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4. Inquérito Policial

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INQUÉRITO POLICIAL
Conceito
	Inquérito policial é um procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, consistente num conjunto de diligências objetivando a colheita de elementos de formação quanto à autoria e materialidade do delito, a fim de que o titular da Ação Penal possa ingressar em juízo.
2. Natureza Jurídica
É procedimento administrativo, pois dele não resulta a imposição imediata de sanção, bem como não se garante o contraditório e a ampla defesa, pois o investigado não é, como regra, sujeito de direitos, e sim objeto de investigação.. 
	Eventuais vícios constantes do inquérito policial não tem o condão de causar nulidade do processo, salvo em se tratando de prova ilícita.
3. Finalidade
É a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade do delito, objetivando dar subsídio à uma eventual acusação. 
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Obs. A reforma do CPP em 2008 alterou a terminologia, distinguindo o termo “provas” e “elementos de informação”. 
	Prova
	Elementos de Informação
	
Em regra, é aquilo produzido na fase judicial (salvo provas antecipadas, cautelares, não repetíveis – ex. exame de corpo de delito e escuta telefônicas);
É obrigatória a observância do contraditório e ampla defesa;
Princípio da Identidade Física do Juiz: o juiz que acompanhou a instrução deve, em regra, proferir a sentença (Art. 399, §2º, CPP);
Provas cautelares: são aquelas em que existe um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo. Podem ser produzidas na fase investigatória ou judicial.
O contraditório é diferido;
Provas não repetíveis: é aquela que não tem como ser novamente produzida em virtude do desaparecimento da fonte probatória. 
Ex. Exame pericial em crimes cujos vestígios podem desaparecer (lesão corporal);
O Contraditório é diferido;
Pode ser produzido na fase investigatória ou judicial;
Prova Antecipada: é aquela produzida com observância do contraditório real, perante a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância (Art. 225, CPP). 
Pode ser produzido na fase investigatória ou judicial;
Ex. Colheita de depoimento de testemunha com risco de morte.
	
São aqueles colhidos na fase investigatória;
Não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa;
O Juiz somente deve atuar quando provocado, funcionando como garante das regras do jogo e não maculando sua imparcialidade;
- Finalidade: a) auxiliar na formação da convicção do titular da Ação Penal (opinio delicti); b) subsidiar a decretação de medidas cautelares;
- “Exclusivamente”: elementos informativos isoladamente considerados não podem fundamentar uma condenação. Porém, não devem ser completamente desprezados, podendo se somar a prova produzida em juízo para formar a convicção do magistrado. (RE 425734, STF). 
	Quando se dá o contraditório em provas cautelares?
	
Quanto às provas cautelares, o contraditório é diferido, também denominado de postergado, ocorrendo após a produção da prova. 
4. Atribuição para a presidência do Inquérito Policial
A cargo da autoridade policial (art. 144 da CRFB/88).
Crime Militar:
Competência da Justiça Militar da União – Será instaurado um inquérito policial militar que ficará a cargo de um Oficial Militar chamado de Encarregado;
Competência da Justiça Militar dos Estados – Será instaurado um I.P.M. a cargo também de um encarregado;
Crimes Federais:
É investigado pela polícia federal (art. 144, I, CRFB/88)
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
        I - polícia federal;
Crimes Eleitorais:
Em regra, é investigado pela Polícia Federal.
Obs. O TSE entende que, não havendo polícia federal na cidade, poderá a Polícia Civil assumir as investigações de crimes eleitorais. 
Crimes Comuns:
Competência da Justiça Estadual – Será investigado pela polícia civil estadual ou investigado pela polícia federal (art. 144, §1º, I, in fine). 
        [...]
        § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
        I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
Obs. A Lei 10.446/2002, tratou de regulamentar esta atuação da polícia federal quando o crime tenha repercussão interestadual como se observa do Art. 1º. – crimes de competência da JF que tenham repercussão interestadual ou internacional encerram:
Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990); e
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.
Um bom exemplo de crime que pode se sujeitar a esta forma de investigação é a Fraude (estelionato) cometido através da Internet, cujo processo e julgamento, é de competência da Justiça Estadual, mas que pode ser investigada pela Justiça Federal
4.1. A possibilidade do Ministério Público realizar investigação criminal.
	O tema é, sem dúvida, ainda controvertido tanto na doutrina quanto na jurisprudência estando ainda indefinida a questão até o presente momento, inclusive no ambito do Supremo Tribunal Federal. Segundo Guilherne de souza Nucci: “A Constituição Federal foi clara ao estabelecer as funções da polícia federal e civil para investigar e servir de órgão auxiliar do Poder Judiciário. Daí o nome polícia judiciária na atribuição de apurar a ocorrência e a autoria de crimes e contravenções penais (art. 144, CF)”, sobre o tema o autor ainda afirma: 
	Ao Ministério Público foi reservada a titularidade da ação penal, ou seja, a exclusividade no seu ajuizamento (art. 129, I, CRFB), salvo o excepcional caso reservado à víti​ma, quando a ação penal não for intentada no prazo legal (art. 5.°, LIX, CRFB). Note-se, ainda, que o art. 129, inciso III, da Constituição Federal, prevê a possibilidade do pro​motor elaborar inquérito civil, mas jamais inquérito policial. Entretanto, para aparelhar convenientemente o órgão acusatório oficial do Estado, atribuiu-se ao Ministério Públi​co o poder de expedir notificações nos procedimentosadministrativos de sua compe​tência, requisitando informações e documentos (o que ocorre no inquérito civil ou em algum processo administrativo que apure infração funcional de membro ou funcionário da instituição, por exemplo), a possibilidade de exercer o controle externo da atividade policial (o que não significa a substituição da presidência da investigação, conferida ao delegado de carreira), o poder de requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial (o que demonstra não ter atribuição para instaurar o inquérito e, sim, para requisitar a sua formação pelo órgão competente).
	Enfim, ao Ministério Público cabe, tomando ciência da prática de um delito, requi​sitar a instauração da investigação pela polícia judiciária, controlar todo o desenvolvi​mento da persecução investigatória, requisitar diligências e, ao final, formar sua opi​nião, optando por denunciar ou não eventual pessoa apontada como autora. O que não lhe é constitucionalmente assegurado é produzir, sozinho, a investigação, denunciando a seguir quem considerar autor de infração penal, excluindo, integralmente, a polícia judiciária e, conseqüentemente, a fiscalização salutar do juiz. 
	Maurício Henrique Guimarães Pereira acrescenta que a investigação criminal conduzida exclusivamente pelo representante do Ministério Público provoca o desequi​líbrio das partes no eventual futuro processo, afinal, importantes provas são produzi​das nessa fase, como as periciais e a busca e apreensão, não mais repetidas sob o cri​vo do contraditório. Melhor, então, manter o delegado à frente da investigação, pois ele não será parte na relação processual (Habeas corpus e polícia judiciária, p. 208). 
	O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou da seguinte forma: “A requisição de di​ligências investigatórias de que cuida o art. 129, VIII, CF, deve dirigir-se à autoridade policial, não se compreendendo o poder de investigação do Ministério Público fora da excepcional previsão da ação civil pública (art. 129, III, CF). De outro modo, haveria uma Polícia Judiciária paralela, o que não combina com a regra do art. 129, VIII, CF, segundo a qual o MP deve exercer, conforme lei complementar, o controle externo da atividade policial” (RE 205.473-AL 2.a T., rel. Carlos Velloso, 15.2.1998, v. u., RTJ 173/640). 
	Em posição contrária, entretanto, encontram-se decisões proferidas por vários tribunais pátrios, inclusive pelo Superior Tribunal de Justiça, a saber: “Tem-se como válidos os atos investigatórios realizados pelo Ministério Público, que pode requisitar esclareci​mentos ou diligenciar diretamente, visando à instrução de seus procedimentos administrativos, para fins de oferecimento de peça acusatória. (...) A atuação do órgão minis​terial não é vinculada à existência do procedimento investigatório policial - o qual pode ser eventualmente dispensado para a proposição da acusação” (RHC 8106-DF, 5.aT., rel. Gilson Dipp, 03.04.2001, v. u., DJ 04.06.2001, p. 186).
	A doutrina e jurisprudência majoritária vinham reconhecendo a legitimidade do MP Estadual para proceder investigações e diligencias visando a propositura da ação penal, sob o fundamento de que se o MP pode o mais – oferecer ação penal –, deduz-se que, também, pode o menos (colher provas) - RT 651/313 e JTAERGS 79/128, STJ (RHC 12208/SP, julg. 19/03/02, DJU 22/04/02). 
