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BC 0402 - Func¸o˜es de Uma Varia´vel - Turmas A2 e B2 2a Avaliac¸a˜o - 11 de dezembro de 2014 - Prof. Armando Caputi PROVA Z 1. Calcule os limites abaixo: (a) lim x→0+ xx (b) lim x→−1 ∫ x 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt∫ x+2 −x e −t2dt Resoluc¸a˜o: (a) O limite e´ uma inderterminac¸a˜o do tipo [00]. Para resolver essa indeterminac¸a˜o, reescrevemos xx = ex lnx e calculamos o limite lim x→0+ x lnx. Este u´ltimo ainda e´ uma indeterminac¸a˜o, desta vez do tipo [0.∞]. Segundo L’Hoˆpital, resulta: lim x→0+ x lnx = lim x→0+ lnx 1 x = lim x→0+ d dx (lnx) d dx ( 1 x ) , desde que este u´ltimo limite exista. Temos: lim x→0+ d dx (lnx) d dx ( 1 x ) = lim x→0+ 1 x − 1 x2 = lim x→0+ −x = 0. Conclu´ımos, assim, que lim x→0+ xx = lim x→0+ ex lnx = e0 = 1. (b) Esse limite e´ uma indeterminac¸a˜o do tipo [0 0 ]. Para justificar essa afirmac¸a˜o, considere os seguintes argumentos: • Inicialmente, para facilitar, ponhamos f(x) = ∫ x 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt g(x) = ∫ x+2 −x e−t 2 dt. • A func¸a˜o sen(pi sen pi t 2 ) e´ cont´ınua. Logo, pelo Teorema Fundamental do Ca´lculo (TFC), a func¸a˜o f(x) e´ diferencia´vel (consequentemente, cont´ınua). • Pela definic¸a˜o de continuidade, resulta lim x→−1 f(x) = f(−1) = ∫ −1 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt = − ∫ 1 −1 sen(pi sen pi t 2 ) dt. • A func¸a˜o sen(pi sen pi t 2 ) e´ ı´mpar, logo∫ 1 −1 sen(pi sen pi t 2 ) dt = 0 . • De forma ana´loga, para o denominador: a func¸a˜o e−t2 e´ cont´ınua, logo, pelo TFC, a func¸a˜o g(x) e´ diferencia´vel (portanto, cont´ınua). • Pela definic¸a˜o de continuidade, lim x→−1 g(x) = g(−1) = ∫ −1+2 −(−1) e−t 2 dt = ∫ 1 1 e−t 2 dt = 0. Consolidado que se trata de uma indeterminac¸a˜o do tipo [0 0 ], podemos (tentar) usar L’Hoˆpital: lim x→−1 ∫ x 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt∫ x+2 −x e −t2dt = lim x→−1 d dx (∫ x 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt ) d dx (∫ x+2 −x e −t2dt ) caso este u´ltimo limite exista. Usando o TFC (e a notac¸a˜o acima), resulta: f ′(x) = d dx (∫ x 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt ) = sen(pi sen pi x 2 ) e g′(x) = d dx (∫ x+2 −x e−t 2 dt ) ∗ = d dx (∫ 0 −x e−t 2 dt+ ∫ x+2 0 e−t 2 dt ) = d dx ( − ∫ −x 0 e−t 2 dt+ ∫ x+2 0 e−t 2 dt ) ∗∗ = −(−e−(−x)2) + e−(x+2)2 = e−x2 + e−(x+2)2 . (*) Note que poder´ıamos ter escolhido qualquer outro extremo a, ao inve´s de a = 0, para efeito desse ca´lculo. (**) Nessa passagem, foi usada a regra da cadeia. Temos enta˜o (notando que as func¸o˜es f ′(x) e g′(x) acima sa˜o cont´ınuas em x = −1): lim x→−1 f ′(x) g′(x) = f ′(−1) g′(−1) = 0 2e−1 = 0 logo lim x→−1 ∫ x 1 sen(pi sen pi t 2 ) dt∫ x+2 −x e −t2dt = 0. 