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Conteúdo, Metodologia e Prática do Ensino nas Creches e Educação Infantil
Aula 01: Infância: Conceito Social
Normalmente, associa-se a infância a imagens de crianças saudáveis e felizes, brincando descontraídas, sem preocupações, envolvidas em tarefas que pertençam somente a atividade lúdica em que estão concentradas no momento, geralmente, acompanhadas de um olhar atento de um adulto que as observa e procura suprir as suas necessidades.
O fato de ser criança nem sempre garantirá uma infância feliz. O que está sendo considerado como infância feliz é o oferecimento de aspectos sociais que atendam às necessidades específicas de uma criança.
Infelizmente, é possível afirmar que em diferentes momentos históricos e em realidades diversas, sempre existiram e existem ainda muitas crianças que possuem suas infâncias roubadas.
Atualmente, algumas ciências, como a pedagogia, sociologia, psicologia e a antropologia, entre outras, nos permitem obter conhecimentos específicos a respeito de ser criança e de ter infância.  
Uma criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas a partir do nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o décimo oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito meses até oito anos de idade.Uma criança considerando a idade que possua apresenta necessidades especificas relativas a esse período da vida, e a condição histórico-social da criança irá possibilitar o modelo de infância que ela terá. Fatores econômicos, políticos, culturais e afetivos orientarão a forma como a criança será olhada, cuidada e educada.
A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo primeiro ano de vida de uma pessoa. É um período de grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da criança - especialmente nos primeiros três anos de vida e durante a puberdade. Mais do que isto, é um período em que o ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no comportamento da pessoa e na aquisição das bases de sua personalidade.
Aries (1975) em seu livro História Social da Infância e da Família desenvolveu um rico estudo a respeito da lenta transformação da criança e da família na Europa Ocidental. O autor descreve em detalhes informações que reúnem a forma como a criança era tratada durante a passagem da idade média à idade moderna.
“Na idade média, no inicio dos tempos modernos, e por muito tempo ainda nas classes populares, as crianças misturavam-se com os adultos (É possível perceber por meio de inúmeros estudos que durante muito tempo a criança era tratada como miniadulto e que seu lugar na sociedade não tinha nenhum valor. Antes de se tornarem miniadultos eram tratadas como animais, com poucas condições de sobrevivência. Existem registros históricos que demonstram essa afirmativa, como quando ao nascer uma menina ou um menino, era usada a seguinte frase: “nasceu mais um macho ou mais uma fêmea”. Termos semelhantes ao que se usa por ocasião do nascimento de outros animais.) assim que eram consideradas capazes de dispensar a ajuda das mães ou das amas, poucos anos depois de um desmame tardio – ou seja, aproximadamente, aos sete anos de idade...
A partir desse momento ingressavam imediatamente na grande comunidade dos homens, participando com seus amigos jovens ou velhos dos trabalhos e dos jogos de todos os dias.”
ARIES (1975, P275)
Você sabia que durante muito tempo o lugar da criança esteve atrelado ao papel da mulher na sociedade?
ARROYO (1994) ressalta que com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a configuração da família mudou recebendo novas formas de organização.
Este aspecto modificou a maneira de educar a criança que atualmente entra em um mundo social amplo bem mais cedo, em comparação com as crianças de outros períodos históricos.
Até aqui destacamos principalmente um modelo Europeu de construção de infância, porém estudando especificamente, a organização da sociedade brasileira é importante destacar o momento da consolidação do Brasil colonial.Esse momento se constitui da mistura de três etnias e, consequentemente, três diferentes culturas que se estruturaram a partir de um processo de miscigenação.
“Dependendo do papel da mulher na sociedade, vamos encontrar um papel diferente para a infância. E este é um fenômeno muito sério na sociedade brasileira. Na medida em que os setores populares não dão conta de produzir sua assistência, que tinha como centro o trabalho masculino, a mulher, que está em casa trabalhando e reproduzindo, sai de casa para buscar trabalho. Também porque ela deseja entrar na sociedade e não ficar só em casa.” ARROYO (1944, P.89)
Segundo ARROIO (1994, P 89).
“O trabalho feminino seja por necessidade, seja por opção, traz como consequência a necessidade de tornar coletivo o cuidado e a educação da criança pequena”. ARROIO (1994, P. 89)
É importante enfatizar que as mudanças políticas, históricas e sociais interferem ativamente na organização do desenvolvimento infantil, pois ao colocar a criança em um ambiente social mais amplo, como creches e pré-escolas, o cuidado com ela deixa de ser exclusivamente do âmbito familiar privado e passa a ser também responsabilidade do Estado. Hoje, além da família, toda a sociedade tem que cuidar da infância.
O tratamento a criança na cultura indígena
Estudos descrevem que os pais das crianças indígenas na época do Brasil Colonial,épocaa em que muitas tribos foram dizimadas, eram atenciosos, amorosos  e costumavam participar da vida de seus filhos desde o nascimento . Poderiam oferecer qualquer coisa àqueles que dessem atenção as suas crianças.
Del Priore (1999 - P13) relata que:
“o pai ajudava no parto, comprimindo a barriga de sua mulher para apressar o nascimento da criança. Se o bebê fosse do sexo masculino, ele cortava o cordão umbilical com os próprios dentes ou uma faca afiada; caso fosse do sexo feminino, era a mãe quem proporcionava os primeiros cuidados. Os recém-nascidos eram banhados no rio e depois pintados com óleo de urucum e jenipapo. Estavam, então, preparados para o itamongavu, uma cerimônia de bom presságio, cuja intenção era abrir os caminhos para futuros guerreiros e índias fortes e saudáveis.”
Os adultos tratavam as crianças com respeito. Não existiam castigos ou agressões físicas e todos os membros da tribo se sentiam  responsáveis pela criança. Alguns estudos indicam que ainda hoje a criança indígena é bem tratada pelos membros de sua tribo, como é o caso da tribo dos Yanomami.
Segundo Emeri (2002 - P.19):   
“até dois ou três anos, a criança Yanomami toma leite materno e vive grudada na mãe; isso determina seu equilíbrio afetivo. O respeito pela personalidade da criança é tão forte que seu desenvolvimentismo se dá livremente e sem que sejam criadas dependências. A repressão, o castigo, ou o bater nas crianças não existem entre os Yanomami. Se acontecer de a mãe perder a paciência com sua criança, ela será duramente repreendida pelo marido e pela comunidade.”
É possível perceber que a cultura indígena em geral respeita a criança e procura acompanhá-la, oferecendo as condições necessárias para que se constitua um ser humano capaz de assumir o seu lugar na sociedade, a partir de uma infância livre e amorosa.
As amas de leite – a influência dos negros
Ao chegarem ao Brasil, os negros não trouxeram crianças, pois o trabalho escravo era destinado aos adultos do sexo masculino. As crianças negras na época do Brasil colonial nasceram em nosso país, e ao chegarem ao mundo já eram consideradas escravas, sem direito a liberdade e a poucos cuidados maternos, uma vez que suas mães amamentavam os filhos das mulheres brancas que não cuidavam de suas próprias crias.
Pesquisas históricas relatam que as crianças negras até os sete anos de idade conviviam com as crianças brancas na casa grande, sendo mimadas e bem tratadas, brincavam com as outras crianças. Porém, muitas vezes serviam como animais de estimação para as sinhazinhas que costumavam jogarpedaços de comida às crianças na hora do jantar, ou os sinhozinhos que montavam nas costas das crianças negras como se fossem cavalos ou animais do tipo. 
Após completarem sete anos iam para as senzalas e sofriam todas as formas de infortúnios e agressividades que eram destinadas aos escravos naquele período. Entravam no mundo do trabalho recebendo muitas chibatadas e humilhações.
Segundo Gilberto Freire, as “mães negras” inundaram a imaginação infantil com um folclore riquíssimo de assombrações e criaturas estranhas, como o boitatá e o “mão de cabelo”, que tiravam o sono dos meninos malcriados, perambulando pelas casas grandes e senzalas.
É possível afirmar que as crianças negras e escravas tiveram pouco tempo e espaço para ser criança durante a infância. Viveram em um período em que era permitida a exploração de seu corpo que nem mesmo lhe pertencia.
A infância em diferentes locais
Atualmente, ao ilustrar as diferentes infâncias, considerando as variadas culturas, podemos afirmar que viver na zona rural ou na zona urbana também é um fator que interfere ativamente na maneira como uma criança irá viver a infância.
O campo, apesar de oferecer mais espaço e liberdade para as crianças, muitas vezes as obriga a entrar no mundo do trabalho precocemente, uma vez que o filho pode acompanhar o pai na plantação ou na criação de animais. Este aspecto acaba diminuindo a infância, reduzindo-a a um período mais curto e de menor valor.
