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Universidade Federal do Espírito Santo Resumos de Aulas Teóricas CLÍNICA CIRÚRGICA I TÉCNICA OPERATÓRIA VOLUME 3 Gustavo Ribeiro Lima Colaboradores: Amanda Salomão, Diego Escocard e Monique Fortes AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Aula Teórico-prática 29/05/2018 Profº Carraretto PARADA CARDÍACA E REANIMAÇÃO Esta aula tem o objetivo de ensinar um pouco mais sobre o Suporte Básico de Vida, baseado nos Guidelines AHA – 2010. Os objetivos principais são: Reconhecimento e tratamento da parada cardíaca e respiratória Demonstração do Suporte Básico de Vida Introdução ao Suporte Avançado de Vida 1) INTRODUÇÃO A ressuscitação é conhecida também como reanimação cardiopulmonar ou cardiopulmonarcerebral, tendo em vista que a recuperação do individuo pode ser a nível respiratório, cardiovascular e/ou encefálico. Para entendermos um pouco das consequências da parada cardiorrespiratória, temos que ter em mente a fisiologia do coração, que é um órgão com funcionamento em série: Circulação direita Realiza a hematose: fornecendo o oxigênio e captando o CO2. Circulação esquerda Fornece suprimento sanguíneo e nutricional ao corpo, através de um débito cardíaco de 4L a 5L por min. O débito cardíaco é essencial para o suprimento e funcionamento corpóreo adequado. O coração contrai em média 70 vezes por minuto e ejeta aproximadamente 70 a 80 mL a cada contração, o que resulta em 4900 mL por min. Entretanto, se a ejeção não for efetiva ou não ocorrer, o organismo entra em acidose metabólica (excesso de CO2 e escassez de O2) e isso ocasionará morte celular. Lembrando que as células neuronais começam a morrer após 5 minutos sem suprimento, e com 10 minutos sem o fluxo reestabelecido, a morte torna-se irreversível. A morte por parada cardíaca pode ter outras causas além da cardiovascular, como por exemplo, causas pulmonares ou respiratórias, como: Engasgo devido à obstrução de via aérea por corpo estranho, levando a hipóxia. Se este estado se estender por muito tempo, isso acarretara uma parada CARDIOPULMONARCEREBRAL. Nestes casos, o suporte básico de vida realizará a reanimação cardiopulmonar e no serviço terciário (Ambiente Hospitalar) será realizada a reanimação cerebral. Lembrando que existe RCP específica para cada situação (gravida, incêndio, afogado, criança, etc.). AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 2) DEFINIÇÕES Parada cardíaca É a cessação súbita e inesperada da atividade mecânica ventricular útil e suficiente, em pessoas sem moléstia incurável e irreversível. Parada respiratória Cessação das contrações cardíacas efetivas, para manter um débito cardíaco (DC) adequado capaz de manter a perfusão tecidual. Cessão dos movimentos ventilatórios espontâneos suficientes para manter uma ventilação adequada. Comprometimento parcial da circulação (débito cardíaco) e da ventilação (O2 e CO2) 3) PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA A parada cardiorrespiratória apresenta-se em três fases: Elétrica Respiratória Metabólica O Suporte Básico de Vida auxilia na conduta de atendimento em casos de pouco suprimento, em que comumente temos apenas a disposição as nossas mãos e o nosso conhecimento. Quando há parada cardiorrespiratória intra-hospitalar (PCRIH), o manejo é fácil e rápido, tendo em vista a disponibilidade de material e profissionais preparados para esses casos de intercorrência. Entretanto, a parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH) é a responsável pelos altos índices de óbitos e é onde o Suporte Básico de Vida é imprescindível para o manejo e prognóstico do paciente. Por isso estabeleceu-se a cadeia de sobrevivência de PCRIH e PCREH, sendo a PCREH o nosso foco da aula. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES A PCREH é formada por elos de uma cadeia de ações de atendimento, com 5 passos: 1º Chamar ajuda 2º Massagem cardíaca externa 3º Desfibrilar (usar o mais precocemente possível) 4º Transporte por uma Ambulância 5º Transferência para um hospital de referência mais próximo, que tenha recurso para manter os cuidados à vítima (continuidade ao atendimento). OBS: Após a reanimação é OBRIGATORIO transferir a vitima para o hospital de referência mais próximo, para que possa ser identificado o motivo da PCR, medir enzimas cardíacas, ou procurar por outras causas. Porque o desfibrilador está antes do suporte avançado na cadeia? Porque há lugares em que o DEA (Desfibrilador Externo Automático), como previsto em lei, deve estar presente (locais onde trafegam pelo menos 1500 pessoas por dia). 4) SUPORTE BÁSICO Antigamente a sequência de Reanimação cardiopulmonar era o ABCD: A – Vias aéreas B – Boa respiração AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES C – Circulação D – Desfibrilação precoce Entretanto, recentemente, com estudos e análise dos atendimentos constatou-se que o mais importante inicialmente no atendimento à vítima era manter a circulação em funcionamento, tendo em vista que a via aérea nem sempre estará patente ou será possível manejá-la, chegando assim a uma nova ordem de prioridade: 5) Algoritmo simplificado de SBV em adultos AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 6) COMPRESSÃO A compressão torácica deverá ser realizada na interseção da linha intermamilar com a linha médio esternal. Nos casos em que a mulher apresente uma gigantomastia, indica-se que seja realizada dois dedos acima do processo xifoide na linha médio esternal. Nesta localização, será possível a compressão do coração entre o esterno e a coluna vertebral, de forma a ejetar um volume sanguíneo suficiente para manter a vítima viva até a chegada da ambulância. A profundidade de compressão deve ser entre 5 a 6 cm (o que equivale a 3 a 4 dedos de profundidade), lembrando-se sempre de retornar com as mãos os mesmos 5-6 cm comprimidos de forma sincronizada. Isso deve ser feito de 100 a 120 vezes por minuto, com a região hipotenar da mão e os braços do reanimador em posição perpendicular ao chão (90º), gerando assim uma força de compressão efetiva. O reanimador fica lateral a vítima de qualquer lado (direito ou esquerdo). Recomendações com grande ênfase para melhorar e promover compressões torácicas efetivas: “Push hard and Push fast” a 100 compressões por minuto Permitir que o tórax retorne completamente a sua posição normal a cada compressão com profundidade de 5 cm Usar aproximadamente os mesmos tempos de compressão e relaxamento (1:1) Limitar as interrupções nas compressões AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 7) RELAÇÃO UNIVERSAL 30:2 Não é obrigatoriedade do reanimador realizar a ventilação, é uma opção dele fazer ou não de acordo com o estado da vítima, de forma a proteger sua saúde em alguns casos (vomito, doença, alguém que conheça, submeter sua vida a um risco), mesmo que seja raro a contaminação por esse procedimento. Mediante a isso criou-se uma relação universal para os casos em que a opção é realizar a ventilação (respiração boca a boca): Se estiver sozinho resolvi fazer ventilação: alternar as posições entre compressão e ventilação para cada 30 compressões faz-se 2 ventilações (boca sobre a boca e olhar tórax e ver expansão). Duas pessoas uma realiza 30 compressões com pausa para a outra realizar as 2 ventilações. Na rua, sem conhecer o indivíduo, não é preciso realizar a ventilação, logo faz-setodas as compressões possíveis, respeitando a frequência de 100 compressões por minuto. A massagem cardíaca em si, já auxilia na troca gasosa, tendo em vista que ao comprimir o tórax um pouco do ar nos pulmões é externado e ao retornar as mãos, o tórax expande-se novamente e ocorre um pouco de entrada de ar. Mas é claro que a ventilação boca a boca ou com o uso de máscara é mais efetiva. OBS: ventilação durante a massagem cardíaca, somente com o paciente intubado! 