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL 
DE GANHOS: HANS 
SINGER
Desenvolvimento Socioeconômico
2º quadrimestre de 2018
Profª Fernanda Cardoso
Desenvolvimento Socioeconômico - UFABC 1
Desenvolvimento Socioeconômico - UFABC 2
Hans Singer
• Economista judeu-alemão, radicado intelectualmente na Inglaterra
(1910-2006).
• Refugiou-se na Inglaterra em 1933 e tornou-se orientando de Keynes
em Cambridge.
• Como período importante para compor sua experiência, Singer
(1984) destaca seu envolvimento com o Brasil na década de 1950,
onde teve contato, dentre outros, com Celso Furtado.
• O seu interesse sempre se direcionou a discussões relativas à justiça
ou à eficiência distributiva.
• Artigos seminais:
✓“A distribuição de ganhos entre as nações emprestadoras e as
tomadoras de empréstimos”, 1950.
✓“O mecanismo do desenvolvimento econômico”, 1952.
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Keynes e Schumpeter
“Assim como meu par “pioneiro” Albert Hirschman destacou, de
certa forma, Keynes foi o real criador da Economia do
Desenvolvimento, na medida em que ele rompeu com a “mono-
economia” - a visão de que a Economia compõe um corpo de
verdades universais aplicáveis a todos os países, em todas as
condições [...] Como um aluno de Keynes durante os anos de
formação da Teoria Geral (1934-1936) em Cambridge, eu fui
certamente pré-condicionado a pensar em termos de regras do jogo
diferenciadas aplicáveis aos países em desenvolvimento, bem como
à ideia de políticas não ortodoxas aplicáveis a eles [...] Antes de
Keynes, meu professor foi Joseph Schumpeter, sob a tutela de quem
eu estudei em Bonn, antes de ele seguir para Harvard. Então, eu fui
criado na Economia do Desenvolvimento desde meus primeiros dias
como estudante”(Singer, 1984, apud Cardoso 2012a, pp. 60-61).
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Revolução keynesiana e além
• Segundo Singer (1985), a Teoria Geral ressaltou a necessidade de
intervenção de algum agente de modo a redirecionar para um
maior nível de emprego.
• [que agente seria esse?].
• Essa ênfase seria um dos indicativos da relevância da teoria de
Keynes para discutir as questões das nações em
desenvolvimento.
• Mas, para além de Keynes, Singer enfatiza que o problema das
economias em desenvolvimento é estrutural.
• Nesse sentido, se aproxima de autores como Kalecki e os
estruturalistas latino-americanos, como Prebisch e Furtado.
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Reflexão inicial
“Parecia-me que pensar na distribuição de ganhos somente em
termos da quantidade de trabalho economizada pela
especialização negligenciava um elemento essencial. A hipótese
de intercâmbio igualitário, em mercados imparciais “justos”,
parecia estar em conflito com a existência de poder de mercado e
tecnológico desiguais. Os dados eram jogados contra um dos
parceiros comerciais” (Singer, 1984 apud Cardoso, 2012a, p. 62).
✓Comércio internacional livre é o caminho do desenvolvimento para 
todos?
✓Para Singer, a distribuição de ganhos tende a ser sempre desigual…
✓Passemos aos seus argumentos!
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A distribuição desigual de ganhos entre as nações
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Especialização produtiva
• Singer (1950): a especialização das nações subdesenvolvidas na
exportação de primários não teria resultado em efeitos
positivos ao seu desenvolvimento.
• Como o investimento possuía origem externa, muitos dos
efeitos positivos se direcionaram aos seus países de origem.
• E como esses investimentos se direcionaram primordialmente
às atividades primário-exportadoras (ou menos complexas),
eles teriam desviado as nações subdesenvolvidas de atividades
mais complexas.
• Por fim, historicamente, a tendência dos preços teria sido
desfavorável aos exportadores de bens primários – [por que?].
• Tese Singer-Prebisch.
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Distribuição desigual de ganhos
• As diferenças estruturais entre as nações implicaram que os benefícios
do comércio internacional foram crescentemente distribuídos de
maneira desigual.
“Os países industrializados possuem o melhor dos dois mundos, como
consumidores de bens primários e como produtores de artigos
manufaturados, enquanto que os países subdesenvolvidos permanecem
com o pior dos dois mundos” (Singer, 1950, apud Cardoso, 2012a, p. 63-
64).
• Por outro lado, o comércio internacional é importante para as nações
subdesenvolvidas – dependência dos impulsos das exportações...
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Dupla armadilha dos termos de troca
• Se os preços internacionais dos produtos primários estiverem
atrativos, os recursos excedentes são reinvestidos no setor
exportador.