	Contudo, o STF por meio de sua 1ª Turma em julgamento de 06.05.2003, HC 81.326, decidiu que o Ministério Público não pode instaurar IP ou Procedimento Investigatório Criminal Supletivo, por absoluta falta de previsão constitucional e legal. É que o art. 26, IV, da Lei 8.625/93 e art. 129, VIII, da CF/88, não deram ao MP a atribuição para instaurar IP ou investigar crimes, permitindo apenas que requisite diligências investigatórias ou a instauração de IP, sendo que a Constituição Federal é expressa ao dispor que incumbem às polícias federal e civil as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais (art. 144, §§ 1º e 4º). Ressalte-se, ainda, que nos termos do art. 9° da LC 75/93, o controle externo da atividade policial não autoriza ao Ministério Público exercer atividade investigatória.
	Do que foi dito até então poderia se afirmar que a posição do Supremo com os julgados citados, tanto da primeira como da segunda turma, seria no sentido de negar ao Ministério Público os poderes investigatórios típicos das autoridades policiais, ou seja, a presidência do inquérito policia. Todavia em outra oportunidade a 2ª Turma do STF exarou posição diferente no sentido de ter o MP poderes investigatórios, conforme se extrai do Informativo n. 538 do período de 9 a 13 de março de 2009. Vejamos:
Informativo STF 
Brasília, 09 a 13 de março de 2009 - Nº 538.
 SEGUNDA TURMA
Ministério Público e Poder Investigatório - 1
A Turma indeferiu habeas corpus em que acusados por denunciação caluniosa (CP, art. 339, § 2º) pleiteavam o trancamento da ação penal sob os seguintes argumentos: a) falta de justa causa, na medida em que as condutas atribuídas aos pacientes teriam sido realizadas sob o cumprimento de ordem hierárquica superior, b) ilegalidade da denúncia fundada em depoimentos colhidos pelo Ministério Público e c) impossibilidade de oferecimento da denúncia pelo mesmo promotor de justiça que colhera os depoimentos. Assentou-se que o pleito, no que tange à alegada falta de justa causa, não mereceria ser acolhido, pois ultrapassaria os estreitos limites do writ, por envolver, necessariamente, reexame do conjunto fático-probatório. 
HC 91661/PE, rel. Min. Ellen Gracie, 10.3.2009. (HC-91661)
Ministério Público e Poder Investigatório - 2
Relativamente à possibilidade de o Ministério Público promover procedimento administrativo de cunho investigatório, asseverou-se, não obstante a inexistência de um posicionamento do Pleno do STF a esse respeito, ser perfeitamente possível que o órgão ministerial promova a colheita de determinados elementos de prova que demonstrem a existência da autoria e da materialidade de determinado delito. Entendeu-se que tal conduta não significaria retirar da Polícia Judiciária as atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas harmonizar as normas constitucionais (artigos 129 e 144), de modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos, mas também a formação da opinio delicti. Ressaltou-se que o art. 129, I, da CF atribui ao parquet a privatividade na promoção da ação penal pública, bem como, a seu turno, o Código de Processo Penal estabelece que o inquérito policial é dispensável, já que o Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de informação que concretizem justa causa para a denúncia. Aduziu-se que é princípio basilar da hermenêutica constitucional o dos poderes implícitos, segundo o qual, quando a Constituição Federal concede os fins, dá os meios. Destarte, se a atividade-fim — promoção da ação penal pública — foi outorgada ao parquet em foro de privatividade, é inconcebível não lhe oportunizar a colheita de prova para tanto, já que o CPP autoriza que peças de informação embasem a denúncia. Considerou-se, ainda, que, no presente caso, os delitos descritos na denúncia teriam sido praticados por policiais, o que, também, justificaria a colheita dos depoimentos das vítimas pelo Ministério Público. Observou-se, outrossim, que, pelo que consta dos autos, a denúncia também fora lastreada em documentos (termos circunstanciados) e em depoimentos prestados por ocasião das audiências preliminares realizadas no juizado especial criminal de origem. Por fim, concluiu-se não haver óbice legal para que o mesmo membro do parquet que tenha tomado conhecimento de fatos em tese delituosos — ainda que por meio de oitiva de testemunhas — ofereça denúncia em relação a eles. HC 91661/PE, rel. Min. Ellen Gracie, 10.3.2009. (HC-91661).
	Mais recentemente o STF, novamente por sua segunda turma, voltou a afirmar o poder investigatório do MP conforme se vê de seu Informativo n. 568, que transcrevemos:
InformativoSTF 
Brasília, 19 a 23 de outubro de 2009 - Nº 564.
 SEGUNDA TURMA
Ministério Público e Poder Investigatório - 1
O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, pelos agentes de tal órgão, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos os advogados, sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado Democrático de Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos praticados pelos promotores de justiça e procuradores da república. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que se alegava a nulidade de ação penal promovida com fulcro em procedimento investigatório instaurado exclusivamente pelo Ministério Público e que culminara na condenação do paciente, delegado de polícia, pela prática do crime de tortura. HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837)
Ministério Público e Poder Investigatório - 2
Inicialmente, asseverou-se que não estaria em discussão, por indisputável, a afirmativa de que o exercício das funções inerentes à Polícia Judiciária competiria, ordinariamente, às Polícias Civil e Federal (CF, art. 144, § 1º, IV e § 4º), com exceção das atividades concernentes à apuração de delitos militares. Esclareceu-se que isso significaria que os inquéritos policiais — nos quais se consubstanciam, instrumentalmente, as investigações penais promovidas pela Polícia Judiciária — serão dirigidos e presididos por autoridade policial competente, e por esta, apenas (CPP, art. 4º, caput). Enfatizou-se, contudo, que essa especial regra de competência não impediria que o Ministério Público, que é o dominus litis — e desde que indique os fundamentos jurídicos legitimadores de suas manifestações — determinasse a abertura de inquéritos policiais, ou, então, requisitasse diligências investigatórias, em ordem a prover a investigação penal, conduzida pela Polícia Judiciária, com todos os elementos necessários ao esclarecimento da verdade real e essenciais à formação, por parte do representante do parquet, de sua opinio delicti. Consignou-se que a existência de inquérito policial não se revelaria imprescindível ao oferecimento da denúncia, podendo o Ministério Público, desde que disponha de elementos informativos para tanto, deduzir, em juízo, a pretensão punitiva do Estado. Observou-se que o órgão ministerial, ainda quando inexistente qualquer investigação penal promovida pela Polícia Judiciária, poderia, assim mesmo, fazer instaurar, validamente, a pertinente persecução criminal. HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837) 
Ministério Público e Poder Investigatório - 3
Em seguida, assinalou-se que a eventual intervenção do Ministério Público, no curso de inquéritos policiais, sempre presididos por autoridade policial competente, quando feita com o objetivo de complementar e de colaborar com a Polícia Judiciária, poderá caracterizar o legítimo exercício, por essa Instituição, do poder de controle externo que lhe foi constitucionalmente deferido sobre a atividade desenvolvida pela Polícia Judiciária. Tendo em conta o que exposto, reputou-se constitucionalmente lícito, ao parquet, promover, por autoridade própria, atos de investigação penal, respeitadas — não obstante a unilateralidade desse procedimento investigatório — as limitações que incidem sobre o Estado, em tema de persecução penal. Realçou-se que essa unilateralidade das investigações preparatórias da ação penal não autoriza o Ministério Público — tanto quanto a própria Polícia Judiciária — a desrespeitar as garantias jurídicas que assistem ao suspeito e ao indiciado, que não mais podem ser considerados meros objetos de investigação. Dessa forma, aduziu-se que o procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Público não interfere nem afeta o exercício, pela autoridade policial, de sua irrecusável condição de presidente do inquérito policial, de responsável pela condução das investigações penais na fase pré-processual da persecutio criminis e do desempenho dos encargos típicos inerentes à função de Polícia Judiciária. HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837)
Ministério Público e Poder Investigatório - 4 
Ponderou-se que a outorga de poderes explícitos, ao Ministério Público (CF, art. 129, I, VI, VII, VIII e IX), supõe que se reconheça, ainda que por implicitude, aos membros dessa instituição, a titularidade de meios destinados a viabilizar a adoção de medidas vocacionadas a conferir real efetividade às suas atribuições, permitindo, assim, que se confira efetividade aos fins constitucionalmente reconhecidos ao Ministério Público (teoria dos poderes implícitos). Não fora assim, e desde que adotada, na espécie, uma indevida perspectiva reducionista, esvaziar-se-iam, por completo, as atribuições constitucionais expressamente concedidas ao Ministério Público em sede de persecução penal, tanto em sua fase judicial quanto em seu momento pré-processual. Afastou-se, de outro lado, qualquer alegação de que o reconhecimento do poder investigatório do Ministério Público poderia frustrar, comprometer ou afetar a garantia do contraditório estabelecida em favor da pessoa investigada. Nesse sentido, salientou-se que, mesmo quando conduzida, unilateralmente, pelo Ministério Público, a investigação penal não legitimaria qualquer condenação criminal, se os elementos de convicção nela produzidos — porém não reproduzidos em juízo, sob a garantia do contraditório — fossem os únicos dados probatórios existentes contra a pessoa investigada, o que afastaria a objeção de que a investigação penal, quando realizada pelo Ministério Público, poderia comprometer o exercício do direito de defesa. Advertiu-se, por fim, que à semelhança do que se registra no inquérito policial, o procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Público deverá conter todas as peças, termos de declarações ou depoimentos e laudos periciais que tenham sido coligidos e realizados no curso da investigação, não podendo o membro do parquet sonegar, selecionar ou deixar de juntar, aos autos, qualquer desses elementos de informação, cujo conteúdo, por se referir ao objeto da apuração penal, deve ser tornado acessível à pessoa sob investigação. HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837)