8) MASSAGEM CARDÍACA INTERNA (MCI) MCI aproximadamente 30% do débito cardíaco MCE aproximadamente 20% do débito cardíaco É a massagem cardíaca aonde acesso o coração a partir da cavidade abdominal ou torácica e o comprimo com minhas mãos. Realizado estritamente nas paradas em procedimento cirúrgico. Este tipo de massagem possui maior ejeção cardíaca do que a AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES massagem cardíaca externa (MCE), tendo em vista que na externa há perda de força de compressão para as estruturas do tórax. Pode ser realizada tanto em um procedimento a peito aberto, como em um procedimento com abertura do abdome. Para acesso via abdominal, realiza-se uma incisão no diafragma dando acesso a cavidade torácica para realização das compressões, após é só realizar a sutura do diafragma. OBS: Como podemos ver, por mais efetiva que seja a massagem cardíaca, o máximo de volume ejetado é de 20% a 30% do DC. Por isso deve ser muito bem realizada, se não sua efetividade e ejeção cai, não sendo eficaz para manter o paciente vivo. 9) AR – VIAS AÉREAS Nos casos de desmaio, a base da língua desce e obstrui a entrada da faringe, obstruindo a passagem de ar nas vias aéreas. Desta forma é importante fazer a desobstrução dessa passagem com a manobra de hiperextensão do pescoço, colocando a mão na testa da vítima, outra no queixo e elevar a cabeça ao máximo. Esta manobra, porém não é indicada para vítimas de traumas, como por exemplo, os motoqueiros, devido a possíveis lesões da região cervical. Assim, aconselha-se a realização da manobra de Jaw-Thrust, que consiste na liberação das vias aéreas por um movimento de elevação da mandíbula. Manobra de hiperextensão Manobra de Jaw-Thrust Breathing – ventilação Para realizar a ventilação, deve-se obstruir o nariz e realizar um sopro boca a boca, com volume de 500 a 600 mL (o reanimador enche o peito normalmente), olhar ao mesmo tempo para verificar elevação do tórax (se não elevar não tem eficácia), é a tarefa mais difícil na reanimação, não sendo obrigatória. Em alguns casos há disponível a pocket Masck, que é uma máscara facial de formato triangular, indo o ápice do triângulo na base do nariz. Ela possui um filtro para impedir que o reanimador contamine a vitima se estiver doente, ou vice-versa (ex.: tuberculose). AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Em ambiente intra-hospitalar, comumente usa-se essas máscaras acopladas ao balão autoinflável (AMBU). O Ambu apresenta uma válvula que permite que o ar só saia unilateralmente, e uma segunda válvula de segurança que evita que a pressão de ejeção do ar seja excessiva para pulmão do paciente. Possui ainda uma abertura para acoplar suprimento de oxigênio. 10) DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA Fibrilação = maior ocorrência em adulto jovem ou meia idade, sendo principal causa de parada cardíaca, por fibrilação ventricular que impede ejeção efetiva de sangue, levando a um choque hipovolêmico. Desfibrilação = faz-se a passagem de uma corrente através da musculatura cardíaca para converter o estímulo elétrico desgovernado em um estimulo elétrico só, de forma a reestabelecer a ordem de excitação cardíaca. O vetor do coração localiza-se inclinado para esquerda e para baixo, por isso uma pá do desfibrilador vai em região superior direita (abaixo da clavícula) e a outra na lateral esquerda do tórax (linha médio axilar logo abaixo do mamilo). As pás possuem gel condutor de energia elétrica. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 11) PRINCIPAIS OBJETIVOS INICIAIS E SUBSEQUENTES DOS CUIDADOS PÓS-PCR Otimizar a função cardiopulmonar e a perfusão de órgãos vitais após o Retorno da Circulação Espontânea (RCE). Transportar/transferir para um hospital apropriado ou UTI com completo sistema de tratamento pós-PCR. Identificar e tratar Síndromes Coronárias Agudas (SCAs) e outras causas reversíveis Controlar a temperatura para otimizar a recuperação neurológica Prever, tratar e prevenir a disfunção múltipla de órgãos. Isto inclui evitar ventilação excessiva e hiperóxia 12) SUPORTE AVANÇADO A) Via aérea avançada Deve ser realizada pelo reanimador mais experiente Várias alternativas Combitube Máscara laríngea Intubação traqueal AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES B) Fármacos Aumentar a pressão de perfusão coronariana Aumentar pressão de perfusão cerebral Aumentar o inotropismo cardíaco Controlar os distúrbios ácido-base e eletrolítico Controlar as arritmias letais AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Aula Teórica de TO Profº Walter Fagundes PRINCÍPIOS DA NEUROCIRRURGIA 1) Técnicas de Abordagem (alguns exemplos) A) Neuronavegação A neurocirurgia guiada por imagem permite ao neurocirurgião navegar no interior do crânio, orientado a partir das imagens de TC ou RM pré-operatórias, empregando, para isso, sistemas de rastreamento tridimensionais (3D), em tempo real, durante o procedimento cirúrgico. Auxilia na localização espacial, orientando acessos cirúrgicos, o que melhora a qualidade e a segurança do procedimento. O desvio das estruturas após a abertura do crânio e da dura-máter (“brain shift”) é considerado o fator limitante para o método, impedindo a perfeita correspondência entre imagens pré-operatórias e a neuronavegação em tempo real, o que pode ser minimizado com a realização de RM intraoperatória (renavegação). B) Monitorização Neurofisiológica Intraoperatória Monitorização intra-operatória (MIO) ou Neuromonitorização, ou Monitorização Neurofisiológica Intra-operatória (MNIO) é o conjunto de exames e testes eletrofisiológicos do sistema nervoso realizados no paciente durante a cirurgia de coluna, nervo ou encéfalo. Deste modo, é possível analisar as regiões que podem ser manipuladas através da avaliação de onde pode ter disparo de onda irratativa , quando essa onda irritativa dispara significa que o neurocirurgião deve parar porque chegou em tecido saudável. Os exames incluem eletroencefalografia, eletromiografia, potencial evocado motor, sensitivo, visual e auditivo. A escolha dos níveis monitorizados depende do tipo da cirurgia e da estrutura em risco. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES C) Neurointensivismo Consiste em uma monitorização multimodal: PIC/PCC, temperatura cerebral, Pit O2, microdiálise cerebral, oximetria bulbo jugular, doppler transcraniano e eletroencefalograma. Tipos de Neurocirugia Neurocirugia vascular. Cirurgia endovascular. Neurocirugia Pediátrica. Neuroendoscopia. Neurocirugia Funcional e Estereotaxia. Cirurgia de coluna. Tumores encefálicos. Tumores de base de crânio. Tumores medulares. Tumor no Sistema Nervoso Central Homem, 23 anos, parestesia no dimidio direito tumor em área somestesica (em lobo temporal) Resumidamente: Inicialmenteé feito um orifício de trepanação até a dura-máter, em seguida através do craniótomo o flape ósseo é retirado e armazenado no soro fisiológico, então é feita uma incisão na dura, expondo o córtex temporal para exérese do tumor. Lembrando, que a hemostasia é primordial ao longo de todos os tempos cirúrgicos. Ao final da exérese, o flape é recolocado, ou seja, dizemos então que foi realizada uma craniotomia (retalho ósseo é temporariamente removido do crânio para acessar o cérebro). AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Tumor Epidermoide Neoplasia maligna de células escamosas na fossa posterior (quarto ventrículo). Neste caso é feito uma craniectomia (o flape ósseo retirado é desprezado), o fato de manter a região aberta é para evitar complicações no pós-operatório (ex: se o paciente evoluir com HIC essa abertura permite a descompressão), lembrando que essa região está protegida devido a camada muscular densa que a protege. É importante destacar que próximo a essa região devemos ter atenção com a torcula de Herófilo, está situada junto à protuberância occipital interna, sendo a região da confluência dos seios. Tumor de Hipófise Tumor Medular Ependimomas são um grupo de tumores gliais derivados das células ependimais que revestem a superfície ventricular. Podem ser intra-raquidianos ou extra-raquidianos. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Neurocirurgia de Coluna Pode ser realizada tanto por ortopedista como neurocirurgião. Terapêutica para: doenças degenerativas da coluna (hérnia de disco, canal estreito, espondilolistese), tumores de corpo vertebral fraturas e luxação da coluna. Hérnia de disco Lombar: Paciente tem lombociatalgia (sensação de dor “correndo” pela perna), porque a compressão é na raíz. Abordagem dorsal, é feito uma laminectomia (remove a lâmina) parcial para o acesso ao disco, em seguida o fragmento herniado é retirado com parte do disco intervertebral. Na criança é feito uma laminotomia (rebate a lâmina e após o procedimento ela é suturada), isso porque na criança se ela for retirada há um comprometimento do desenvolvimento correto da coluna vertebral. Os resultados da cirurgia de hérnia são muito bons, raramente com limitação no pós operatório. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Canal estreito lombar Vários processos patológicos podem cursar com a compressão da medula: fibrose dos ligamentos, alteração da articulações costais, ou seja, qualquer tecido que comece a invadir o canal vertebral. Basicamente, o procediemnto consiste em ressecar o processo espinhoso através de uma laminectomia extensa. Após a cirurgia e medula fica protegida pela musculatura dorsal. Fratura: Paciente queda de grande altura, fraturando corpo vertebral. Fixação com parafusos de titânio , passado por entre os pedículos, com o objetivo de estabilizar , fazendo uma artrodese (fusão permanente de duas ou mais vértebras). Mesmo após a fusão os parafusos permanecem para evitar outro tratamento invasivo. Fratura: Realizada cervicotomia com colocação de cages cervicais (gaiola), substituindo o corpo vertebral fraturado. Dentro da gaiola permanecem fragmentos ósseos para estimular a artrodese . A artrodese (fusão óssea), pode occorer em até seis níveis sem causar limitações de movimento importantes, exceto quando se faz occitocervical que limita a flexão anterior da coluna cervical. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Neurocirurgia Pediátrica 1) Hidrocefalia As hidrocefalias podem aparecer na vida intra-uterina (hidrocefalias congênitas) ou podem ser adquiridas ao longo da infância ou fase adulta por uma diversidade de causas. O líquor se acumula nos ventrículos por uma obstrução em alguma via de passagem (hidrocefalia obstrutiva) ou por um desequilíbrio entre a velocidade de produção do LCR e a capacidade de absorção (hidrocefalia comunicante). As principais causas de hidrocefalia comunicante são: hemorragias ou sangramentos intracranianos, traumatismos cranianos, infecções (meningite) idiopática, ou seja, sem causa aparente. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES E as principais causas de hidrocefalia obstrutiva são: congênitas (malformações cerebrais), tumores, cistos. Quando ocorre dilatação ventricular, pelo fato das suturas não estarem desenvolvidas , há um aumento do perímetro encefálico. As fontanelas estarão tensas, muitas vezes abauldas e totalmente abertas. Quando a hidrocefalia é comunicante (ex: pós meningite, o problema é na absorção), é feito uma punção e colocado um cateter dentro do ventrículo, esse por sua vez desemboca no peritônio, drenando o excesso de líquido para cavidade peritoneal (quando a pressão aumenta no ventriculo ele abre a válvula que descomprime para o peritônio), esse procedimento é chamado de derivação ventrículo-peritoneal (DVP). 2) Cranioestenoses É a fusão precoce de uma ou mais suturas do crânio, o que leva a um crescimento compensatório do crânio em outras direções resultando em deformidades cranianas variadas dependendo das suturas comprometidas. O osso normalmente tem crescimento perpendicular à sutura, as suturas so se fecham após o crescimento finalizado do cérebro. Quando tiver um fechamento precoce da sutura, o crânio cresce paralelo à sutura, levando à deformidade. É realizada uma trepanação, introduz-se o endoscópio de maneira segura e minimamente invasiva até chegar aos ventrículos cerebrais. Diversos procedimentos podem ser realizados através desta técnica, no entanto, a cirurgia mais realizada através desta técnica é a Terceiroventriculostomia para o tratamento da hidrocefalia. Ao acessar o assoalho do terceiro ventrículo é feito um orificio que redireciona o líquido para o espaço subaracnóideo. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES A) Escafocefalia: Fusão prematura da sutura sagital É a forma mais comum das cranioestenoses simples ou não síndrômicas e responde por 40 a 60% dos casos, sendo mais prevalente no sexo masculino (75% a 85%). O crânio assume um formato alongado e estreito, semelhante a um bote. B) Plagiocefalia: Fusão prematura da sutura coronal É a segunda forma mais comum, sendo responsável por até 25% dos casos de cranioestenose. O fechamento de uma sutura coronal recebe o nome de plagiocefalia anterior enquanto o fechamento das duas suturas é denominado de braquicefalia (comumente encontrada em cranioestenoses sindrômicas). Acomete predominantemente o sexo feminino (60%) e com incidência similar em ambos os lados. C) Trigonocefalia: Fusão prematura da sutura metópica Corresponde por 10% de todas as cranioestenoses e predomina no sexo masculino (75% a 85% dos casos). A fusão precoce da sutura metópica restringe o crescimento transversal dos ossos frontais e em casos mais graves pode restringir a expansão da fossa anterior, o que acarreta em hipoteleorbitismo consequente a trigonocefalia. A cranioestenose metópica é a estenose de sutura única mais associada a distúrbios cognitivos, basicamente por restrição de crescimento dos lobos frontais. D) Cranioestenose da Sutura Lambdóide Esta é a mais rara das cranioestenoses simples. A fusão de uma sutura lambdóide leva a deformidade occipital (plagiocefalia posterior) com formato trapezóide enquanto que a fusão de ambas suturaslambdóides leva a braquicefalia. O diagnóstico diferencial com a plagiocefalia posterior não sinostótica (plagiocefalia posicional) é de fundamental AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES importância e deve ser realizado por profissional dedicado ao tratamento destas deformidades, para diagnóstico precoce e evitar exames desnecessários Tumor em pediatria Comum em fossa posterior, muitas vezes o sintoma é torcicolo. Uma das grandes complicações e a herniação da amígdala cerebelar pelo forame magno (comprimindo o centro cardiorepiratório no bulbo), já que o tumor exerce um compressão no eixo central. O meduloblastoma é o tumor cerebral mais comum em crianças de zero a 4 anos. É um tumor raro em adultos e 75% deles acontecem em pacientes abaixo de 16 anos de idade. Síndrome do "crânio em folha de trevo" é uma configuração anormal da calvária classificada como uma craniossinostose, em que ocorre ossificação prematura das suturas cranianas. Trata-se de deformidade caracterizada por acentuado alargamento da cabeça, com configuração trilobulada da visão frontal, lembrando um trevo de três folhas(1). Deve-se a uma alteração severa do desenvolvimento do crânio, com sinostose prematura de algumas suturas cranianas(1) - mais comumente a coronal e a lambdóide(2) - associada a hidrocefalia, resultando em acentuado abaulamento superior da cabeça na região da fontanela anterior e lateralmente nos polos temporais, configurando o aspecto típico em "folha de trevo". AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Neurocirugia funcional Serve tanto para o tratamento de doenças do movimento (Parkinson, distonia primária, hemibalismo, tremores) quanto para doenças psiquiátricas (agressividade imotivada, depressão maior, TOC). Além de outras aplicações como: tratamento de epilepsia, espasticidade e para diagnóstico (biópsia estereotáxica). No caso do tratamento de doenças, a cirurgia é uma opção apenas quando o paciente foi submetido à tratamento conservador habitual e se apresenta refratário a esse tratamento (existem critérios para a indicação cirúrgica, como por exemlplo ser aprovado por uma câmara técnica). A estereotaxia é um meio minimamente invasivo de intervenção cirúrgica que utiliza um sistema de coordenadas para localizar alvos pontuais no interior do cérebro. Alguns alvos, onde são realizadas neuroablações terapêuticas: Hâbenulas (tratamento de depressão), giro do cíngulo (depressão e anorexia), accumbens (drogadição), globo pálido (síndrome de Gilles de la Tourette= tiques motores vocais, coprolalia, gestos obcenos), agressividade imotivada (amígdala). OBS: RESULTADOS POSITIVOS EM 70% DOS CASOS. Já no caso do Parkinson, uma alternativa cada vez mais utilizada é a implantação de eletrodo + implante gerador, fazendo estimulação cerebral, especificamente no núcleo