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1 AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE MISTURAS ASFÁLTICAS MODIFICADAS COM BORRACHA EVALUATION OF PROPERTIES OF THE MIX ASPHALT MODIFIED WITH RUBBER ALEXANDRE VENÉRIO1, MATHEUS PERALTA DAL SECO2 1. Acadêmico do curso de graduação em Engenharia Civil da Faculdade Ingá. 2. Especialista em Gerência de Vias. Docente do curso de Engenharia Civil da Faculdade Ingá R: Argentino Moreschi, 368 - Res. Moreschi, Maringá, Paraná, Brasil. CEP 87080-127. mpdseco@hotmail.com RESUMO O concreto asfáltico usinado à quente (CAUQ) é o principal insumo da pavimentação de estradas utilizado no mundo, apresentando custo elevado de produção em relação ao demais insumos (bases de brita, compactação de sub-leitos e afins), onde o domínio da tecnologia de sua produção é fundamental para o desempenho e maior vida útil do pavimento. Seu procedimento de dosagem, na maioria do globo, parte do Método Marshall, técnica de qualidade comprovada através de décadas de aplicação determinadas em laboratório, aferindo os principais parâmetros que influenciam diretamente o comportamento do CAUQ na pista de rolamento. Tal método baseia-se na granulometria dos agregados e no teor de ligante aplicado à mistura asfáltica, equacionando as variáveis em busca de um teor ótimo de ligante. No presente trabalho, procurou-se avaliar as propriedades das misturas asfálticas produzidas com asfalto convencional (CAUQ) e asfalto com adição de borracha de pneus inservíveis (CABUQ), através da análise dos parâmetros do Método Marshall, determinando a influência dos ligantes em suas propriedades reológicas, e a viabilidade técnica da utilização do CABUQ. Dos ensaios realizados, comprovou-se a viabilidade técnica da utilização do CABUQ, bem como evidenciou-se as vantagens, nos quesitos durabilidade e funcionalidade do asfalto-borracha em relação ao asfalto convencional. PALAVRAS-CHAVE: Concreto asfalto-borracha usinado à quente (CABUQ), concreto asfáltico usinado à quente (CAUQ), Método Marshall. ABSTRACT The hot mixture asphalt concrete (HMAC) is the main input of road paving used in the world, featuring elevated cost of production compared to other inputs (gravel base, compacting sub-beds and allied), where the field of production technology is critical to performance and longer service life of the pavement. Its dosing procedure in most of the world, part of the Marshall Method, is a quality proven technique by application through decades in the laboratory, gauging the main parameters that directly influence the HMAC behavior in roadway. This method is based on the granulometry of the aggregates and the binder amount used in the asphalt mixture, equating the variables in search of a great content of binder. In this study, we sought to evaluate the properties of asphalt mixtures produced with conventional asphalt (HMAC) and asphalt with added rubber scrap tires (RHMAC), by analyzing the Marshall Method parameters, determining the influence of the binders in their rheological properties, and technical feasibility of using RHMAC. From the tests carried out, it has proven the technical feasibility of using RHMAC as well as the advantages became apparent in the requisites of durability and functionality of the rubberized asphalt compared to conventional asphalt. KEYWORDS: Rubberized hot mix asphalt concrete (RHMAC), hot mix asphalt concrete (HMAC), Marshall Method. 2 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país que adotou o transporte rodoviário como seu principal modal, onde os pavimentos flexíveis compõem quase que a totalidade da malha pavimentada. As estruturas desses pavimentos executados com cimento asfáltico convencional têm apresentado um grau de deterioração acima do previsto em projeto, fruto do crescimento da economia e consequente aumento do trânsito solicitante e da deficiência da manutenção executada pelos órgãos responsáveis1. A otimização do desempenho dos pavimentos rodoviários é função de pesquisas condizentes com a realidades técnica e socioeconômica da obra, com projetos coerentes com as solicitações, uso adequado dos materiais de construção e métodos construtivos eficazes, condizentes com o estado da arte atual, assim como um plano inteligente de manutenções. CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS Segundo o Manual de Pavimentação do DNIT2, o pavimento