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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Graduação em Psicologia - Análise Experimental do Comportamento Relatório: Análise Experimental do Comportamento Belo Horizonte RELATÓRIO: Análise Experimental do Comportamento Relatório das práticas desenvolvidas em laboratório da disciplina Análise Experimental do Comportamento, entregue ao professor do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, unidade São Gabriel. . INTRODUÇAO A disciplina análise experimental do comportamento e a prática dos experimentos em laboratório tem como objetivo mostrar como o processo do comportamento é construído. Para falar do comportamento operante, buscamos no behaviorismo radical os conceitos básicos que fundamentam as causas do comportamento atrelados a 3 fundamentos básicos: o primeiro diz respeito à filogenia, ou seja, ao aparato biológico tendo o mesmo valor de sobrevivência. O segundo refere-se à ontogenia, que trata da história de vida do indivíduo, no qual acontece o processo de seleção por consequências e estando o sujeito sensível a elas. Nesse processo o indivíduo vai construindo um repertório comportamental. Já a cultura, significa o momento presente, o aqui e agora, aonde todos os comportamentos acontecem. “A Análise do comportamento é uma abordagem psicológica que busca compreender o ser humano a partir de sua interação com o seu ambiente” (Borges,2007), entendendo que ambiente em análise do comportamento tem um significado mais amplo: refere-se as coisas materiais, a interação com as pessoas e conosco mesmo e à nossa história de vida. O processo de aprendizagem é compartilhado por todas as pessoas, por mais que elas sejam diferentes. O que as diferencia é a seleção por consequências, ou seja, o processo de aprendizagem no qual o comportamento se desenvolve, através de reforço diferencial por aproximações sucessivas (modelagem). Este trabalho visa realizar experimentos práticos em laboratório virtual, no Programa Sniffy Pro. Com o objetivo de aprender como os vários processos de aprendizagem do comportamento acontecem. Foto 1: Ambiente e sujeito experimental – Caixa de Skinner Aula prática 1 – DETERMINAÇÃO DO NÍVEL OPERANTE O objetivo do experimento é observar os comportamentos emitidos pelo Floquinho quando não há nenhuma consequência programada, ou seja, é observar como o processo de aprendizagem acontece quando o sujeito experimental ainda não tem nenhum contato com o ambiente, em princípio, ele vai emitir comportamentos de acordo com o aparato biológico específico de sua espécie. Tabela 1: Legenda para classificação e anotação dos comportamentos emitidos pelo Sniffy Gráfico 1: Frequência Total e Taxa de Resposta Observações do Experimento O experimento foi realizado em um programa de computador em sala de aula. Foram feitas observações e anotações dos comportamentos emitidos pelo Floquinho com tempo marcado de 15 minutos. O Floquinho se comportou o tempo todo de forma rápida, movimentou muito, foi ágil visto que é uma característica específica da espécie. Floquinho apresentou um repertório comportamental diversificado com taxas de resposta bem significativas para o primeiro contato com o ambiente, nele suas características comportamentais de coçar, virar, andar e levantar ficaram bem evidentes. Os demais comportamentos de farejar e beber água tiveram pontuação baixa enquanto que, comportamentos de parar e pressionar a barra e parar tiveram frequências de resposta muito baixa. Portanto, esses comportamentos são do aparato biológico do floquinho. A partir dos próximos experimentos Floquinho irá aprender novos comportamentos e habilidades, aumentando assim, seu repertório comportamental. Aula prática 2 – TREINO AO COMEDOURO O objetivo do experimento é treinar o Floquinho a aproximar do dispensador de alimento. Para isso o experimentador associou a liberação de comida, após um estímulo sonoro. Esse procedimento é importante para que Floquinho ficasse cada vez mais tempo próximo do dispensador de alimento para que então assimile aquele local com liberação de alimento. Observações do Experimento O experimento foi realizado em uma única sessão onde o experimentador em interação com Floquinho liberava comida sempre que ele se aproximava do comedouro, esse procedimento foi realizado várias vezes até que Floquinho ficasse bem treinado a assimilar comedouro, som x comida e ficar saciado. Sempre que Floquinho se aproximava do comedouro o experimentador, liberava em