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Ação de exigir contas

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Conforme foi proposto pela professora, o presente texto abordará uma problemática atualmente enfrentada pelos operadores do direito, na ceara do direito processual civil nos procedimentos especiais, especificamente na ação de exigir contas, prevista do Art. 550 ao 553 do CPC de 2015. Discussão esta que surgiu com advento do novo código de processo civil de 2015. 
Simplificando a introdução, já digo que a duvida trazida pelo novo CPC, em relação à ação supramencionada, é quanto ao recurso cabível à decisão de primeira fase da ação de exigir contas, por não ter sido disciplinado pelo mesmo diploma legal. 
 A discussão paira sobre a natureza da decisão que estabelece a existência ou não do dever de prestar contas, se é uma decisão interlocutória de mérito ou sentença? Pois cada uma destas tem seu recurso adequado, ou seja, para a sentença cabe apelação, para interlocutória, agravo de instrumento, desta dúvida quanto à natureza da decisão, que nasceu a problemática enfrentada sobre o recurso adequado, que vem trazendo uma dor de cabeça para os advogados e até mesmo para os tribunais, como logo vou demostrar. 
No Tribunal de justiça do Rio Grande do Sul foi demostrado a tamanha dúvida acerca do assunto, que em câmaras diferentes a decisão foi uma contraria a outra, numa, na interposição de uma apelação foi julgado que naquele caso era de aplicabilidade de agravo de instrumento, por se tratar de decisão interlocutória de mérito agravável na forma do Art. 1015 - II do CPC, e que a interposição de apelação configurou erro grosseiro, o que não autorizaria a aplicabilidade do princípio da fungibilidade, conforme a seguir demostrado na ementa colacionada. 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. PRESTAÇÃO DE CONTAS. PRIMEIRA FASE. RECONHECIMENTO DO DEVER DE PRESTAR CONTAS. DECISÃO PARCIAL DE MÉRITO. RECURSO CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ERRO GROSSEIRO QUE DESAUTORIZA A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. De acordo com as disposições do NCPC, o decisum que julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar contas (primeira fase) tem natureza de decisão interlocutória de mérito, e, portanto, agravável, à luz do art. 1.015, inciso II, do CPC. Exegese dos art. 550, §5º, e 552, ambos do NCPC. Inaplicabilidade do princípio da fungibilidade por se tratar de erro grosseiro. APELAÇÃO NÃO CONHECIDA.
(Apelação Cível 70070010988, 17ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, relator: Marta Borges Ortiz, julgado em 24/11/2016). 
Em outra, na interposição de um agravo de instrumento, a decisão foi praticamente idêntica a anterior, contudo falando o contrario, que o recurso aplicável ao caso era o de apelação na forma do 1009 do CPC, e que tal interposição ensejou erro grosseiro, o que impediu a aplicação do princípio da fungibilidade, conforme demonstro colacionando a ementa. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. Julgamento da primeira fase da ação de prestação de contas. Recurso cabível apelação. Interposição de agravo de instrumento. Erro grosseiro. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO. UNÂNIME.
(Agravo de Instrumento 70069592673, 20ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, relator: Glênio José Wasserstein Hekman, julgado em 26/10/2016).
Diante do demostrado, no TJ/RS, a questão vem complicando a vida até dos julgadores, que ao julgar os recursos ficou constatado que ambos os relatores consideraram erro grosseiro as interposição dos recursos, ou seja, em outras palavras, o que julgou a apelação considerou erro grosseiro daquele que julgou o agravo de instrumento, pois ambas decisões foram exatamente contrarias e consideraram erro grosseiro a interposição daqueles recursos.
Essa antinomia jurídica não vem assolando só o nosso Tribunal, atualmente é uma discussão atinge os tribunais de justiças espalhados pelo Brasil, contudo pelo que vem se percebendo, aos pouco está se amoldando para que seja pacificada em nossa jurisprudência que aquela decisão da primeira fase da ação de exigir contas é uma decisão interlocutória de mérito e por consequência o recurso adequado é o agravo de instrumento previsto no Art. 1015 - II do CPC e não a apelação, mas como essa matéria ainda não se encontra vencida paira esta dúvida sobre os operadores do direito, em especial sobre os advogados, que diante dela ficam naquele impasse a respeito da utilização do recurso adequado. 
Com o fim de ajudar a solucionar esta dúvida e consolidar mais ainda o entendimento que o recurso adequado para tal caso é o agravo do 1015 - II do CPC, o fórum Permanente de Processualistas Civis, editou o enunciado nº 177 com o seguinte teor:
“(arts. 550, § 5º e 1.015, inc. II) A decisão interlocutória que julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento. (Grupo: Procedimentos Especiais)”.
Então, diante dessa questão que vem causando insegurança jurídica, espera-se que os tribunais superiores se posicionem pela utilização do recurso adequado, o que tudo indica que seja confirmada a natureza da decisão de primeira fase como interlocutória de mérito e que o recurso adequado seja o agravo de instrumento, assim solucionando a briga travada na jurisprudência, a qual chegou ao ponto de câmaras de um mesmo Tribunal proferir decisões contrarias, uma pela utilização da apelação e outra pelo agravo de instrumento e ambas utilizarem a expressão “erro grosseiro” quanto adequação do recurso, conforme anteriormente demostrado. 
 
Referências bibliográficas: 
http://www.tjrs.jus.br/site/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
ENUNCIADOS DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS - EFPPC

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