de uma rodovia é formado por um sistema de camadas de espessuras finitas, baseado sobre um semi-espaço considerado em teoria como infinito, denominado subleito. Oda (2003)3 conceitua o pavimento de acordo com as seguintes funções: Resistência aos esforços verticais do tráfego; Resistência aos esforços horizontais; Melhoria das condições de rolamento; Outros autores descrevem o pavimento de forma parecida, como SOUZA (1980)4, que ensina: “Pavimento é uma estrutura construída sobre a superfície do leito, após o serviço de terraplenagem, por meio de camadas de vários materiais de diferentes características de resistência e deformabilidade, cuja principal função é fornecer segurança e conforto ao usuário”. Os pavimentos são classificados em flexíveis, semirrígidos e rígidos: Flexível: todas as camadas sofrem deformação elástica significativa quando da aplicação do carregamento, sendo a carga distribuída entre as camadas. Como exemplo temos um pavimento formado por uma base de brita revestido por concreto asfáltico; Semirrígido: formado por base cimentada e revestimento asfáltico. Rígido: a camada de revestimento apresenta elevada rigidez comparada às camadas de base, absorvendo grande parcela das tensões advindas do carregamento aplicado. No exemplo temos os pavimentos produzidos por lajes de concreto de cimento Portland2. De acordo com a NBR 7207 (ABNT, 1982)5, classificam-se as camadas do pavimento como: Subleito: é o terreno de fundação do pavimento; Sub-base: camada complementar à base, quando a resistência das camadas inferiores se apresenta inadequada para o carregamento a que se destina; Base: camada cuja função é resistir e distribuir os esforços verticais provenientes do tráfego, e a qual receberá o revestimento; Revestimento: recebe diretamente as tensões do tráfego e distribui para as camadas inferiores. Considerada impermeável, protege as camadas de base das ações nocivas da água; ASFALTOS DE PETRÓLEO O asfalto é um dos materiais mais versáteis utilizados pelo homem, conhecido desde a antiguidade. As aplicações desse material vão desde a agricultura até a indústria. Seu uso em obras de pavimentação flexível é um dos mais antigos e importantes. No decorrer do tempo demonstrou ser o insumo principal por excelência da pavimentação rodoviária. Há várias razões para o uso intensivo do asfalto em pavimentação, sendo as principais: Proporciona forte união dos agregados, agindo como um ligante que permite flexibilidade controlável; É impermeabilizante, durável e resistente à ação da maioria dos ácidos, dos álcalis e dos sais; Pode ser utilizado aquecido ou emulsionado, em amplas combinações de esqueleto mineral, com ou sem uso de aditivos; O asfalto utilizado nas obras de pavimentação é um ligante betuminoso proveniente da destilação fracionada do petróleo nas torres da indústria petroquímica. Possui as propriedades adesiva, termoviscoelástica e baixa reatividade. Apresenta coloração variante entre preta e pardo escura, com 3 massa específica em torno de 1.030kg/m³ e odor característico. Sua baixa reatividade química, porém, não o torna invulnerável ao um processo de envelhecimento por oxidação lenta pelo contato com a umidade do ar e a água. Quando o asfalto se enquadra em uma determinada classificação,baseada em suas propriedades físicas que pretendem assegurar o bom desempenho do material na obra, passa a ser denominado pela sigla CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo6. CIMENTOS ASFÁLTICOS O CAP é um ligante asfáltico que possui comportamento peculiar diante da variação de temperatura, apresentando-se semi-sólido a temperaturas baixas, viscoelástico à temperatura ambiente e líquido a altas temperaturas. Sua característica termoviscoelástica manifesta-se no comportamento mecânico, sendo suscetível à velocidade, ao tempo e intensidade de carregamento, e à temperatura de serviço. O CAP é um material quase totalmente solúvel em benzeno, tricloroetileno ou em bissulfeto de carbono, propriedade que será utilizada como um dos requisitos de especificação. Uma nova especificação foi regulamentada em 2005 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), substituindo especificações anteriores. Nessa especificação baseia-se no ensaio de penetração, onde uma agulha de massa padronizada (100g) penetra numa amostra de volume padrão de CAP, por 5 segundos, à temperatura de 25ºC. São realizadas três