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AULA 9 – TÍTULO - Modernidade, Literatura, o Meio-Ambiente 2
Associe modernidade, modernismo e o dinamismo das cidades na época da grande aceleração.
A Modernidade, nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do XX, constituiu uma época de aceleração quando algumas cidades equipadas modernamente foram pontos de partida para ousadas experiências de vanguardas- modernistas – criando condições para sustentar e alimentar uma vida cultural dinâmica e repleta de ousados experimentos que rompiam como o passado afirmando o novo rompendo paradigmas.
2- Diferencie Modernidade e Modernismo.
Modernismo e cidades viviam uma forma existencial inédita estabelecendo uma ruptura entre o antes e o depois, cujo campo era o da renovação das manifestações das artes e das representações, enquanto a Modernidade foi um movimento permanente, pretendendo eliminar ou dominar a tradição e técnicas pré-modernas num confronto assimétrico, produzindo e difundindo técnicas nos mais diversos campos que descartavam as superadas.
3- Demonstre o que representa a tradição e suas diferenças em relação à modernidade.
A Tradição representa um conjunto de práticas vivas do passado transmitidas para o futuro como uma dinâmica formadora lenta, mas transformadora, transmitindo e armazenando os saberes transmitidos oralmente, formando os sujeitos vinculados a rituais inseridos nas tramas do imaginário desde o nascimento à morte, sendo inesgotável sua produção de saberes ambientais, podendo ainda ser inventadas.
4- Explique a origem das nações modernas.
. As nações modernas não são antigas ou imemoriais, mas são construções recentes na Europa ocidental e onde os monarcas, dos reinos mais poderosos, expandiram seus núcleos originais, submetendo grupos de cultura e religiões diferentes tolerando as diferenças. No século XVI, os monarcas impuseram pela força e pela coação suas legislações e religiões encerrando a etapa da multiculturalidade.
5- Apresente duas definições de nação segundo as noções listadas na aula.
Segundo o pensador francês Ernest Renan (1823-1892), uma nação só existe mediante o que denominou de plebiscito diário, onde todos confirmam o desejo de viver em conjunto, sabendo esquecer o passado. Já para Benedict Anderson, uma nação precisa ser imaginada como um sentimento comum, desprezando-se outras considerações como riqueza, escolaridade, posição social, apostando num profundo companheirismo entre todos.
6- Defina uma paisagem nacional.
Assim como uma nação é uma narrativa, uma paisagem nacional também pode ser fabricada. Apesar da constante alteração no ambiente, a paisagem como conceito, indica uma profunda ligação com o lugar onde se vive, sendo que, na Inglaterra, sua definição indica a 16 passagem do tempo e das técnicas humanas impressas no lugar. Já na França, de cujo idioma deriva paisagem, de pays, a paisagem é dotada de uma homogeneidade geográfica e quem vive no pays e o paysan.
7- . Estabeleça uma associação entre paisagem e imaginário.
A paisagem pode também designar um determinado bioma em forma de narrativa, como aconteceu em muitas obras clássicas da literatura; mas ele também pode ser associado a uma arqueologia de significados, um texto visual antigo, e residência de mitos que não desaparecem completamente assumindo nova identidade e podem sugerir comparações, como as ações que eram símbolos, divididos em diferentes religiões.
8- O que é um parque nacional?
O Parque é um objeto cultural comum, pertencente a uma coletividade como um agregado de interesses, onde o público dialoga uma narrativa comum de nação. Ele poderá preservar a transmitir valores nacionais, expostos em paisagens antigas, até espécimes de animais ou outros bens representativos.
9- Como você apresentaria as relações entre Estado e Cultura?
O Estado Nacional, embora pareça antigo, é uma invenção humana, uma criação moderna, e muito embora algumas tenham coexistido harmonicamente com a multiculturalidade, desde o século XVI, a Espanha e a Inglaterra impuseram ao país um molde cultural desde um centro, sua capital, eliminando as tradições locais impondo um idioma único ou uma religião ao país.
10- . Defina o orientalismo.
No século XIX, os interesses imperialistas sobre o Oriente Médio levaram artistas e escritores europeus a produzir olhares sobre a região. O conceito elaborado por Edward Said, demonstra que, apesar da beleza das obras produzidas por europeus sobre a região, o Orientalismo se baseava em estereótipos, imagens domesticadas da região, especialmente mulheres. Elas eram tomadas pelo leitor europeu como objeto de desejo.