	Sobre a teoria dos poderes implícitos, invocada no julgado acima transcrito se deve anotar uma crítica muito pertinente, qual seja, de que o IP é um procedimento administrativo, e no âmbito do direito administrativo vigora o princípio da estrita legalidade, portanto não há que se falar em poderes implícitos, pois a lei deveria conferir de forma expressa a atribuição de poder investigatório ao MP inclusive quanto a presidir o Inquérito Policial sob pena de ilegalidade da investigação por abuso de poder. A questão está para ser decidida no Pleno do STF, com o julgamento do Inq. 1.968/DF, onde o relator, Min. Marco Aurélio, em 15.10.2003, rejeitou a denúncia ofertada pelo Ministério Público pelo fato de que esta tinha por fundamento fatos apurados através de investigação criminal conduzida pelo próprio órgão, o que seria defeso pela CF que concedeu o monopólio da investigação criminal à Polícia Judiciária, a quem deveria ser requisitadas diligências investigatórias. Entendimento esse que foi acompanhado pelo Min. Nelson Jobim (que não é mais ministro do STF), tendo, nessa ocasião, o Min. Joaquim Barbosa solicitado vista dos autos. Em 01.09.2004, retomando o julgamento em plenário, o Min. Joaquim Barbosa inaugurou dissidência ao entendimento do relator, decidindo pelo recebimento da exordial acusatória sob o fundamento de que o Ministério Público tinha “competência” para instaurar procedimento investigativo sobre questão que envolva interesses difusos e coletivos, e que essa atribuição decorre não da natureza do ato punitivo que resulta da investigação, mas do fato a ser investigadosobre bens jurídicos cuja proteção a CF lhe conferiu. Sustentou ainda que a outorga constitucional, ao parquet, da titularidade da ação penal implicaria a dos meios necessários ao alcance do seu múnus (tese do reconhecimento dos poderes implícitos), estando, esses meios, previstos constitucional (CF, art. 129, IX) e legalmente (LC 75/93, art. 8º, V; Lei 8.625/93, art. 26). Asseverou, finalmente, que, embora o Ministério Público não possua competência para presidir o inquérito policial, de monopólio da polícia, a elucidação dos crimes não se esgotaria nesse âmbito, podendo ser efetivada por vários órgãos no sentido de combater uma série de condutas criminosas. Esse entendimento foi, naquela sessão, acompanhado pelos Ministros Eros Grau e Carlos Britto, sendo que o Min. Cézar Peluso pediu vista dos autos e o mesmo não retornou à julgamento até a presente data (20.07.05). Contudo prevalece o entendimento esposado no HC 84.367/RJ, relatado pelo Min. Carlos Britto, em 09.11.2004, onde se admite a possibilidade da denúncia ter por fundamento elementos colhidos em sede de Inquérito Civil, cuja competência investigativa é conferida ao MP pela Constituição: “Caso em que os fatos que basearam a inicial acusatória emergiram durante o Inquérito Civil, não caracterizando investigação criminal, como quer sustentar a impetração. A validade da denúncia nesses casos, proveniente de elementos colhidos em Inquérito Civil, se impõe, até porque jamais se discutiu a competência investigativa do 
	Ademais resta, ainda, observar que segundo a Súmula 234 do STJ “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
5. Características do Inquérito Policial
Peças escritas (art. 9º, CPP):
Art. 9o. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
	Admite-se a realização do inquérito policial mediante gravação de áudio, vídeo etc.?
	
O Art. 405, CPP, apesar de tratar de procedimento judicial, sua redação, dada pela lei 11.719/2008, vem corroborar e influir no sentido de se não limitar o inquérito a peças escritas (art. 9º, CPP), dispondo sobre o uso de recursos de gravação, inclusive audiovisual, a fim de se proceder à colheita de provas, porquanto é possível o uso de tais tecnologias na faze investigatória.   
Art. 405.  Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o  Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
O Inquérito é peça dispensável: Se o titular da Ação Penal contar com elementos de informação a partir de peças de informação distintas poderá dispensar o inquérito policial. 
Observação. Ocorre que do ponto de vista da autoridade policial a característica que se observa é a da Indisponibilidade já que nos termos do art. 17 do CPP a autoridade policial não pode dispor do IP, pois a autoridade policial não pode arquivar o IP, esta é uma decisão proferida pelo judiciário mediante requerimento do MP. Cumpre observar ainda que o art. 69 da Lei 9.099/95 dispensou o IP substituindo-o pelo Termo Circunstanciado de Ocorrência - TCO.
O Inquérito é peça sigilosa: O elemento da surpresa é característica fundamental para assegurar a eficácia das investigações, razão pela qual o art. 20 do CPP autoriza que a autoridade policial possa determinar que o curso das investigações corra em sigilo, salvo nos limites impostos pela própria lei. Quanto ao acesso aos Autos pela defesa do acusado é importante destacar:
(Art. 5º, LXIII, CF/88):
Art. 5º, LXIII - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
Art. 7º, XIV, Estatuto da OAB:
Art. 7º São direitos do advogado:
[...] 
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;
Súmula Vinculante n. 14:
Súmula Vinculante n. 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”
	O sigilo e as Comissões Parlamentares de Inquérito
	Torna-se irrefutável a afirmativa de que é direito do investigado de se fazer acompanhar por seu defensor e ter acesso aos autos da investigação, constituindo uma prerrogativa do advogado, principalmente quando analisamos o disposto no art. 3.°, § 2.°, da Lei 1.579/52 (que trata das Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs, modificada pela Lei 10.679/2003): “O depoente poderá fazer-se acom​panhar de advogado, ainda que em reunião secreta” (grifo nosso). O dispositivo cita​do cuida da formação e atuação da Comissão Parlamentar de Inquérito, cujos membros podem exercer suas atividades em sessão secreta, mas jamais excluindo o direito do investigado de se fazer acompanhar de seu advogado. Regis​tremos que a CPI tem poderes investigatórios típicos do juiz (art. 58, § 3.°, CRFB), logo, maiores que os da autoridade policial, porém não idênticos a de um juiz ou tribunal pois existe a clausula de reserva jurisdicional, motivo pelo qual, com maior razão, não poderá o delegado determinar o afastamento do defensor do acompanhamento da produção da prova na fase inquisitorial, a pretexto de manter o sigilo da investigação, embora possamos criticar a redação daquele dispositivo constitucional uma vez que pelo sistema do processo penal acusatório sabemos que juiz não investiga,ou pelo menos não deveria investigar.
Desta forma o Advogado tem como prerrogativa funcional o direito de acesso às diligências já realizadas e documentadas pela autoridade policial, mas não àquelas diligências em andamento. 
	Qual(ais) medida(s) cabível(eis) quando a defesa é impedida de ter acesso aos autos de modo arbitrário?
	
A proibição de acesso dos autos à defesa, violando as disposições constitucionais e direitos do advogado como defensor (art. 5º, LXIII e art. 7º, XIX, Estatuto da OAB), bem como inobservância à Súmula Vinculante n. 14, permite lançar-se mão da Reclamação Constitucional junto ao STF; ou, ainda, de instrumentos mais céleres, como o Mandado de Segurança, impetrado em nome do próprio advogado como defensor do acusado; ou o Habeas Corpus em nome do preso - desde que haja previsão de pena privativa de liberdade, o que será perfeitamente cabível, pois visa garantir a liberdade ambulatorial (Súmula 693, STF): “não cabe ‘habeas corpus’ contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.”
É procedimento inquisitorial: Não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa. O caráter inquisitivo do inquérito policial faz com que seja impossível dar ao investigado o direito de defesa, pois ele não está sendo acusado de nada, mas, sim sendo objeto de investigação. O caráter inquisitório dá a autoridade policial a discricionariedade de iniciar as investigações da forma que melhor lhe aprouver. Por isto o inquérito é de forma livre. O aspecto mais marcante de ser o inquérito policial inquisitorial e a falta do contraditório. Admitindo a possibilidade de defesa na fase inquisitoiral, claro que em posição extremamente minoritária na doutrina, está o pensamento de Marta Saad� que afirma:
“se não se mostra apropriado falar em contraditório no cursodo inquérito policial, seja porque não há acusação formal, seja porque, na opinião de alguns, sequer há procedimento, não se pode afirmar que não se admite o exercício do direito de defesa, porque esta tem lugar ‘em todos os crimes e em qualquer tempo, e estado da causa’, e se trata de oposição ou resistência à imputação informal, pela ocorrência de lesão ou ameaça de lesão”.