sequência, quinze pelotas de comida com intenção programada para que Floquinho não saísse de perto do comedouro, essa foi a estratégia para que ele não arredasse a patinha daquele local. A aprendizagem de Floquinho ao dispensador de alimento foi realizada com sucesso, esse resultado foi demonstrado pela barra “Sound Food ” que alcançou o nível máximo, portanto o objetivo da proposta foi alcançado. Aula prática 3 – MODELAGEM DE PRESSÃO À BARRA É uma técnica usada para ensinar um comportamento novo por meio de reforço diferencial de aproximações sucessivas do comportamento alvo. A modelagem é um processo em que o comportamento se desenvolve passo a passo, por aproximações sucessivas. O objetivo do experimento é ensinar o Floquinho a resposta de pressão à barra. No procedimento de modelagem o experimentador liberou comida a cada vez que o sujeito experimental se aproximava da barra, o comportamento que produz reforço, vai ficando mais frequente e mais prováveis. Gráfico 2: Modelagem da Resposta de Pressão à Barra Observações do Experimento Em princípio os experimentadores ficarão curiosos em saber como o processo de aprendizagem de um novo comportamento pode ser observado em laboratório e principalmente, de um rato. Tudo isso ficou meio sem nexo, porém quando foi feita a junção entre teoria e prática, foi como se “colocasse uma lupa” e o novo se apresentou. Através dos dados mostrados no gráfico é possível observar como o comportamento do Floquinho foi se desenvolvendo gradualmente até atingir o comportamento esperado, aprender a pressionar a barra, para obter comida. A priori foi feita uma lista de possíveis comportamentos mais prováveis do repertório comportamental do Floquinho para a atividade específica do experimento, na sequência foram liberadas pelotas de comida no instante em que ele se aproximava da barra até atingir a meta: aprender a pressionar a barra. A sessão de fortalecimento do comportamento foi realizada no tempo de quatorze minutos, nos quais foram observados os comportamentos emitidos a cada minuto e anotadas as frequências de respostas que podem ser vistas no gráfico abaixo. É pertinente observar que o processo de aprendizagem por modelagem foi um sucesso e Floquinho aprendeu a pressionar a barra pelas consequências do reforço diferencial, oferecido pela interação como o experimentador, em que o comportamento através de aproximações sucessivas ficou mais aprimorado, robustos e fortalecidos. As sessões de fortalecimento do comportamento iniciaram quando Floquinho aprendeu a aproximar do dispensador de alimento, quando esse foi liberado, na sessão seguinte, através do reforço diferencial para aproximações sucessivas o processo de aprendizagem de um novo comportamento foi acontecendo gradualmente até alcançar o objetivo alvo da resposta de pressão à barra, portanto alcançou a meta esperada. Aula prática 4 – ESQUEMA DE REFORÇAMENTO CONTÍNUO – CRF O conceito de esquema de reforçamento diz respeito, justamente, a que critérios de resposta deve atingir para que ocorra o reforçamento. O jeito que o comportamento vai acontecer vai depender do esquema ao qual ele está submetido, o tipo de esquema vai determinar a força, o ritmo, a resistência e a extinção do comportamento. Em esquema de reforço contínuo, toda resposta é seguida do reforçador. Neste experimento foi observadoas mudanças dos comportamentos do Floquinho quando somente o comportamento de pressionar a barra foi reforçado continuamente. Gráfico 3: Esquema de Reforçamento Contínuo Observações do Experimento A partir desse experimento tivemos a inclusão de mais uma integrante no grupo, a experimentadora Marina, que com sua experiência também já em andamento no programa Sniffy, contribuiu ativamente no experimento, tanto na atuação quanto na observação dessa aula prática. A sessão experimental teve a duração de quinze minutos e foi acompanhada de observações e anotações de todos os comportamentos do floquinho, com objetivo de analisar como ele se comporta mediante a apresentação de reforço, todas as vezes em que pressionou a barra. Visto que, esquemas de reforçamento contínuo deixa o comportamento mais susceptível a extinção, ficamos apreensiva para ver se o comportamento de Floquinho iria entrar em extinção, mas isso não aconteceu ele continuou recebendo reforço sempre que emitia o comportando de pressionar a barra. Floquinho como sempre muito ágil e inquieto. Isso pode ser visto nos comportamentos de andar, levantar, coçar e virar que são significativos para o repertório