penetrações por ensaio e retirada a média entre os valores obtidos. A consistência do CAP é assim determinada, sendo inversamente proporcional a penetração da agulha7. CONCRETO ASFALTICO O Concreto Asfáltico Usinado à Quente (CAUQ) se trata de um produto resultante da mistura à quente, em usina apropriada, de agregado mineral, material de enchimento e CAP, espalhado e comprimido à quente. Sua produção no estado do Paraná é regulamentada pela Especificação de Serviço DER/PR ES-P 021/058. Seu projeto de dosagem consiste num estudo de seleção e percentual dos materiais constituintes com a finalidade de enquadrá-lo na especificação de serviço. É o mais nobre dos produtos utilizados como camada de revestimento, e como tal, também o insumo mais oneroso de uma obra de pavimentação, o que justifica as pesquisas voltadas a otimizar a relação custo/benefício do produto. A mistura asfáltica eleita como revestimento de um pavimento é função de diversas variáveis, entre elas, suas propriedades mecânicas e o intemperismo, com influência direta da umidade e da variação da temperatura. Uma das alternativas para a maximização do desempenho das misturas asfálticas é possível com a utilização de asfaltos modificados com adições, buscando alterar seu comportamento viscoelástico e melhorar sua qualidade e durabilidade. ASFALTO-BORRACHA Uma dessas alternativas de adição ao cimento asfáltico de petróleo (CAP), visando maximizar suas propriedades, concomitante à redução de problemas ambientais, é a utilização de borracha de pneus descartados6. Segundo o IBP (2013)9, o Concreto Asfáltico Borracha Usinada à Quente (CABUQ), também chamado asfalto-borracha é um asfalto modificado por borracha moída de pneus, Neste processo emprega-se grande volume desse resíduo que de outra forma, seria um problema para a sociedade e otimiza-se propriedades importantes dessas misturas, assim como o desempenho do revestimento asfáltico. A aplicação é das misturas asfálticas com asfalto-borracha é feita por equipamentos convencionais de pavimentação. Sua utilização como ligante é regulamentada pela Especificação de Serviço DER/PR ES-P 028/0510. São utilizados dois processos de incorporação da borracha triturada de pneus às misturas asfálticas: Processo úmido (wet process): processo no qual a borracha é finamente triturada e adicionada ao CAP já aquecido, dando origem a um ligante modificado. Esse ligante, chamado asfalto-borracha, tem sua utilização em produtos como: concreto asfáltico, camada porosa de atrito, Stone Matrix Asphalt (SMA) e tratamentos superficiais. Nesse processo teor pó de borracha de pneus fica em torno de 15 à 20% da massa de ligante. ● Processo seco (dry process): nesse processo a borracha é triturada e incorporada ao agregado pétreo da mistura, dando origem ao produto agregado-borracha. Esse tipo de processo só deverá ser utilizado em misturas asfálticas a quente, tipo concreto asfáltico, não sendo recomendado seu uso em misturas a frio6. Apesar de recente no país, o uso de borracha de pneu mistura aos ligantes asfálticos teve seu início no ano de 1963 nos Estados Unidos, pelo Eng.º Charles H. Mcdonald11. No estado americano do Arizona as experiências com asfalto-borracha demonstraram um aumento da ductilidade, resiliência e ponto de amolecimento e diminuição da susceptibilidade térmica12. Essas técnicas já foram implantadas 4 em vários trechos de pavimentação no Brasil, entre eles, as rodovias SP-075 e SP-127 com resultados animadores. Ainda que não desfrutem de nenhum incentivo fiscal, as concessionárias responsáveis pela administração das rodovias resolveram investir nessa tecnologia visando os benefícios futuros, como a diminuição de custos com manutenção13. Além desses benefícios, a utilização de pneus inservíveis atua sobre o passivo ambiental gerado pela sua produção. Segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – ANIP14, em 2013 foram produzidos no país cerca de 69 milhões de pneus, sendo exportados pouco mais de 17%. Do total consumido no mercado interno, 30 milhões de pneus são para reposições, donde se vislumbra a enorme quantidade de pneus descartados, grande parte em aterros sanitários a céu aberto, beiras de estrada e fundos de vales. A utilização do asfalto-borracha pode contribuir muito para a diminuição desse passivo ambiental, uma vez que são consumidos em torno de mil pneus por quilometro linear de