A vida na cidade grande muitas vezes deixa claro “o que é de criança e o que é de adulto”. Quer dizer, considerando a classe econômica a qual a criança pertença, quem trabalha é o adulto, enquanto a criança deve apenas estudar. Contudo, nas cidades grandes muitas vezes é oferecido a adultos e crianças as mesmas informações. A mídia tem proporcionado à criança a oportunidade de se vestir como adulto, consumir como adulto e de ter acesso as mesmas informações que um adulto tem.
É preciso estar atento a esses aspectos, pois em uma sociedade em que adultos e crianças tem papeis que se confundem, o lugar da infância corre o risco de deixar de existir, cedendo à pressa do mundo do consumo e do trabalho. É importante registrar que uma vez que infância é um conceito construído socialmente, atualmente, existem vários riscos que ameaçam a existência da qualidade desse período da vida, principalmente, em uma sociedade marcada por adultos, em que consumir muitas vezes se sobrepõe a existência humana.
É preciso ter claro que as crianças precisam de cuidados e de uma educação de qualidade que valorize o respeito às necessidades de sua infância. Uma vez que o espaço e o tempo da infância dependem do olhar da sociedade, é necessário estar atento a todos os aspectos que possam valorizar esse tempo da vida como uma vivência que tem um fim em si mesma, e que consequentemente, irá construir a base estrutural que estará por vir.
Aula 02: Políticas Públicas Nacionais para Ed. Infantil
Aqui você conhecerá de forma resumida a história das políticas públicas voltadas à infância brasileira, desde o surgimento das primeiras creches até o parecer de 2009, que obriga toda criança a partir de quatro anos a frequentar espaços de educação infantil.
Apesar de ainda ser necessário estar fortemente implicado na luta sobre o direito da criança brasileira, é preciso reconhecer que nas últimas décadas do século XX houve um grande avanço na garantia dos direitos da criança.
Vale ressaltar, que as conquistas nessa área são reflexos em sua maioria da organização de setores da sociedade civil que lutaram pela garantia das crianças no Brasil para que fossem vistas como cidadãs de direitos.
Vamos conhecer um pouco sobre como as creches foram sendo instaladas em nosso país.
As primeiras creches no Brasil surgiram em meados de 1870, destinadas prioritariamente às famílias pobres. Eram designadas mulheres que precisavam trabalhar para ajudar no sustento da família. Assim, as creches surgiram como um depósito normatizador do comportamento das crianças pobres, liberando a mão de obra feminina, como afirma Pardal.
Pardal (2005 – p. 64) ressalta que:
“para as crianças bem nascidas valia a regra de ouro: serem amamentadas e cuidadas por sua própria mãe, a quem a sociedade fechava as possibilidades de estudo e trabalho. A imprescindibilidade da função materna era um dos argumentos usados para justificar o afastamento feminino do mundo do trabalho. A questão do conflito, portanto, fruto da possibilidade de opção, inexistia. As regras estavam socialmente bem definidas: às mulheres das classes abastadas, destinava-se a maternidade; às pobres, o trabalho.”
É possível imaginar a dor e a culpa que estavam associadas às mães pobres que precisavam trabalhar e se afastar de seus filhos. Além desse aspecto, havia o estigma associado às crianças que frequentavam as creches, que eram vistas como coitadas e dependentes da assistência de pessoas caridosas, uma vez que a manutenção desses espaços não era ainda responsabilidade exclusiva do Estado.
Vale ressaltar, que entre o Brasil Colônia e o Brasil República houve uma mudança na forma como a maternidade era concebida e a maneira como as crianças eram tratadas como mostra Pardal em (2005 – p. 69-70):
“No Brasil Colônia, a criança e a maternidade tinham pouca importância. A mulher branca entregava sem maiores conflitos, seus filhos às amas. A escrava incorporava o filho ao trabalho cotidiano ou colocava-o na Roda, por opção ou coação.
Em qualquer desses casos, a mortalidade infantil, apesar de numerosa, não era vivida pelas mães com muito sofrimento. Tampouco a função materna possuía destaque especial. A partir da independência, mas, sobretudo, no Segundo Império, essa situação começa a modificar-se.”
Você já ouviu falar no Código de 1927?
Foi o primeiro conjunto de leis voltado especificamente para crianças, na verdade foi o marco da infância brasileira desigual, em que o foco verdadeiro era defender a sociedade do “menor infrator” ou “da criança abandonada”. Esse código refletiu um período cinzento marcado por instituições como a Funabem, que durante muito tempo representou o confinamento e a violência como marca do tratamento destinado à infância brasileira. 
Segundo Nunes (2005, P.74), 
“É no contexto social e político da emergência do projeto industrial brasileiro, nos anos 1930, que a criança se torna um campo de intervenção social, a partir da articulação de um conjunto de práticas que tanto ofereciam assistência social quando propunham medidas de controle jurídico sobre a infância dos mais pobres. Este conjunto de práticas foi ordenado no código de menores de 1927, quando a criança pobre começa a ser identificada como menor.”
Nunes relata que esse período foi marcado pelo autoritarismo de uma política centralizadora caracterizada pela exclusão total ou parcial e a inexistência da cidadania infantil.
NUNES (2005, p.77) afirma:
“Na conjuntura política autoritária dos anos 1960, a questão do “menor” ficou identificada como sendo uma questão de segurança nacional e passa a ser tratada, diretamente, a partir da forte presença do Estado no enfrentamento das questões sociais. Numa tendência centralizadora, o atendimento à infância passou a ser articulado em torno da política nacional de bem estar do menor, executada pela Funabem (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor), que coordenava as Febem (Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor), num novo arcabouço institucional.”
A partir dos anos 70 a entrada da pesquisa e análise científica na área da infância, principalmente voltadas para o abandono e a pobreza das crianças, permite trazer novos significados à infância brasileira.
A partir desse período várias iniciativas surgem mudando o panorama da criança pobre no Brasil:
• 1976 – criação da Comissão Parlamentar de inquérito para um diagnóstico sobre a realidade do menor;
• 1978 – criação da Pastoral do Menor ampliando e modernizando a presença da igreja católica;
• 1979 – em São Paulo a criação do movimentoem defesa do menor se concentra nas denuncias de maus tratos praticados na Febem.
O atendimento oferecido principalmente às crianças pobres de nosso país começou a mudar a partir da década de 70, que ofereceu as bases para uma reformulação política. São elas:
• Constituição federal de 1988 ;
• ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – 1990;
• Política Nacional de Educação Infantil – 1994;
• LDB - Lei de diretrizes e bases da educação nacional aprovada em 1996 ;
• Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil – 1998;
• As diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – 1998.
Vamos saber mais sobre as bases da reformulação política do atendimento oferecido às crianças pobres de nosso país.
A constituição Federal de 1988 
A CF de 1988 destaca que a educação é direito de todos e coloca a educação infantil como um dever do Estado. Sendo assim, a ela passa pela primeira vez no Brasil a ser um direito da criança e uma opção da família.
Essa Constituição representou um grande avanço na luta pelos direitos do cidadão brasileiro e, consequentemente, na luta pelo direito da criança, possibilitando avanços posteriores que vieram em outras leis, como o Estatuto da criança e do adolescente.
Veja alguns artigos da Constituição Federal de 1988 a respeito desse assunto.
Art. 208 - O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de:
IV atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade.
Art. 227 - É dever da família, da sociedade, do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
O ECA é um grande divisor de águas na luta pelo direito da criança e do jovem brasileiro, pois, apesar da grande dificuldade que o conselheiro tutelar tem tido ao realizar o seu trabalho, o Estatuto representa um grande avanço, já que propõe medidas protetoras no lugar das tradicionais medidas de repressão.
Todas as instancias devem ser controladas pela sociedade civil, tanto quanto através do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente quanto pelos Conselhos Tutelares.
Segundo Nunes (2005, p.88):
“o ECA nasce numa perspectiva de reordenamento do atendimento à criança e ao adolescente assentada em uma ampla política de garantias de direitos, fundada numa articulação entre políticas setoriais da saúde, educação, moradia e trabalho. Seus principais avanços estão no esforço da regulamentação da atividade jurídica, tanto em termos da aplicação das medidas judiciais quanto em termos de controle sobre as instituições que hoje prestam assistência e/ou atuam no âmbito da aplicação das medidas destinadas aos que estão em conflito com a lei.”
Vamos registrar o título VII, do Estatuto que se dedica aos crimes e infrações administrativas e que diz respeito mais especificamente aos educadores da infância de nosso país:
Submeter a criança sob sua autoridade a vexame ou constrangimentos (detenção de seis meses a dois anos); submeter a criança à tortura (aqui são previstos os casos de lesão corporal leve, grave ou gravíssima que podem levar à morte, com diferentes penalidades); deixar o educador ou o dirigente de ensino pré-escolar de comunicar à autoridade competente os casos que tenha conhecimento de suspeita ou confirmação de maus tratos (multa de 3 a 20 salários de referencia aplicando-se o dobro nos casos de reincidência).