comportamental do floquinho. Sendo assim, é pertinente observar que o comportamento não entrou em extinção e permaneceu o comportamento de pressionar a barra e ter reforço, com isso Floquinho permaneceu na contingência de ter reforço disponível a qualquer momento. Portanto, os desejos de Floquinho são sempre atendidos e isso pode deixar o comportamento mais frágil e mais susceptível a extinção porque ele aprendeu que o reforço está sempre disponível e, terá um dia em que este reforço pode não vir, e pode ser que Floquinho não dê conta de lidar com a situação e fique agressivo podendo até morder de raiva. Comparando a sessão do nível operante com a sessão do CRF, é possível perceber que o comportamento de pressionar a barra que no primeiro, foi de apenas 1% no segundo chegou a patamares mais elevados de todos os possíveis comportamentos do repertório de floquinho. Diante desses dados, podemos constatar que o comportamento foi ao longo do processo, mudando gradativamente de um não saber para o saber fazer. Aula prática 5 – EXTINÇÃO DA RESPOSTA DE PRESSÃO À BARRA A extinção acontece pela ausência de consequências, quando um comportamento não produz reforço ele entra em extinção, vai depender do tipo de esquema de reforço que o comportamento sofreu. Processos em que o comportamento diminui de frequência, vai ficando menos provável de ocorrência, então, é o tipo de história de reforço que vai deixar o comportamento mais suscetível ou menos suscetível a extinção. A extinção leva mais tempo para acontecer e provavelmente não gera contra controle, e alguns exemplos de subprodutos da extinção podem ser desânimo, irritação e frustração. A proposta deste experimento é observar as mudanças sofridas na frequência da resposta de pressão à barra quando a relação entre a resposta e a consequência é interrompida. Gráfico 4: Extinção de Resposta de Pressão à Barra Observações do Experimento O experimento foi realizado em apenas uma sessão com duração de dezessete minutos. No início da sessão de extinção da resposta de pressão à barra, Floquinho pressionou a barra desesperadamente por várias vezes, até chegar no nível máximo de comportar-se e não aparecer reforço. Após longas tentativas, o comportamento de Floquinho foi diminuindo de frequência e ficando cada vez mais susceptível a extinção porque não produziu consequências. Ao longo do tempo Floquinho parecia não querer desistir, insistia e fazia mais tentativas e o reforço não aparecia, em meio a frustração de não obter o que gostaria, Floquinho teve outros comportamentos significativos e com taxa de resposta muito alta, dentre eles o comportamento de coçar em seguida andar e virar, Floquinho ficou meio desnorteado, agitado e muito tenso. É percebido que a curva da extinção chegou no nível máximo, isso pode ser visto no gráfico de frequência acumulada. Aula prática 6 – DISCRIMINAÇAO OPERANTE DE ESTÍMULOS SONOROS Nesse experimento Floquinho aprenderá a pressionar a barra na presença de um som e não pressionar na ausência do som. Esse processo diz respeito a discriminação operante de estímulos apresentados no ambiente. Na presença de Luz e estímulo sonoro, a comida era liberada, já na ausência desse estímulo descriminado a comida não era liberada, mesmo com a pressão da barra. Os experimentadores analisaram na pratica como o rato se comporta quando em estimulo discriminativo (estimulo discriminativo é aquele em que o estimulo sinaliza que a resposta/reforço só acontecera na presença de alguma situação descriminada). Gráfico 5: Estímulo Discriminativos – 0* Gráfico 6: Estímulo Discriminativos – 1 Gráfico 7: Estímulo Discriminativos – 2 Gráfico 8: Estímulo Discriminativos – 3 Observação do Experimento Nesse experimento, tivemos dificuldade de compreender a orientação da apostila e por isso a anotação dos registros de respostas em estímulo discriminativo e do estímulo delta ficaram errados, devido também ao controle do tempo ter ficado atrasado, dentro de um mesmo minuto tivemos S+ (estímulo discriminativo) e S- (estímulo delta), conforme descrito no gráfico 0*. Diante da orientação do professor refizemos os experimento novamente. Nesses primeiros 16 (dezesseis) minutos na presença e na ausência do reforço, o sujeito que já estava modelado (tinha reforço anterior apenas por pressionar a barra) permaneceu confuso sem saber ao certo como se comportar diante do S+ e do S-. O resultado desses primeiros minutos, apresentado no gráfico 1, foi uma maior pressão acumulada (acm) à barra em S- do que em S+, 