subtalâmico, através do DBS (estimulação cerebral profunda). AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Neuralgia do Trigêmio Uma dor lancinante, que dura alguns segundos e pode ser desencadeada por estímulos pequenos como por exemplo vento. Lembrando que o tregiêmio é dividido em três ramos, a dor sempre segue o caminho de inervação do nervo, podendo ser só de um ou dos três. A causa mais comum é a compressão desse nervo por uma árteria ou secundária a EM. A neurotomia do trigêmio consiste em uma pequena compressão da raíz nervosa com um balão (inflado através de umm acesso por agulha), desse modo a transmissão dos impulsos é interrompida. Outro técnica é feita usando um microscópio cirúrgico, o neurocirurgião afasta a artéria que está comprimindo o nervo e coloca um material isolante (Teflon®) entre os dois. Este isolante não é absorvível e permanece no local indefinidamente. Geralmente promove um alívio imediato da dor em cerca de 95% dos pacientes. Epilepsia Neurocirurgia do Trauma Para melhor localização do foco epileptogênico é realizada uma eletrocorticografia intra-operatória, após a localização esse foco sofre uma ablação. Neste caso é realizada uma craniotomia descompressiva. Consiste na retirada de amplo retalho ósseo, associada à durotomia e duroplastia de expansão, promovendo redução da PIC de forma imediata e duradoura acomodando o cérebro tumefeito e evitando o desenvolvimento de hérnias cerebrais intracranianas, sendo considerada medida de resgate em casos de hipertensão intracraniana aguda. O retalho ósseo pode ser alojado temporariamente no tecido subcutâneo abdominal, mantido em banco de ossos ou ser preparado para posterior cranioplastia. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Aula Teórica de TO – 30/05/2018 Profº Luziélio HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL Definição Hérnia é uma protusão de tecido através de um defeito na fáscia e/ou camadas musculares. É um abaulamento. Tipos de hérnia da parede abdominal Localização Congênita Adquirida Epigástrica Linha média superior X Umbilical Umbigo X ? Inguinal/Femoral Virilha X X Incisional Qualquer local X Lombar Triângulo de Petit X Interparietal Hipogástrica Lateral X Obturador Forame do Obturador X Spigel Linhas arqueada e semilunar ? ? Traumática Qualquer local X Diástase Linha média superior Não é hérnia Não é hérnia Por que ocorrem as hérnias? 1. Por defeito do desenvolvimento congênito Falha do fechamento da fáscia (Ex.: umbilical) Falha do processo de fechamento (Ex.: processus vaginalis) 2. Por fraqueza adquirida Deterioração ou adelgaçamento da fáscia decorrente da idade Por perda de tecido (lesão, infecção, cicatrização ineficaz, etc). Devido a um trauma (trauma abdominal causando o aumento da pressão intrabdominal e enfraquecimento do diafragma, ocasionando a herniação para tórax) OBS: Pontos de fraqueza: Inserção lateral do músculo reto abdominal Linha arqueada Canal inguinal AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Hérnia Epigástrica Muito comum Na linha média, entre o umbigo e o apêndice xifóide Podem ser múltiplas Geralmente por um defeito pequeno da fáscia (<1cm) Evaginação de gordura preperitoneal através das fibras da linha alba Só se observa saco peritoneal em hérnias muito grandes Hérnia Umbilical Comum na infância Pode ressurgir durante a idade adulta Possui saco peritoneal Quando pequenas não trazem complicações Quando grande, podem conter o omento ou alças intestinal (delgado ou grosso) OBS: O estrangulamento de hérnia umbilical é uma emergência médica. Hérnia Inguinal São as mais comuns Congênita indireta Adquirida direta ou indireta Hérnia Indireta Tem saco peritoneal Estão laterais aos vasos epigástricos Hérnia Direta Usualmente não tem saco Passam através do triângulo de Hasselbach (Vasos epigástricos inferiores, borda lateral do músculo reto abdominal e ligamento inguinal), medial aos vasos epigástricos. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 1) HÉRNIA INGUINAL O canal inguinal O espaço anatômico embaixo da aponeurose do músculo oblíquo externo – entre os anéis inguinais interno e externo. No homem, contém: músculo cremaster (que cobre as estruturas do cordão espermático + deferente + vasos testiculares + tecido conectivo). Na mulher, contém: músculo cremaster + ligamento redondo doútero + nervos + tecido conectivo. Nervo ilioinguinal (e outros) pode ser encontrado no músculo cremaster ou no músculo oblíquo interno. A) Hérnia Inguinal Indireta Consiste no saco peritoneal que desce através do anel interno antero-medial ao cordão espermático/ligamento redondo. O anel interno pode estar dilatado ou normal Pode conter omento ou alças intestinais Estas alças podem encarcerar ou estrangular Usualmente congênita, mas pode ser adquirida. Se o paciente tiver menos de 25 anos, provavelmente a origem é congênita. Masculino/Feminino (9:1) b) Hérnia Inguinal Direta São abaulamentos na região inguinal Resultam de fraqueza da parede posterior do canal inguinal Pode se desenvolver em qualquer porção da parede posterior da região inguinal Geralmente contém gordura retroperitoneal Algumas vezes pode conter saco peritoneal com alça intestinal Embora raro, também podem encarcerar ou estrangular Infrequentemente em mulheres (geralmente apresentam hérnia indireta) Ocorre medial aos vasos epigástricos Se forem muito grandes, podem descer ao escroto OBS: Ao exame físico é possível diferencia-las: Se ao tocar o canal inguinal à hérnia bater na ponta do dedo é uma hérnia inguinal indireta, pois está dentro do canal inguinal, sendo possível palpá-la com a ponta do dedo introduzida no canal inguinal. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Se ao tocar o canal inguinal à hérnia bater lateral ao dedo é uma hérnia inguinal direta, pois está fora do canal inguinal, sendo sentida pela lateral do dedo introduzido no canal inguinal. Classificação das Hérnias Inguinais 1 - Congênitas Todas as hérnias em crianças são INDIRETAS Resultam da falha de obliteração do processo vaginalis Lembrar que o saco peritoneal está aderido ao ducto deferente (na hora da cirurgia separar o saco herniário das estruturas do canal inguinal) Obliteração incompleta do processo vaginalis pode desenvolver hidrocele 2 - Adquiridas – Direta ou Indireta (Nyhus tipo 3) Acima dos 25 anos de idade, a causa mais comum de hérnia inguinal é a alteração dos tecidos aponeuróticos da parede posterior: atenuação, degeneração e transformação gordurosa. Isso causa: Nas hérnias DIRETAS: fraqueza e abaulamento da parede posterior Nas hérnias INDIRETAS: fraqueza do anel inguinal interno Ou a combinação dos dois OBS: Outras alterações Criptorquidia Os testículos se desenvolvem durante a vida fetal (intra-uterina) na região abdominal e, então, começam seu trajeto de descida para a bolsa escrotal, terminando-o ao final da gestação. Esta migração descendente é propiciada por diversos fatores e pode ser interrompida em qualquer local durante este processo, originando a criptorquidia. Pode ocorrer de um lado (unilateral) ou dos dois lados (bilateral). Essa migração é essencial, pois para produzir espermatozoides viáveis e maduros, os testículos devem trocar o calor de dentro do abdome por um lugar um pouco mais frio, o escroto. Uma diferença de 1,0 a 2,0 ºC. A criptorquidia deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes, pois podem surgir complicações ao manter os testículos em um local anômalo. Entre elas deve-se destacar as grandes chances de malignização do testículo e sua consequente transformação em uma neoplasia (câncer), o que ocorre bem mais tardiamente. Podem ainda ocorrer torções testiculares, hérnias e infertilidade. Hérnia escrotal gigante Hérnias que ultrapassam o ponto médio da face interna da coxa são denominadas de hérnias inguino-escrotais gigantes. Esses casos são raros e estão geralmente associados a situações em que há procura tardia pelo serviço de saúde, já que seu desenvolvimento leva anos para atingir tal situação. Isso ocorre porque o anel interno da hérnia é muito grande, ocorrendo uma herniação maior, e com isso possui menor chance de evoluir com estrangulamento do que uma hérnia pequena, em que esse anel é estreito. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES O papel das atividades e “levantamento de peso” Elevação de peso ou tensão aumentada podem tornar os abaulamentos inguinais mais perceptível Porém, não são causa de “lesão” da parede inguinal posterior Isto é, não é a causa da hérnia, mas sim uma forma de percebê-la Levantamento de peso habitual, não causa recorrência de hérnia NÃO ESTÃO RELACIONADAS AO TRABALHO OU ESFORÇO OBS: para haver hérnia da parede abdominal é necessário que haja um processo degenerativo da parede + grande esforço. O peso não é uma causa, as causas principais são: idade (idosos), corticoide, desnutrição (adelgaçamento das fibras musculares). 2) Hérnia por deslizamento Tem um grande anel interno que permite a descida do cólon direito, do ceco, de tecido retroperitoneal, do sigmoide, etc. Passam lateralmente ao canal espermático. 3) Hérnia Femoral Ocorre no canal femoral Medial a veia femoral Abaixo do ligamento inguinal Principalmente em mulheres Geralmente contém saco peritoneal Frequentemente encarceram e estrangulam causando obstrução intestinal (por isso deve ser tratada logo) Classificação de Nyhus Tipo 1 indireta (é congênita com anel interno normal) É congênita e comumente deve-se a permanência do testículo no caminho. Não é necessário operar o anel inguinal interno, somente o saco herniário separando-o das estruturas do canal inguinal, abre-o e verifica-se há alteração, reduz e após fecha. Tipo 2 indireta (dilatação do anel interno). Tem parede posterior normal (fáscia transversalis normal) Tipo 3 fraqueza da parede posterior 3A = hérnia direta 3B = hérnia indireta ou por deslizamento (hérnias adquiridas) 3C = femoral Tipo 4 recorrente AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES É importante lembrar que: Nos adultos, a maioria das hérnias indiretas são adquiridas. Hérnias indiretas têm saco peritoneal, portanto podem conter alças intestinais e assim encarcerar e estrangular. Hérnias diretas contém gordura peritoneal, porém, hérnias diretas podem: Conter saco peritoneal Descer ao escroto Encarcerar, estrangular – assim como ocorre com a indireta. Também é importante lembrar que: Hérnia encarcerada e/ou estrangulada, embora possa ocorrer, acontece bem menos do que as pessoas imaginam. O exame clínico exclusivamente não tem boa acurácia para se diferenciar hérnia direta de indireta. As hérnias podem ocorrer por aumento recorrente da pressão intrabdominal, devido a: Tosse crônica (vai enfraquecendo as fibras) Esforço crônico Obstrução ureteral ou do colo da bexiga Gravidez Vômitos recorrentes Esforço muscular extenuante Ascite OBS: Um exemplo é um paciente idoso com dificuldade de urinar e apresentando ao exame físico um abaulamento inguinal, que a palpação confirmou ser hérnia inguinal. Devido à idade devemos pesquisar as causas de hérnia inguinal adquirida. Pode ser, por exemplo, devido a uma DPOC que causa tosse recorrente, ou por uma hiperplasia de próstata que causa dificuldade de urinar e consequentemente aumenta a pressão intrabdominal. Logo, essas causas de base devem ser tratadas primeiro, para depois realizar o tratamento cirúrgico da hérnia. 4) Hérnia Incisional Podem ocorrer em qualquer local onde uma incisão tenha sido realizada, pois esta causa lesão das fibras musculares. Comumente essa herniação ulcera, encarcera, estrangula e acarreta um quadro de foliculite (aspecto de casca de laranja). 5) HérniaInterparietal Muito rara Entre as camadas da parede abdominal Lateral ao canal inguinal Vem por debaixo da aponeurose do oblíquo externo Vem através do músculo oblíquo interno AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 6) Hérnia do obturador com obstrução intestinal 7) Hérnia de Spigel Muito rara Difícil diagnóstico Entre a inserção da linha arqueada e da linha semilunar – lateral ao músculo reto abdominal Contém saco peritoneal e pode causar obstrução de alças 8) Hidrocele Acúmulo de fluído no escroto O saco peritoneal pode ou não comunicar com a cavidade peritoneal via processus vaginalis Diferencia-se de hérnia por não ter abaulamento no canal inguinal 9) Hérnia Lombar Desenvolve no triângulo de PETIT Entre os músculos da parede posterior do abdome 10) Diástase do Reto Não é uma hérnia É uma separação dos músculos retos no epigástrio Vista quando o paciente está deitado e eleva a cabeça Não é vista com o paciente em pé Hérnias mais raras ainda Richter encarceramento de parte da parede de uma alça de delgado num saco herniário Littre hérnia contendo contendo divertículo de Meckel Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser hérnia contendo ovário e trompas no canal inguinal (associado com desenvolvimento genital incompleto) Amyand (1736) apendicite aguda encarcerada no canal inguinal AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Tratamento Cirúrgico Manejo Pré-operatório A maioria dos pacientes é tratada cirurgicamente Anamnese em busca de causas de aumento de pressão intra-abdominal como: Tosse crônica Constipação Obstrução vesical Aumento prostático (HPB ou CA) Se houver obstrução ATB de amplo espectro SNG Reposição hidroeletrolítica OBS: Hérnias pequenas não necessitam de tratamento cirúrgico, muitas vezes resolve-se com redução. A) Se for não complicada O tratamento é manual, através de leve pressão sobre a hérnia e uma leve tração sobre a massa, faz-se sedação e posição em Trendelenburg. B) Se complicada (estrangulada) Redução Tratamento Cirúrgico Avaliação Pré-operatória Tratamento Cirúrgico Escolha da Tática Anestésica Tto do saco herniário Reconstrução da parede posterior AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Apresenta uma dor lancinante, com sintomas de abdome agudo e parada da motilidade intestinal. Não deve-se tentar reduzir. 1ª Escolha da Tática Se for cirurgia aberta: anestesia local Se for correção laparoscópica: anestesia geral 2ª Tratamento do saco herniário Hérnia Indireta O saco herniário é dissecado do cordão espermático e das fibras do cremáster O saco herniário é então aberto O conteúdo herniário é reduzido O saco é ligado na sua base (próximo ao anel inguinal interno) com fio absorvível Hérnia Direta Como a base é larga o “saco” não deve ser aberto ou ligado Libera-se a fáscia transversalis e reforça-se a parede Reparo Primário Técnica de Bassini Sutura a partir do arco inferior da fáscia transversalis a partir do tendão conjunto (vem lá do púbis até o canal interno). Técnica de McVay Sutura da fáscia transversalis no ligamento de Cooper. Técnica de Shouldice A fáscia transversalis é incisada e reaproximada. Reparo por cirurgia aberta sem tensão Técnica de Linchtenstein Usa-se uma tela para reconstruir a parede posterior do canal. Reparo Pré-peritoneal Laparoscópico TAAP (Procedimento Pré-peritoneal Transabidominal) Entra-se no espaço pré- peritoneal a partir do umbigo e disseca a parede inguinal e pois repara-a. TEP (Reparo Extraperitoneal Total) Entre o folheto posterior do reto abdominal e o peritônio, insere-se um balão que é então insuflado para dissecar o espaço pré-peritoneal. Alcança-se a hérnia. Outros trocanteres são inseridos no espaço pre-peritoneal. Depois a hérnia é reduzida e uma tela é colocada pra reforçar a parede. Tratamento de Hérnias Femorais Devem ser reparadas ao diagnóstico Alto risco de estrangulação Pode ser reparada por cirurgia aberta ou laparoscópica AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Aula Teórica de TO – 15/06/2018 Profº Claudio Borges ACESSO A CAVIDADE ABDOMINAL Abdome Limites Anatômicos Superior = diafragma Inferior = cintura pélvica Anterior = músculos abdominais Músculos planos oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do abdome Músculos verticais reto do abdome e piramidal Parede anterolateral: reto do abdome, embanhado com folheto anterior e posterior. Lateralmente: obliquo externo, interno por baixo e depois o transverso. Inervação: nervos intercostais, toracoabdominais, subcostal e hipogástrio. Quanto mais nervos danificar, tem atrofia da musculatura e menos eficaz a cicatrização da parede, então tem risco de hérnias incisionais. Abaixo do umbigo temos uma linha arqueada, que também é uma modificação na parede abdominal que o cirurgião tem que conhecer. Acima da linha tem dois folhetos anteriores e dois posteriormente