O ECA propõe que o confinamento e a punição sejam substituídos pela prestação de serviço à comunidade, sendo para toda e qualquer criança e jovem, não só aquele marcado pela pobreza de nosso país. 
Em último caso, deve haver internação em instituição educacional, pois a liberdade assistida e a semiliberdade são prioritárias.
NUNES (2005, p. 91) nos diz que:
“… é preciso que recursos sociais e políticas públicas estejam disponíveis para que as famílias possam cumprir tais medidas, e nelas aparece a inclusão em programas comunitários ou oficiais de auxilio a família, à criança e ao adolescente, entre os quais podemos destacar o atendimento em creches e pré-escolas.”
Pela primeira vez na história do Brasil as proposições desse documento não foram oferecidas exclusivamente por juristas e advogados, mas tiveram a participação importante de setores civis da sociedade. Pais e profissionais especializados na área da educação e dos direitos humanos colaboraram e brigaram ativamente pela efetivação do Estatuto.
Política Nacional de Educação Infantil
Como resultado da Constituição Federal e da elaboração do ECA, o Ministério da Educação e Desporto (MEC) propõem uma política Nacional de Educação Infantil, assumindo finalmente a importância de seu papel na garantia dos direitos das crianças a uma educação de qualidade.
O MEC institui na primeira metade da década de 1990, uma Comissão Nacional de Educação Infantil (CNEI), que participa da elaboração dessa política em todo o país.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Em 20 de dezembro de 1996 é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), a LDB, apresentando três artigos que tratam da educação infantil. Apesar de não parecer muito, ainda assim é possível considerar o avanço que ela representa, principalmente por reafirmar que a educação para as crianças com menos de 6 anos é a primeira etapa da educação básica. 
Segundo Filho (2001, p. 34):
“o que esta lei postula sobre educação infantil é resultado da mobilização da sociedade civil organizada que se articulou, desde o final dos anos de 1980, com o objetivo de assegurar para as crianças, na legislação brasileira, a partir de uma determinada concepção de criança e de educação infantil, uma educação de qualidade para a infância. As consequências deste movimento já haviam sido expressas tanto na constituição (1988) como no ECA (1990) e na Politica de Educação Infantil (1994).”
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil
O RCNEI não tem valor legal, constitui-se apenas de um conjunto de sugestões para os professores de creches e pré-escolas. Este documento representou um retrocesso no processo que vinha se dando no Brasil de o governo com a participação da sociedade civil, construir uma política de educação para as crianças pequenas.
Conforme esclarece FILHO, em 1998, estranhamente sem articulação com os documentos que haviam sido produzidos pelo COEDI/MEC, nos últimos cinco anos, o MEC publica o Referencial Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Trata-se de três volumes que de certa forma, dão continuidade a uma política do governo brasileiro – traçar parâmetros curriculares nacionais para os diferentes níveis de ensino no Brasil.
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil 
Em 17 de dezembro de 1998, a conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE – Câmara de Educação Básica), relata e aprova o parecer 022/98 sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
 
As referidas diretrizes constituem-se na doutrina sobre princípios, fundamentos e procedimentos da educação básica, definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientará as instituições de educação infantil dos Sistemas Brasileiros de Ensino, na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.
Alguns pontos importantes contidos nesse documento:  
 
• as políticas de educação infantil ainda não estão totalmente definidas;
• as crianças são consideradas sujeitos de direitos e alvo de preferência de políticas públicas;
• é indispensável que os educadores ao elaborarem suas propostas pedagógicas para a educação infantil, se norteiem por este documento.
Parecer CNE/CEB n20/2009Em 11 de novembro de 2009, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aprova as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. 
Duas mudanças significativas surgem em função das medidas estabelecidas nas diretrizes curriculares. A primeira é a ampliação do Ensino Fundamental com a integração do CA como primeiro ano, para nove anos e não oito como anteriormente. A segunda medida diz respeito a obrigatoriedade da família em matricular a criança de 4 anos na pré-escola.
O artigo a seguir muda o início da obrigatoriedade da criança nas creches, veja. 
Art.5 - A educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.
§ 2° É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula.
Vale ressaltar que a atividade principal da infância é brincar e que a criança de 4 a 6 anos precisa de tempo e liberdade para escolher fazer o que quiser, mesmo que seja não fazer nada. 
A infância não pode ser percebida como treino para o futuro. E por esse motivo a criança precisa de uma proposta curricular que atenda a suas características, potencialidades e necessidades específicas.
Este breve histórico tentou apresentar uma realidade de conquistas e lutas de crianças oprimidas por uma sociedade adultizada.
As leis principais que favorecem às crianças e jovens brasileiros foram resultados da organização de setores civis da sociedade que lutaram por um olhar mais humano e pela efetivação das leis.
A informação e a mobilização parecem critérios fundamentais na construção de uma educação infantil de qualidade.
É impossível conceber uma educação infantil de qualidade sem relacioná-la a fatores políticos, históricos, econômicos e culturais. Todos temos que nos considerar representantes da construção desse processo.
RESUMINDO:
Estatuto da Criança e do Adolescente- Propõe medidas protetoras no lugar das tradicionais medidas de repressão.
Constituição Federal de 1988- Destaca que a educação é direito de todos e coloca a educação infantil como um dever do Estado.
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil- Não tem valor legal e constitui-se apenas de um conjunto de sugestões para os professores de creches e pré-escolas.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- Reafirma que a educação para as crianças com menos de 6 anos de idade é a primeira etapa de educação básica.
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil- Orienta as instituições de ed. Infantil na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.
Aula 03: O Cuidar e o Educar: Crianças de 0 a 5 Anos
Tradicionalmente o trabalho nas creches e pré-escolas se constituiu por meio de uma equivocada divisão que refletiu práticas fragmentadas e excludentes, marca da divisão social de classes: o cuidar e o educar.
Cuidar- Atividade ligada meramente ao corpo e destinada às crianças pobres.
Educar- Como experiência de promoção intelectual reservada aos filhos dos grupos socialmente privilegiados.
Atualmente, pesquisadores e especialistas da área buscam em seus discursos e textos deixar explícitas as ações de educar e cuidar como fundamentais e indissociáveis, na construção cotidiana de uma proposta pedagógica de qualidade.
Segundo Parecer homologado em 9/12/2009:
“Educar de modo indissociado do cuidar é dar condições para as crianças explorarem o ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo perguntas, etc) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à medida que são se contruindo como sujeitos e se apropriando de um modo singular de formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer do professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.” P.10 ( MEC, 2009)
O MEC,preocupado com as ações na organização do trabalho pedagógico de instituições de educação infantil, ao publicar os Referenciais, documento para consulta pública, para o exame nacional de ingresso na carreira docente, além de registrar a garantia de bons professores para a educação infantil, reconhece a importância do brincar e do cuidar para esse público.
Após esses pontos iniciais, vale ressaltar que no cotidiano das instituições de educação infantil serão promovidas as ações que irão consolidar a união do cuidar e do educar como práticas inseparáveis.
É no espaço do dia a dia, no ritmo e ao longo de cada jornada que acontecem saltos qualitativos no desenvolvimento da criança. Respeitando-se sua singularidade, movimento e necessidade, a criança fará descobertas vivendo experiências a partir de tudo que será oferecido a sua volta.
“Reconhecer as funções do cuidar e do brincar para o desenvolvimento das crianças da educação infantil.”
O professor ao fazer o planejamento do que irá acontecer durante a rotina diária, precisará valorizar alguns aspectos fundamentais.
Alguns aspectos são importantes na condução desse trabalho, tais como:
• reconhecer os cuidados com o corpo, envolvendo a higiene, o sono e a alimentação como parte fundamental do processo educativo das crianças;
• valorizar a educação das emoções e do afeto como parte tão importante quanto a construção de conhecimentos;
• identificar a organização da rotina e do ambiente como aspectos fundamentais para estimular e favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem, a autonomia e a criatividade das crianças;
• perceber a construção de um planejamento para que as brincadeiras ocorram de forma diversificada, como parte essencial de um trabalho de qualidade.
É preciso ressaltar a importância de um planejamento flexível que permita a participação ativa da criança, deve ser evitada uma rotina que favoreça a convivência mecânica, pois esta forma irá desmotivar a criança, atrapalhando seu processo de desenvolvimento.
Brincadeiras
Criança ativa
Educação das Emoções
Convivência espontânea
Participação
Planejamento Flexível
É muito importante brincar e estudar, mas isso não é tudo!
Os cuidados com o corpo, envolvendo a higiene, o sono e a alimentação, como parte fundamental do processo educativo das crianças, são ações fundamentais que devem ser planejadas em detalhes na busca de conforto e orientação à criança. Algumas instituições, infelizmente, ainda insistem em uma prática que oferece essas ações de forma mecânica e sem importância. O uso do banheiro, por exemplo, deve ser planejado pensando na altura da pia, a disponibilidade de sabonetes e toalhas de rosto, a quantidade de vasos sanitários e chuveiros, entre outros aspectos, pois a não adequação de um desses itens impedirá a construção de hábitos de saúde e higiene que contribuam na formação integral da criança como ser humano saudável e responsável pelo seu bem estar.