rodovia15. Zanzotto e Svec (1996)16, enumera as principais características do asfalto borracha: Redução da suscetibilidade térmica; Melhora da adesividade em relação aos agregados; Otimização da flexibilidade; Aumento da resistência ao envelhecimento; Maior resistência à propagação de trincas; Maior resistência à deformação plástica permanente; Otimização da aderência entre pneu e pavimento; Redução do ruído produzido pelo tráfego em mais de 50%; Tais características positivas implicam em aumento da vida útil do pavimento e consequentemente redução de manutenção. Specht (2004)13, em seus trabalhos, concluiu que apesar da elevação do custo inicial com a aplicação de cimento asfáltico com adição de borracha em relação ao CAP convencional, sua utilização se mostra economicamente viável à partir da redução dos custos com manutenção, uma vez que a mistura asfáltica tem sua resistência à fadiga e ao trincamento térmico aumentada, assim como uma otimização quanto à resistência à abrasão superficial. Tais características influem diretamente na realização de manutenções, diminuindo sua periodicidade e abrangência. Da mesma forma, Oda (2001)17 afirma que a mistura asfalto-borracha pode ser benéfica aos pavimentos, otimizando sua resistência ao acumulo de deformação permanente e à formação de trincas por fadiga. A tabela 1 abaixo traz as principais especificações técnicas dos cimentos asfálticos de petróleo em uso no país: Tabela 1. Especificações técnicas dos cimentos asfálticos de petróleo (ANP, 2005/2008)18 e 19. Características Unidade Limites Métodos CAP 50/70 ECOFLEX AB 22 ABNT Penetração (100g, 5s, 25°C) 0,1mm 50 a 70 30 a 70 NBR 6576 Ponto de amolecimento °C 46 55 NBR 6560 Viscosidade Brookfield à 177ºC, SP 21 cP 57 a 285 - NBR 15184 à 175ºC, 100 rpm cP - 2200 - 4000 NBR 15529 Ponto de fulgor, mín. °C 235 235 NBR 11341 Recuperação elástica Ductilômetro (25°C, 10cm), mín. % - 55 NBR 15086 Recuperação elástica Torciômetro (25°C, 30cm), mín. % - 55 NLT 329* Ductilidade a 25°C, mín. cm 60 - NBR 6293 *Ensaio não especificado pela ANP, maspresente em normas dos DER’s. MÉTODO MARSHALL Em nosso país, a grande maioria dos projetos de misturas asfálticas usinadas a quente são desenvolvidos de acordo com o Método Marshall. Tal método, também denominado Ensaio Marshall, surgido na década de 1930, foi criado pelo engenheiro Bruce G Marshall, do Departamento de Transportes do Estado do Mississipi, nos Estados Unidos20. No Brasil o Método Marshall é regulamentado pela norma do DNER-ME 043/9521. 5 Em suma o Método Marshall busca determinar o teor ótimo de ligante em função das propriedades volumétricas, estabilidade e fluência da mistura asfáltica para a composição de concretos destinados a pavimentação rodoviária22. Quando da aplicação do Método Marshall determina-se os seguintes parâmetros1: Granulometria dos agregados: com o uso do método das tentativas de resolução de sistemas e auxílio de ferramentas gráficas busca-se adequar a mistura de agregados dentro das faixas de trabalho para cada fração granulométrica requerida. Densidade aparente da mistura (d): determinada através do ensaio Marshall, indica o teor ótimo de betume na mistura; Volume de vazios (%V): percentual de vazios existente na mistura asfáltica em relação ao volume total; Vazios do agregado mineral (VAM): volume total de vazios na mistura; Relação betume-vazios (RBV): relação entre volume de betume e volume total de vazios na mistura; Estabilidade (E): medida em kgf, indica a carga máxima suportada pelo corpo de prova quando submetido à compressão diametral na prensa; Fluência (F): deformação sofrida pelo corpo de prova no decorrer da aplicação da carga na prensa, medida em intervalos de 0,1mm; Esses parâmetros são indicativos da qualidade e durabilidade da massa asfáltica, onde a densidade máxima garante a máxima estabilidade, o volume de vazio indica os limites entre o espaço necessário para a expansão térmica da massa asfáltica, bem como a oxidação pela ação da umidade. A relação betume-vazios apresenta limites onde existe betume suficiente para a composição adequada da massa e por outro lado, previnem o excesso que desencadeará a exsudação. A fluência determina a flexibilidade da massa asfáltica em questão e a estabilidade, sua resistência ao tráfego, satisfazendo assim, as necessidades de projeto. Cabe aqui mencionar o fator temperatura quando da produção do CBUQ, uma