se unindo na linha Alba. Abaixo da linha dois folhetos da fáscia anterior e um transversal. Laparotomia AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES É um termo consagrado pelo uso, mas que na verdade não expressa corretamente o procedimento realizado (Laparon = flanco e Tomia = corte Corte do flanco). O correto seria CELIOTOMIA (Celio = abdome). Qual seria a melhor incisão? Se formos analisar a incisão abdominal, para que fosse perfeita ela necessitaria de ter: Acesso fácil ao órgão alvo Espaço suficiente para as manobras cirúrgicas (permitir ao cirurgião realizar todos os movimentos necessários) Exploração sistemicamente da cavidade Permitir ampliação rápida (em casos de sangramentos ou outras emergências cirúrgicas, deve permitir aumento fácil e rápido da incisão) Pouco traumatizante Evitar secção muscular – tenta-se afastar e divulsionar os músculos (quando secciona-se o músculo, acarreta-se um maior trauma cirúrgico) Evitar a secção de nervos Evitar afunilamento, isto é, cortar os planos inferiores em extensões maiores (acontece muito com cirurgiões recém formados) Reconstrução da parede o mais fisiológico possível OBS: Dificilmente uma incisão terá todas essas especificidades, logo não há incisão ideal. Lembrando que: Divulsionar é a entrada com instrumental no ventre do músculo e consequente afastamento de suas fibras. Afastar é o movimento de deslocamento de todo conjunto do músculo (Ex: na cesárea) CLASSIFICAÇÃO 1) Longitudinais Incisão de extensão variável que passa pela linha alba ou paralela a ela. Vantagens = podem ser ampliadas, não necessitam de secção muscular, acesso a qualquer estrutura da cavidade, adequada para exploração, exige pouca hemostasia (linha alba é avascular). Desvantagens = lesão nervosa da parede abdominal (nas incisões paramedianas); maior incidência de eventração, principalmente na região supra-umbilical nas incisões medianas. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES A) Mediana É feita na linha que vai do apêndice xifóide à sínfise púbica, passando pela cicatriz umbilical. A abertura se faz no entrecruzamento das fibras da bainha dos músculos reto- abdominais, consequentemente não há secção de planos musculares.É considerada "incisão universal" porque permite o acesso a qualquer órgão, tanto em situação intra- abdominal como retroperitoneal, além de proporcionar acesso mais rápido e menos hemorrágico, permitir ampliações e não traumatizar partes moles. Entretanto, as incisões medianas supraumbilicais são sujeitas a maior incidência de eviscerações e eventrações, pelo fato da região estar sujeita a maiores tensões, oferecer apoio inseguro na realização das suturas e resultar em más condições de cicatrização. Supra-umbilical Palpa-se o processo xifoide, olha o umbigo e faz a incisão da pele e do tecido subcutâneo. Depois abre a aponeurose, na linha Alba. Abaixo da aponeurose tem o peritônio. A cavidade peritoneal tem uma pressão positiva, então as vísceras ficam grudadas na parede anterior do abdome, logo quando abre tem que tomar cuidado. Pinça o peritônio, palpa para ver se não tem nenhuma alça que venha pinçada junto e com a incisão acarretar lesão visceral. A partir do momento que faz-se a incisão no peritônio, entra ar na cavidade, as vísceras descem e a parede abdominal fica livre, assim finaliza realizando a abertura para cima e para baixo. Médio-umbilical (Peri-umbilical) Infra-umbilical Faz a incisão da pele e quando chegar na aponeurose, rebate o reto lateralmente, pinça o peritônio que nessa região fica mais espesso. Palpa bem para ver se não há alça e então realiza a incisão no peritônio. Muito usada para histerectomia, protectomia, etc. Transumbilical (Xifo-púbica) Incisão feita na linha que vai do apêndice xifóide à sínfise púbica. Mais utilizada em casos de urgência, em que exige-se rápido acesso a cavidade abdominal para uma laparotomia exploratória. 1 2 3 1) Supra-umbilical 2) Médio-umbilical 3) Infra-umbilical 1+2+3 Xifo-púbica (Transumbilical) AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES A Laparotomia Mediana, passo a passo Primeiramente realiza-se a higienização do local da cirurgia (assepsia do local), seguido da colocação do campo cirúrgico isolando a área a ser trabalhada. Para incisão, o indicado é segurar o bisturi como um arco de violino realizando uma incisão única, ampla e larga. Segurar o bisturi em forma de lápis é mais indicado para incisões que exigem maior precisão. É importante tensionar bem a pele para realização da incisão única, evitando bisel e afunilamento. No subcutâneo traciona-se ambas as laterais da incisão para realizar a diérese do tecido. Antes de incisar o peritônio é importante pinça-lo com duas pinças Kelly, para verificar se está livre de alças, pois a diérese pode lesionar alguma alça que esteja junto a ele no AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES momento do corte. Depois de realizar uma pequena incisão no peritônio, o cirurgião interpõe os dedos abaixo da camada de peritônio para continuar a diérese, de forma a evitar lesões de alças intestinais. Com o bisturi elétrico, vai cauterizando os vasos sangrantes. B) Paramediana As incisões paramedianas situam-se 1,5 a 2 cm à direita ou à esquerda da linha mediana, com extensão variável, do rebordo condral até o púbis. Podem ser ampliadas rapidamente; pode ser longa de inicio, estendendo-se do rebordo condral ao púbis; o acesso é bom e amplo como o que proporciona a incisão mediana; a reconstrução é feita pela sutura de dois planos resistentes interpostos pelo músculo reto-abdominal (as aponeuroses, anterior e posterior do músculo reto abdominal); não secciona músculos e nem nervos e vasos importantes. Pode ser à direita ou à esquerda da linha mediana, acima ou abaixo da cicatriz umbilical. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Pararretal interna (Lennander) Secciona-se a lâmina anterior da bainha do músculo reto abdominal, paralelamente à linha mediana, afastando-o lateralmente, expondo a lâmina posterior do músculo, que é aberta juntamente com o peritônio, na mesma direção e extensão da incisão da lâmina anterior. Muito utilizada para cirurgias renais e apendicectomia. Transrretal Secciona-se a lâmina anterior da bainha do músculo reto abdominal, paralelamente à linha mediana, atravessado por divulsão sua fibras. É pouco usada e geralmente empregada em pequenas incisões para confecção de estomias (gastrostomia, jejunostomia e colostomia). Pararretal externa (Jalaguier) Secciona-se a lâmina anterior da bainha do músculo reto abdominal, paralelamente à linha mediana, afastando-o medialmente. Tem o seu uso limitado devido ao maior risco de lesão dos nervos que penetram no músculo por sua borda lateral. É executada no segmento infraumbilical, quando há possibilidade de mínima lesão de nervos, pois permite bom acesso ao ceco, ao apêndice e aos anexos uterinos direitos, se feita à direita, e ao colón, sigmoide e aos anexos uterinos esquerdos, se à esquerda. 2) Transversais As incisões transversais são perpendiculares ao plano sagital. As incisões podem ser amplas, total, estendendo-se de flanco a flanco e a linha mediana pode ser cruzada acima ou abaixo do umbigo. O músculo reto abdominais é seccionado transversalmente e os músculos oblíquos, externo e interno, obliquamente. As incisões transversais apresentam vantagens sobre as longitudinais, pois, sendo a abertura na mesma direção das linhas de tensão predominantes no abdome, resguarda as bordas suturadas da tendência ao afastamento condicionado, situação adversa à deiscência. As lesões dos nervos intercostais são mínimas ou nenhuma, pois o traçado lhes é quase paralelo; a secção muscular, mesmo em direção transversal, cicatriza-se perfeitamente, formando, em relação ao músculo reto anterior, nova interseção 1) Pararretal interna (Lennander) 2) Transrretal 3) Pararretal externa (infra-umbilical - Jalaguier) 1 2 3 AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES aponeurótica; as suturas ao ficarem perpendiculares à direção das fibras, prendem melhor essas estruturas. A abertura é mais demorada; o sangramento é maior e o fechamento exige mais tempo e minúcia técnica; são essas desvantagens compensadas pelo pós- operatório