A educação das emoções e do afeto.
Outro aspecto importante relacionado ao cuidar e ao educar é a valorização da educação das emoções e do afeto como parte que deve ser considerada tão importante quanto a construção de conhecimentos.
Com relação a esse assunto, ARRIBAS (2004, p.47) destaca que:
“No processo educativo, uma das metas a alcançar é a do equilíbrio e do controle emocional. As experiências relativas à vida emocional da criança nas primeiras etapas de sua existência têm uma importância fundamental para ela.Um clima familiar sereno, tranquilo, de aceitação incondicional, com afeto sentido e manifestado de maneira adequada, constitui o marco apropriadopara o desenvolvimento de uma personalidade saudável e equilibrada.”
O educador deve estar atento às várias manifestações das crianças percebendo sua frequência e em que condições ela ocorre. É importante considerar as variações individuais, pois as crianças são diferentes entre si e apresentam formas de manifestar suas emoções que acentuam essas diferenças.
O educador deve prestar atenção nos comportamentos infantis; deve respeitar a individualidade de cada uma e buscar formas afetuosas de intervir durante momentos emotivos, pois a criança poderá viver situações difíceis que irão refletir em seus comportamentos, e o educador deverá amenizar essas situações respeitando os sentimentos das crianças.
Rotina e ambiente escolar.
A organização da rotina e do ambiente são aspectos fundamentais para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem, a autonomia e a criatividade das crianças.
A altura dos murais e das estantes, o tamanho dos móveis e a disposição deles nas salas, o oferecimento de ambientes externos e internos são alguns dos aspectos fundamentais para ajudar a organizar uma proposta pedagógica de qualidade.
A organização da rotina e do ambiente expressa a ideia de criança e da educação que será oferecida a ela dentro da instituição.
FORTUNATI (2009, p. 61) destaca em relação a esse aspecto que:
“pensar o espaço como gerador da experiência representa o sinal de uma atenção de escuta das necessidades das crianças que antecipa – e, no entanto, apoia – o cuidado da relação e da interação do adulto com as crianças dentro do contexto educacional.”
Portanto, esse aspecto deve ser pensado a partir da valorização da autonomia e da liberdade de escolha das crianças, devendo possibilitar variadas opções.
Brincadeira de criança: como é bom!
Perceber a construção de um planejamento para que as brincadeiras ocorram de forma diversificada também faz parte essencial de um trabalho de qualidade.
A brincadeira é uma das atividades essenciais para o desenvolvimento de uma infância saudável, e uma instituição de educação infantil, que é responsável pela formação integral da criança, deve planejar formas diferenciadas que permitam a expressão do lúdico de diferentes maneiras.Um dos aspectos fundamentais que deve nortear essa organização é a consideração das diferentes daixas etárias: 0 a 3 anos e 4 a 5 anos.
À medida que a criança adquire mais autonomia motora e linguística, com a aquisição do andar e do falar, as atividades lúdicas devem ser planejadas envolvendo outros aspectos, tais como: peso, tamanho, material que constituirão os brinquedos, bem como a disponibilidade em que serão oferecidos às crianças. A partir daí será necessário o planejamento de atividades livres e dirigidas. As livres favorecerão as descobertas, formas de expressão e interesses de cada criança, enquanto as dirigidas devem ser planejadas com objetivos preestabelecidos, respeitando o desenvolvimento cognitivo e psicossocial de cada criança.
A partir dos 4 a 5 anos, é esperado que as crianças já tenham adquirido alguns hábitos de independência e autonomia. Portanto, expressam curiosidades e interesses por vários aspectos, como sexualidade e língua escrita, testando os limites estabelecidos, e possuem laços de amizades, entre outras conquistas alcançadas.
Nesse ponto o educador deve oferecer atividades que:
• incentivem a alfabetização e o letramento de forma lúdica e significativa;
• ajudem as crianças a refletir sobre as consequências de suas ações;
• esclareçam as curiosidades ligadas à descoberta do corpo e a diferença entre os gêneros;
• relacionadas à matemática, ciências, artes e à leitura e escrita.
Vale destacar que cuidar e educar as crianças de forma integrada exige a cumplicidade de adultos e crianças, em todo momento.
Os adultos devem proporcionar espaços de ação e compartilhamento em que todos possam interagir trocando experiências significativas, em que “corpo” e “cabeça” não sejam percebidos separadamente, mas com o mesmo valor.
As crianças devem ter acesso à saúde e higiene, tanto quanto aos conhecimentos do mundo e de sua cultura. Os profissionais de creches e instituições de educação infantil devem buscar planejar o cotidiano procurando respeitar as individualidades, bem como as necessidades especificas de cada faixa-etária.
Afetividade e compreensão devem ser requisitos básicos na constituição de qualquer profissional que tenha o desejo de trabalhar com crianças.
RESUMINDO: 
Educar- Promoção intelectual reservada aos filhos dos grupos socialmente privilegiados.
Referenciais para o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente- Reconhecem a importância do brincar e do cuidar para esse público.
Planejamento- Deve permitir a participação ativa da criança.
Brincadeira- Essencial para o desenvolvimento de uma infância saudável.
Cuidar- Atividades antes ligada meramente ao corpo e destinada às crianças pobres.
Aula 04: O Perfil dos Educadores que trabalham na Creche
Ao discutirmos o perfil desejável dos educadores que trabalham em creches é necessário ressaltar dois aspectos fundamentais que servirão como base para a discussão que será proposta nessa aula
O primeiro aspecto é quanto ao perfil, pois, considerando que as pessoas possuem características individuais que refletem sua cultura, sua história de vida e as relações afetivas que tiveram ao longo da vida, não devemos pensar em um controle rígido que incentive um padrão, pois cada um terá uma forma diferente de desenvolver o trabalho com crianças a partir de suas características individuais. É preciso esclarecer que a intenção é traçar critérios que valorizem o papel desse profissional, baseando-se nas Diretrizes Nacionais da Educação Infantil.
O segundo aspecto é quanto a questão de gênero, pois tradicionalmente a profissão de professor de educação infantil tem sido ocupada exclusivamente pelo universo feminino, refletindo uma concepção de trabalho doméstico e maternagem. Cabe aqui fazer uma pergunta: é possível a inserção de educadores (gênero masculino) no desenvolvimento de trabalhos pedagógicos que envolvam o cuidar e o educar para crianças na faixa etária de 0 a 5 anos? 
Com relação a esse aspecto CERISARA (2002, p.30) ressalta:
“Insistir sobre o caráter social das relações de gênero significa considerar que, além de uma categoria biológica, o gênero também é uma categoria histórica. Ou seja, o fazer-se homem ou mulher não é um dado resolvido no nascimento, pelas características biológicas de cada um, mas construído por meio de práticas sociais masculinizantes ou feminilizantes, de acordo com as diferentes concepções presentes em cada sociedade.”
Perfil dos profissionais de educação infantil.
Contexto sociocultural
Ao traçar o perfil profissional  de professores de Educação Infantil devemos considerá-los em seu contexto sociocultural; o que significa incluir além das questões de gênero, questões de raça, idade e classe social. 
É importante considerar que este assunto é bastante complexo e existem poucos parâmetros para defini-lo de forma absoluta.
Humor e disposição
Para esse profissional que estamos delineando a partir das considerações das diretrizes postuladas pelo governo e considerando as diferenças dos aspectos socioculturais, alguns pontos são importantes.  Entre eles o fato de procurar estar com bom humor e bem disposto, pois as crianças são ativas e rápidas, por isso necessitam de educadores com essas características.
Emoções infantis
Outro ponto importante é procurar atuar como mediador entre a criança, as suas emoções e o seu ambiente, isso significa ser capaz de interpretar e compreender o que uma criança está sentindo, por isso envolve o conhecimento de muitas emoções.
Compreender as próprias emoções é essencial para saber lidar com os sentimentos das crianças.
Em primeiro lugar, é necessário que os adultos compreendam e aceitem suas próprias emoções, principalmente, quando essas não são consideradas socialmente positivas, como: raiva, inveja, ciúme entre outras. Geralmente, ao ouvir“Não”, as crianças manifestam irritabilidades ou choros, por isso, saber lidar bem com essas situações é muito importante. Facilita bastante o fato de um adulto saber lidar de forma equilibrada com seus próprios sentimentos. Ter equilíbrio emocional facilitará o oferecimento de uma sólida base de afeto – sorrir e falar carinhosamente com as crianças é importante para que elas não se sintam ameaçadas ou pressionadas a fazer coisas que impeçam seu desenvolvimento.
