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ASPECTOS QUÍMICOS DOS CARBOIDRATOS Profª Msc. Geisa L. A. de Siqueira Carboidratos São biomoléculas constituídas por Carbono, Hidrogênio e Oxigênio. Um poli-hidroxidaldeído ou poli-hidroxicetona. Abrangem um dos maiores grupos de compostos orgânicos encontrados na natureza; Principal função é ENERGÉTICA; São classificados em: - Monossacarídeos; - Oligossacarídeos; - Polissacarídeos. Monossacarídeos Chamados de Carboidratos simples que não pode ser hidrolisado a um composto mais simples; Fórmula Geral: CnH2nOn – um grupo carbonila de um aldeído ou cetona. Grupo aldeído – C=O ALDOSES H Grupo cetona – C – CETOSES O Monossacarídeos Não podem ser hidrolisados a compostos mais simples; Possuem número de átomos de carbono em sua molécula; Encontram-se sozinhos ou compondo moléculas de oligossacarídeos e polissacarídeos; comuns: glicose; frutose e galactose; Monossacarídeos Glicose sozinha. Ex: vegetais – banana e uva; Glicose combinada. Ex: sacarose, lactose e maltose – cana de açúcar e beterraba, leite e vegetais; Frutose sozinha. Ex: plantas – frutas e mel; Galactose combinada. Ex: lactose – leite. SACAROSE – GLICOSE + FRUTOSE LACTOSE – GLICOSE + GALACTOSE MALTOSE – GLICOSE + GLICOSE Estrutura Química Oligossacarídeos Originam de 2 a 10 unidades de monossacarídeos; Dividem-se em: - Dissacarídeos – Ex: Sacarose, lactose, maltose; - Trissacarídeos – Ex: Rafinose; - Tetrassacarídeos – Ex: Estaquiose. RAFINOSE – GLICOSE + FRUTOSE + GALACTOSE ESTAQUIOSE – GALACTOSE + GALACTOSE + GLICOSE + FRUTOSE Oligossacarídeos Grãos de leguminosas e algumas hortaliças – quantidades de rafinose e estaquiose; Pouco digeríveis – ficam no intestino – fonte para M.O – produzem flatulência; Além das funções de nutrição e doçura, exibem atividade fisiológica; Atuam como subtâncias Pré-bióticas. PRÉ-BIÓTICOS – Ingrediente alimentar não digerível pelas enzimas digestivas, sendo apenas digerível na flora intestinal, promovendo benefícios a saúde, pois diminui a formação de substâncias tóxicas. PROBIÓTICOS – São micróbios vivos que podem ser incluídos nos alimentos, possuem efeitos benéficos a saúde, pois equilibra a flora intestinal. SIMBIÓTICOS – Uma mistura de probióticos e prebióticos que afeta beneficamente o hospedeiro, melhorando a sobrevivência e a colonização de microrganismos vivos suplementares a dieta no TGI. Estrutura Química Maltose Produzida pela hidrólise do amido com a enzima beta-amilase. Encontrada raramente e apenas em plantas. É produzida durante a malteação dos grãos, e, particular da cevada. Lactose Para utilização da energia da lactose é necessária a hidrólise para D-glicose e D- galactose. São importantes fontes de energia para o crescimento de diversas espécies de Lactobacillus bifidus. Produtos lácteos fermentados (iogurtes e queijos) contém menos lactose, pois durante a fermentação parte dela é convertida em ácido láctico. Somente os MONOSSACARÍDEOS são absorvidos! Lactose Beta-galactosidase – enzima que degrada a lactose – também chamada de lactase – localizada nas vilosidades do intestino delgado. Catalisa a hidrólise da lactose. Deficiência de lactase – lactose fica no intestino delgado, atraindo fluidos que provocam distenção abdominal e cólicas. Depois passa para o intestino grosso, intensificando os efeitos de inchaço, cólicas e diarreia. Sacarose Conhecida como açúcar ou açúcar de mesa. Composta por Alfa-D-glicopiranosil e Beta- D-frutofuronosil. Pelo fato de não ter uma extremidade redutora é classificada como açúcar não redutor. Existem 2 principais fontes: cana-de-açúcar e beterraba. Sacarose Carboidratos de baixa massa molecular apresentam grande hidrofilicidade e solubilidade – produzindo soluções bem concentrada. Ex: mel – não necessita de conservantes. Parte da água de qualquer solução de carboidrato não é congelável. Portanto