suave, menos dolorido; há menor incidência de complicações respiratórias e são quase nulas as eviscerações e as hérnias incisionais. OBS: é importante ter em mente as vantagens e desvantagens: Desvantagem = sempre haverá secção dos músculos abdominais. Vantagens = para cirurgias pediátricas devido ao maior comprimento latero-lateral das crianças, que permite maior acesso a cavidade abdominal; a incisão segue as Linhas de Força de Langerans; a sutura é realizada em múltiplos planos, proporcionando maior força e menor chance de deiscência. Na região mediana é aonde menos sutura, só sutura a linha alba. A) Supra-umbilical Parcial (Sprenguel) = As incisões transversas no quadrante superior direito (Sprengel) são usadas na cirurgia das vias biliares. Total B) Infra-umbilical Parcial (Pfanestiel) = Nas mulheres as incisões transversas são indicadas para acesso de cirurgias ginecológicas (Pfannestiel) e tem como particularidade a abertura do plano músculo-aponeurótico pela linha Alba, como nas incisões longitudinais. Babcock divulgou a incisão transversa curta no quadrante inferior direito para a realização de apendicectomias e as incisões transversas infra-umbilicais oferecem excelente acesso à aorta abdominal e artéria ilíaca. Total (Gurd) = As incisões amplas infraumbilicais (Gurd) oferecem bom acesso para a realização de colectomia e pancreatectomia. 1) Supra-umbilical(Parcial e Total) 2) Inra-umbilical (Parcial e Total) 1 2 AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES 3) Oblíquas As incisões oblíquas seccionam o plano sagital ou transversal e os planos musculares podem ou não ser seccionados, dependendo da extensão da incisão. As incisões oblíquas, que sacrificam músculos e nervos, são inconvenientes; além de não respeitarem a anatomia e a fisiologia da parede abdominal, com freqüência, não permitem exposição adequada. Há, entretanto, boas incisões oblíquas, principalmente as curtas, com passagem pelo plano muscular por divulsão ou por secção na direção das fibras aponeuróticas - incisão estrelada. Nessas condições, compreende-se perfeitamente a boa reconstituição anatômica e a firmeza que condicionam; as linhas de coaptação e de cicatrização se cruzam ou ficam em sentidos diferentes, exemplo figuram a incisão de Mc Burney e a estrelada supra-umbilical de Arce. Subcostal (Kocher) = A incisão de Kocher segue paralelamente o rebordo costal e pode- se estender do apêndice xifóide ao flanco. À direita permite acesso à vesícula biliar e às vias biliares e à esquerda está indicada nas esplenectomias, nefrectomias e nas adrenalectomias. Subcostal bilateral (Mercedes ou Chevron) = indicada para transplante de fígado. Mc Burney = A incisão de Mac Burney, indicada nas apendicectomias, a abertura é feita por divulsão das camadas musculares. A incisão diagonal epigástrica permite uma boa exposição de todo estômago; a incisão estrelada supraumbilical de Arce (a abertura é semelhante a incisão de Mac Burney) dá um bom acesso ao colon ascendente, ângulo hepático e metade do colon transverso. Lombotomia = a incisão é feita na pele, subcutâneo, aponeurose e músculos. O início da incisão é na 11ª ou 12ª costela e amplia para os lados. Se a costela atrapalhar a visualização da cavidade, resseca-se a costela. As incisões lombo-abdominais, indicadas especialmente para acesso ao retroperitônio (rim, ureter, veia cava, aorta, cadeia simpática e tumores retroperitoniais). Vantagem = não adentra o peritônio Desvantagem = pode lesar pleura e ocasionar pneumoperitônio 1) Subcostal (Kocher) e Subcostal Bilateral (Chevron/Mercedes) 2) Mc burney 3) Lombotomia 1 2 3 AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES FECHAMENTO DA CAVIDADE ABDOMINAL, PLANO POR PLANO O fechamento tem que ser o mais próximo possível da anatomia do paciente. Tendo-se em vista que a aponeurose é a estrutura responsável por suportar a pressão intra-abdomnial, por isso a sutura desta tem que ser bem realizada de forma a evitar deiscências. Peritônio pontos contínuos com fio espesso (nº 0) e de longo período de absorção. Ex.: Catgut cromado 0 e Vicryl 0. Músculos sutura-se apenas o epimísio, com pontos contínuos, em chuleio. Ex.: Vicryl 0. Aponeuroses pontos contínuos ou separados, com fio espesso (nº 0) não absorvível. Ex.: Nylon 0 e Prolene 0. Pele pontos separados, de acordo com as técnicas de sutura de pele, fio não absorvível 4-0 ou 5-0. Pontos de Donatti – bem hemostático, apronta bem as bordas. De preferência utilizar fio monofilamentar não absorvível. Pontos simples. Pontos intradérmicos – fio absorvível sintético. Deiscência É o afastamento total ou parcial de um ou de todos os planos suturados. Resulta do desequilíbrio entre a resistência da sutura e a força a que é submetida (entre o 6º e 11º dia). Os fatores que influenciam são: Técnica = deu ponto na fáscia de escarpa e não na aponeurose. Possivelmente haverá uma eventração da cirurgia. Ponto realizado muito perto da borda = maior chance de deiscência. Problemas metabólicos Problemas endócrinos Problemas farmacológicos = uso de drogas imunossupressoras, que suprime a inflamação processo importante para promover a cicatrização. Problemas mecânicos = hepatopatas com ascite ou ainda pacientes com DPOC, ambos apresentam alta pressão intrabdomonial. Com isso pode ocorrer: Evisceração = ocorre nos primeiros dias do pós-operatório, com vascularização ou exteriorização do conteúdo abdominal. Eventração = devido ao mau fechamento da aponeurose abdominal, acarretando uma protusão da parede abdominal, com a pele íntegra. Hérnia incisional = quando se percebe muito tempo depois. Princípios para evitar Deiscência Paciente na mesa em posição adequada e confortável (se estendeu o paciente para incisão, retorna-o para posição incial para suturar). AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Observação rigorosa da técnica asséptica Pele limpa, livre de pelos e germes Esvaziamento gástrico, intestinal e vesical Incisão precisa, de comprimento adequado, respeitando anatomia e fisiologia da região Diérese por planos Hemostasia cuidadosa Reconstruir anatomicamente os planos (o fechamento subcutâneo é opcional, alguns cirurgiões acreditam que o fechamento pode levar a seroma, isquemia e lesão da região). Evitar “espaços mortos” (tenta ocluir com sutura para evitar ser ocupado por líquido, quando não realizar sutura, deve-se colocar um dreno de pressão negativa para sugar possíveis acúmulos de líquidos) Não exteriorizar drenos pela incisão e sim por contra-abertura VIDEO O professor mostrou um vídeo de uma Nefrectomia (retirada de um rim). O paciente apresentava uma disfunção renal, que evolui para falência do órgão. Nestes casos o paciente apresenta maior sangramento, pois o comprometimento renal interfere na função plaquetária e consequentemente na coagulação sanguínea. A incisão realiza foi a Incisão de Gibson que estendende-se obliquamente no quadrante inferior direito do abdome, da altura da crista ilíaca ântero-superior até a linha média da púbis, assemelhando-se a um "J". Rebate-se o peritônio medialmente expondo-se os vasos ilíacos comuns e externos até o ligamento inguinal e a cúpula vesical, poupando-se os vasos espermáticos, no homem, e ligando-se o ligamento redondo, na mulher. A dissecção dos vasos ilíacos é iniciada pela veia, procurando-se ligar com fios inabsorvíveis ou "clips" metálicos os vasos linfáticos que correm sobre a veia ilíaca externa, da sua emergência em nível da veia ilíaca comum até o ligamento inguinal, descolando-a de seu leito e procurando dar-lhe a maior mobilidade possível. A seguir, isola-se a artéria ilíaca externa em sua porção média, seguindo os mesmos preceitos quanto aos vasos linfáticos, de forma que ela possa ser rodada sobre seu eixo longitudinal. Mantêm-se os vasos reparados com fita cardíaca até o momento das anastomoses. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Cirurgia Laparoscópica Realiza-se pequenas incisões no abdome que proporcionam a inserção de portais (trocateres), que permitem a troca de instrumentos (fonte de luz, insuflador eletrônico e pinças). Longitudinal Transversal Laparoscópica Rápidas Universais Pouco estéticas Frágeis (apenas um plano de sutura) Demorada Campos relativamente limitados Respeitam inervação da pele Estéticas Fortes (vários planos de sutura) Mais hemorrágicas Universais Estéticas Fortes AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Aula Teórica de TO – 21/06/2018 Profº Luziélio ACESSO A CAVIDADE TORÁCICA Toracotomia Acesso cirúrgico a cavidade torácica, por uma ampla abertura com a finalidadede examinar as estruturas expostas cirurgicamente para fins diagnósticos e/ou terapêuticos. A toracotomia permite o cirurgião a explorar e tratar as lesões encontradas nas seguintes estruturas: Parede torácica Pleura Pulmão, traqueia e brônquios Pericárdio, coração e grandes vasos Esôfago Mediastino Diafragma Abdome superior É indicada para pneumectomias, lobectomias, empiemas, traumas torácicos, cirurgias cardiovasculares. Aspectos Gerais Posicionamento = o decúbito do paciente muda de acordo com a abordagem cirúrgica. Monitorização e anestesia Dreno em selo d’água = por adentrar a cavidade torácica, que possui pressão negativa, após o fechamento da cavidade deve-se garantir o reestabelecimento dos níveis de pressão intratorácica normais. OBS: Drenagem em selo d’água Coleções líquidas livres = abaixo do nível do líquido 5º espaço intercostal com Linha axilar média. Coleções gasosas livres = ponto mais alto da cavidade 2º/3º espaço intercostal com linha axilar anterior. Coleções septadas = varia com a localização Fazer Raio-x (PA e Perfil) e exame físico detalhado. Classificação Simples Combinada (acesso cervical ou abdominal) Unilateral AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Anterior Antero-lateral Lateral/Axilar Póstero-lateral Bilateral Mediana 1) Toracotomia Simples É o procedimento em que a via de acesso fica confinada ao tórax. Podendo ser: A) Unilateral ou Hemitorácica Quando a via de acesso é feita apenas em um hemitórax. 1. Anterior = incisão traçada entre a região paraesternal e a linha axilar média, no sentido do plano costal, com o paciente em decúbito dorsal. 2. Anterolateral = incisão traçada entre a região paraesternal e a linha axilar posterior ou linha escapular, no sentido do plano costal, com o paciente em decúbito oblíquo posterior. 3. Lateral/Axilar = incisão longitudinal ou transversal traçada no meio da axila, com o paciente em decúbito oblíquo posterior ou decúbito lateral. Utilizada para biópsia pulmonar aberta e em urgência é utilizada para massagem cardíaca interna. 4. Póstero-lateral = incisão traçada da região para-vertebral até a linha axilar média ou anterior, em forma circum-escapular, com o paciente em decúbito lateral. Permite a remoção do pulmão (pneumectomia), de um lobo (lobectomia) ou de uma porção do lobo (seguimentectomia). B) Toracotomia Mediana A via de acesso atravessa longitudinalmente o esterno, com diferentes extensões, sempre com o paciente em decúbito dorsal. 1 2 3 4 AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Incisão Vertical = traçada ao longo do maior eixo do esterno, podendo ser total (da fúrcula ao apêndice xifóide), parcial superior (incisão em T invertido sobre o manúbrio) ou parcial inferior (incisão em T sobre o corpo do esterno). Incisão Arciforme = traçada no sentido vertical, com uma curva ligeiramente excêntrica, destinada a evitar a coincidência entre os planos de secção cutâneo e ósseo. Incisão em Ômega = traçado bilateral composto de duas porções horizontais submamárias e duas paramedianas convergentes na parte superior do manúbrio. C) Toracotomia Bilateral A via de acesso é um traçado horizontal, ligeiramente ondulante com as pregas mamárias representando a junção medial de duas toracotomias anteriores praticamente de cada lado do esterno. Estando o paciente em decúbito dorsal. 2) Toracotomia Combinada A) Incisão Toracoabdominal = exposição simultânea das cavidades torácica e abdominal. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Variedade unilateral incisão que expõe umas das cavidades pleurais e a cavidade peritoneal (toraco-frenolaparotomia), com o paciente em decúbito dorsal ou oblíquo posterior. Variedade mediana incisão mediana longitudinal expõe o mediastino anterior peritoneal (mediastino-laparotomia). B) Incisão Toracocervical = abertura simultânea da cavidade torácica e de planos anatômicos cervicais. Variedade unilateral incisão expõe uma das cavidades pleurais, o mediastino superior e o pescoço (tóraco-mediastino-cervicotomia). Variedade mediana exposição simultânea do mediastino anterior e estruturas cervicais (mediastino-cervicotomia). Alternativas de secção do esterno Serra de Gigli = é um fio flexível utilizado pelos cirurgiões para o corte do osso. Uma serra Gigli é utilizado principalmente para cirurgias de amputação, onde os ossos têm de ser suavemente cortado ao nível da amputação. Serra elétrica Faca de Lebsche = realiza cortes através do esterno. AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Afastador de Finochietto Instrumento auxiliar que permite o afastamento autostático da incisão torácica, para melhor visualização da cavidade. Síntese Esternotomia A técnica de fechamento convencional, após esternotomia mediana, para unir as duas partes do esterno, é realizada com fios de aço aplicando-se sutura simples ou sutura em forma de oito. Intercostais aproximação de costelas com fio absorvível espesso de longa permanência. Critérios para escolha da posição operatória e Toracotomia Topografia e natureza da lesão Risco funcional e cardio-respiratório Problemas de anestesia Estado e idade do paciente Decúbito Dorsal Vantagens = abertura e fechamento rápidos; reduzida perda hemorrágica; indicado para paciente chocado. Desvantagens = campo operatório limitado para pulmão e mediastino posterior. Posição usada nas: A) Toracotomias Simples Anterior Mediana Bilateral B) Toracotomias Combinadas Medianas Para-medianas Toraco-cervicais AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES Decúbito Lateral Vantagens = ampla exposição da cavidade pleural; acesso rápido ao hilo pulmonar, mediastino anterior e posterior, vértices do hemitórax e diafragma. Desvantagens = inundação do pulmão contra-lateral; presença de secreção brônquica purulenta ou hemoptise. Posição usada nas: A) Toracotomias Simples Póstero-laterais Póstero-latero-anteriores Axilares B) Toracotomias Combinadas Toraco-abdominais Videotoracoscopia A videotoracoscopia é considerada uma técnica minimamente invasiva, que propicia uma visualização intratorácica ampla e permite um maior número de amostras pulmonares quando necessário. Por tratar-se de um procedimento menos invasivo, a videotoracoscopia passou a ser utilizada como o meio diagnóstico principal das Doenças Difusas do parênquima Pulmonar (DDPP), e o número de biópsias pulmonares cirúrgicas aumentaram. Este procedimento consiste na realização de uma incisão com um bisturi na parede torácica, por onde é introduzido o endoscópio que permite realizar a toracoscopia médica. Toracotomia de Reanimação Nos pacientes vítimas de trauma torácico penetrante e que se apresentam em parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso (AESP), a massagem cardíaca convencional não surte efeito algum, principalmente na presença de hipovolemia. Nesses casos, está indicada a toracotomia imediata, realizada na própria sala de emergência. A abordagem deve ser feita através da toracotomia anterolateral esquerda (no nível do 4º ou 5º espaço intercostal). Durante o procedimento, ocirurgião realiza massagem cardíaca (aberta), enquanto se restaura o volume intravascular. O clampeamento da aorta torácica AMANDA SALOMÃO, DIEGO ESCOCARD, GUSTAVO LIMA E MONIQUE FORTES descendente é medida que tenta manter a pressão arterial proximal e redistribuir o fluxo do sangue para o coração e cérebro; além disso, reduz perdas sanguíneas abaixo do diafragma. Indicação: Ferimento torácico penetrante com choque profundo refratário PCR recente Passos Fundamentais Acesso à cavidade torácica e colocação de afastador Controle de danos de hemorragias maciças que impeçam pericardiotomia Pericardiotomia e controle de sangramento cardíaco Clampeamento temporário de aorta torácica Massagem cardíaca aberta e desfibrilação interna Drenagem de tórax bilateral e exploração sistemática de cavidade torácica se sucesso.
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