Veja outros pontos muito importantes no trabalho com a Educação Infantil
É importante saber organizar o espaço e o tempo de modo a favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Com relação a esse aspecto é essencial organizar detalhes do ambiente, procurando criar uma atmosfera de segurança, como exemplo: sala bem ventilada, limpa, bonita, com objetos, imagens e cores que estimulem a imaginação. Importante também é distribuir o tempo de modo adequado entre as diferentes atividades do dia, para não cansar as crianças e nem deixá-las sem atividades. Desde pequenas as crianças já demonstram uma grande capacidade de ajuda mútua. É importante que o professor possa organizar possibilidades em que as crianças ajam umas com as outras, de maneira que vivam a multiplicidade de experiências e superem desafios. Pensando nesse aspecto é necessário planejar e organizar as brincadeiras infantis, as atividades pedagógicas e as atividades de cuidados com a saúde, avaliando constantemente o desenvolvimento das crianças.
Construindo regras coletivas. A criança também tem o direito de falar!
É importante levar as crianças a participarem do processo de tomada de decisão, ou seja, levá-las a fazer uso frequente da palavra e articular ideias de maneira lógica e clara. Isso irá ajudá-las a descentrar e coordenar diferentes pontos de vista, permitindo que possam ser mais autônomas.
MELLO (2009, p. 05) enfatiza que:
“Como no mundo tudo é regulado por regras, é preciso ter clareza sobre quais são os limites para que a criança possa experimentar essas regras, às vezes com a tutela, outras vezes com a supervisão dos adultos, e outras tantas sozinha, buscando construir com autonomia sua identidade, suas possibilidades de interação com o meio em que está inserida.”
Tradicionalmente, as regras eram oferecidas para a criança de forma autoritária, em uma relação em que só o adulto poderia afirmar impositivamente como as coisas seriam organizadas, e muitas vezes nem mesmo procurando ser justo com a criança.
Atualmente, pesquisas demonstram que é fundamental possibilitar às crianças o direito de escolher e de argumentar no sentido de negociar e renegociar as normas, avaliando se são justas e, caso não sejam, que possam rediscuti-las de forma continuada e contando com a participação ativa de todos, adultos e crianças.
Um aspecto facilitador é o fato de poder dialogar com a família procurando saber o que acontece em casa, fazendo relações com o que acontece nos espaços educativos. O professor deve procurar conversar com a pessoa que vem trazer e buscar a criança; procurar saber o que houve em casa, enviar recados e avisos pela agenda etc.; essas são ações que integram a parceria família-escola e complementam o trabalho desse profissional.
Estar sempre procurando investir em sua formação, buscando aprender cada vez mais sobre o seu trabalho é um aspecto que dará vida e sentido à construção da proposta pedagógica cotidiana.
Um professor que está sempre em contato com novos conhecimentos de sua área será capaz de fazer reflexões que possibilitarão o aprimoramento constante, permitindo o aumento de sua motivação. Os educadores de crianças, além de uma formação inicial, devem procurar ter curso universitário ou pelo menos o curso de formação de professores, e estar sempre interessados em ampliar os seus conhecimentos na área.
Reconhecer as especificidades de cada contexto educacional é ponto chave, pois as condições de trabalho desse profissional não podem ser analisadas separadamente de seu perfil. O lugar disponível para a realização do trabalho pedagógico deverá ser o grande aliado desse profissional. Para favorecer a realização de um trabalho de qualidade é necessário pensar na quantidade de crianças para cada educador. Recomenda-se que quanto menor a faixa etária, menos deverá ser a quantidade de criança por adulto. Outros aspectos também importantes estão relacionados à distribuição do tempo e do espaço. É necessário garantir que as crianças possam escolher o que e com quem devem trabalhar, podendo expressar seus reais talentos e interesses.
ROVIRA e GINER (2004, p. 354) ao mencionarem a respeito de uma boa organização dos meios na sala de aula, enfatizando o fato de que esse aspecto facilitará a tarefa dos adultos e das crianças e ao mesmo tempo oferecerá as crianças destacam como necessário:
• uma atenção especial do professor, que gera confiança;
• um processo de ensino-aprendizagem baseado na manipulação de materiais adequados e diversos;
• a descoberta, utilização e o domínio de certos recursos didáticos fundamentais para sua formação integral.
Podemos resumir que entre algumas características fundamentais para os educadores de crianças estão:
respeitar e fortalecer a identidade das crianças e suas famílias;
educar e cuidar da criança, como ser total, completo e indivisível;
articular e integrar conhecimentos, de forma prazerosa;
avaliar a evolução das crianças e registrar seus progressos.
Para finalizar é importante destacar uma característica que não deverá faltar em nenhuma hipótese à capacidade do adulto de “entrar no jogo da criança”, ou seja, despir-se de suas características de adulto e tentar entrar no mundo do faz de conta que a criança está inserida.
O educador para conseguir tal êxito deverá entrar em contato com sua criatividade artística e com o seu humor. O que permitirá elevar-se a sentidos sem aparentes significados imediatos ou fins previamente estabelecidos
Aula 05: O Brincar na Educação Infantil
O brincar tem sido apontado por vários autores como um dos comportamentos principais da infância. As crianças quando brincam desenvolvem habilidades motoras, cognitivas, sociais e afetivas. Por isso, na educação infantil a brincadeira precisa estar presente como uma atividade importante em si mesma. A brincadeira permite à criança transitar entre mundos opostos que delimitam a realidade e a fantasia. O real e o imaginário se misturam abrindo a possibilidade de criação que instiga a viver com mais energia e alegria, encarando as dificuldades com mais leveza.
A partir dos estudos de Vygostsky podemos afirmar que a brincadeira contém todas as tendências do desenvolvimento de forma condensada, sendo uma grande fonte de desenvolvimento. É possível pressupor que a criança da educação infantil brinca em um mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados. Portanto, é necessário garantir espaço e tempo para as crianças brincarem sem que necessariamente tenham que atingir algum objetivo antes, durante ou depois da atividade.
O brincar é garantido à criança brasileira.
Atualmente existem no Brasil leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - 1990) que garantem a legalidade do brincar à criança brasileira.
Veja os artigos que garantem esse direito:
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
      IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;  
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.Desde a Constituição de 1988 a criança brasileira passou a ser cidadã de direito e como tal, um de seus direitos é o brincar. Portanto, um educador de creches e pré-escolas não pode utilizar o brincar como prêmio ou punição e, em hipótese alguma, escolher um grupo de crianças para uma atividade lúdica e deixar o restante impossibilitado de participar.
Várias pesquisas na área da psicologia do desenvolvimento têm apontado sobre a necessidade de brincar na infância.
Para que o brincar seja garantido e valorizado existem alguns aspectos fundamentais que devem ser garantidos, como:
• reconhecer o brincar como atividade essencial na infância;
• identificar as diferenças das atividades lúdicas para crianças de 0 a 3 anos e 4 a 5 anos;
• articular e integrar conhecimentos, por meio de atividades lúdicas;
• reconhecer as diferenças entre as brincadeiras de faz de conta e o jogo com regras;
• criar condições no planejamento da rotina da creche para que o brincar ocorra;
• valorizar a brinquedoteca como espaço essencial nas creches e escolas de educação infantil.
A brincadeira deve ser favorecida de diversas formas e os espaços de educação infantil devem ser planejados considerando o tempo para a brincadeira livre e dirigida. Alguns autores, como Piaget e Vygotsky, consideram o brincar como fundamental nesse período. Apesar de esses estudiosos apresentarem divergências, é fundamental compreender a contribuição que ambos trouxeram para a análise do brincar na infância.
Piaget - Jogo de Exercício, Brincadeiras de Faz de Conta e Jogos com Regras
Segundo Piaget, o nascimento do jogo se dá nas fases iniciais do desenvolvimento, quando “quase todos os comportamentos (...) são suscetíveis de se converter em jogo, uma vez que se repitam por assimilação pura, isto é, por simples prazer funcional”. 
(Piaget, A formação do símbolo na criança, p.117)
Jogo de Exercício
• Caracteriza a fase do desenvolvimento pré-verbal.( fase que vai do nascimento até o aparecimento da linguagem)
• Tem como finalidade o próprio prazer do funcionamento; por exemplo, quando a criança empurra uma bola, vai atrás dela, volta e recomeça, ela o faz por mero divertimento.  
Jogo simbólico
• Caracteriza a fase que surge com o aparecimento da linguagem.
• O símbolo implica a representação de um objeto ausente (comparação entre um elemento dado e outro imaginado).
FRIEDMANN (1996, p.29) destaca que “o jogo simbólico ainda não está emancipado, enquanto instrumento do próprio pensamento. É a conduta ou o esquema sensório-motor que faz a vez de símbolo, e não tal objeto habitual”.  
Aos poucos o jogo simbólico vai se transformando e ganhando outras conotações. À medida que a criança vai organizando melhor suas ideias, o jogo vai ficando mais próximo a uma imitação do real e mais social do que individual como era no início.