vez que o uso dos ligantes asfálticos em suas temperaturas indicadas reduzem os efeitos do craqueamento e da oxidação impostos à mistura asfáltica, com o consequente aumento da vida útil do pavimento23. Segundo Senço (2001)20, deve-se ressalvar que os critérios utilizados pela Engenharia das Forças Armadas Americanas quanto ao Ensaio Marshall, são aplicáveis apenas para as misturas para as quais essas correlações foram estabelecidas, devendo portanto, a extrapolação desses critérios para outras misturas e granulometrias, serem aplicadas com os devidos cuidados, verificando-se a realidade entre resultados de ensaios em laboratórios e comportamento das misturas sob a ação do tráfego. Ainda, segundo ele, em razão da desconsideração dessa realidade, o método têm recebidos críticas severas recentemente, apesar de extremamente difundido pelo mundo e comprovadamente eficiente quanto ao projeto e controle de milhões de quilômetros de pavimentação nas últimas décadas. Pela própria natureza inerente à uma obra de pavimentação asfáltica relativa ao seu alto custo, deve-se dedicar atenção especial aos fatores que influenciam seu desempenho, tais como: processo construtivo, plano de manutenção, características dos materiais e dosagem da mistura asfáltica, sendo esse último o fator estudado no presente trabalho. Objetiva-se com o mesmo, avaliar as propriedades da mistura asfáltica produzida com asfalto-borracha em relação à produzida com asfalto convencional, através de ensaios de laboratório com o emprego do Método Marshall de dosagem, e determinar sua viabilidade técnica. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Quando da confecção de corpos-de-prova para a determinação dos parâmetros solicitados pelo Método Marshall, iniciam-se os trabalhos no laboratório com a determinação das densidades reais e aparentes dos agregados. À seguir adota-se a faixa granulométrica do CAUQ/CABUQ a serem trabalhados, o teor provável de asfalto e moldam-se os corpos-de-prova (cp’s) necessários à experimentação. Uma vez moldados, são determinadas as densidades e dimensões dos cp’s, e em seguida, realiza-se o rompimentos dos mesmos em prensa hidráulica específica. De posse dos dados adquiridos, procede-se os cálculos para a determinação dos parâmetros solicitados (propriedades volumétricas, estabilidade e fluência) e, em função destes, o teor ótimo de ligante. Deve-se determinar a porcentagem de ligante que satisfaça às seguinte condições para camadas de rolamento21: Densidade aparente: máxima possível; Volume de vazios: 3% ≤ Vv ≤ 5%; Relação betume-vazios: 70% ≤ RBV ≤ 82%; 6 Estabilidade: ≥ 850kgf; Fluência: 20 ≤ F ≤ 40 (0,1mm) Em função da importância da temperatura dos insumos e da mistura, dedicou-se um rigoroso controle da temperatura dos ligantes, agregados e mistura quando da produção dos corpos-de-prova dessa pesquisa, com aquecimento dos ligantes à 165ºC, dos agregados à 175ºC e temperatura de compactação na faixa de 150ºC. Para o cumprimento do objetivo da pesquisa as especificações das misturas asfálticas foram baseadas nos projetos da obra de duplicação da PR-323, trecho entre Maringá e Paiçandú, gentilmente cedidos pela Extracon Mineração e Obras, empresa responsável pela execução da obra. Tratam-se de misturas de mesma granulometria, padronizada pelo DER/PR, porém utilizando-se dois tipos de ligantes asfálticos: CAP 50/70 convencional e ECOFLEX B (teor de pó de borracha moída de 15%), oriundos da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), de Araucária/PR e Fábrica de Asfaltos do Paraná (FASFPAR), de Ponta Grossa/PR, respectivamente. Desse modo, possibilita-se a comparação do comportamento das misturas asfálticas entre si em função do tipo de ligante, e posteriormente a comparação da mistura produzida com asfalto-borracha com outras dispostas na literatura. Os agregados minerais (britas) provenientes de rocha basáltica utilizados no trabalho foram fornecidos pela Pedreira Extracon Mineração e Obras, localizada no município de Maringá-PR. A areia quartzoza é originária do Porto São José, no estado do Paraná, às margens do rio Paraná. Trata-se o filler de cal hidratada de marca comercial Colombo Cal, do município de Colombo-PR. A definição do teor ótimo de ligante para as misturas asfálticas iniciou-se com a determinação da densidade real dos agregados graúdo e miúdo, e densidade aparente do agregado graúdo, através de ensaios de laboratório, de acordo com as equações 1, 224 e 325. 