11- Caracterize o imperialismo do século XIX.
O imperialismo do século XIX empreendeu a conquista de territórios, populações, biomas e, graças ao suporte da tecnologia industrial, elas serão mais estreitamente ligadas à metrópole. Do sagrado, do lucro das empresas e da glória do império. O século XIX e o imperialismo criaram uma economia mundial com uma dessas redes de transportes e comunicações, deslocamento de capitais, de pessoas, culturas, tecnologias.
12- Como você definiria o imperialismo desde o texto Nostromo, de Joseph Conrad, sabendo que o imperialismo criou novas bases para a novela?
O imperialismo forçou as fronteiras textuais e representacionais da novela, criando um novo processo fundado na ciência, e dos mitos de um sistema baseado na violência. Destruíram as bases da novela do século XIX, o romance. Nostromo, de Joseph Conrad, mostra o discurso imperial como o da imposição brutal dos desígnios da metrópole, enquanto cabe aos dominados uma vida que parece girar em círculos para terminar sempre diante da dominação estrangeira que se apresenta como talhada para dirigir os negócios do mundo e o mundo.
13- Como podemos associar o imperialismo ao idioma do ocupante-colonizador?
No império britânico, consolida-se uma educação anglófona e a literatura como eficazes instrumentos de dominação. No entanto, o inglês como base serviu para consolidar um continente - a Índia era dividida em centenas de idiomas; o inglês unificou a nação como língua franca permitindo a seus autores ingressar no mercado mundial, onde este idioma é dominante entre muitas nações anglofonas, desde a pátria-mãe, a Grã-Bretanha
14- A descolonização criou uma situação diaspórica e de exílio para esses autores, hoje mundiais? Comente.
Após a descolonização, as metrópoles e outros países receberam emigrantes vindos de países dominados pelo imperialismo inglês na Ásia ou na África, tratando-se de autores deslocados e diásporicos, que se expressam em inglês. Pode ser lida no mundo inteiro como autores migrantes, e diaspóricos produzem nova tematização, justapondo suas paisagens ancestrais com as modernas.
15- Como se desenvolveu o processo colonial francês na Argélia?
A conquista da Argélia, que ocorreu em 1830, foi uma etapa do imperialismo no qual o país, conquistado como terra vazia, recebeu os excedentes populacionais pobres franceses que ocuparam as melhores terras introduzindo o progresso e a modernidade, considerando-o parte do território francês; e os colonos, cujo número chegava a um milhão, rejeitavam qualquer autonomia ou integração dos argelinos, desprezados como atrasados e ignorantes.
16- Defina a descolonização francesa da Argélia.
A Argélia obteve sua independência em 1962 após uma brutal guerra cujo trauma somaram-se as fraturas existentes na sociedade e na cultura da Argélia, apesar de fabricar suas raízes árabes que não são unânimes, continuou a empregar o francês em sua literatura, realizada por autores independentes mas o emprego o idioma do colonizador não representava uma continuidade na francofonia, representava uma ruptura e uma diferença
17-Relacione o senso de paisagem argelina demonstrado por Albert Camus.
Para Albert Camus, a paisagem argelina é nua e crua, repleta de calor, nesta a noite vem depressa, opressiva, repleta de poeira, e é o sol que torna a paisagem desumana e deprimente. Ele sente-se incomodado, padece de um constante mal estar e, apesar de nascido ali, é comose a Argélia não fosse seu lugar porque a paisagem, o calor, e principalmente o sol o hostiliza, levando um personagem seu a assassinar um árabe numa rixa de praia.
18-Como você considera o diálogo literário entre Albert Camus e Kamal Daoud?
O jornalista franco-argelino, Kamel Daoud, redigiu uma novela, Maursault que, rebatendo a obra O Estrangeiro de Camus, coloca como narrador o irmão do árabe assassinado na novela de Camus. A paisagem para Daoud, após a independência, é amistosa, onde o sol, a praia, o céu, paisagens, moradias, objetos e animais são familiares criando um jogo de oposições entre os dois autores e suas obras.
19- Descreva como Mohammed Dib sente a paisagem argelina e sua opinião sobre a escola colonial e a língua francesa?