funcionam como crioprotetores, protegendo contra a desidratação que destrói a estrutura causada pelo congelamento. Açúcar Invertido Quando a sacarose é aquecida ocorrerá a hidrólise que resultará em glicose + frutose. Quando esta reação ocorre com a adição de um ácido, surge uma espécie de xarope conhecido por açúcar invertido. O termo "invertido" decorre de uma característica física da sacarose: ela inverte o plano da luz polarizada quando submetida à análise no aparelho polarímetro. Açúcar Invertido É vastamente utilizado na fabricação de balas e biscoitos. A aplicação em balas previne a cristalização do açúcar. A função do açúcar invertido em biscoitos é proporcionar ao produto maciez e coloração caramelada. Reações Químicas Carboidratos possuem funções orgânicas que proporciona várias transformações químicas; Exemplos: Caramelização e Reação de Maillard. Caramelização A caramelização é uma reação não oxidativa que ocorre durante o aquecimento de carboidratos, resultando na sua degradação. O aquecimento acarreta a quebra das ligações glicosídicas, originando novas reações e formando polímeros insaturados denominados CARAMELOS. Sacarose e açúcares redutores em ausência de compostos Nitrogenados Caramelização A reação é facilitada por pequenas quantidade de ácidos e alguns sais. O produto final, o caramelo, contém uma mistura complexa de compostos poliméricos, formados a partir de compostos cíclicos insaturados, de coloração marrom. Caramelização É produzido comercialmente, tanto como corante quanto como aromatizante ou flavorizante. Os caramelos obtidos a TºC s entre 130 a 200ºC necessitam de catalisadores e são utilizados geralmente como corantes. Os caramelos obtidos de 200 a 240ºC não utilizam catalisadores e são utilizados como flavorizantes. Caramelização Devido ao poder corante, pode ser usado em pequena quantidade – possui aroma e sabor imperceptíveis; São considerados corantes naturais se não forem obtidos na presença de amônia ou sais; São produtos preparados à base de leite, açúcares, gorduras e de outras substâncias. Reação de Maillard Conhecida como Escurecimento Não Enzimático; Reação que ocorre quando há interação de grupos amina de aminoácidos, peptídeos e proteínas com um aldeído (açúcar redutor); Os produtos de degradação gerados durante a reação formam novos compostos escuros e alto peso molecular – MELANOIDINAS. Açúcares redutores: Glicose, frutose, galactose, maltose e lactose. Reação de Maillard Ocorre em 3 etapas principais: 1- CH reage c/ PTNA – Reação de Maillard; 2- Perda de água e formação da Glicosilamina – rearranjo de Amadori; 3- Formação das Melanoidinas – Degração de Strecker. Reação de Maillard Efeitos desejáveis: Diversos alimentos. Exs: doce de leite, pães e café. Proporciona sabor agradável, confere aroma ao produto e cor característica. Efeitos indesejáveis: Em alimentos como leite em pó, ovos e derivados desidratados. Resulta em perda de aminoácidos e sabor e aroma indesejáveis. Acroleína e aminas heterocíclicas aromáticas – prejudiciais a saúde humana. Reação de Maillard Fatores que afetam a velocidade da reação de Maillard: - Temperatura: - pH: - Aw: - Natureza do Carboidrato; - Natureza do Aminoácido; - Catalisadores. Polissacarídeos Chamados de Carboidratos Complexos; São macromoléculas formadas pela condensação de monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas; Possuem molécula e estabelecem combinações, formando ramificações; Apresentam propriedades de reter água, formar soluções coloidais e controlar a Aw; São eles: Amido e as Fibras Alimentares. Amido É produzido nas células de plantas e algas e facilmente acessível ao metabolismo destas; É degradado durante a germinação, fornecendo energia para o desenvolvimento de plantas; Encontra-se nas raízes, tubérculos e nas sementes. Constituído pelos polímeros amilose e amilopectina. PRINCIPAIS