Obs. O inquérito para expulsão do estrangeiro (lei 6.815/80) é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa. 
O Inquérito Policial é discricionário: O inquérito é conduzindo de maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto como prescreve o art. 14 do CPP:
Art. 14, CPP. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Obs. O art. 6º e 7º, CPP, indica um roteiro para a condução do inquérito policial.
Obs. A Discricionariedade da autoridade policial exige uma conduta em conformidade com a Constituição e a lei. A discricionariedade não possui caráter absoluto, não podendo ser negada a realização de diligências que guardem relação com o fato delituoso (HC 69405, STJ). 
É um procedimento indisponível: A autoridade policial não pode arquivar inquérito policial – princípio da indisponibilidade (Art. 17, CPP):
Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
O inquérito policial é um procedimento temporário: De acordo com a maioria da doutrina, se o investigado está solto, o prazo do inquérito pode ser sucessivamente prorrogado. Com a E.C. n. 45/2004, Art. 5º, LXXVIII, CF/88, garantiu-se a todos “no âmbito judicial e administrativo, a duração razoável do processo”. 
6. Formas de Instauração do Inquérito Policial
6.1. Ação Penal Pública Incondicionada
	Há, basicamente, cinco modos de se dar início ao inquérito nos termos do art. 5° do Código de Processo Penal. São eles: 
a) De ofício (art. 5º, I, CPP) – Por conta do princípio da obrigatoriedade, tomando conhecimento da prática de um crime, a autoridade policial é obrigada a instaurar o inquérito mediante uma Portaria (peça inaugural). 
Requisição do Juiz ou Min. Público (art. 5º, II, CPP): Pode o juiz ou o promotor ou procurador da República no caso do MPF exigir que a investigação policial se realize, porque há provas suficientes da ocorrência do crime:
	Como fica a imparcialidade do juiz caso seja ele quem requisita de ofício o inquérito?
	
Em que pese a previsão legal nos termos do art. 5º, II, CPP, grande parte da doutrina entende que o juiz não deve requisitar a instauração do inquérito, a fim de que não se permita qualquer prejuízo à imparcialidade do juiz.
	Sendo a requisição do Min. Público para abertura de inquérito claramente arbitrária, qual a conduta da autoridade policial?
	
Se a requisição for abusiva e ilegal o delegado não é obrigado atendê-la, devendo encaminhar o fato ao órgão de correição do Min. Público.
Requerimento do ofendido ou de seu representante legal (art. 5°, II, segunda parte do CPP): Quando a pessoa que teve o bem jurídico lesado reclama a atuação da autoridade. Antes da instauração do inquérito, deverá a autoridade policial averiguar os fatos alegados pela vítima.
Obs. Caso haja o indeferimento, o CPP (art. 5º, §2º) prevê Recurso para o Chefe de Polícia (Secretário de Segurança Pública ou Delegado Geral ou Diretor da Polícia Civil ou Superintendente da Polícia Federal). Ou, ainda, poderá querer ao Min. Público para que requisite a abertura do inquérito.
Notícia oferecida por qualquer do povo (art. 5°, § 3° do CPP): Quando qualquer pessoa do povo leva ao conhecimento da autoridade policial a ocorrência de uma infração penal de iniciativa pública haverá Delatio Criminis, onde o delegado, verificada a procedência das informações, baixará portaria instaurando o inquérito policial. 
Auto de Prisão em Flagrante Delito – Nos termos do art. 8º do CPP o auto de prisão em flagrante (notitia criminis coercitiva) será a peça inaugural do Inquérito. No CPP Militar, o próprio auto de prisão em flagrante pode constituir o inquérito caso não haja necessidade de novas diligências:
Art. 27, CPPM. Se, por si só, fôr suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz competente, nos termos do art. 20. 
Obs. Se o inquérito policial foi instaurado por Portaria ou Auto de Prisão em Flagrante, a autoridade coatora é o delegado, devendo apreciar um eventual HC o juízo de 1ª instância. 
6.2 Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à Representação e Crimes de Ação Penal Privada
É obrigatório o prévio requerimento da vítima ou de seu representante legal no caso de crimes de ação penal privada e a representação no caso da ação penal pública condicionada.
	Nos termos do art. 5o, §4o do CPP o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
	A representação e sua concretização
	
Nesse caso, recebe a denominação de delatio criminis postulatória. A representação não precisa ser formal, vale dizer, concretizada por termo escrito e expresso nos autos do inquérito ou do flagrante. A jurisprudência tem aceitado, com razão, a representação informal, que é a manifestação da vontade do ofendido de ver investigado e processado o seu agressor sem que tenha manifes​tado por termo o seu intento. Destarte, em um depoimento, por exemplo, pode ficar clara a vontade da vítima de representar, razão pela qual pode a autoridade policial agir sem mais delongas. Não exige formalismo, bastando a manifestação de interesse da vítima (registrar B.O, submeteu-se a exame de corpo de delito, etc.).
	O requerimento do Ofendido (art. 5º, §5º do CPP) ou a Requisição da Autoridade Judiciária ou do Membro do Ministério Público deverá conter, nos termos do §1º do art. 5º do CPP, os seguintes requisitos, para que a investigação não seja utilizada de forma indiscriminada:
1º) A narração do fato, com todas as suas circustâncias;
2º) A individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
3º) A nomeação das testemunhas, com a indicação de sua profissão e residência.
7. Notitia Criminis
É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso.
Notitia Criminis Imediata ou Espontânea – Ocorre quando o delegado toma conhecimento do crime por meio de suas atividades rotineiras.
Notitia Criminis de Cognição Mediata ou Provocada – Ocorre quando o delegado toma conhecimento do crime por um expediente escrito (requerimento ou representação)
Notitia Criminis de Cognição Coercitiva – Ocorre quando o delegado toma conhecimento do crime mediante a apresentação de alguém preso em flagrante; 
7.1 Delatio Criminis
É uma espécie de notitia criminis, comunicado por qualquer do povo.
7.2 Notitia Criminis Inqualificada (Denúncia Anônima)
É a chamada denúncia anônima. 
	Pode-se instaurar o inquérito a partir de Denúncia Anônima?
	
Por si só, a denúncia anônima não serve para fundamentar a instauração de um inquérito policial. Porém, a partir dela pode a polícia realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações e então instaurar o inquérito. Vide HC 99490, STF). 
	Vejamos também recente julgado do STF onde o Ministro Celso de Mello analisou a questão da denúncia anônima conforme notícia estraida no site do STF:
Notícias STF 
Sexta-feira, 02 de Outubro de 2009 
Ministro Celso de Melloexamina questão da denúncia anônima nas investigações criminais
O ministro Celso de Mello do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do HC 100042, proferiu, hoje (2), decisão em que examina, à luz da doutrina e dos precedentes jurisprudenciais, a delicada questão referente à investigação penal provocada por delação anônima ou mediante cartas apócrifas.
Em sua decisão, o ministro Celso enfatizou que "as autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em escritos anônimos. É por essa razão que o escrito anônimo não autoriza, desde que isoladamente considerado, a imediata instauração de ´persecutio criminis`.
Assinalou ainda, por tal razão, que "peças apócrifas não podem ser formalmente incorporadas a procedimentos instaurados pelo Estado, salvo quando forem produzidas pelo acusado ou, ainda, quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de resgate no crime de extorsão mediante sequestro, ou como ocorre com cartas que evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou que corporifiquem o delito de ameaça ou que materializem o ´crimen falsi` (crimes de falsidades)".
Ele observou, no entanto, que "nada impede, contudo, que o Poder Público, provocado por delação anônima (disque-denúncia), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração da 'persecutio criminis', mantendo-se, assim, completa desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas".
Além disso, ao pronunciar-se sobre a questão do poder investigatório do Ministério Público, Celso de Mello reconheceu que "o Ministério Público, independentemente da prévia instauração de inquérito  policial, também pode formar a sua ´opinio delicti` com apoio em outros elementos de convicção – inclusive aqueles resultantes de atividade investigatória por ele próprio promovida - que evidenciem a materialidade do fato delituoso e a existência de indícios suficientes de autoria, desde que os dados informativos que dão suporte à acusação penal não derivem de documentos ou escritos anônimos nem os tenham como único fundamento causal".
Em razão dos fundamentos que expôs em sua decisão, mas sem prejuízo de futura discussão sobre a matéria, o ministro Celso indeferiu o pedido de medida cautelar formulado em favor dos pacientes.
8. Identificação Criminal
A identificação criminal envolve dois procedimentos de identificação:
A identificação fotográfica: Esta por si só não é suficiente, razão pela qual deve ser complementada;
A identificação datiloscópica: Colheita das impressões digitais. 