2. Calcule as integrais: (a) ∫ 1 0 x ln(x2 + 1) dx (b) ∫ 3 0 x3 √ 9− x2 dx (c) ∫ ( 3 (x+ 2)2 + 4 (x2 + 4)2 ) dx Resoluc¸a˜o: (a) Seguem abaixo duas soluc¸o˜es para essa integral: Soluc¸a˜o 1: Mudanc¸a de varia´vel, seguida de integrac¸a˜o por partes. Ponha t = x2 + 1. Temos: • dt = 2x dx • x = 0⇒ t = 1 • x = 1⇒ t = 2 Logo, ∫ 1 0 x ln(x2 + 1) dx = 1 2 ∫ 2 1 ln t dt ∗ = 1 2 ( t ln t|21 − ∫ 2 1 dt ) = 1 2 (t ln t− t)|21 = ln 2− 1 2 (*) Nessa passagem ocorre a integrac¸a˜o por partes, pondo u = ln t e dv = dt. Soluc¸a˜o 2: Integrac¸a˜o por partes (seguida, como se vera´, de uma integral de func¸a˜o racional). Na integral ∫ 1 0 x ln(x2 + 1) dx ponha u = ln(x2 + 1) e dv = x dx. Resulta v = x2 2 du = 2x x2 + 1 dx logo ∫ 1 0 x ln(x2 + 1) dx = ( x2 2 ln(x2 + 1) )∣∣∣∣1 0 − ∫ 1 0 x3 x2 + 1 dx = 1 2 ln 2− ∫ 1 0 x3 x2 + 1 dx. Esta u´ltima integral (na segunda parcela) se escreve como∫ 1 0 ( x− x x2 + 1 ) dx = ∫ 1 0 x dx− ∫ 1 0 x x2 + 1 dx ∗ = ∫ 1 0 x dx− 1 2 ∫ 2 1 1 t dt = x2 2 ∣∣∣∣1 0 − 1 2 (ln t)|21 = 1 2 − 1 2 ln 2 (*) Nessa passagem fizemos a mudanc¸a de varia´vel t = x2 + 1 na segunda parcela. Retomando, resulta∫ 1 0 x ln(x2 + 1) dx = 1 2 ln 2− ∫ 1 0 x3 x2 + 1 dx = 1 2 ln 2− ( 1 2 − 1 2 ln 2 ) = ln 2− 1 2 (b) Neste item tambe´m ha´ duas soluc¸o˜es: Soluc¸a˜o 1: Substituic¸a˜o trigonome´trica: x = 3 senu. Resulta: • dx = 3 cosu du • √9− x2 = √9− 9 sen2 u = 3√cos2 u = 3 cosu (pois u = arcsen x 3 ∈ [−pi 2 , pi 2 ], logo cosu ≥ 0) • x = 0⇒ u = 0 • x = 3⇒ u = pi 2 Logo ∫ 3 0 x3 √ 9− x2 dx = ∫ pi/2 0 (27 sen3 u) (3 cosu) (3 cosu) du = 243 ∫ pi/2 0 sen3 u cos2 u du. Esta u´ltima integral trigonome´trica se resolve com a mudanc¸a de varia´vel t = cosu. Temos: • dt = − senu du • sen2 u = 1− cos2 u = 1− t2 • u = 0⇒ t = 1 • u = pi 2 ⇒ t = 0 donde 243 ∫ pi/2 0 sen3 u cos2 u du = 243 ∫ pi/2 0 sen2 u cos2 u senu du = 243 ∫ 0 1 (1− t2)t2(−dt) = 243 ∫ 1 0 (t2 − t4)dt = 243 ( t3 3 − t 5 5 )∣∣∣∣1 0 = 162 5 . Soluc¸a˜o 2: Mudanc¸a de varia´vel u = 9− x2. Temos: • du = −2x dx • x = 0⇒ u = 9 • x = 3⇒ u = 0 Portanto, ∫ 3 0 x3 √ 9− x2 dx = ∫ 3 0 x2 √ 9− x2 x dx = ∫ 0 9 (9− u)√u(−1 2 du) = 1 2 ∫ 9 0 (9u1/2 − u3/2)du = 1 2 ( 18 3 u3/2 − 2 5 u5/2 )∣∣∣∣9 0 = 162 5 . (c) Calculemos a integral de cada parcela separadamente.∫ 3 (x+ 2)2 dx ∗ = ∫ 3 u2 du = 3 ( −1 u ) = − 3 x+ 2 , onde na passagem (*) fizemos a mudanc¸a de varia´vel u = x + 2. Note que, por ora, estamos ignorando a constante de integrac¸a˜o.∫ 4 (x2 + 4)2 dx = ∫ x2 + 4− x2 (x2 + 4)2 dx = ∫ x2 + 4 (x2 + 4)2 dx+ ∫ −x2 (x2 + 4)2 dx = ∫ 1 x2 + 4 dx− ∫ x2 (x2 + 4)2 dx ∗∗ = 1 2 arctan x 2 − ∫ x2 (x2 + 4)2 dx (apesar de ser uma antiderivada cla´ssica, a passagem (**) pode ser obtida com a mudanc¸a de varia´vel u = x/2). A integral que aparece na u´ltima igualdade pode ser calculada com o uso de integrac¸a˜o por partes, como segue:∫ x2 (x2 + 4)2 dx = ∫ x x (x2 + 4)2 dx ∗∗∗ = − x 2(x2 + 4) + ∫ 1 2(x2 + 4) dx = − x 2(x2 + 4) + 1 4 arctan x 2 onde, na passagem (***), tomamos u = x e dv = x (x2+4)2 dx, do que decorre v = ∫ x (x2 + 4)2 dx = − 1 2(x2 + 4) . Em suma, temos:∫ ( 3 (x+ 2)2 + 4 (x2 + 4)2 ) dx = − 3 x+ 2 + ( 1 2 arctan x 2 − (− x 