Mohammed Dib sentia a paisagem argelina como um lugar interior que os personagens trazem dentro de si, talvez, porque, com a colonização, ela ainda não lhes pertencesse. Sofrer a fome e a sede era um aprendizado do corpo, enquanto a lição da escola colonial rejeitava a cultura tradicional local e as escolas muçulmanas, os revolucionários argelinos viam nas matrizes libertárias francesas a inspiração para seu próprio futuro.
20- Como a escritora Assia Djebar considera que o branco expressa melhor a situação de seu país?
Assia Djebar foi eleita em 2005 para a Academia Francesa, definindo seu país como uma Argélia sangue-escritura. Diante da repressão brutal do governo central de Argel contra os opositores islâmicos e intelectuais, ela produziu um filme: O branco da Argélia (1995), queixando-se da repressão e, diante do vocabulário oficial anestesiante, ela fez do branco o que disse W. Kandinsky, a cor branca se torna um silêncio absoluto na alma.
21- Comente como Assia Djebar , sua literatura e a diglossia?
Assia Djebar escreve em francês mas, por sua origem, tem um enorme apreço pelo árabe, sua linguagem materna e matriz de seus mitos literários. Ela não escreve em árabe, mas o idioma cintila diante dela e em suas obras autobiográficas; emprega o francês procedendo a um jogo de transgressões, enunciados na polifonia das palavras, que constroem na diglossia significados novos, e diferentes ao descrever a condição humana.
22- Descreva como Assia Djebar considera o papel da mulher argelina e o seu papel antropomorfo na definição da paisagem e do corpo feminino, e faz da paisagem-corpo uma escritura.
Ela é extremamente crítica da situação da mulher sob o Islã na Argélia, auto exilouse na França. Em algumas de suas novelas ela antropomorfiza o corpo da mulher em paisagem e o liga ao lugar como um espaço mediando a anatomia feminina e o ambiente. As mulheres numa sociedade muçulmana, muitas vezes são vozes caladas, sendo preciso a autora escrever contra o silêncio que está dentro dela própria e recupere sua genealogia feminina.
23- Levando em conta Derrida, analise a proposição: corpo, paisagem, idiomas, fronteiras
Para os autores argelinos, o ambiente, a paisagem é marcada pela presença humana e, pela sua perspectiva de nativos do lugar, ela está povoada por mito-estórias, práticas, ecologias. Os escritores absorvem o percurso físico e visual dessas paisagens como no caso do deserto, um lugar de extemos, e diante das condições desérticas ele se torna um lugar pleno de significados e, para Ibn Khaldun, no deserto se originam a saúde e a poesia, apesar de ser um bioma hostil ao viajante.
24- Considere a maneira como autores, textos, e idiomas dialogam entre si? .
Autores argelinos se deram conta de que seus livros e olhares sobre o ambiente surgem de uma vasta tradição onde os livros conversavam entre si, num processo de reinvenção e reescrita, no qual certos textos multilíngues ecoam imagens e textos originados em outros idiomas, como se lê em La Fontaine, escritas conhecidas em árabe e persa sendo a escritura um ponto de contato com a diversidade humana no mundo inteiro (Hiddleston, 2017, 77).
25- Como o escritor pied noir, Jean Pelegri considera a paisagem e o exílio?
Jean Pelegri, nasceu na Argélia descrevendo paisagem como obra do escritor comportando duas geografias, uma visível e outra invisível paisagens são como livros que se lê, e a paisagem natal é o primeiro ensinamento recebido na vida. Pelegri, ao deixar a Argélia, partiu para o exílio já que para ele, jamais a Argélia será um país estrangeiro e aprendeu árabe para conhecer seu país natal, onde deixou memórias e seus mortos.
26- Comente, descolonização e a recuperação da paisagem argelina.
Inicialmente a descolonização deve aceitar a história colonial tendo papel fundamental na recuperação das forças espirituais tradicionais, na construção da identidade nacional, e onde a imaginação da paisagem nativa adquire um significado cultural especial. As terras que foram tomadas e empregadas com significado imperial, devem recuperar o sentido do imaginário local quando a terra possuía significação religiosa e lugares sagrados.
- AULA 10 – TÍTULO - A cidade, ambiente, imaginação e literatura.