Jogo de regras
• A regra substitui o símbolo e enquadra o exercício quando certas regras sociais se constituem.
As regras podem ser transmitidas ou espontâneas. Transmitidas- repassadas de geração a geração / Espontâneas- de natureza contratual e momentânea.
Vygotsky – o papel do brinquedo no desenvolvimento
O brinquedo não pode ser definido simplesmente como atividade que dá prazer, mas é preciso tomar cuidado para não ignorar a importância dele no preenchimento das necessidades infantis.
Segundo Vygotsky (1998, p 122)
“Frequentemente descrevemos o desenvolvimento da criança como o de suas funções intelectuais; toda criança se apresente para nós como um teórico, caracterizado pelo nível de desenvolvimento intelectual superior ou inferior, que se desloca de um estágio para o outro. Porém, se ignorarmos as necessidades da criança e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio de desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos. Aquilo que é de grande interesse para um bebê deixa de interessar uma criança um pouco maior.”
As atividades lúdicas vão se transformando com o tempo e a criança adquire novas formas de expressá-la. Portanto, é necessário considerar as diferenças entre as atividades lúdicas das crianças para diferentes faixas etárias. Para crianças de 0 a 3 anos as atividades devem concentrar-se em brincadeiras corporais – tocar e ouvir – engatinhar e andar, atirar, botar, balançar e empurrar objetos, fazer percursos, contornar obstáculos. Enquanto que para crianças de 4 a 5 anos as brincadeiras corporais podem ser de correr, pular, subir, jogar.
O educador deve planejar atividades variadas que favoreçam ao lúdico de diferentes formas, oferecendo contação de histórias (dramatização), música (bandinha musical, construção de instrumentos), arte (pintura, desenho, modelagem, colagem).
Nessa faixa etária maior também surgem brincadeiras de faz de conta como imitar, fantasia, casinha, carrinhos, e ainda os jogos com regras – toca do coelho, dominó, memória, bola.
É necessário criar condições para a brincadeira no planejamento da rotina da creche. Isso envolve o planejamento do espaço, como possuir um parquinho, ter brinquedos variados e acessíveis na sala de aula e apresentar um lugar com uma brinquedoteca para a brincadeira livre e dirigida.
Destaca-se aqui a brinquedoteca como espaço essencial nas creches e escolas de educação infantil. Este local representa para a criança um laboratório de experiências culturais, e para o adulto um laboratório de observação de acompanhamento infantil.
Toda brinquedoteca deve possuir brinquedos e jogos variados, classificados e organizados, sem que com isso a criança corra o risco de perder a liberdade de escolher o que quer fazer e com o que quer brincar.
Finalmente, é importante valorizar o papel do professor como um mediador brincante: um adulto que brinca e constrói vínculos seguros e estáveis com a criança, alguém que reconhece a necessidade de observá-la e aprender com ela. Alguém que acredita na essência lúdica da humanidade, mas sabe que é na cultura e através de espaços e profissionais de qualidade que o brincar se constrói.
Aula 06: A Proposta Pedagógica e as Múltiplas Linguagens
Os caminhos para a elaboração de uma proposta pedagógica e as múltiplas linguagens.
Aqui, serão ressaltadas a expressão corporal, as línguas oral e escrita, a linguagem plástica e musical, como formas de expressão que devem ser respeitadas e valorizadas como aspectos fundamentais para o desenvolvimento.
A criança tem cem linguagens!
É a famosa afirmativa de Malaguzzi (1999), a partir de uma experiência de educação infantil. Essa experiência na Itália vem sendo reconhecida no mundo inteiro como um grande modelo de qualidade.
O autor afirma que as crianças possuem cem linguagens, destacando a importância de oferecer oportunidades para que elas possam expressá-las com a mínima interferência adulta.
OS PROJETOS PEDAGÓGICOS
Uma das mais recentes maneiras de oferecer à criança a oportunidade de expressar múltiplas linguagens tem sido o trabalho com projetos pedagógicos. Os projetos são planejados para serem desenvolvidos por meio de atividades com significado, que permitam a construção diária de novos conhecimentos, bem como a aquisição de novas habilidades. A pedagogia de projetos está presente em muitas realidades de educação infantil e apresenta propostas bastante diferentes das escolas do ensino fundamental. Entre elas está oferecer um conhecimento de mundo que tenha significado e que permita a participação ativa da criança.
O corpo como forma de expressão
Geralmente, as crianças ficam pouco tempo concentradas em uma mesma atividade em que fiquem paradas, sem sair do lugar. Elas necessitam correr, pular, subir e etc., expressando suas emoções pelo movimento. Geralmente, as crianças ficam pouco tempo concentradas em uma mesma atividade em que fiquem paradas, sem sair do lugar. Elas necessitam correr, pular, subir e etc., expressando suas emoções pelo movimento.Como ressalta ARRIBAS (2004, p.142):
“quando nos propomos a educar a criança sob perspectiva de sua motricidade, abre-se diante de nós um amplo campo de ação, que vai desde o conhecimento e a consciência de se mover com eficiência e expressar-se com este campo.”
É importante considerar o uso da língua oral e escrita!
Com relação à linguagem escrita é necessário ressaltar a necessidade de respeitar o período adequado para iniciar a criança ao uso da linguagem escrita, pois, geralmente, os adultos preocupados e ansiosos tentam oferecer atividades que não apresentam nenhum significado para a criança.
A escrita apresentada antes do momento correto não poderá ser considerada como uma ferramenta útil para a criança se expressar.
É fundamental que a criança apresente a necessidade de adquiri-la, sem imposições externas. Com relação a esse aspecto CASTRO (2004, p.196) afirma:
“é preciso entender que ler é uma forma a mais de comunicação, como falar ou ouvir. Deve ser integrada à sala de aula como outro aspecto da vida, e não margem dela. Por isso é preciso oferecer experiências estimulantes em um ambiente afetivamente positivo que favoreçam a participação, surgiram hipóteses e interpretações e motivem o desejo de tirar competências do que se leu.”
Vários autores destacam a língua como um instrumento importante que nos ajuda a tomar decisões, antecipar ações e organizar as ideias, facilitando o planejamento. 
Nesse sentido, CASTRO (2004, p.178) destaca que:
“para que a linguagem se desenvolva, deve produzir-se a conversa, que necessita, no mínimo, de duas pessoas com vontade de falar algo. Nessa circunstância, o locutor perfeito é o adulto que tem o papel de companheiro de discussão. É quem deve ser capaz de negociar com a criança para que o objetivo da conversa (da proto-conversa, na etapa pré-linguística) se cumpra. Isto é, esclarecer o significado geral do tema discutido, desfazer equívocos e ampliar sua cultura.”
A linguagem oral produzirá saltos importantes na estrutura cognitiva da criança, por esse motivo o contexto social é fundamental. Ao trabalhar com projetos o educador deve oferecer oportunidade para as crianças expressarem suas hipóteses.
As crianças devem fazer relações com as novas ideias que o educador está trazendo e as ideias que elas têm previamente sobre o mundo. É importante o incentivo à participação do grupo de crianças respeitando o tempo e o ritmo de cada uma para falar.
Outra linguagem que deve ter seu espaço garantindo na educação infantil é a linguagem plástica.
As crianças desde pequenas adoram mexer com tintas, lápis de cor, massinhas e outros materiais pedagógicos que lhes possibilitam expressar livremente sua ideias e maneiras de ver o mundo.
Com relação a essa linguagem, vale lembrar as creches de Reggio Emília; essa experiência é desenvolvida em um município da Itália e tem sido reconhecida pelo mundo inteiro pelo seu sucesso.
Há alguns objetivos sobre a proposição de atividades diversificadas destacados por Iranzo. 
IRANZO (2004, p.232) destaca alguns objetivos principais para propor atividades diversificadas que permitam a expressão da criança por meio da linguagem plástica:
1. convencer o aluno de que desenhar um elemento não é unicamente a reprodução de sua forma aparente, mas que esse elemento tem uma estrutura interna a partir da qual se gera forma exterior;
2. descartar o critério de obter um resultado bonito pelo mero fato da destreza manual e da riqueza do material empregado;
3. o aspecto mais importante é trazer à luz seu potencial criativo e imaginativo, fazer descobrir que simplesmente pensando, observando, analisando, vão surgindo ideias quanto as técnicas, processos de acoplamento.
O cotidiano da educação infantil, geralmente, é repleto de atividades musicais.
Os educadores costumam apresentar músicas para entrar na sala, ir lanchar, hora de escovar os dentes, hora de sair e muitos outros momentos. Sobre esse aspecto é importante afirmar que a música não deve ser usada para facilitar comandos do adulto, pois quando apresentada dessa forma limitada servirá apenas como adestramento.