Antes da CRFB/88 a identificação criminal era a regra, ou seja, mesmo que a pessoa apresentasse seus documentos, ela poderia ser submetida a identificação criminal independentemente do crime praticado (Súmula 568 do STF). Depois da CRFB/88 esta súmula ficou ultrapassada por conta do art. 5º LVIII. Agora somente nos casos previstos em lei é que se poderá fazer a identificação criminal de uma pessoa.
	Discussão sobre a constitucionalidade da identificação criminal
	A Identificação Criminal é a colheita das impressões digitais e registro fotográfico do indiciado, objetivando a sua correta identificação, por se tratar de método científico e seguro. Ocorre que a Constituição Fe​deral, no art. 5.°, LVIII, preceituou que "o civilmente identificado não será submeti​do a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei". Trata-se de norma de indevida inserção na Carta Magna, que, à época da sua elaboração, teve por finalidade corrigir abusos cometidos durante a identificação criminal por conta da publicidade que se costumava dar ao fato de determinada pessoa - especialmente as conhecidas do grande público - ser criminalmente identificada, como se isso fosse desastroso e humilhante. A norma tem contorno de direito individual, unicamente porque o constituinte assim desejou (dispositivo apenas formalmente constitucional), mas não é matéria para constar em uma Constituição Federal. É certo que muitos policiais exorbitaram seus poderes e, ao invés de garan​tir ao indiciado uma colheita corriqueira do material datiloscópico, transformaram delegacias em lugares de acesso da imprensa, com direito à filmagem e fotos daquele que seria publicamente indiciado, surpreendido na famosa situação de "tocar piano”. Ora, por conta da má utilização do processo de identificação criminal, termi​nou-se inserindo na Constituição uma cláusula pétrea que somente problemas trou​xe, especialmente ao deixar de dar garantia ao processo penal de que se está acusan​do a pessoa certa. Bastaria, se esse era o desejo, que uma lei fosse editada, punindo severamente aqueles que abusassem do poder de indiciamento, especialmente dan​do publicidade indevida ao ato, para que se resolvesse o problema. Ao contrário dis​so, preferiu-se o método mais fácil, porém inconveniente: quem já possuísse identi​ficação civil não mais seria identificado criminalmente, gerando muitos erros judi​ciários, atualmente amplamente divulgados e comprovados, pois a subtração de documentos civis (RG) alheios tornou-se comum e criminosos passaram a apresen​tar aos delegados falsificações perfeitas, colocando em seus lugares, inocentes. Enfim, embora a Constituição tenha aberto a oportunidade de se prever a am​plitude da identificação criminal, mencionando que isso se daria ''nas hipóteses pre​vistas em lei", houve um lapso de doze anos para que, finalmente, a lei fosse editada com a entrada em vigor da Lei 10.054, de 7 de dezembro de 2000. vê-se que não seria necessário constar do texto constitucional tal dispositivo, bastando previsão do assunto em legislação infraconstitucional. Dispunha a referida lei que "o preso em flagrante delito, o indiciado em inquérito policial, aquele que pratica infração penal de menor gravidade (art. 61, caput, e parágrafo único do art. 69 da Lei 9.099. de 26 de setembro de 1995), assim como aqueles contra os quais tenha sido expedido mandado de prisão judicial, desde que não identificados civilmente, serão submetidos à identificação criminal, inclusive pelo processo datiloscópico e fotográfico" (art. 1.°). E preceitua, ainda, que "o civilmente identificado por documento original não será submetido à identificação criminal, exceto quando: I - estiver indiciado ou acusado pela prática de homicídio doloso, crimes contra o património praticados mediante violência ou grave ameaça, crime de receptação qualificada, crimes contra a liberdade sexual ou crime de falsificação de do​cumento público: II - houver fundada suspeita de falsificação ou adulteração do documento de identidade: III - o estado de conservação ou a distância tem​poral da expedição de documento apresentado impossibilite a completa identi​ficação dos caracteres essenciais; IV - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; V - houver registro de extravio do documento de identidade; VI - o indiciado ou acusado não comprovar, em 48 (quarenta e oito horas), sua identificação civil'' (cf. art. 3.°). Para con​ferir segurança, preceitua que "cópia do documento de identificação civil apresentada deverá ser mantida nos autos de prisão em flagrante, quando houver, e no inquérito policial, em quantidade de vias necessárias" (art. 4.°). Será, ainda, obri​gatoriamente, identificado datiloscopicamente o indiciado pela prática de crime organizado (art. 5.° da Lei 9.034/1995). Ademais a súmula n. 568 do STF define que “A identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente.” Corroborando a tese de que o preceito insculpido no art. 5º, LVIII da Constituição é norma apenas formalmente constitucional. Ademaiscumpre observar que a Lei n. 12.037 de 01 de outubro de 2009 revogou a lei 10.054/2000 nos termos do seu art. 9º, passando a regular toda a matérias pertinente a identificação criminal.
Quais são as lei que versam sobre a identificação criminal?
Lei 8.069/90 art. 109 possibilita a identificação criminal de adolescentes infratores;
Lei 9.034/95 art. 5º possibilita a identificação criminal de pessoas envolvidas com organização criminosa independentemente de sua identificação civil;
Lei 10.054/00 Era a lei específica que regulava a identificação criminal. O art. 3º desta lei estabelecia as situações em que se admitia a identificação criminal e o legislador listava crimes em que se admitiria a identificação criminal. 
Observação: Para o STJ (RHC 12965) como o art. 3º, I da Lei 10.054/00 não ressalvou a ação praticada por organizações criminosas, conclui-se que o art. 5º da lei 9.034/95 foi tacitamente revogado. 
Lei 12.037/09 é a nova lei que trata da identificação criminal, onde tem prevalecido que as demais leis estão tacitamente revogadas.
Ao contrário da lei 10.054/00, a lei 12.037/09 não trouxe previsão de identificação criminal quanto a um rol taxativo de delitos.
Na hipótese de arquivamento do inquérito policial ou em caso de absolvição, é possível que o interessado requeira a retirada da identificação fotográfica dos autos.
9. Incomunicabilidade do indiciado preso
O art. 21 do CPP estabelece que a incomunicabilidade pode ser determinada pelo juiz e terá o prazo de 3 dias. Porém será que este dispositivo é constitucional? Esse artigo 21 do CPP, segundo entendimento majoritário da doutrina, não foi recepcionado pela CRFB/88, pois a Constituição assegura de maneira expressa a assistência da família e do advogado. Outro argumento é que nem no próprio estado de defesa é possível a incomunicabilidade do preso (art. 136, §3º, IV da CRFB).
	O RDD caracteriza uma hipótese de incomunicabilidade?
	Para a maioria da doutrina o Regime Disciplinar Diferenciado é inconstitucional por violar entre outros preceitos constitucionais o princípio da dignidade da pessoa humana e a vedação a penas cruéis e degradantes. Mas para os tribunais superiores, o RDD não caracteriza hipótese de incomunicabilidade, inclusive os tribunais superiores tem validado o RDD. O que existe é uma maior restrição as visitas.
10. Indiciamento
O CPP não é claro em explicar o fenômeno do indiciamento. É a doutrina que vem explicando seu significado. Indiciar é atribuir à alguém a autoria de uma infração penal.
A nomenclatura adequada a ser atribuída ao que está submetido a persecução penal é: Investigado (quando investigado); indiciado (quando indiciado nos autos do inquérito); acusado ou denunciado (quando oferecida a denúncia); réu (quando recebida a denúncia ou quando condenado e ainda não tenha transitado em julgado) e condenado quando a sentença condenatória tenha transitado em julgado; e por fim reeducando (quando do cumprimento de sua pena).
10.1. Requisitos
	Indiciado é a pessoa eleita pelo Estado-investigação, dentro da sua convicção, como autora da infração penal. Ser indiciado, isto é, apontado como autor do crime pelos indícios colhidos no inquérito policial, implica um constrangimento natural, pois a folha de antecedentes receberá a informação, tornando-se permanente, ainda que o inquérito seja, posteriormente, arquivado. Assim, o indiciamento não é um ato discri​cionário da autoridade policial, devendo basear-se em provas suficientes para isso. Ensina Sérgio Marcos de Moraes Pitombo, sobre o indiciamento: "não há de surgir qual ato arbitrário da autoridade, mas legítimo. Não se funda, também, no uso de po​der discricionário, visto que inexiste a possibilidade legal de escolher entre indiciar ou não. A questão situa-se na legalidade do ato. O suspeito, sobre o qual se reuniu prova da autoria da infração, tem que ser indiciado. Já aquele que, contra si, possui frágeis indícios, ou outro meio de prova demasiadamente frágil, não pode ser indiciado. Mantém ele como é: suspeito. Em outras palavras, a pessoa suspeita da prática de infração pe​nal passa a figurar como indiciada, a contar do instante em que, no inquérito policial instaurado, se lhe verificou a probabilidade de ser o agente. 