𝐷𝑟 = 𝑀𝑠 𝑀𝑠𝑎𝑡− 𝑀𝑖 eq. 1 Onde: Dr – densidade real agregado graúdo Ms – massa agregado seco Msat – massa agregado saturado superfície seca Mi – massa agregado saturado imerso 𝐷𝑎 = 𝑀𝑠 𝑀𝑠− 𝑀𝑖 eq. 2 Onde: Da – densidade aparente agregado graúdo Ms – massa agregado seco Mi – massa agregado saturado imerso 𝐷𝑡 = 𝑃2 − 𝑃1 (𝑃4−𝑃1)−(𝑃3−𝑃2) eq. 3 Onde: Dt – densidade real agregado miúdo P1 – massa picnômetro P2 – massa picnômetro + agregado seco P3 – massa picnômetro + agregado + água P4 – massa picnômetro + água P5 – massa agregado seco A seguir determinou-se a faixa granulométrica do concreto asfáltico a ser trabalhado, sendo essa a Faixa E – Engelog 12,5mm - Camada de Rolamento, do DER-PR8 e 10. A composição dos agregadosdosados na mistura foi a seguinte: 27% de brita 1/2”; 23% de brita 3/8”; 35% de brita 3/16”; 14% de areia grossa e 1% de filler cal hidratada CH-I. A distribuição granulométrica dos agregados foi graficamente expressa na tabela à seguir, apresentando as faixas da mistura, limites e de trabalho: 7 Tabela 2. Granulometria da mistura dos agregados De posse dos percentuais de agregados graúdos e miúdos da mistura fornecido pelo gráfico, mensurou-se as densidades real, aparente e média da mistura (eqs. 4, 5 e 6). 𝐷𝑟𝑚 = 100 %𝑎𝑔 𝐷𝑟 + %𝑎𝑚 𝐷𝑡 eq. 4 Onde: Drm – densidade real da mistura %ag – percentual de agregado graúdo na mistura %am – percentual de agregado miúdo e finos na mistura 𝐷𝑎𝑚 = 100 %𝑎𝑔 𝐷𝑎 + %𝑎𝑚 𝐷𝑡 eq. 5 Onde: Dam – densidade aparente da mistura 𝐷𝑚 = 𝐷𝑟𝑚+ 𝐷𝑎𝑚 2 eq. 6 Onde: Dm – densidade média da mistura Para a determinação do teor ótimo de ligante, procede-se a confecção de corpos-de-prova com teores dentro de um gradiente tendo a prática laboratorial como base, partindo-se de um ponto central, chamado Percentual estimado de asfalto (Pea), sendo: Pea, Pea ± 0,5%, Pea ± 1,0%. Em função do problema proposto no presente trabalho adotou-se dois tipos de ligantes asfálticos para fins de comparação: CAP 50/70 (asfalto convencional) e ECOFLEX B (asfalto-borracha), trabalhando ambos com cinco teores distintos, sendo 4,0; 4,5; 5,0; 5,5 e 6,0% para o asfalto convencional e 5,0; 5,5; 6,0; 6,5 e 7,0% para o asfalto-borracha, utilizando-se a mesma composição mineral para ambas as misturas, visando maximizar a confiança dos ensaios. À partir desses teores e massas de asfalto e os valores das densidades reais e aparente das misturas, determinou-se as densidades teóricas das massas asfálticas (eq. 7). 𝐷 = 100 %𝑎𝑔 𝐷𝑟𝑚 + %𝑎 𝑑𝑎 eq. 7 Onde: D – densidade teórica da massa asfáltica 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0.010 0.100 1.000 10.000 100.000 P a ss a n te ( % ) Peneiras (mm) Limites Mistura Faixa de trabalho Faixa de trabalho 8 %ag – percentual agregados %a – percentual asfalto Drm – densidade real da mistura da – densidade asfalto Foram moldados três cp’s (corpos-de-prova) para cada teor de ligante asfáltico, conforme recomendado pela literatura. Para a preparação dos corpos de prova pesou-se separadamente cada porção suficiente para a moldagem de um corpo de prova, que devem ter de cerca de 1.260,0g. Em seguida, os agregados e ligantes foram aquecidos separadamente à temperatura de 175ºC e 165ºC, respectivamente, e moldados com a temperatura da mistura na faixa de 150ºC. Os cp’s, foram moldados em formas cilíndricas com 4” de diâmetro e 2,5” de altura, pré-aquecidas em estufa. A compactação foi realizada com o uso de soquete normalizado, com peso de 4,54kg, com altura de queda padrão de 18”. Foram aplicados 75 golpes por face dos cp’s, conforme requerido pelo ensaio21. Após um período de resfriamento de 24h, os cp’s foram desmoldados e realizou-se as medições de cada cp, aferindo com o uso de paquímetro, seu diâmetro e sua altura, e em seguida pesados, ao ar e imersos. Aplicando-se o recurso da média aritmética nos resultados dos três cp’s de cada teor de ligante, determinou-se a densidade aparente da massa asfáltica (eq. 8)21. 