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ORDENAÇÕES PORTUGUESAS

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15 - O Direito no Brasil Colonial - Parte II: As 
Ordenações Portuguesas 
 
 
O direito escrito português (do estado português) surgiu com 
as primeiras Leis Gerais publicadas no ano de 1210, que 
tiveram como objetivo principal a centralização do poder nas 
mãos do rei. Por serem "gerais", elas valiam para todo o 
território do reino de Portugal. 
 
Com o tempo foram surgindo novas leis visando ao controle 
de uma realidade social cada vez mais complexa. A economia 
portuguesa, desde o início, esteve ligada ao comércio 
marítimo, e a riqueza produzida por esse comércio acabou 
contribuindo para o aumento populacional e, 
consequentemente, para uma maior complexidade da 
sociedade. (Lisboa se tornou, no final dos anos 1300, o porto 
mais movimentado da Europa e uma das cidades mais 
populosas do continente europeu). 
Essa sociedade mais complexa exigia um número maior de 
novas leis, que tratassem de outros temas, de outras situações 
que antes não tinham sido previstas. 
Em 1385, o rei Dom João I iniciou um trabalho de codificação 
das leis gerais, reunindo-as em um corpo legislativo único, 
formado por cinco livros. Esse trabalho só foi concluído em 
1446, no reinado de Afonso V. 
Portanto, a primeira grande codificação do direito português 
foram as chamadas Ordenações Afonsinas, resultado do 
trabalho iniciado em 1385 pelo rei Dom João I e concluído 
apenas no reinado do rei Afonso V (por issoOrdenações 
Afonsinas, em referência ao rei Afonso V). 
As Ordenações Afonsinas constituíram o primeiro código 
legislativo do reino de Portugal. Era dividido em 5 livros, que 
tratavam da proteção dos bens da Coroa, da garantia às 
liberdades individuais, da proibição de abusos por parte de 
funcionários reais, entre outros temas. 
É importante ressaltar que o direito romano foi a base das leis 
gerais e ordenações portuguesas, desde a Idade Média até os 
tempos modernos, e que muitas leis portuguesas foram 
simplesmente cópias adaptadas do direito romano. 
 
Não podemos nos esquecer também da forte influência 
exercida em Portugal pelo direito canônico, que, muitas vezes, 
serviu de orientação aos juízes civis e ao próprio rei. (Lembre-
se que não havia ainda uma distinção clara entre 
Religião/Igreja e Estado). 
As Ordenações Afonsinas vigoraram de 1446 até 1521, 
quando foram publicadas as Ordenações Manuelinas, no 
reinado de Dom Manuel I. De 1446 até 1521, prevaleceram as 
Ordenações Afonsinas, só que, nesse período, foi preciso 
publicar novas leis visando ao controle de uma sociedade que, 
a cada dia, tornava-se mais complexa. Essas leis publicadas 
fora do Código (ou complementando o Código) eram 
chamadas de Leis Extravagantes. (Extravagante é uma coisa 
fora do comum, singular. No caso da lei, uma lei fora do 
comum, fora do usual, que surge visando a solucionar um 
problema novo). 
As Ordenações Manuelinas, de 1521, foram o resultado da 
reunião das Ordenações Afonsinas com as leis extravagantes 
publicadas de 1446 a 1521, é claro que com a revogação de 
leis, adaptações, etc. (Nesse período de 1446 a 1521 foram 
publicadas leis extravagantes que tratavam do funcionamento 
e da estrutura dos tribunais seculares, criados pelo rei, e da 
atuação dos funcionários responsáveis pela aplicação das leis e 
pela administração da justiça. Essas e outras leis extravagantes 
passaram a fazer parte das Ordenações Manuelinas). 
De 1521 a 1603 aconteceu a mesma coisa. Novas leis 
extravagantes foram publicadas fora das Ordenações e que 
depois foram reunidas nas chamadasOrdenações Filipinas, 
publicadas em 1603, durante o governo do rei Felipe. 
As Ordenações filipinas foram o código legislativo português 
que vigorou no Brasil por mais tempo. Na verdade, as 
Ordenações filipinas eram as Ordenações Manuelinas (com 
alterações/atualizações) mais as leis extravagantes publicadas 
de 1521 até 1603. É um código extremamente complexo, 
porque a sociedade portuguesa assim exigia. 
Em 1521, na época das Ordenações Manuelinas, Portugal não 
tinha ainda tomado posse do Brasil (foi o período da extração 
do pau-brasil). Em 1603, o Brasil já estava sendo colonizado e 
explorado pelos portugueses. Graças ao açúcar brasileiro, a 
economia portuguesa se desenvolveu muito: a população 
aumentou e as cidades cresceram, exigindo um código 
legislativo maior e mais sofisticado. 
As Ordenações filipinas, bem como os outros códigos 
anteriores, compõem-se de cinco livros. O primeiro trata do 
direito administrativo e da organização judiciária, versando 
sobre as atribuições, direitos e deveres dos magistrados, 
oficiais de justiça e funcionários em geral. O segundo trata do 
direito do clero, do rei, da nobreza e dos estrangeiros, 
definindo os privilégios, direitos e deveres de cada um e 
regulamentando as relações entre o Estado e a Igreja. O 
terceiro trata do processo civil, ou seja, dos procedimentos 
judiciais relativos a situações de natureza privada (relações 
privadas), como casamento, patrimônio, sucessão, doações, 
contratos, etc. O quarto trata do direito civil e do direito 
comercial, apresentando as leis que compõem esses direitos. O 
último livro é dedicado ao direito penal. 
 
No link a seguir você terá acesso a um texto que, apesar de 
alguns pequenos erros de digitação, é muito bom para se 
entender esse capítulo da história do direito português: 
 
História do Direito Português no período das Ordenações 
Reais

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