10.2. Trancamento do inquérito policial 
	Admite-se que, valendo-se do habeas corpus, a pessoa eleita pela autori​dade policial como suspeita possa recorrer ao Judiciário para fazer cessar o cons​trangimento a que está exposto, pela mera instauração de investigação infunda​da. O inquérito é um mecanismo de exercício de poder estatal, valendo-se de inúmeros instrumentos que certamente podem constranger quem não mereça ser investigado. O indiciamento, como já se viu, é mais grave ainda, pois faz anotar, definitivamente, na folha de antecedentes do sujeito a suspeita de ter ele come​tido um delito. O que não pode ocorrer é a pessoa impetrar o habeas corpus simplesmente porque um fato está sendo investigado e em tese ela se apresenta como “possível” suspeita de sua autoria.
	Por tal razão, quando se perceber nítido abuso na instauração de um inquérito (por exemplo, por fato atípico) ou a condução das investigações na direção de deter​minada pessoa sem a menor base de prova, é cabível o trancamento da atividade persecutória do Estado. Entretanto, é hipótese excepcional, uma vez que investigar não significa processar, não exigindo, pois, justa causa e provas suficientes para tanto. Coíbe-se o abuso e não a atividade regular da polícia judiciária. É cabível, portanto, o habeas corpus, dirigido ao juiz de direito da Comarca, caso alguém se sinta injustamente convocado à delegacia para ser indiciado. Nessa hipótese, o magistrado pode fazer cessar a coação, se ilegal, impedindo o indiciamento ou mes​mo determinando o trancamento da investigação. É conduta excepcional, pois o Estado, não devemos esquecer, tem o dever de investigar toda e qualquer infração penal, razão pela qual so​mente em último caso obriga-se à cessação precoce do inquérito. Nessa hipótese, resta ao indiciado recorrer ao juiz, através do habeas corpus para fazer cessar os efeitos do indiciamento ou mesmo para trancar a investigação, se for o caso pela falta de justa causa nos termos do art. 648, I do CPP.
	O indiciamento exige a presença de elementos de informação quanto a autoria e materialidade do delito. Para os tribunais ausente elementos quanto a autoria e materialidade é possível a impetração de HC buscando o desindiciamento (STJ HC 43599):
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL. INDICIAMENTO. FALTA DE ELEMENTOS NECESSÁRIOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. O indiciamento configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de ser ouvido e de apresentar documentos. Ordem CONCEDIDA em parte, para possibilitar ao paciente que preste seus esclarecimentos acerca do fato, em termo de declaração; junte documentos e indique providências no caderno investigatório.
10.3. Espécies de indiciamento
a) indiciamento direito: Quando ele é feito na presença do investigado;
b) indiciamento indireto: Ocorre quando indiciado está ausente.
10.4. Motivação do indiciamento
	A lei não exige que a autoridade policial, providenciando o indiciamento do suspeito, esclareça nos autos do inquérito, as razões que a levaram àquela elei​ção. Todavia, como o indiciamento é ato constrangedor, poderia haver, realmente, exigência legal para a motivação do ato. Nesse sentido, confira-se o posiciona​mento de Mário Sérgio Sobrinho: 
"A legislação brasileira deveria evoluir, adotando a regra da explicitação das razões para a classificação do fato em determinado tipo penal, principalmente nos casos que possam resultar na desclassifica​ção de delitos punidos com penas mais elevadas para aqueles que cominem san​ções mais brandas, tais como homicídio doloso tentado e lesão corporal de natureza grave, ao mesmo tempo em quea lei deveria fixar a obrigatoriedade da moti​vação do ato de indiciamento. É inegável que o ato de indiciamento exige juízo de valor, o qual, nos meandros do inquérito policial, é exercitado pela autoridade policial que preside a investigação. Por isso, dever-se-ia exigir desta a explicitação de suas razões, ao determinar o indiciamento, as quais deveriam ser apresen​tadas no inquérito policial para que fossem conhecidas pelo indiciado e seu de​fensor, pelo órgão do Ministério Público e, quando necessário, pelos juizes e tri​bunais" (A identificação criminal, p. 100).
	Ainda sobre a necessidade de fundamentar o indiciamento discorre Guilherme de Souza Nucci:
“O indiciamento, como ato do Estado-investigação, elegendo formalmente alguém como suspeito e provocando a anotação da folha de antecedentes, é, sem dúvida, um constrangimento. Portanto, em seguimento ao princípio constitucional da presunção de inocência, deve-se observar que não pode ser um ato isolado e desprendido de funda​mento, nem tampouco fruto da discricionariedade da autoridade policial. Se o estado de inocência é a regra, qualquer exceção que se abra (prisão cautelar, quebra de sigilo ban​cário, fiscal ou telefónico, invasão domiciliar etc.), como ocorre com o indiciamento, exige lastro em provas mínimas de autoria, bem como de materialidade da infração penal.”
		Importante observar que o Projeto de Lei n. 4.209/2001 modificando a redação do art. 8º do CPP determona o obrigatoriedade da fundamentação do indiciamento do investigado pela autoridade policial. Conforme adverte Petrônio Calmon, membro da comissão autora do projeto: 
“O projeto mantém a figura do indiciamento. A princípio, o anteprojeto elaborado durante a primeira fase dos trabalhos da Comissão previa a abolição deste termo, substituindo-o por “suspeito”. As reações foram inúmeras, resolvendo a Comissão não insistir em uma modificação meramente terminológica, que não fazia parte dos seus escopos.
O investigado é aquele sobre quem recai alguma informação que indique ter tido alguma participação no fato ilícito. Caso a investigação leve a polícia a reunir elementos que indiquem a autoria de forma precisa, aquele que está sendo simplesmente investigado passa à condição de suspeito e, na dicção do código, indiciado.
O código fala em atribuir ao investigado, fudamentadamente, a condição de indiciado, qualificando-a de condição jurídica. Hoje em dia o indiciamento se tornou um ato de verdadeira imputação. É até comum a polícia iniciar a investigação informalmente e somente instaurar o inquérito quando entender que existem fundamentos para indiciar alguém. Além de irregular, pois deixa de atender ao comando legal para instauração imediata do inquérito, essa praxe tem significado verdadeiro terror para o “indiciado”, sobretudo porque vem sendo divulgada pela mídia como o ato que identifica o investigado como aquele que está sendo apontado pelo Estado como o autor do delito. Jamais concordei com essa circunstância e creio que a modificação introduzida pela Comissão é tímida o suficiente para deixar as coisas exatamente como estão hoje.”
10.5. Quem pode ser indiciado?
Qualquer pessoa pode ser indiciada? Em regra qualquer pessoa pode ser indiciada, porém excepcionalmente:
Os membros do MP não podem ser objetos de indiciamento, pois a Lei Orgânica do MP em seu art. 41 afirma ser uma prerrogativa destes agentes não serem indiciados em inquérito policial;
Os Magistrados não podem ser objeto de indiciamento. 
Os Senadores da República e todas as pessoas com prerrogativa de foro e de função não podem ser indiciados, segundo o STF (Inq. 2411), a não ser que haja autorização do próprio Supremo ou pelo foro competente.
	Vale destacar que determinadas autoridades (conforme será estudado no capítu​lo relativo à competência) detêm foro privilegiado, isto é, somente podem ser investi​gadas e processadas em determinados tribunais. Dessa forma, não pode a autoridade policial instaurar inquérito e colher provas diretamente. Caso durante uma investiga​ção qualquer a autoridade policial encontre indícios de participação de pessoa com prerrogativa de foro, deverá remeter os autos do inquérito ao juízo competente. Exemplos: Deputados e Se​nadores são processados no Supremo Tribunal Federal.
	O delegado não pode instau​rar inquérito contra essas autoridades sem a fiscalização e autorização do Pretório Excelso, com acompanhamento da Procuradoria Geral da República. Muitas vezes, tomando conhecimento da prática de crime de autoria de um deputado federal, o dele​gado envia os autos ao STF. A partir daí, o Ministro dessa Corte, encarregado de acom​panhar o caso (Relator), determina que a Polícia Federal realize diligências investigatórias, mas sob sua fiscalização direta, bem como do Ministério Público Federal.
10.6. O indiciado como objeto da investigação
	É a posição natural ocupada pelo indiciado durante o desenvolvimento do in​quérito policial. Não é ele, como no processo, sujeito de direitos, a ponto de poder requerer provas e, havendo indeferimento injustificado, apresentar recurso ao ór​gão jurisdicional superior. Não pode, no decorrer da investigação, exercitar o con​traditório, nem a ampla defesa, portanto. Deve acostumar-se ao sigilo do procedi​mento, não tendo acesso direto aos autos, mas somente através de seu advogado. Por isso, é considerado como objeto da investigação.