2(x2 + 4) + 1 4 arctan x 2 ) ) isto e´ ∫ ( 3 (x+ 2)2 + 4 (x2 + 4)2 ) dx = − 3 x+ 2 + x 2(x2 + 4) + 1 4 arctan x 2 + C. 3. Resolva somente um dos itens (a) ou (b) abaixo, preferencialmente o item (a). Atenc¸a˜o: se em sua prova constarem as resoluc¸o˜es de ambos os itens, somente a do item (b) sera´ considerada. (a) Na figura abaixo, esta˜o representadas as curvas y = x2 − 3x, x = 3y − y2 e x − y = 0. Considere as regio˜es R1 = {(x, y) ∈ R2 | y ≥ x2 − 3x;x ≥ 3y − y2;x− y ≥ 0} R2 = {(x, y) ∈ R2 |x ≤ 3y − y2;x− y ≥ 0} i. Determine a a´rea da regia˜o R1 (destaque as integrais que usara´ para esse ca´lculo, antes de iniciar o ca´lculo propriamente dito). ii. Calcule os volumes dos so´lidos Sx e Sy obtidos pela rotac¸a˜o da regia˜o R2 em torno, respectivamente, do eixo x e do eixo y. De prefereˆncia, utilize me´todos distintos para esses ca´lculos. (b) Calcule a a´rea da regia˜o entre o gra´fico de y = −x2 + 6x− 8 e o eixo x, entre os pontos de abscissa x = 3 e x = 5. Resoluc¸a˜o item (a): Inicialmente, identifiquemos as regio˜es indicadas: • A equac¸a˜ox = 3y − y2 corresponde a` para´bola ”deitada”, com ”boca”para a esquerda. Os pontos para os quais x > 3y − y2 esta˜o a´ direita da para´bola, enquanto aqueles em que x < 3y − y2 esta˜o a` esquerda dela. • A equac¸a˜o y = x2 − 3x corresponde a` para´bola ”em pe´”, com ”boca”para cima. Os pontos para os quais y > x2 − 3x esta˜o acima da para´bola, enquanto aqueles em que y < x2 − 3x esta˜o abaixo dela. • Por u´ltimo, a equac¸a˜o x− y = 0 corresponde a` reta (bissetriz do primeiro e terceiro quadran- tes). Os pontos para os quais x > y esta˜o a` direita da reta, enquanto aqueles em que x < y esta˜o e` esquerda dela. (Para aqueles que ainda teˆm dificuldade com esse tipo de ana´lise, vejam o comenta´rio abaixo, ao final da resoluc¸a˜o desse item). As figuras abaixo representam separadamente as regio˜es R1 e R2, respectivamente: Figura 1: Regia˜o R1 Figura 2: Regia˜o R2 Para o ca´lculo da a´rea de regia˜o R1, conforme solicitado no item (i), conve´m calcular a a´rea da unia˜o das duas regio˜es e, desta, subtrair a a´rea da regia˜o R2. Chamemos de A1 a a´rea de R1 ∪ R2 e de A2 a a´rea de R2. A a´rea A1 e´ a a´rea entre os gra´ficos das func¸o˜es y = x 2− 3x e y = x, entre os extremos x = 0 e x = 4 (estes se encontram pela intersecc¸a˜o dos gra´ficos), donde A1 = ∫ 4 0 ( x− (x2 − 3x)) dx = ∫ 4 0 (4x− x2) dx = ( 2x2 − x 3 3 )∣∣∣∣4 0 = 32 3 A a´reaA2 e´ mais facilmente calculada se assumirmos a fronteira dessa regia˜o como sendo formada por gra´ficos de func¸o˜es x = f(y) (isto e´, assumindo y como varia´vel independente). Assim, A2 e´ a a´rea entre os gra´ficos das func¸o˜es x = y e x = 3y − y2, entre os extremos y = 0 e y = 2 (de novo, estes se encontram pela intersecc¸a˜o dos gra´ficos), donde A2 = ∫ 2 0 ( (3y − y2)− y) dy = ∫ 2 0 (2y − y2) dy = ( y2 − y 3 3 )∣∣∣∣2 0 = 4 3 Logo, a a´rea da regia˜o R1 e´ 28 3 . Para o ca´lculo dos volumes