1- Defina a cidade como um ambiente humano artificial.
A cidade é um ambiente artificial criado pelos homens assegurando nossa sobrevivência humana diante da natureza, e amparando processos culturais, vencendo as adversidades climáticas por meio de técnicas e ciência. A cidade foi abrigo e proteção, refúgio, local onde se acumulavam riquezas materiais, saberes e processos comunicacionais traduzindo uma experiência antiga e contínua sobre nossos percursos, olhares e vivências. Foi nas cidades que nasceu a escrita, a poesia as obras de registro e expressão poética, e o conceito de cidadania.
2- Descreva as formas de representação da cidade por meio da literatura.
Durante séculos, a cidade foi o lugar essencial da vida coletiva e sua representação se deu desde o surgimento da escrita. A literatura produzida está repleta de imagens onde as funções simbólicas da cidade são celebradas por seus escritores como a suprema representação de riqueza, do egoísmo e do anonimato da sociedade moderna onde ela surge como a instigante experiência do novo. A cidade determinou nossa cultura e determina nossos destinos. O urbanismo é a ciência de transformar a cidade, nascida no Iluminismo mantendo-se no centro programático da cultura mundial.
3- Como você vê as funções simbólicas da cidade?
A cidade pode ser representada por processos simbólicos que podem ser representativos em termos de metáfora, onde a cidade é representada e conhecida em associação a um campo de batalha, uma selva ou um paraíso; onde se destacam imagens calcadas nos hábitos peculiares à cidade e a identidade de sua população. A representação por metonímia personaliza a cidade em monumentos e atividades que ressaltem traços identificadores. O Rio de Janeiro é associado ao carnaval, Paris á luz e Buenos Aires ao tango e Atenas à Acrópole, berço da democracia.
4- Descreva Londres quando do seu ingresso no século XVIII com um crescimento populacional extraordinário, a sociabilidade do Iluminismo britânico com seus cafés, o romantismo de Wordsworth, o incrível adensamento urbano observado na novela Moll Flanders, de Defoe, além da insegurança da cidade vista por Dickens como normal.
Como importante centro financeiro e industrial, Londres cresceu descontrolada nos fins do século XVIII concentrando dez por cento da população do pais. Era paradoxal por ser uma cidade riquíssima e paupérrima simultaneamente cuja reforma mostrava-se impossível, apesar do incêndio de 1666 quando a desordem prosseguiu, ao tempo em que a cidade de Paris estava atravancada por casas e ruas medievais. O Iluminismo desenvolveu uma sociabilidade reunindo pessoas em lugares públicos com cafés centrais na vida pública e social, onde se conversava, gestando a opinião pública. Retratando a cidade, a novela de Defoe, Moll Flanders apresenta uma personagem feminina percorrendo essa Londres repleta de ruas tortuosas, elaborando mapas mentais descrevendo uma narrativa urbana em constante mutação.
5- Avalie a maneira gradual como as autoridades londrinas modificaram Londres, assinalandoos percalços da política adotada e seus acertos, inclusive a tendência de trazer a natureza para dentro da área urbana.
Vagarosamente, a Londres de traçado tortuoso e medieval, começou a ser alterada embora as mudanças não se originassem de um plano central, como ocorreu em Paris. Na Inglaterra, o poder realizava medidas cautelosas, demolindo áreas perigosas e insalubres vagarosamente, permitindo que os primeiros sucessos demonstrassem o acerto de suas iniciativas como o uso localizado da iluminação publica, e a abertura de nova e ampla ruas e praças, ornadas por grandes jardins, contendo em torno edifícios modernos e caros. Esses jardins mostravam que o pensamento romântico tornava a cidade mais saudável. A introdução da tecnologia industrial fez surgir viadutos e metrôs, novas edificações como estações ferroviárias empregando tecnologias inovadoras.
6- Londres e a sociedade britânica da Revolução Industrial viveram enorme insegurança política e social tanto na cidade como nos campos. De que maneira dois escritores, Dickens e Disraeli, evidenciam essa tragédia humana?