	É verdade que existe decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, apa​rentemente, em sentido contrário. Reproduzimos e comentamos: "A unilateralidade das investigações preparatórias da ação penal não autoriza a Polícia Judiciária a desrespeitar as garantias jurídicas que assistem ao indiciado, que não mais pode ser considerado mero objeto de investigações. O indiciado é sujeito de direitos e dispõe de garantias legais e constitucionais, cuja inobservância pelos agentes do Estado, além de eventualmente induzir-lhes a responsabilidade penal por abuso de poder, pode gerar a absoluta desvalia das provas ilicitamente obtidas no curso da investiga​ção policial" (HC 73.271 -SP, rel. Celso de Mello, citado em despacho no Inquérito 1.504-DF, rel. Celso de Mello, 17.06.1999, DJ 28.06.1999, p. 25). 
	Para Guilherme de Souza Nucci:
“O que nos parece tenha querido dizer o Ministro Celso de Mello é que há direi​tos e garantias individuais, aplicáveis à fase do inquérito policial, a todo suspeito ou indiciado. Assim, tem este o direito ao silêncio, merece ter a sua integridade física preservada, não pode ser submetido a qualquer procedimento vexatório (direito à imagem), pode constituir advogado para acompanhar a investigação, enfim, como pessoa que é, deve ter preservados seus direitos constitucionais. Isso não o transfor​ma em sujeito de direitos no contexto do procedimento investigatório e inquisitivo, na essência. Ao afirmar-se ser o indiciado objeto da investigação não significa dizer que ele é sujeito desprovido de direitos, isto é, uma coisa qualquer, no sentido inani​mado que o termo pode representar, mas tão-somente representa o valor de ser o suspeito o alvo da investigação produzida, sem que possa nesta interferir, como faz, regularmente, no processo penal instaurado.”
11. Conclusão do Inquérito Policial
	Como regra, há o prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito policial, na esfera estadual. Entretanto, em face do acúmulo de serviço, torna-se inviável o cum​primento do referido prazo, motivo pelo qual a autoridade policial costuma solicitar a dilação ao juiz, ouvindo-se o representante do Ministério Público. Em suma, quando o indiciado está solto, termina não existindo prazo certo para o término da investiga​ção, embora deva existir o controle judicial do que está sendo realizado pela polícia.
	Quando o indiciado está preso por conta de prisão temporária ou preventiva, deve ser cum​prido à risca o prazo de dez dias (art. 10, CPP), pois há restrição ao direito funda​mental à liberdade. Note-se que o decêndio é o mesmo tanto no caso de prisão em flagrante, quanto no momentoem que, durante a fase de investigação, representar a autoridade policial pela preventiva ou temporária, sendo uma destas deferida pelo magistrado. É impor​tante destacar que eventuais diligências complementares, eventualmente necessá​rias para a acusação, não são suficientes para interromper esse prazo de dez dias - ou outro qualquer estipulado em lei especial - devendo o juiz, se deferir a sua realização, determinando a remessa dos autos de volta à polícia, relaxar a prisão, colocando o suspeito em liberdade. Outra alternativa, evitando o relaxamento, é o ofereci​mento da denúncia pelo órgão acusatório, desde que haja elementos suficientes, com formação de autos suplementares do inquérito, retornando estes à delegacia para mais algumas diligências complementares.
	A jurisprudência tem admitido, no entanto, a compensação de prazo, quando evidenciado não ter havido prejuízo ao indivíduo preso. Portanto, se o delegado tem 10 dias para concluir o inquérito e o promotor, 5 dias para oferecer a denúncia, há um percurso necessário de 15 dias para a ação penal ter início. Logo, caso a autori​dade policial remeta o inquérito no 11° dia ao fórum, mas, em compensação o pro​motor denunciar no 12º dia, encontra-se um ganho de 3 dias, não se justificando, pois, a materialização de constrangimento ilegal. Parece-nos sensato o raciocínio, uma vez que o Estado-investigação e o Estado-acusação, juntos, possuem 15 dias para manter o réu preso, caso o juiz não o libere antes (através de liberdade provisó​ria), até que a ação penal comece.
11.1. Prazo para a conclusão do inquérito
	Analisando a legislação processual penal como um todo (CPP e Legislação Extravagante) é possível observar uma diversidade de prazos, de modo que temos:
No CPP (art. 10) – Se estabelece prazo para a conclusão do Inquérito Policial para indiciado preso (10 dias) e indiciado solto (30 dias) neste caso podendo ser prorrogado por mais 30 dias.
No âmbito da Justiça Federal a Lei 5.010/66 – O art. 66, traz o prazo de 15 dias para indiciado preso, podendo neste caso ser prorrogado por mais 15 dias. Em se tratando de indiciado solto será de 30 dias.
Art. 66: "O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz"
No CPPM – O art. 20, em sendo indiciado preso será de 20 dias e se o indiciado for solto será de 40 dias, podendo neste caso ser prorrogado por mais 20 dias.
Na lei 11.343/2006 – O art. 51, em sendo indiciado preso é de 30 dias podendo ser prorrogado por mais 30 dias. Em se tratando de indiciado solto é de 90 dias podendo ser prorrogado por mais 90 dias.
Na lei de economia popular Lei 1.521/51 – O art. 10, o prazo é de 10 dias se preso ou solto.
A lei de prisão temporária Lei 7.960/89 – Se estabelece um prazo de 5 dias podendo ser prorrogado por mais 5 dias, mas em se tratando de crimes hediondos e equiparados o prazo é de 30 dias podendo ser prorrogado por mais 30 dias.
Quando se tratar de crimes de competência originária dos tribunais (foro espe​cial por prerrogativa de função), cujo procedimento está previsto na Lei 8.038/90 – Estando o réu preso, o Ministério Público tem o prazo de 5 dias para oferecer denún​cia (art. 1 °, § 2°, a); caso esteja solto, o prazo é de 15 dias (art. 1.°, caput). Lembre​mos, ainda, que a Lei 8.658/1993 prevê (art. 1°) a aplicação dos arts. l° a 12 da Lei 8.038/1990 às ações penais de competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, e dos Tribunais Regionais Federais. 
	Quanto a prorrogação do prazo entende-se que só é possível quanto ao investigado solto. Quanto ao investigado preso a maioria da doutrina entende que este prazo não pode ser prorrogado. 
	Este prazo tem natureza penal ou processual penal? Quanto ao investigado solto esse prazo é um prazo processual, em se tratando de investigado preso há controvérsia na doutrina onde uma primeira corrente afirma ser um prazo penal (aplicando o art. 10 do CP) e uma segunda corrente que afirma ser processual.
11.2. Contagem dos prazos 
	Trata-se de norma processual penal material, que lida com o direito à liberda​de, logo, não deixa de ter cristalino fundo de direito material. Por isso, entendemos deva ser contado como se faz com qualquer prazo penal, nos termos do art. 10 do Código Penal, incluindo-se o primeiro dia (data da prisão) e excluindo o dia final. Assim, se alguém, por exemplo, for preso em flagrante no dia 10, tem a polícia judi​ciária até o dia 19, no final do expediente, para remeter o inquérito a juízo. Outra solução implicaria a dilação do prazo, como se fosse um simples prazo processual, situação inadmissível para quem se encontra cautelarmente detido.
	Não se usa, por óbvio, a contagem processual que prorroga o prazo vencendo em final de semana ou feriado para o dia útil subsequente, devendo a autoridade policial cuidar de antecipar a entrega dos autos à Vara competente, antes de adentrar data que prevê o fechamento do fórum, sob pena de configuração do constrangi​mento ilegal. Não se utiliza, tampouco, a prorrogação do início da contagem de um sábado, quando o sujeito foi preso em flagrante, para a segunda-feira, quando há expediente forense. O prazo, nesta hipótese, começa a contar no próprio sábado. Aliás, como bem ressalta Tourinho Filho, outro entendimento colocaria em choque a pri​são em flagrante e a prisão preventiva, pois esta última prevê, claramente, que o pra​zo começa a ser contado a partir do dia em que se executar a prisão (Código de Pro​cesso Penal comentado, v. 1, p. 52).
	Há posição em contrário, tanto na doutrina, quanto na jurisprudência. Os argu​mentos são, em síntese, os seguintes: "Esse entendimento não convence também porque: a uma, todos os prazos procedimentais, quando o réu está preso, também in​cidem obliquamente sobre sua liberdade e nem por isso são contados pelo direito penal; a duas, pode levá-lo à redução de dois dias, restando, portanto, somente oito, repetimos, oito dias para elaboração do inquérito policial, como aconteceria quan​do: a) a captura fosse efetuada nas últimas horas do dia, pelo que a lavratura do res​pectivo auto somente se iniciaria no dia imediato: b) a cidade onde o inquérito poli​cial fosse elaborado fosse razoavelmente distante da sede da comarca" (Maurício Henri​que Guimarães Pereira, Habeas corpus e polícia judiciária, p. 236-237).