solicitados no item (ii), e´ poss´ıvel escolher qualquer um dos me´todos que estudamos. Nos ca´lculos abaixo, seguiremos da seguinte forma: o ca´lculo do volume de Sx sera´ feito cascas cil´ındricas e o do volume de Sy por por sec¸o˜es transversais. Essa escolha decorre da ob- servac¸a˜o seguinte (e que talvez fique mais clara apo´s a resoluc¸a˜o): na situac¸a˜o dada pelo problema, e´ mais fa´cil identificar os extremos de um segmento horizontal (dados diretamente pelos valores das func¸o˜es ja´ conhecidas) do que vertical (o que demandaria resolver uma equac¸a˜o de segundo grau com paraˆmetro, ale´m de dividir a integral em duas parcelas). Iniciando pelo so´lido Sx, denotemos por Vx o seu volume. As cascas cil´ındricas sa˜o descritas em func¸a˜o de y, com 0 ≤ y ≤ 2, e teˆm raio r = y (logo dr = dy) e altura h(y) = (3y−y2)−y = 2y−y2. Logo, Vx = ∫ 2 0 2pi (2y − y2)y dy = 2pi ∫ 2 0 (2y2 − y3) dy = 2pi ( 2y3 3 − y 4 4 )∣∣∣∣2 0 = 8pi 3 Denotemos agora por Vy o volume do so´lido Sy. As sec¸o˜es transversais sa˜o descritas em func¸a˜o de y, com 0 ≤ y ≤ 2, gerando domı´nios anulares (coroas circulares) de raio externo x = 3y − y2 e raio interno x = y. Assim, Vy = ∫ 2 0 pi ( (3y − y2)2 − y2) dy = pi ∫ 2 0 (y4 − 6y3 + 8y2) dy = pi ( y5 5 − 3y 4 2 + 8y3 3 )∣∣∣∣2 0 = 56pi 15 Comenta´rio (para aqueles que ainda teˆm dificuldade em identificar regio˜es planas descritas como neste problema - o que ja´ na˜o deveria ocorrer nessa fase dos estudos, e´ bom que se diga, uma vez que demanda exclusivamente o conhecimento do significado de equac¸a˜o de um lugar geome´trico e de coordenadas de um ponto no plano cartesiano): • Dada a equac¸a˜o de uma curva qualquer, tome um ponto P dela. • Ao deslocar tal ponto horizontalmente no plano cartesiano, a sua ordenada y permanence constante. Ja´ a sua abscissa x aumenta, se o deslocamento for para a direita, ou diminui, se for para a esquerda. Observe enta˜o, a partir da equac¸a˜o da curva, que tipo de desigualdade aparece com esse deslocamento (necessariamente ocorrera´ uma desiguladade, ja´ que o ponto P tera´ sa´ıdo da curva). • Analogamente, ao deslocar o ponto P verticalmente no plano cartesiano, a sua abscissa x permanence constante. Ja´ a sua ordenada y aumenta, se o deslocamento for para cima, ou diminui, se for para baixo. Observe enta˜o, a partir da equac¸a˜o da curva, que tipo de desigualdade aparece com esse deslocamento. Resoluc¸a˜o item (b): A regia˜o da qual queremos calcular a a´rea esta´ representada na figura abaixo: Note que uma parte dela esta´ acima do eixo x, enquanto a outra esta´ abaixo. Assim, a a´rea A da regia˜o e´ dada por (note os sinais que acompanham cada integral) A = ∫ 4 3 (−x2 + 6x− 8) dx− ∫ 5 4 (−x2 + 6x− 8) dx = ( −x 3 3 + 3x2 − 8x )∣∣∣∣4 3 − ( −x 3 3 + 3x2 − 8x )∣∣∣∣5 4 = (( −64 3 + 48− 32 ) − ( −27 3 + 27− 24 )) − (( −125 3 + 75− 40 ) − ( −64 3 + 48− 32 )) = (· · · ) = 2
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