Um romance é a projeção da imaginação do escritor, mas é onde a mente do autor relata a realidade. Charles Dickens mostra em sua novela, História de duas cidades, um clima de caos em Londres, onde a autoridade que durante o dia guardava a lei, cometia crimes à noite impunemente, atacando pobres e ricos. Já Disraeli, escritor e político, mostra sua visão social no romance Sybil, ou duas nações, apresentando a profunda divisão nacional entre pobres e ricos, onde a população camponesa era condenada a vagar de lugar para lugar sem garantia de habitação ou de trabalho estável. Vivendo improvisadamente, era obrigada a caminhar muito para chegar até seu trabalho e regressar a sua morada, comendo a ração destinada a animais.
7 Voltando a ideia de Alter de que o personagem e as imagens criadas num romance são invenções do autor, e a maneira pela qual ele representa a realidade, porque um escritor político como Engels considera que os londrinos tiveram de abandonar o que tinham de melhor para terem Londres?
O autor político Engels mostrou-se pasmo pelas dimensões enormes de Londres, pois era capaz de caminhar por horas seguidas sem saber sequer onde ela começava, muito menos onde terminava. Na época de Engels, já contava com 3 milhões de habitantes sendo a capital financeira industrial e comercial do mundo além de abrigar um imenso porto e grandes depósitos de mercadorias diversas espalhados por sua margens. O seu denso casario abrigava milhões de habitantes disseminados por enormes regiões da cidade. O espetáculo que tudo isso proporcionava, do alto de uma ponte sobre o Tâmisa, era imponente e mais assustador diante da miséria extrema dos bairros operários. Engels achava que os londrinos abandonaram o melhor para atingir esse “grau espantoso de progresso material e de riqueza”.
8- A partir descrição de Cocketowm, de Dickens, relacione a descrição do autor e a afirmação feita por Eça de Queirós, na página 5 desta aula, de que o melhor espetáculo para o homem é o próprio homem.
Na sua obra, Tempos difíceis, Dickens descreveu uma cidade industrial fictícia, Cocketowm, como um espaço utilitário, cujas construções de tijolos vermelhos escureceram por causa da poluição; cidade composta por máquinas e engrenagens, era repleta de chaminés enfumaçadas, cujos rios eram esgotos e despejo industrial, viscosos e pútridos. As ruas grandes ou pequenas pareciam todas iguais como iguais pareciam as suas moradias, os moradores e seus horários rotineiros sempre os mesmos repetitivamente. Para o escritor Eça de Queiros, seria curta a viagem que Dickens faria pela Europa por causa da sua ligação com as tristes ruas de Londres, de suas casas e habitantes, presos às rotinas industriais que os reduziam a peças da engrenagem, apesar de ser o homem o maior espetáculo.
9- Descreva o ambiente de Londres desde sua relação com o Tâmisa até a descrição de Dickens da grande cidade tomada pela fumaça industrial, o fog?
O rio Tâmisa era a grande artéria de Londres ligando suas indústrias aos mercados mundiais recebendo matérias primas e abastecendo seu império. O rio era uma importante via de comunicação e ponto focal na memória do país. O rio abrigava inúmeros portos, estaleiros, enquanto a cidade recebia com seus bancos a alta finança. O Tâmisa abastecia a cidade de água e servia de esgoto e de lixeira. Simbolicamente, o Tâmisa assustava o espectador como se estivesse pronto para afogá-lo. O problema do fog devia-se à fumaça industrial gerada pelas indústrias que obscurecia o céu da cidade e deixava no ar partículas sólidas, sufocando a população, concedendo à cidade um aspecto fuliginoso e sujo, impedindo a visão do ambiente urbano e do seu horizonte, impedindo até que o sol banhasse a cidade.
10- Assinale quais foram as relações de Londres com o ambiente e a incorporação das redes modernas, desde os esgotos, fornecimento de água, transporte ferroviário e a iluminação noturna, como uma invenção moderna, destinada a aperfeiçoar e racionalizar a existência do homem.
O crescimento vertiginoso e descontrolado da cidade agravou o problema sanitário quando a invenção do WC individual despejou seus dejetos na rede pluvial que desaguava no Tâmisa. A contaminação das águas desencadeou epidemias de tifo e cólera no verão quando ocorreu o grande Fedor de Londres, quando as autoridades adotaram o saneamento implantando redes modernas de água e esgotos, de gás canalizado, de transportes urbanos, rede de transporte ferroviário edificando novas estações em Londres. As novas demolições ampliaram as ruas, avenidas e viadutos. Graças à rede de iluminação pública, a população das metrópoles conquistou o uso do tempo noturno, tornando a cidade mais segura, fornecendo a ela e a sua arquitetura, outro senso de configuração permitindo uma nova legibilidade, a noturna, de Londres.