	Sobre tais colocações, pode-se contrapor o seguinte: quanto ao fato de serem os prazos processuais contados, a teor do disposto no art. 798, § 1.°, do CPP, inclu​sive para o réu preso, nada mais correto, até porque cuida de prazo para que as partes se manifestem e que o juiz possa instruir o feito, logo, privilegia o contraditório e a ampla defesa, o que não ocorre com o prazo para o delegado, autoridade administra​tiva, terminar rapidamente investigação contra pessoa presa, sem que tenha havido ajuizamento de ação penal. A prisão decorrente de flagrante obriga o término da investigação em dez dias, contado o dia em que ela se deu, uma vez que não se cuida de prazo processual, este sim possuidor de regra especifica. Assim, a prisão deve ser restritivamente interpretada e não ampliada ao máximo sem que haja formal acusa​ção. Quanto ao segundo fator se a prisão for feita nas últimas horas do dia ou se a Comarca é distante trata-se de questão alheia ao interesse do preso, cuja liberdade foi privada pelo Estado. Este que encontre mecanismos ágeis e eficientes para dar con​ta de findar a investigação no prazo legal. Aliás, problemas administrativos da polícia judiciária não podem influenciar na liberdade de ir e vir de qualquer indivíduo.
12. Relatório da autoridade policial
	 É uma peça de caráter descritivo, e o delegado em regra não deve fazerjuízo de valor, salvo no caso de drogas, pois neste caso é obrigado por lei a emitir a sua opinião sobre se tratar de tráfico ou de mero usuário nos termos do art. 52, I da Lei 11.343/2006, embora não vincule o Promotor e nem ao Juiz.
	O relatório da autoridade policial não é indispensável para o início do processo, mas é uma obrigação funcional da autoridade policial quando da conclusão do Inquérito Policial.
12.1 Destinatário dos Autos do Inquérito Policial
	Os autos do Inquérito policial vão ser encaminhados ao poder judiciário e o juiz encaminha ao MP. Porém algumas portarias de tribunais estaduais e para a Resolução n. 63 CJF que orienta que os autos do IP sejam encaminhados direitamente ao MP, salvo se houver a necessidade de alguma medida cautelar.
12.2. Providencias a serem adotadas após a remessa do Inquérito Policial
	Pode ser que o crime seja de ação penal privada, e sendo, o juiz vai determinar a permanência dos autos no cartório aguardando a iniciativa da vítima (art. 19 do CPP).
	Sendo de ação penal pública o juiz vai determinar a abertura de vista ao MP e o Promotor poderá adotar as seguintes providências:
Oferecimento de denúncia;
Promoção do arquivamento;
Requisitar diligências: Desde que imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Por conta do poder de requisição do MP estas diligências devem ser requisitadas diretamente à autoridade policial, salvo se houver a necessidade de intervenção do poder judiciário. Caso o juiz indefira o retorno dos autos a delegacia, caberá correição parcial;
Pedido de declinação de competência: Quando o promotor de justiça analisando o caso entende tratar-se de matéria afeta à outra justiça como por exemplo a justiça federal e manifesta-se no sentido de serem os autos encaminhados para aquela.
	Arquivamento Indireto – Uma construção jurisprudencial
	Seria, segundo parcela da doutrina, a hipótese de o promotor deixar de ofe​recer denúncia por entender que o juízo é incompetente para a ação penal, manifestando-se nesse sentido ao invés de oferecer a denúncia, mas o juiz discorda da manifestação ministerial. Vejamos lição de Eugenio Pacelli sobre o tema: “Também merece registro a hipótese em que o órgão do Ministério Público, ao invés de requerer o arquivamento ou o retorno dos autos à polícia para novas diligências, ou, ainda, de não oferecer a denúncia, manifesta-se no sentido da incompetencia do juízo perante o qual oficia, recusando-se, por isso, atribuição para a apreciação do fato investigado. É o que ocorrerá, por exemplo, no âmbito da Justiça Federal, quando o Procurador da República entender que o crime acaso existenta não se inclui entre aqueles para os quais ele tem atribuições, ou seja, que a hipótese não configura, em tese, crime federal, e sim estadual. Em tais circunstâncias, ele deverá recusar atribuição para o juízo de valoração jurídico-penal do fato, requerendo ao juiz que seja declinada a competência para a Justiça Estadual, com a posterior remessa dos autos a este juízo, para encaminhamento ao respectivo Ministério Público estadual. Abrem-se, então duas hipóteses:
concordando com a manifestação ministerial, o juiz declina de sua competência e remete os autos ao órgão jurisdicional competente, não havendo, pois, qualquer problema a ser solucionado;
não concordando o juiz com a manifestação do Ministério Público, isto é, afirmando o Juiz Federal a sua competência para a apreciação do fato e reconhecendo, assim a existência de crime federal, a solução da questão apresenta certa complexidade.
Isso porque, não podendo o juiz obrigar o Ministério Público a oferecer denúncia, não se apresenta a possibilidade de incidente de exceção de incompetência, o que poderia permitir a solução do dissenso no âmbito do próprio judiciário. Estabelece-se, como se vê, um conflito entre o órgão do Ministério Público e o órgão Jurisdicional, não havendo norma legal específica prevendo qualquer solução para o problema.
Assim, e a partir de parecer do ilustre Subprocurador Geral da República, Doutor Cláudio Lemos Fonteles (1996, p. 393-401), o Supremo Tribunal Federal elaborou curiosa construção teórica, com o único objetivo de viabilizar um controle, em segunda instância, dos posicionamentos divergentes entre órgãos do MP e o juiz. Pensou-se, então, no arquivamento indireto, segundo o qual o juiz, diante do não-oferecimento de denúncia por parte do Ministério Público, ainda que fundamentado em razões de incompetência jurisdicional, e não na inexistência de crime, deveria receber tal manifestação como se pedido de arquivamento se tratasse. Assim, ele deveria remeter os autos para o órgão de controle revisional no respectivo Ministério Público (o Procurador Geral de Justiça, nos Estados – art. 28, CPP –, e a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal – art. 62, Lei Complementar n. 75/93). Daí falar-se em pedido indireto de arquivamento, ou de arquivamento indireto. Como conseqüência, o juiz estaria e estará subordinado à decisão da última instância do parquet, tal como ocorre em relação ao arquivamento propriamente dito ou arquivamento direto”.
Suscitar conflito de competência ou de atribuições: Conflito de competência ocorre quando há divergência entre dois ou mais órgãos jurisdicionais quanto à competência para julgar o delito. Quem decide conflito de competência é em regra um órgão jurisdicional superior e comum a ambos os órgãos em conflito. O conflito entre um juiz do juizado especial federal está em conflito com um juiz federal será decidido pelo Tribunal Regional Federal Correspondente, pois a Súmula 348 do STJ que determinava ser dirimido pelo STJ, está superada (e já foi cancelada pelo próprio STJ e editou uma nova súmula n. 428 que afirma competir ao TRF o julgamento de conflito de competência entre juizado especial federal e juiz federal da mesma seção judiciária ou vinculado ao mesmo TRF) diante do julgamento pelo STF do RE 590409. Conflito de Atribuições: Conflito de atribuições é aquele que se estabelece entre autoridades administrativas, geralmente entre órgãos do MP. Quem decide conflitos entre:
1) membros do MP estadual de SP vs. MP estadual de SP: O Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo; 
2) Um Procurador da República de SP vs. um Procurador da República do ES: De acordo com a lei complementar n. 75 será decidido pela Câmara de Coordenação e Revisão do MPF; 
3) Um conflito entre um membro do Ministério Público Militar de SP vs. membro do Ministério Público Federal/SP: Estes dois fazem parte do MPU quem decide é o Procurador Geral da República;
4) um MPE/MG vs. MPF/MS: A doutrinadores (como Pacelli) que entende que deve ser discutido este conflito como se estivesse discutindo esse assunto perante seus juízos. Mas o STF entende que haveria um conflito entre entes federativos e, portanto será do próprio STF (ACO 853);
5) um promotor de justiça/RG vs um promotor de justiça de SC: Mais uma vez se aplica o mesmo raciocínio anterior ocorrendo um conflito entre dois entes federativos devendo ser julgado pelo STF nos termos do art. 102, I “f” da CRFB (ACO 889).
13. Arquivamento do Inquérito Policial
	O arquivamento do IP em regra funciona como uma decisão judicial, porque ocorre a promoção de arquivamento que é feita pelo membro do MP e será submetida a apreciação do juiz que decidirá se acolhe ou não este pedido. Não se esqueça que também é possível o arquivamento de peças de informação (todo e qualquer conjunto probatório resultante de investigações fora do inquérito policial) e também do TCO.
13.1. Fundamentos do arquivamento
	A lei não diz expressamente, mas a doutrina aponta alguns fundamentos para a promoção do arquivamento, inclusive mencionando se a referida decisão fará Coisa Julgada Material – CJM ou somente Coisa Julgada Formal - CJF:
Ausência de pressupostos processuais ou condições da ação; (CJF)
Ausência de lastro probatório (justa causa) para o oferecimento de denúncia; (CJF)
Manifesta atipicidade formal (falta de previsão

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