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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: Literatura Brasileira V Coordenador: Franklin Alves Dassie AD 1 – 2018. 2 Respostas: Questão 1: A modernidade da obra de Gregório de Matos é identificável por, dentre outros fatores, na contestação de valores cristãos de sua época, e suas obras finais marcadas pela consciência nítida do pecado e a busca pelo perdão descrita no poema: “A Jesus Cristo Nosso Senhor”, um dos maiores representantes de sua poesia sacra/religiosa, onde o poeta reconhece seus pecados e pede perdão a Deus em busca da salvação. Exemplo: “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; [...]. [...] Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. [...]” E também pela inesgotável fonte satírica a qual o deixou conhecido como “boca do inferno”, fazendo com que a poesia ridiculariza-se as mais diversas figuras do Brasil e de Portugal, sua crítica a sociedade de sua época ia entre as classes altas como os governantes, até as pessoas comuns, como exemplo de soneto sobre a crítica de Gregório a degradação moral e econômica na qual sua cidade se encontrava, cito abaixo o soneto “Á cidade da Bahia”. Por conta de suas poesias criticando a corrupção política e os fidalgos, ele foi deportado para a angola, voltando tempos depois e sendo proibido de entrar em sua terra a Bahia, e de publicar seus poemas satíricos. Exemplo: “Triste Bahia! oh! quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, Rica te vi eu já, tu a mim abundante. A ti trocou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e tem trocado Tanto negócio e tanto negociante. [...]” E por fim, nutria-se, em suas poesias, de vocabulário informal, até mesmo com gírias, e vocábulos chulos, como por exemplo no soneto Desaires da formosura, onde o poeta começa com uma linguagem nobre, e vai recaindo para um linguajar informal, rasteiro, até se utilizar de um termo de baixo calão no final. Exemplo do soneto citado: “Rubi, concha de perlas peregrina, Animado cristal, viva escarlata, Duas safiras sobre lisa prata, Ouro encrespado sobre prata fina. [...] [...] Se sendo tão formosa não cagaras! Fonte bibliográfica dos poemas: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/g/gregorio07.htm http://soliteratura.com.br/biblioteca_virtual/biblioteca06.php http://poesiacontraaguerra.blogspot.com/2007/01/cidade-da-bahia.html Questão 2: A obra de Augusto dos Anjos é considerada moderna pela divergências dos assuntos tratados pelo autor em relação aos demais poetas de sua época, por sua temática diferenciada e linguagem mais cientifica. Tinha uma profunda obsessão pela morte, ramo da escatologia, indo contra a ideia de que a poesia era feita para encantar o leitor, e ficando conhecido como o “poeta da morte”, por conta de seu pessimismo a quebrar um tabu falando sobre a morte. Exemplo: Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! Fonte bibliográfica do poema: https://www.pensador.com/versos_intimos/ Questão 3: Manuel Antônio Álvares de Azevedo fez parte da segunda geração do romantismo no Brasil, onde a temática era voltada para a dualidade amor x morte, pelo idealismo exacerbado, sendo conhecida pela geração mal do século. Ele se originou por dentro os fatores, a autoironia como consciência de si, por meio do humor, assim como o sentimento melancólico e o desencanto pela vida, marcado em seus poemas pela idealização da mulher como um anjo, como símbolo do amor, com um envolvimento erótico, e no entanto, a mesma era vista como algo inalcançável por ele. Outro fator foi o escapismo, que demonstrava o sentimento de morte e a fuga da vida real, para um mundo de sonhos e fantasias, como em “Solidão”, primeiro poema da série” Spleen e charutos”. Exemplo: Lembrança de morrer (...) Se uma lágrima as pálpebras me inunda, Se um suspiro nos seios treme ainda, É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios me encostou a face linda! Só tu à mocidade sonhadora Do pálido poeta deste flores... Se viveu, foi por ti! e de esperança De na vida gozar de teus amores. Beijarei a verdade santa e nua, Verei cristalizar-se o sonho amigo... Ó minha virgem dos errantes sonhos, Filha do céu, eu vou amar contigo! Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e escrevam nela: Foi poeta - sonhou - e amou na vida. (...) Fonte bibliográfica do poema: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/g/gregorio07.htm Questão 4: João da Cruz e Sousa, poeta simbolista, que marcou sua geração, sendo precursor do simbolismo brasileiro, mas conservando aspectos do parnasianismo. Apesar da sua exclusão pelo tom da pele, ele é considerado como um dos melhores representantes do simbolismo no Brasil. Em seus poemas, era autentico e como principais características do movimento simbolista que se utilizava, podemos citar o uso das letras maiúsculas no meio dos versos para destacar certas expressões, a presença da musicalidade, a luta contra a sociedade em que vivia, para retratar o sofrimento do negro, por meio da emoção, do sentimento pessimista, da angústia, mediante a sua própria experiência de sofrimento assim como um jogo de contrastes de ideias como no poema “Da Senzala”, onde ele sente a dor, mas entende que o negro não pode morrer sem passar pelo sofrimento. Sua obra ainda é caracterizada pela religiosidade, como em “Conciliação”, a sensualidade, pela busca da autoafirmação e pela subjetividade, pelo culto à noite, pela busca do símbolo e do mistério da existência, se utilizando da ambiguidade, como no exemplo do poema “A morte”, onde se tem um misto de ternura e aflição. Exemplos: Da Senzala “De dentro da senzala escura e lamacenta Aonde o infeliz De lágrimas em fel, de ódio se alimenta Tornando meretriz A alma que ele tinha, ovante, imaculada Alegre e sem rancor, Porém que foi aos poucos sendo transformada Aos vivos do estertor... De dentro da senzala Aonde o crime é rei, e a dor - crânios abala Em ímpeto ferino; Não pode sair, não, Um homem de trabalho, um senso, uma razão... e sim um assassino! Fonte bibliográfica do poema: http://poesiacontraaguerra.blogspot.com/2013/01/da-senzala.html A Morte “Oh! que doce tristeza e que ternura No olhar ansioso, aflito dos que morrem… De que âncoras profundas se socorrem Os que penetram nessa noite escura!” [...] Tudo negro e sinistro vai rolando Báratro a baixo, aos ecos soluçados Do vendaval da Morte ondeando, uivando…” Fonte bibliográfica do poema: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/cruz-e-sousa-poemas/ Conciliação [...] És sempre o Assinalado ideal que fica Sorrindo e contemplando o céu altivo; Dos Compassivos és o compassivo, Na Transfiguração que glorifica. [...] [...] Fonte bibliográfica do poema: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/g/gregorio07.htm