A linguagem musical é ao mesmo tempo rítmica e corporal, por esse motivo é importante manter um tempo, sentir a cadência rítmica, o caráter dos diferentes acentos musicais, realizar os valores de duração, a associação entre os gestos e os sons e a respiração das frases, entre outros aspectos. 
É importante considerar o manuseio de objetos sonoros que devem estar disponíveis para as crianças. Elas precisam ter experiências concretas com objetos que emitem sons, instrumentos musicais e formar um vocabulário específico para se referir a eventos sonoros.
MAFFIOLETTI (2001, p.127), destaca que:
“as crianças também precisam de silêncio para povoá-lo com seus próprios sons. Além dos sons da natureza, existe um enorme repertório de sons aprendidos através da televisão, que estão incorporados nas ações e nos brinquedos infantis. Sons de helicóptero, lancha, sirenes, explosões... gritos, inflexões vocais de medo, raiva e dor.”
Há ainda como formas de expressão a dramatização e a contação de história.
Portanto, disponibilizar livros infantis, fantasias, adereços e outros utensílios são fundamentais para garantir que essas linguagens também possam ser manifestadas pelas crianças. Essas expressões são muito apreciadas pelas crianças, sendo mediadas pelo adulto ou não.
Aula 07: Organização de Tempo e Espaço na Educ. Infantil
Pensar a organização do espaço e do tempo na educação infantil não é tarefa simples. Representa pensar em detalhes que irão refletir o projeto pedagógico da instituição.
Cores da parede.
Altura dos murais. 
Tamanho e disposição dos móveis.
Estes são apenas alguns dos aspectos fundamentais que envolvem tal tarefa.
Com relação a esse assunto BAROSA E HORN (2001, p.67) afirmam: 
“organizar o cotidiano das crianças na Escola Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma sequencia básica de atividades diárias é antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir, principalmente, de suas necessidades. É importante que o educador observe que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranquilas ou mais agitadas. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-tempo tenha significado.”
O cotidiano de uma escola de educação infantil não deve parecer monótono e desinteressante para as crianças.
O cotidiano de uma escola de educação infantil não deve parecer monótono e desinteressante para as crianças.
Um ponto importante é que certamente as atividades oferecidas para as crianças menores não serão as mesmas oferecidas às maiores. Os desafios se modificam e exigem novos elementos. Inclusive a organização das salas não pode ser a mesma.
É importante que também exista um espaço comum para as crianças maiores e menores interagirem, trocando informações. Segundo Vygotsky, a experiência do mais experiente irá interferir nos processos que não estão consolidados nos menos experientes.
Com relação ao planejamento da sala, BARBOSA e HORN (2001) destacam alguns cantos alternativos que podem existir nas salas. Veja-os a seguir.
• Canto da música com instrumentos musicais comprados ou confeccionados, rádio, toca-fitas.
• Canto do supermercado, com embalagens vazias de diferentes produtos, sacos para empacotar, caixa registradora, dinheiro de papel e moedas, cartazes com nomes de produtos, prateleiras.
• Canto do cabeleireiro com espelho, maquiagens, rolos, escovas, grampos, secador de cabelos, bancada, cadeira, bacia para lavar cabeça, embalagem de xampu, cremes.
• Canto do museu com objetos colecionados pelas crianças em passeios, viagens.
• Canto da luz e da sombra com projetor de slides, lanternas, retro-projetor, filmes feitos pelas crianças, lençóis.
Fortunati destaca que pensaro espaço também como gerador da experiência representa o sinal de uma atenção de escuta das necessidades das crianças que antecipa o cuidado da relação e da interação do adulto com as crianças dentro do contexto educacional.
O autor afirma que:
“Pensar como o espaço da experiência das crianças ajuda o adulto a amadurecer as expectativas de protagonismo nas ações que as crianças expressam em seu interior, utilizando as oportunidades presentes, e também pode ajudar o adulto a suavizar a intromissão sobre a criança por parte das instancias educacionais quando a necessidade dos resultados prevalece sobre a sensibilidade da escuta.”
E o PPP, entra nessa história?
É importante destacar que o planejamento, o desenho do espaço e, posteriormente, a intervenção que o educador e toda a equipe farão sobre o ambiente, devem responder a critérios que estão na base dos objetivos do projeto político pedagógico da instituição.
A instituição, ao construir esse documento, deve considerar que as crianças precisam de auxílio para compreender o mundo que as cerca; é importante definir bem os espaços. A organização externa contribuirá na organização interna das crianças.
O que evita esse tipo de situação?? Planejamento!
É fundamental o planejamento dos horários e das atividades que garantam o cuidar e o educar, lembrando que o lúdico deve sempre estar presente. Sem aprisionar as pessoas em horários rígidos e atividades repetitivas. Com relação ao tempo é importante garantir que a rotina não vire uma repetição monótona que gera desmotivação e desinteresse nas crianças. É necessário evitar que o dia a dia se torne uma corrida contra o tempo em prol de deixar as crianças limpas, arrumadas e alimentadas.
Para evitar que esse fato ocorra, o planejamento é essencial: organizar os espaços, definindo como e quando será utilizado pelos diferentes grupos de pessoas, ajuda as crianças a se orientarem. Além desses aspectos, é importante lembrar ao se planejar a organização do tempo, que a rotina deve ser garantida para ajudar a criança a apresentar uma estabilidade comportamental.
JAUME (2004, p.367) destaca:
“Rotinas conferem à criança um ponto de referência indispensável para seu desenvolvimento. Essa maneira de sentir e entender a sucessão temporal é reforçada associando-se cada um dos espaços ou cenários da escola a um determinado momento do dia. Assim por exemplo, a criança entende que é o momento da refeição, porque nos dirigimos ao refeitório ou que é o momento dos jogos porque vamos para o pátio.”
A organização dos espaços refletirá a maneira como a escola percebe a criança e como ela acredita que deve ser educação infantil. Ideologias, valores e cultura estarão expressos no ambiente.
JAUME (2004) destaca algumas necessidades significativas em relação ao planejamento e à organização do espaço em geral, pensando em todos os envolvidos na construção de um trabalho de educação infantil de qualidade:
• necessidade afetiva;
• necessidade de autonomia;
• necessidade de movimentos; 
• necessidade de socialização;
• necessidades fisiológicas;
• necessidade de descoberta, exploração e conhecimento;
• necessidade dos adultos.
Na criação do ambiente é importante buscar espaços que estimulem o movimento e as destrezas motoras, lugares livres e amplos para correr e deslocar-se livremente, assim como, garantir espaços mais calmos para atividades de leitura ou que possibilitem assistir a um filme.
A criação de espaços harmônicos, que expressem sensibilidade e a busca pela beleza, favorecerá o bem-estar de todos, estimulando laços de amizades e trocas afetivas.
Um ambiente alegre e democrático irá facilitar esse processo de integração. Um bom exemplo é o uso do mural. Podem existir murais que exponham o trabalho das crianças, mas também murais de avisos e notícias interessantes em que qualquer pessoa da comunidade escolar possa participar.
Outro aspecto importante é promover a comunicação entre todos os membros da instituição: crianças, equipe e familiares. As trocas devem ser ricas e diversificadas.
Finalmente, é imprescindível lembrar-se de transformar cada jornada de trabalho em algo prazeroso e cheio de descobertas. Onde o lúdico esteja sempre presente e cada dia represente uma nova aventura cheia de desafios.
O cotidiano de instituições de educação infantil deve sempre inspirar afeto e alegria, refletindo uma dimensão humana em que a criança seja valorizada como sujeito que merece respeito às suas necessidades especificas.
Aula 08: Aspectos Pedagógicos Fundamentais
Preste atenção ao diálogo abaixo.
(Dona Margarida)
Ah essa escola é boa, esse menino vai ser muito inteligente!
(Dona Tereza)
Você sabe que o meu sobrinho já escreve o nome dele todo, e todo dia ele faz trabalhinho de dever de casa?
Esta é uma situação comum entre responsáveis de crianças que estão frequentando escolas de educação infantil. Pais alfabetizados pelo método tradicional não compreendem as propostas sociointeracionistas de escolas que trabalham o aprendizado através do construtivismo. Além disso, ainda existem escolas que reproduzem métodos antigos, como a escola representada no diálogo ao lado.
Mas, afinal, qual a função de um centro de educação infantil (creche e pré-escola)?
Devemos pensar em aproveitar a infância das crianças para treiná-las para o futuro, preparando-as para serem integradas no ensino fundamental? 
Como fazer para que as crianças sejam cidadãs criativas e reflexivas dominando a língua escrita e capazes de compreender os códigos e instrumentos de nossa cultura?
Esta é uma situação comum entre responsáveis de crianças que estão frequentando escolas de educação infantil. Pais alfabetizados pelo método tradicional não compreendem as propostas sociointeracionistas de escolas que trabalham o aprendizado através do construtivismo. Além disso, ainda existem escolas que reproduzem métodos antigos, como a escola representada no diálogo ao lado.