FONTES ALIMENTARES: - Trigo; Mandioca; Arroz; Milho; Feijão; Batata; Cenoura; Beterraba, etc. Amido A proporção irá depender da maturação do vegetal, espécie botânica e condições de cultivo: amilose (20 a 30%) e amilopectina (70 a 80%); Amilose – Cadeia linear e forma helicoidal. Por ação da enzima amilase é convertida a glicose e maltose, devido a capacidade de formar complexos reage c/ as moléculas dos lipídeos – hélices de maior tamanho – enrijecimento e compactação – agregados cristalinos Molécula linear – 1000 unid. de D-glicopiranosídio; Cadeias menores – temp. Amido Amilopectina – Cadeia ramificada e forma esférica, formado por cadeias curtas de amilose ligadas entre si. A estrutura do grânulo de amido é estabelecida pela formação de ligações de H+ entre os grupos OH- das unidades de glicose; Estas interações formam áreas cristalinas. Polímero ramificado - cadeias interconectadas de 20 à 25 unid. de glicose; Longas cadeias – temp. Comportamento Propriedades Morfológicas densa - fácil ataque e absorção AMILOSE E AMILOPECTINA ordenadas e lineares AMILOPECTINA - HELICOIDAIS DUPLAS Cruz de malta - Birrefringência Funcionalidade do Amido Gelatinização do Amido AMIDO + CALOR ÚMIDO – Dilatação dos grânulos do amido quando submetidos a água aquecida – absorve água - volume – inchando até 3 vezes o seu volume. Ex: Mingau de aveia. O grânulo de amido natural possui capacidade limitada de absorver água fria; Gelatinização do Amido Gelatinização do Amido AMIDO ÁGUA AQUECIDA TRANSIÇÃO DE FASE 60 à 80ºC – em geral Dextrinização do Amido AMIDO + CALOR SECO – Quebra das moléculas de água do amido no aquecimento prolongado – desidrata, ficando seco e tostado – liberando a dextrina (melhora digestão) – rompe a camada o grânulo de amido. Ex: Farinha de mandioca. Retrogradação do Amido Ocorre quando esfria o grânulo de amido que sofreu o processo de gelatinização, criando uma película ou camada protetora em cima do alimento e libera a umidade. Ex: Molho branco ou mingau quando esfria; O processo é de cristalização do amido; Apresenta da firmeza, opacidade dos géis, resistência a hidrólise ácida ou enzimática e solubilidade. Retrogradação do Amido TºC GEL SINÉRESE CRISTALIZAÇÃO DO AMIDO Amido Modificado São amidos que sofreram mudanças de natureza química, física, enzimática ou combinada, originando um novo ingrediente alimentar; Melhoram as características sensoriais, a viscosidade e a textura dos alimentos; Superar as limitações do amido nativo. Ex: Modificação ácida Amido Modificado As modificações químicas são utilizadas pela versatilidade; Exemplos Químicos: - Dextrina – balas de goma e confeitos; - Intercruzamento – alimentos infantis e congelados, temperos de saladas e coberturas; - Amido fosfatado – bolos, pudins instantâneos, recheios e alimentos congelados. Amido Resistente É a soma do amido e dos produtos de sua degradação que não são digeridos e absorvidos no intestino delgado de indivíduos sadios; Comportamento = Fibra Alimentar e efeitos benéficos ocorrem no intestino grosso; Apresenta 4 tipos: Amido Resistente Tipo 1 – Porção do grânulo de amido que se encontra inacessível. Exs: grão inteiros de cereais e leguminosas. Tipo 2 – Grânulos de amido nativos – lenta digestibilidade – estrutura cristalina. Ex: aveia, banana verde, etc. Tipo 3 – Amidos retrogradados. Exs: mingau de aveia, etc. Tipo 4 – Amidos obtidos por tratamento químico específico (esterificação e ligações cruzadas). Exs: ingrediente de produtos industrializados – bebidas, pães, bolos, etc. Referências Bibliográficas 1- ARAÚJO, W. M. C.; MONTEBELLO, N. P.; BOTELHO, R. B. A.; BORGO, L. A. Alquimia dos alimentos. 3ª ed. Brasília: SENAC, 2014; 2- BOBBIO, F.; BOBBIO, P. A. Introdução à química de alimentos. 3. ed. São Paulo: Varela, 2003. Obrigada!!! geisaliandra@yahoo.com.br
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