• Quando os preços dos primários deixam de ser atrativos, o desejo
de se industrializar aparece, porém, não há recursos.
• Para quebrar essa tendência, os propósitos dos investimentos
externos e do comércio internacional deveriam ser redirecionados
para produzirem mudanças na estrutura das vantagens
comparativas – [utopia?].
“Aqui novamente parece que os países subdesenvolvidos correm o
risco de cair entre duas armadilhas: falhar em se industrializar em um
boom porque as coisas andam bem, e falhar em se industrializar em
um período de baixa porque as coisas andam mal.” (Singer, 1950
apud Cardoso, 2012a, p. 64-65 ).
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Indústria e desenvolvimento
• Para Singer (1952) o desenvolvimento das nações
subdesenvolvidas implica uma modificação estrutural.
• Esta tem que transcorrer de forma a diminuir a importância
relativa da agricultura.
• Singer (1950) destaca que a mais importante contribuição de
uma indústria são diversos efeitos adicionais:
“essa é talvez justamente a razão porque as indústrias
manufatureiras são tão desejadas pelos países subdesenvolvidos;
isto é, elas fornecem os pontos de crescimento para incrementar o
conhecimento técnico, a educação urbana, o dinamismo e a
resiliência que procede da civilização urbana” (Singer, 1950, apud
Cardoso 2012a, p. 64).
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Mecanismo do desenvolvimento 
econômico
• Economias subdesenvolvidas devem realizar as seguintes tarefas 
(Singer, 1952):
1. Equipar as pessoas transferidas do setor agrícola para o setor 
não agrícola – ou seja, industrialização;
2. Aumentar suficientemente a produção agrícola tendo em vista 
a quantidade de pessoas na agricultura, para prover alimentos 
para o setor não agrícola;
3. Prover alimentos para o aumento natural da população no setor 
não agrícola.
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Custos e benefícios do mecanismo
• Os custos da industrialização dependem da situação inicial: quanto 
necessita de investimento em serviços públicos e indústrias 
pesadas? Qual o estado da tecnologia (provavelmente importada)?
• Os custos do aumento da produção agrícola dependerão das terras 
disponíveis para cultivo.
• Singer (1952) ressalta as dificuldades de países subdesenvolvidos 
terem recursos próprios suficientes para financiar o mecanismo. 4 
saídas:
1. Reduzir o custo, adotando tecnologia intensiva em mão de obra;
2. Aumentar a poupança interna;
3. Reduzir a taxa de crescimento da população;
4. Recorrer a suplementos de capital externo.
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Papel estratégico da poupança 
interna
“A principal esperança de aumento de poupança repousa na
possibilidade de poupar uma proporção alta dos incrementos de
renda resultantes do próprio processo de desenvolvimento
econômico. Esse fato indica, também, a importância de se atribuir,
nos programas de desenvolvimento, alta prioridade àqueles tipos de
projetos em relação aos quais uma porcentagem elevada dos ganhos
pode ser recapturada para novos investimentos. Os cálculos simples
de custos/benefíciossão apenas parte da história” (Singer, 1952, p.
406).
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Obstáculos ao investimento
• Singer (“The Relevance of Keynes for Developing Countries”, 1985)
elenca as razões para a limitação do volume de investimento:
➢incapacidade tecnológica para produzir bens de capital e baixa
capacidade para importá-los;
➢indisponibilidade dos insumos complementares - bens
intermediários, habilidades específicas e instituições de mercado
consideradas adequadas;
➢pressão sobre o preço dos bens primários pode impedir a expansão
do investimento industrial e da produção agrícola, dado caráter da
posse de terras;
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Obstáculos ao investimento
➢financiamento do investimento (por poupança ou tributação) pode
ser dificultoso, pois:
1. boa parte dos capitalistas são de origem estrangeira;
2. baixo nível de renda;
3. falta de confiança nas instituições domésticas;
4. falta de dados e de capacidade administrativa para um sistema
efetivo de arrecadação de impostos.
• Todas essas razões constituem “[...] condições de causação
cumulativa e circular que frustram a tentativa de incrementar o
investimento.” (Singer, 1985, p. 133-134).
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Reflexão final
“o que os países em desenvolvimento precisam, em primeiro
lugar, não é apenas de investimento, mas de pré-investimento,
no sentido de assistência e treinamento técnicos, pesquisa e
desenvolvimento...” (Singer, 1985 apud Cardoso, 2012a, p. 61).
✓O que seriam essas medidas pré-keynesianas?
✓Como viabilizá-las?
✓Novamente, o Estado?
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