De acordo com Magda Soares (1998), existem diferenças entre alfabetização e letramento:
Alfabetização
Corresponde ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia – a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-la para ler e escrever. Para adquirir tal tecnologia é importante compreender o funcionamento do alfabeto, memorizar as convenções letra-som e dominar o seu traçado, usando instrumentos como lápis, papel ou outros que os substituam.
Letramento 
É o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais.
Portanto, a aquisição dos dois processos não deve ser feita separadamente, eis aqui o grande dilema que reflete as diferenças entre os métodos utilizados em diferentes escolas. Escolas que apresentam uma proposta baseada em concepções sociointeracionistas procuram desenvolver um processo em que a aquisição da língua escrita não se resuma apenas à escrita de letras.
SOARES (1998, p.47) define: 
“alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita.”
Vygotsky destaca diretrizes para que a escrita se torne um instrumento de expressão e conhecimento do mundo para uma criança leitora e produtora de textos:
Que o ensino da escrita se apresente de modo que a criança sinta necessidade dela.
Que a escrita seja apresentada não como um ato motor, mas como uma atividade cultural complexa. (Só sai daí quando acabar de copiar!)
Que a necessidade de aprender e escrever seja natural, da mesma forma como a necessidade de falar.
Que ensinemos à criança a linguagem escrita e não as letras.
Obrigar as crianças a copiar letras sem oferecê-las o significado, além de ser uma atividade sem sentido, representa, em muitas ocasiões, adestramento. Com esse tipo de atitude ela aprende que o mais importante é aprender a obedecer, não importa para que finalidade. Atitudes como essa, além de não trazerem nenhum benefício,reforçam a ideia de uma criança heterônoma, aquela que aprende a obedecer pelo medo.
Esse ponto contradiz um dos objetivos importantes da educação infantil: a construção da autonomia, que significa criar possibilidades para que as crianças pensem sobre suas atitudes e tenham liberdade de escolher suas ações com responsabilidade, sem precisar de punições autoritárias para que isso aconteça.
Outro ponto importante é a respeito de quando iniciar o processo de aquisição da escrita. Segundo Mello, “Vygotsky defenderia o letramento para as crianças até 6 anos, e para as crianças entre 6 e 10 anos a alfabetização com letramento”.  Mas, surgem novas angústias:
Será que meu filho estará preparado para o ensino fundamental frequentando uma escola que favorece o brincar como atividade principal?
O brincar é uma atividade humana que por si mesma representa experiências associadas a nossa cultura, pois os brinquedos são objetos que imitam criações do homem na produção de instrumentos cotidianos como: ferro de passar, telefone, panela, fogão, carro, boneca e tantos outros.
Brincando as crianças podem representar papeis sociais e ações que na vida real não poderiam fazer, como fazer comida ou dirigir um carro. Esses são exemplos de atividades imaginárias baseadas em experiências reais que ajudam a criança a realizar pequenos ensaios sobre a realidade.
O letramento deve ser pensado como uma atividade que exige que a criança seja inserida em um processo cultural, em que ela domine símbolos e instrumentos de nossa sociedade. Nesse sentido, não precisamos temer atrasos hipotéticos em crianças que tenham brincado bastante durante o processo de aquisição da escrita, pois possivelmente são crianças que tiveram a oportunidade de pensar e participar ativamente desse processo, de ter suas ideias respeitadas e valorizadas e que acreditam em si mesmas como produtoras de conhecimento.
De acordo com Borba, é importante que façamos algumas perguntas para nós mesmos:
• Como podemos compreender a criança nas suas formas próprias de ser, pensar e agir? 
• Como vê-la como alguém que inquieta o nosso olhar, desloca nossos saberes e nos ajuda a enxergar o mundo e a nós mesmos?
• Como podemos ajudar a criança a se constituir como sujeito no mundo? 
• De que forma a compreensão sobre o significado do brincar na vida e na constituição dos sujeitos situa o papel dos adultos e da escola na relação com as crianças e os adolescentes?
ARROYO (1994, p. 91) afirma que:
“Há uma superalfabetização e matematização de nossas crianças. Nossa escola superestima o domínio da linguagem escrita porque esquece outras linguagens. Esquece outras dimensões. O teatro não é valido só enquanto ajuda a decorar textos ou coisas parecidas. O teatro faz parte da história da humanidade. Faz parte de nossa construção tanto quanto pela leitura para um dia ler e inserir-nos na sociedade.“
É importante destacar que pesquisas realizadas em diversos países demonstram que meninos e meninas que desde cedo escutam histórias lidas e/ou contadas por adultos, ou que brincam de ler e escrever (quando ainda não dominam o sistema de escrita alfabetizada), adquirem um conhecimento sobre a linguagem escrita e sobre os usos dos diferentes gêneros textuais, antes mesmo de estarem alfabetizadas.
Você entenderá agora como deve ser conduzido o processo de avaliação na educação infantil.
Este deverá representar um reflexo da forma como todos os conteúdos são construídos com as crianças de forma descontraída e prazerosa, garantindo o interesse da criança a todos os assuntos que lhes são oferecidos. A avaliação não tem o objetivo de aprovar ou reprovar a criança. Ela representa um momento de trabalhar a auto-estima e valorizar os avanços. Uma criança precisa aprender sobre si mesma que ela é capaz, tem boas ideias, faz bons desenhos, conta boas histórias e pode contribuir com o mundo adulto oferecendo seu conhecimento já conquistado. Essa base segura favorecerá o movimento da criança na busca do conhecimento, que é fundamental que seja assimilado por ela sempre como uma aventura cheia de prazer e novas possibilidades, inclusive em outros períodos da vida.
Segundo a LDB (Lei 9394/96, artigo 31):
“Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.”
Outro aspecto importante é que um processo avaliativo deve representar uma avaliação que não fique restrita apenas as crianças, mas que envolva todos os personagens ativos na tarefa de auxiliar a educação delas. Portanto, significa incluir a família e os educadores.
A inclusão desses personagens é fundamental, pois considerando que uma criança é um ser em desenvolvimento, sozinha ela não conseguirá conquistar com qualidade novas etapas. Será necessário que ela esteja “acompanhada”, ou seja, “estar em companhia” significa ter um olhar atento de um adulto que auxilia e observa os progressos conquistados pela criança, seja na creche ou em casa.
Para que tal tarefa seja realizada, é necessário verificar as relações diárias da criança com o mundo e perceber suas conquistas, oferecendo desafios que apresentem sentido aos seus questionamentos e hipóteses a partir de seus interesses. Portanto, a parceria da família com a instituição é fundamental.
Por esse motivo a avaliação não poderá se restringir apenas a criança, mas também exigirá uma reflexão da participação dos envolvidos durante esse processo.
Uma instituição infantil de qualidade deverá deixar claro para a família aspectos fundamentais relacionados a construção de sua proposta pedagógica:
Quais os objetivos da educação infantil?
Como é realizado o processo avaliativo?
Qual a criança que pretende ajudar a formar?
É oportuno reafirmar que a educação infantil tem um fim em si mesma e não deve representar preparação para o ensino fundamental. Atualmente, vivemos em uma sociedade cada vez mais adultizada em que o tempo da infância corre o risco de deixar de existir. Considerada aqui como um conceito social necessário para criar possibilidades para que a criança possa vivenciar as necessidades específicas desse período da vida.
Para que a criança possa viver uma infância plena é fundamental garantir aspectos que a própria sociedade roubou da criança, como por exemplo a redução ou inexistência de espaço e tempo para a brincadeira livre e em grupo, aspectos importantes que provavelmente fizeram parte da infância de muitas pessoas adultas.
É importante garantir a possibilidade de oferecer às crianças “coisas de criança” para que possam expressar seus pensamentos e suas ações assimilando o mundo que vivem em doses gradativas e toleráveis, pois a pressa poderá representar ausência de determinados aspectos que serão necessários para as novas etapas.
Já existiu uma época em que crianças e adultos compartilhavam das mesmas atividades e tinham tarefas semelhantes, sem muita diferenciação. É essencial colocar atenção a esse aspecto, pois em um momento histórico com as características da nossa sociedade – tecnologia (internet, jogos eletrônicos), reorganização da família nuclear, falta de tempo para interações diárias, adulto e crianças tendo acesso as mesmas informações – existe o risco de termos crianças com suas infâncias roubadas, onde “coisa de criança” deixe de existir, fazendo com que elas sejam tratadas como miniaturas de adulto.
A educação infantil deve garantir, além de outros aspectos, que a criança seja tratada como criança e tenha direito ao ócio para organizar suas ideias e testar suas hipóteses através da atividade principal da infância, a brincadeira.
A brincadeira irá garantir formas de expressão, assimilação do mundo real, desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, criando possibilidades para que a criança tenha uma base segura que lhe possibilitará dar grandes saltos na direção de um equilíbrio emocional possibilitando um acesso de qualidade ao mundo em que vive.
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