11- Descreva de que maneira a imigração do Caribe, da África e da Ásia tornou Londres uma capital mundial e europeia da diversidade cultural?
Com o término do império colonial britânico desde os anos 1950, Londres mudou drasticamente a sua composição étnica, cultural e comportamental graça a chegada de milhares de imigrantes de origem caribenha, africana e asiática fazendo com que atualmente, 25 por cento da população seja composta por imigrantes de 270 nacionalidades. Eles residiam em bairros baratos e multiculturais, mas graças à escolaridade pública gratuita, os imigrantes se tornaram uma bem preparada mão de obra, sabendo-se que os britânicos brancos, anglosaxões são minoria em Londres.
12- Como o escritor Geoff Nicholson desenvolve seu romance Bleedind London a insegurança da vida urbana moderna, a imigração e o excesso de informações peculiar às nossas sociedades urbanas contemporâneas sob a forma de mapas e cartas?
Geoff Nicholson é um dos escritores representativos da Londres multicultural e gigantesca. Na novela Bleeding London, emprega personagens múltiplos em narrativas de percursos urbanos criando representações de uma cidade que se recusa a caber nos mapas. Os diferentes personagens deslocam-se em percursos desconexos por causa do excesso de informações, transitando por uma Londres real, mas, seguindo as imagens fictícias que produzem. Mesmo tratando-se de uma cidade multicultural contemporânea e insegura, percorrê-la é como na Paris de Charles Baudelaire, um enorme prazer.
13- Relate como era Paris até a época de Luís XIV, com seu crescimento e adensamento urbano.
A cidade de Paris, fundada na época romana, se dividia na Cité, na Université e na Ville; e após tornar-se capital do reino durante a medievalidade, recebeu várias muralhas para defendê-la, o que dificultava sua expansão e alargamento urbano, enquanto a população crescia. A turbulência levou o próprio rei Luís XIV a abandonar o Louvre e construir Versalhes distante de Paris. Uma reforma urbana era urgente.
14- Defina o Estado Absoluto diante da cidade, do súdito e do ambiente?
Quando o estado monárquico decidiu governar distanteda capital do reino, tornou o palácio um lugar central de onde se controlava o país; No palácio se abrigava a corte e a máquina administrativa e de aparato real; a arquitetura do palácio era grandiosa e de custo elevado e seu conjunto grandioso era cercado por uma paisagem artificial regular evidenciando que o soberano dominava o ambiente e os súditos segundo seu desejo.
15- Descreva a relação entre o palácio, a cidade e o país.
A vida nacional era dominada pela monarquia centralizadora que intervinha pelo mercantilismo no comércio na produção de bens na de cultura e nas artes. A máquina estatal era mantida por impostos para manter o aparato do poder, legislações, e a máquina estatal beneficiando as famílias aristocráticas ligadas na corte. O palácio era o lugar central do reino estabelecendo a mediação entre o monarca, o estado e a nação.
16- Comente: a Revolução de 1789 eliminou o antigo Regime mas provocou destruição humana e ambiental.
A revolução francesa vitoriosa eliminou os aparatos legais do antigo regime impondo uma agenda liberal que permitiu a ascensão da burguesia e deixou os trabalhadores desprotegidos à mercê das brutais leis impessoais do mercado. Além de colocar todos os bens da nobreza, clero e os bens nacionais, todo o ambiente desde o subsolo, rios, águas, lagos, florestas nas mãos da burguesia destinada a produzir e dar lucro. Assim teve o arranque de uma economia capitalista liberal e industrial avançada, baseada em investimentos, numa Bolsa, na livre iniciativa, no mercado e não mais na corte. A revolução e sucessores levaram em conta projetos de reforma urbana, mas, diante dos obstáculos variados, os projetos só foram adiante com o uso de implemento técnico modernos pelo desejo de Napoleão II e o plano Haussmann.
17- Descreva a questão dos monumentos nacionais diante da destruição pós-revolucionária dos monumentos nacionais e a criação de legislação protecionista, levando-se em conta de que o passado é tão importante quanto o futuro.