𝑑 = 𝑀𝑐𝑝 𝑎𝑜 𝑎𝑟 𝑀𝑐𝑝 𝑎𝑜 𝑎𝑟− 𝑀𝑐𝑝 𝑖𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 eq. 8 Onde: d – densidade aparente da massa asfáltica Mcp ao ar – massa corpo de prova ao ar Mcp imerso – massa corpo de prova imerso Conhecendo-se a densidade aparente de massa asfáltica de cada teor de ligante, equacionou-se os dados adquiridos, obtendo-se o %V (eq. 9), VAM (eq. 10) e RBV (eq. 11). %𝑉 = ( 𝐷−𝑑 𝐷 ) 𝑥 100 eq. 9 Onde: %V – percentual de vazios 𝑉𝐴𝑀 = (1 − (( 𝑑 𝐷𝑎𝑚 ) 𝑥 %𝑎)) 𝑥 100 eq. 10 Onde: Dam – densidade aparente da mistura %a – percentual de agregados 𝑅𝐵𝑉 = 𝑉𝐴𝑀−%𝑉 𝑉𝐴𝑀 eq. 11 Onde: RBV – relação betume-vazio VAM –vazios do agregado mineral Na sequência do ensaio, os cp’s foram imersos em banho-maria, mantidos a 60ºC por cerca de 40min. De imediato após a retirada da imersão, foram colocados no interior do molde de compressão e levados à prensa Marshall, onde aplicou-se continuamente uma carga ao longo da superfície do cilindro (diametral), com um deslocamento do pistão da prensa de 2” /min, até o seu rompimento. Concomitante à aplicação da carga, realizou-se a medição do deslocamento vertical dos cp’s, valor esse que determina a fluência do material21. 3. RESULTADOS Dos Ensaios Marshall realizados foram obtidos os resultados apresentados nos quadros à seguir: 9 Quadro 1. Massa Específica Aparente - CAUQ e CABUQ Quadro 2. Volume de Vazios – CAUQ e CABUQ Quadro 3. Relação Betume-Vazios – CAUQ e CABUQ 2.460 2.480 2.500 2.520 2.540 2.560 2.580 2.600 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 M a ss a E sp ec A p a re n te ( g /c m ³) Teor de Ligante (%) CAUQ CABUQ 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 V o lu m e d e V a zi o s (% ) Teor de Ligante (%) CAUQ CABUQ 45.0 50.0 55.0 60.0 65.0 70.0 75.0 80.0 85.0 90.0 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 R el a çã o B et u m e -V a zi o s (% ) Teor de Ligante (%) CAUQ CABUQ 10 Quadro 4. Estabilidade - CAUQ e CABUQ Quadro 5. Fluência - CAUQ e CABUQ Partindo-se da máxima densidade possível, estabeleceu-se os teores que satisfizessem as condições supra mencionadas, encontrando-se os seguintes valores: Tabela 3. Resultados obtidos do Método Marshall – CAUQ e CABUQ Parâmetro Unidade CAUQ CABUQ Teor de ligante % 5,4 6,4 Densidade máx. aparente g/cm³ 2,578 2,510 Volume de vazios % 3,5 3,7 Relação Betume-Vazios % 77 78 Estabilidade kgf 1.090,0 1.100,0 Fluência mm 3,4 3,7 4. DISCUSSÃO Dos resultados obtidos nos ensaios do Método Marshall, denotou-se as seguintes proporções: O CABUQ apresentou um consumo de ligante 18,5% superior ao CAUQ; A densidade da mistura asfáltica se mostrou muito próxima para os dois tipos de ligantes, atendendo os parâmetros requeridos nas especificações de serviços; Os ensaios apontaram um volume de vazios do CAUQ, 5,4% menor do que o CABUQ; A estabilidade também resultou semelhante, tendo a massa asfáltica com asfalto convencional se apresentado apenas 1,0% inferior ao asfalto-borracha. Ambas as misturas alcançaram com folga o valor mínimo determinado pela norma de 850kgf; 1,000 1,050 1,100 1,150 1,200 1,250 1,300 1,350 1,400 1,450 1,500 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 E st a b il id a d e (k g f) Teor de Ligante (%) CAUQ CABUQ 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 3.6 3.8 4.0 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 F lu ên ci a ( m m ) Teor de Ligante (%) CAUQ CABUQ 11 A fluência do CABUQ foi superior 8,8% em relação ao CAUQ, sendo este último mais susceptível à deformações por fadiga; Dos dados obtidos observa-se um consumo mais elevado de ligante no CABUQ em relação ao CAUQ. Sendo o asfalto-borracha um produto modificado, apresenta um custo maior do que o asfalto convencional,no entanto, pressupõe-se uma maior resistência dos pavimentos produzidos com asfalto- borracha à fadiga e consequentemente, às trincas inerentes dessa fadiga, em relação ao asfalto convencional. As trinca dos pavimentos são enormemente prejudiciais à sua vida útil, uma vez que permitem a infiltração de água, desestabilizando as camadas inferiores do pavimento. Em relação aos resultados de modo geral, estes correspondem com o encontrado por ocasião deste trabalho, na literatura especializada e outros trabalhos científicos realizados. Specht (2004)13 demonstrou que a incorporação de borracha em um ligante asfáltico causa aumento de consumo, redução da massa específica e aumento da fluência. Em um estudo de caso realizado neste trabalho, verificou-se através de inspeção visual a superioridade do pavimento executado com CABUQ em relação ao CAUQ, no trecho em obras de duplicação da PR-323, entre Maringá e Paiçandú, onde se utilizou os projetos das misturas asfálticas que serviram de base para este trabalho. Neste trecho de pavimentação observou-se a resistência as deformações plásticas e ao trincamento em função das propriedades elásticas do ligante-borracha, proporcionando maior conforto ao usuário e concomitamente, baixo índice de manutenção. 