129 pressões (acm) versus 89 respectivamente. Dando continuidade ao experimento, observamos que nos próximos 16 (dezesseis) minutos, Floquinho já começa a descriminar o estímulo sonoro (na presença de luz) alterando seu comportamento discretamente, procurando entender qual comportamento correto emitir para obter o reforço. Conforme pode –se observar no gráfico 2, o número de pressões à barra acumulado ficou com a taxa de resposta ligeiramente maior na presença de S+, 103 pressões contra 74 pressões em S-. Os experimentadores observaram que com o passar do tempo, próximos 16 minutos, o comportamento do Floquinho foi sendo aprendido gradativamente, o que pode ser analisado no gráfico 3, no qual ele comportou-se de maneira discriminada, percebendo que o reforço só seria liberado na presença do estímulo sonoro. O objetivo da sessão foi alcançado, mediante os resultados obtidos no número de pressões à barra (acm), 122 pressões (acm) em S+ e somente 27 pressões (acm) em S-. Aula prática 7 – ESQUEMA DE REFORÇO INTERMITENTE: RAZÃO FIXA Nessa pratica experimental observamos o esquema de reforço intermitente: razão fixa, que consiste em exigir sempre o mesmo número de respostas para obter um mesmo tipo de reforço. Em outras palavras, o sujeito experimental para obter o reforço, pelota de comida, foi submetido a diferentes contingencias de razão fixa (FR) de pressões à barra: a primeira em FR:4 a segunda em FR:8 e a terceira em FR:10. Gráfico 9: Esquemas Intermitentes – Razão Fixa (comparativo, FR:8 e FR:10) Gráfico 10: Esquemas Intermitente, FR:10 (pressões à barra acumulada) Gráfico 11: Esquema Intermitente – RF:10, pressões à barra. Observação do Experimento Analisando o comportamento do Floquinho nesse experimento, podemos constatar que no esquema de razão fixa 4 o organismo continuou se comportando até conseguir o reforço esperado, ou seja, alimentar-se. Porém quando o nível de dificuldade para obter o mesmo reforço foi exigido, razão fixa 8, Floquinho começa a diminuir o seu comportamento, chegando a extingui-lo com o aumento da razão fixa em 10. Resultado esse apresentado no Gráfico 10. Para uma visualização mais clara da extinção do comportamento,as experimentadoras acharam por bem fazer um gráfico com as pressões a barra não acumuladas (gráfico 11). CONCLUSÃO O experimento foi realizado no laboratório de informática e iniciamos os trabalhos em dupla Carla e Rosimeire, quando algumas etapas do processo estavam em andamento foi incluído mais uma experimentadora Marina que veio somar e enriquecer ainda mais este trabalho acadêmico. Todo o processo de experimentação foi muito desafiador e instigante, mas especialmente na elaboração desse relatório o desafio foi ainda maior, visto a inexperiência anterior em elaborador relatórios de aula prática e também devido as experimentadoras não terem habilidades prévias no manejo das ferramentas para criação de gráficos, necessitando aprender a forma correta de interpretar os dados obtidos. Por fim podemos dizer que foi satisfatório o resultado obtido nesse aprendizado, culminando com o conclusão e elaboração desse relatório. Vale ressaltar que aulas práticas de laboratório foram de suma importância para a compreensão de como os processos de aprendizagem de um novo comportamento são construídos e ao longo dessa trajetória ter a oportunidade de experienciar na prática a interação do indivíduo (virtual) com seu ambiente. Foi possível observar como nos mostrou a teoria que a causa desse comportamento se refere ação em contexto. Essa experiência acadêmica e os aprendizados sobre os princípios básicos do comportamento ficarão gravados na memória dos experimentadores. Depois de compreendido no contexto da vivência pessoal a vida terá um novo sentido, isso porque passamos a compreender que a todo momento somos controlados por reforçadores aversivos ou positivos. Em posse desses conhecimentos e das demais disciplinas ao longo do curso, teremos em mãos uma valiosíssima ferramenta de intervenção terapêutica na perspectiva de direcionar o como fazer uma releitura das interações entre o indivíduo com seu ambiente, visto que é nele que a vida acontece. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alloway, T., Wilson G., Graham, J., & Krames, L. (2000). Sniffy: The Virtual Rat - Pro Version. Belmont, CA: Wadsworth/Thomson Learning Moreira, Marcio Borges Principios bcisicos de analise do comportamento I Marcio Borges Moreira, Carlos Augusto de Medeiros. - Porto Alegre: Artmed, 2007. 224p. : il.; 25 cm.