Após a revolução francesa, o setor cultural sofreu muito, pois a própria revolução destruiu obras associada simbolicamente ao regime derrubado. Quando ocorreu o impulso econômico visto na questão anterior, verificou-se uma enorme perda de monumentos artísticos e prédios, pois, a burguesia empreendedora os viu como obstáculos do passado. Como o liberalismo tudo permitia aos empreendimentos e arrasava monumentos, era séria a ameaça à memória nacional. O Setor cultural procurou criar uma legislação patrimonial destinado a defender o passado, tendo o Ministro Guizot entregue ao escritor Prosper Mérimée para inspecionar o patrimônio preparando as bases da nova lei patrimonial. O escritor Victor Hugo advertiu sobre a importância do passado definido por ele como “aquilo que uma nação tem de mais sagrado depois do futuro.”
18- 1. Comente sobre o palimpsesto urbano na obra de Eugéne Sue e sua descrição de uma Paris labiríntica.
A cidade de Paris era um palimpsesto urbano com formas antigas rapadas juntamente com as novas. Nos quarteirões medievais de Paris durante a fase de arranque da revolução industrial reuniram milhares de trabalhadores em condições precárias e inóspitas despertando a atenção de grandes escritores. Um dos romances que inaugura essa narrativa foi o de Eugéne Sue, Mistéres de Paris de 1842. Incluiu personagens urbanos de diversas classes sociais que residem no traçado labiríntico, onde herói e a heroína se escondem e transitam sem empregar mapas impressos, mas cartografias mentais, deslocando-se nessa Paris, refazendo as práticas de De Certeau, nascidas da experiência da vida e de imaginaçãoafetividade, transitando em meio a travessas, ruelas e casas seculares. Caminhar permite enunciar, apropriar-se, realizar, relacionar-se.
19- Relate como Victor Hugo descreve Paris, uma cidade intrincada, repleta de passagens oculta e esconderijos camuflados, comparada à floresta na Bretanha, abrigo silvestre do guerrilheiro rebelde.
Na descrição de Eugéne Sue e de Victor Hugo, a cidade labiríntica de Paris contribuía para ocultar o rebelde e o insubmisso, o ambiente por meio dos seus biomas fazia o mesmo, especialmente as matas da região da Bretanha. Enquanto isso, na cidade de Paris, certas moradias se estendiam em vários quarteirões, camuflando habilmente passagens secretas e caminhos ocultos que conectavam diversos quarteirões. Se na metáfora a cidade é uma selva, uma floresta como a da densa vegetação da Bretanha, era um bioma complexo escondendo guerrilheiros como estes se abrigavam nas passagens urbanas. O romance de Victor Hugo, Noventa e três relata como ocultos nas matas da Bretanha, camponeses revoltados colocaram em cheque os exércitos enviados contra ele pela Revolução francesa.
20- Descreva o II Império de Louis Napoleão, sua política e a implantação da reforma urbana.
Após a revolução francesa, suas revoluções seguidas como a de 1830 e a de 1848, permitiram derrubar definitivamente a monarquia levando a uma republica sendo eleito Luís Napoleão, que deu um golpe de estado e tornou-se imperador. Seu governo foi para Hobsbawm, uma espécie de laboratório de política moderna, estabelecendo uma tentativa de equilíbrio entre capital e trabalho, intervindo e levando a economia da França a uma era de crescimento vertiginoso associando populismo e intervencionismo estatal. Planejou e levou a cabo a reforma urbana de Paris, empregado meios financeiros, legislativos e científicos modernos. Tendo Londres como modelo e indo mais além, o projeto urbanístico de Paris moderna foi confiado ao barão Hausssman, que iniciou o plano revolucionário que criou a Paris moderna, a cidade-luz.
21- Assinale como o plano de Paris empregou as redes transmissoras da modernidade, água, gás, esgotos , transporte, comunicações, para permitir a existência da multidão na cidade moderna.