5. CONCLUSÃO O Método Marshall de dosagem de misturas asfálticas demonstrou que a incorporação de borracha no ligante resulta em aumento no consumo deste, redução da massa específica e aumento da fluência. Esse aumento de consumo se relaciona proporcionalmente ao teor de borracha incorporado ao ligante. O CABUQ, através da avaliação dos resultados obtidos em laboratório, se mostrou tecnicamente viável à utilização em obras de pavimentação asfáltica, agregando os benefícios do comportamento reológico viscoelástico da borracha ao pavimento. A Metodologia Marshall, não obstante ser consagrado como método seguro e eficaz quanto a projeção e controle de pavimento asfálticos, deve ser realizado dentro do mais rígido padrão possível, minimizando-se as incongruências nos resultados, haja visto as profundas variações de valores dos parâmetros encontradas em pesquisas com misturas similares. Apesar das propriedades reológicas das misturas asfálticas se alinharem com aquilo que a literatura expressa, o teor de ligante em um mistura é fator preponderante para o sucesso da empreitada, diante do custo elevado do produto. Outrossim, não pode-se perder de vista a questão ambiental, donde o cimento asfáltico de petróleo, proveniente de fontes de recursos não-renováveis deve ser consumido com responsabilidade e bom senso. Em se tratando de produto com forte apelo ecológico e comprovadamente eficaz quanto à aceitação de incorporação de borrachas oriundas de pneus inservíveis, diminuindo sensivelmente esse passivo ambiental, o asfalto-borracha tem potencial para se tornar o asfalto do futuro. Apesar de inúmeros trechos de pavimentação na região noroeste do estado do Paraná já contar com essa tecnologia, ainda foram realizados poucos estudos quanto à caracterização das manutenções exigidas por esse tipo de pavimento: sua periodicidade, sua abrangência e seu custo. Tal aspecto relevante da vida útil de um pavimento pode ser tema de futuros estudos, nos quais um acompanhamento constante revelará o real custo/benefício da utilização desse insumo em nossa região. 6. REFERÊNCIAS [1] Fontana CE, Fim GM, Cunha LC, Dal Seco MP. Avaliação de concreto asfáltico convencional e com utilização de borracha reciclada de pneus. 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Pavimentação: concreto asfáltico usinado à quente. DER ES – P 21/05. Curitiba, 2005. [9] Instituto Brasileiro do Petróleo. Informações básicas sobre materiais asfálticos. Rio de Janeiro: Comissão de Asfalto – IBP; 1999. [10] Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná. Especificação de Serviços Rodoviários. Pavimentação: concreto asfáltico usinado à quente com asfalto borracha. DER ES – P 28/05. Curitiba, 2005. [11] Faxina AL. Estudo em laboratório do desempenho de concreto asfáltico usinado à quente empregando ligante tipo asfalto borracha. [Dissertação] São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo; 2002. [12] Choubane B. A ten-year performance evaluation of asphalt-rubber surface mixes. Washington, DC: Transportation Research Record nº 1681; 1999. [13] Specht LP. Avaliação de misturas asfálticas com incorporação de borracha reciclada de pneus. [Tese] Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2004. 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[19] Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Regulamento Técnico nº 5/2005: Especificações de cimentos asfálticos de petróleo modificados por borracha moída de pneus – Classificação por penetração. Rio de Janeiro: ANP; 2005. [20] Senço W. Manual de técnicas de pavimentação. 2º vol. São Paulo: Editora Pini; 2001. [21] Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Misturas betuminosas à quente – Ensaio Marshall. DNER-ME 043/95. Rio de Janeiro, 1995. [22] Oda S. Análise da viabilidade técnica da utilização do ligante asfalto-borracha em obras de pavimentação. [Tese] São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo; 2000. [23] Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp). Temperatura de manuseio dos asfaltos. [Acesso em 22 jun 2015] Disponível em http://www.sinicesp.com.br/materiais/2012/bt02a.htm [24] Associação Brasileira de Normas Técnicas. 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