O plano Hausmann impôs a Paris um projeto modernizador e o desejo de controlar os impulsos das massas e fornecer-lhes emprego e salários. O plano iniciou seus trabalhos com os traçados em rede e, em seguida, demoliu quase toda a cidade medieval abrindo grandes avenidas, os bulevares, permitindo que estas conectassem as grandes estações ferroviárias. O plano, em seguida, tratou de implantar redes de águas, de esgotos, gás canalizado, calçadas, arborização e iluminação noturna iniciando-se o mito da cidade luz. Este projeto iniciou a energização peculiar ao moderno onde transitam as multidões e o indivíduo, o flaneur. Além disso, surgem grandes edifícios públicos como a Biblioteca Nacional, a Ópera, mercado, abatedouros, escolas, hospitais e parques dos maiores já feitos na Europa.
22 - Como você considera que os olhares de Baudelaire e Teófilo Gautier aplaudem a modernidade, que descortinou ambiente de Paris, abrindo espaços para os monumentos e a multidão?
As avenidas e a modernização da cidade fez surgir um tipo que merge da multidão pela pena do poeta Charles Baudelaire, o flaneur, esse inquieto caminhante que percorre toda a cidade, o dia inteiro olhando a tudo com um prazer renovado e que se maravilha com o que vê na multidão, e que só podia ter sido criado numa cidade moderna como Paris. Haussmann pensou na Paris moderna como uma unidade onde a elite e os pobres residiam e transitavam nos transportes coletivos como o ônibus, o trem e o metrô. Edificou uma rede de serviços, inclusive as lojas de departamento. Para Teópilo Gautier, o plano rompeu o vínculo e as amarras do passado, que liberou a cidade das partes antigas e carcomidas que impediam que ela se visse e fosse vista em sua beleza completa onde a modernidade era a superação do passado.
23- Descreva a relação existente entre a obra de Huoellebeq e uma escrita que descreve a mundialização, a presença de turistas e imigrantes, e como sua escritura contemporânea nos leva a um percurso contemporâneo de Paris, tão detalhado em seu trajetos de ruas, praças e monumentos que parece recuperar atualizadamente os mapas urbanos das escrituras de Sue e Hugo.
Michel Houellebecq é um escritor contemporâneo cuja obra queanalisamos retrata a vida de um jovem artista, Jed, por meio de um percurso e uma escritura mundializada como o encontro entre Houellebecq e Jed na Irlanda, e as referências à comidas exóticas como sushui e água mineral norueguesa, além do emprego de referências a cartazes, anúncios e personagens estrangeiro realizando uma colagem narrativa próxima à pintura do jovem Jed, que privilegia mais o texto que a imagem. Apesar de localizado em Paris, é um romance que traz a mundialidade, a multiculturalidade, sob a forma da presença obsessiva de estrangeiros e turistas, desde americanos a russos, passando por chineses, em meio a uma narrativa policial que é o pano de fundo do romance. A escritura de Houellebecq deixa entrever, na maior parte dos casos, as premissas de um passado recente ou distante como as várias descrições de percursos realizados na cidade de Paris que recobram a tradição dos autores do século XIX. Ele analisa as vias públicas, ruas, praças e avenidas que levam o enterro do escritor até o cemitério de Montparnasse. A escrita de Houellebecq pratica a memória da cidade em percursos, cuja tela de fundo é o clima e os monumentos do horizonte parisiense, como o domo dourado do Panteão.
“A urbanização é dominante nas primeiras décadas do século XXI e o modo de vida urbano assume uma dimensão jamais observada antes na história do homem (Castells, idem, 22). Atualmente, cerca de um bilhão de pessoas vivem em favelas, 90% das quais nos países ditos em desenvolvimento; No Brasil, 84% da população já estariam nas cidades e chegará a 51 90% em 2030. O indivíduo moderno é disposto entre sofisticadas máquinas tecnológicas que ele mesmo criou, mas que podem ser as causas de sua queda. Se historicamente a cidade foi local do abrigo e da segurança, após os anos 1970, ela se tornou progressivamente insegura e hostil, fazendo com que, recentemente, o vínculo existente entre cidade e civilização se esgarçasse. Os últimos duzentos e cinquenta anos foram de intensa industrialização e resultaram em mudanças urbanas e ambientais, atingindo uma escala e uma gravidade jamais vista, sugerem que a solução dos problemas resultantes será, igualmente, de enorme complexidade (Ponting, 412). A cidade, como a literatura, possui uma legibilidade que une inextricavelmente, textos e cidade. Apesar de tudo, a cidade continua um instrumento essencial para a vida, cultura e comunicação humana.”